Ele repetiu três vezes que Temer é impopular. E acertou! Pena que seus acertos pararam por aí. As batatadas vieram depois. Acompanhe o conselho que o cientista social e economista Nizan Guanaes deu a Temer:
“Já que governo ainda não tem índices de popularidades alto (sic), aproveite presidente. A popularidade é uma jaula. Ninguém faz coisas contundentes com altos níveis de popularidade. Então, aproveite que o senhor ainda não tem altos índices de popularidade e faça coisas impopulares que serão necessárias e que vão desenhar este governo para os próximos anos. (Aplausos de todos. Temer entre eles.) Aproveite sua impopularidade, tome medidas amargas, aliás, este é o grande desafio das democracias no mundo: como fazer coisas impopulares.”
Como? Ele não é cientista social? Nem economista? Então está explicado.
Logo na primeira frase ele cometeu um erro de concordância. Ele engoliu um “s”: “índices de popularidades alto”. Mas esse erro foi o menor. Vale relatá-lo para lembrar que esse governo de ricos e para os ricos também comete seus deslizes gramaticais.
O pior ainda estava por vir. Ele incita Temer a tomar medidas impopulares. Impopular quer dizer que desagrada ao povo, que vai contra o desejo e as expectativas do povo. Ele não nomeou as medidas que gostaria que Temer adotasse, mas como bom empresário golpista ele certamente se referia à redução dos direitos dos trabalhadores, à redução dos direitos dos aposentados e pensionistas, atuais e futuros, à privatização de empresas e por aí afora.
Pior do que isso é que a redução dos gastos e dos investimentos do governo, em busca de superavit fiscal, está agravando, e vai agravar mais ainda, a recessão. Consequência direta será o aumento do desemprego. Essas são as medidas amargas e impopulares defendidas pelo marqueteiro de Fernando Henrique Cardoso.
A pérola gigante, entretanto, foi a afirmação de que o problema da democracia é como fazer coisas impopulares. Ora, a democracia não era justamente para fazer valer a vontade do povo: cada pessoa, um voto? Sua frase é reveladora de seu pensamento: dane-se a democracia. Está implícito que: já que o povo não gosta, não aprova o que é melhor para nós, tomemos as medidas que nos favorecem nesses intervalos de ausência de compromisso com a vontade popular, como agora no golpe em curso. Na eleição, se vier, cuidamos de bem vender nosso candidato de novo.
Lembremos que a ditadura no Brasil foi um golpe dos empresários associados aos militares. Empresários alinhados com Nizan e que o aplaudiram, junto com Temer.
Nizan pode ser muito bom de vender sabonetes e presidentes, mas, cá entre nós, deve estar morrendo de vergonha das asneiras que disse, em rede nacional.