Por Aloísio Morais e Martha Raquel
Depois de ser suspenso por 30 dias pelo Facebook, o chargista Jota Camelo teve a punição cancelada pela plataforma uma semana depois. Ele estava convicto de que vinha sendo vítima de algum grupo de direita que combina um ataque à sua página apresentando dezenas ou centenas de denúncias à direção da plataforma em torno de uma mesma charge. Com as denúncias em bloco, a direção do Facebook acabou aplicando punições ao chargista pela quarta vez, apesar de a charge não estar ferindo as suas normas, como ele alega.
“Começou com strike pegando um desenho de três ou quatro anos atrás. E vão pegando um por um, coisa que não continha nada agressivo. E o curioso é que toda vez que eu fazia um Hangouts com um amigo logo depois vinha a suspensão. Eles combinam o strike“, acredita Jota Camelo. “O interessante é que as páginas dos coxinhas são extremamente ofensivas às vezes e não acontece nada com eles, enquanto eu não tenho nada que fere as normas do Face”, denunciou o chargista.
“Na época do golpe, os coxinhas deitaram e rolaram publicando material agressivo que fere as normas do Facebook e nenhuma punição acontecia. Já no meu caso a impressão que fica é de que ao receber denúncias os administradores do Facebook primeiro suspendem ou retiram a publicação e só depois é que vão analisar por que suspenderam“, observa Camelo. “Acontece que entre os administradores do Facebook não deve ter gente de esquerda, devem ser liberais e muitos deles devem pensar como os coxinhas, então acaba prevalecendo uma avaliação tendenciosa“, acredita.
Segundo Camelo, fica claro que a perseguição feita à sua página é feita por seres humanos, não tem nada de robô. “Existem grupos enormes no Facebook fazendo isso, é tudo programado entre eles. E tenho percebido que configurações minhas foram mudadas, dando a impressão de que mexeram no link“, disse Camelo. “Curiosamente, na primeira vez que fui suspenso, por dois dias, eles pegaram aleatoriamente uma charge feita quatro anos antes abordando a questão islâmica. Uma amiga que mora na França postou a mesma charge e não aconteceu nada. A coisa é meio maluca“, observou Camelo, que é formado em Física e em Engenharia e, atualmente, vem lecionando inglês em sua terra, Taubaté, no interior de São Paulo.
Camelo acredita que a perseguição que vem sofrendo deve-se ao papel exercido pelas redes sociais ao fazer a contra-narrativa e desmascarar o golpe de 2016. “Justamente quando a esquerda começa a mudar o quadro político, esclarecendo a população vem os ataques. Minhas milhares publicações no Facebook tinham cinco a dez mil compartilhamentos e, agora, passaram para 100. Logo após o golpe alguém perguntou ao Temer sobre as redes sociais e ele disse: ‘Sim, estamos cuidando das redes sociais’, e agora estão tentando atacar de todas as formas. Os golpistas foram desmoralizados pela mídia social, porque só a mídia social faz o contraponto ao golpe”, destaca Jota Camelo, cujas charges têm um caráter altamente político e crítico.
Enquanto cumpria a suspensão, Jota Camelo usou outra página para publicar suas charges adotando o nome de Juca Karmelo, onde chegou a publicar o seguinte aviso: “O Facebook derrubou temporariamente a página do Jota Camelo por ‘atividades contra a segurança’. Estranho. Se o Jota Camelo estava impedido de postar por 30 dias, como pode ter se envolvido em ‘atividades’? É óbvio que as tais ‘atividades’ foram promovidas pelos seus amigos, que continuaram a publicar suas charges políticas, e o Facebook quer impedir que estas charges sejam publicadas. Não resta a menor dúvida: esse algoritmo bate panela e veste camisa amarela.”
Os Jornalistas Livres indagaram a equipe do Facebook se número de vezes que algo é denunciado influencia o fato de o conteúdo ser ou não removido. Receberam como resposta a informação de que “o número de vezes que algo é denunciado não influencia o fato de o conteúdo ser ou não removido do Facebook. Apenas removeremos o conteúdo se ele violar os Padrões da Comunidade do Facebook”. Sobre a análise das denúncias, o Facebook garante que não são feitas por robôs, e sim por pessoas que falam português, mas que não necessariamente estão no Brasil.
De volta ao jogo!
Depois de questionado sobre o caso de Jota Camelo, o Facebook removeu o bloqueio do chargista. “A remoção incorreta de um conteúdo levou ao bloqueio temporário da Página. A Página não está mais bloqueada e pedimos desculpas pelo ocorrido”, afirmou o porta-voz do Facebook
2 respostas
Más este J camelô é um vigarista ! O Facebook tem que banir a conta desse cara !
O melhor cartunista! ?????