Uma noite vergonhosa. O golpe sufocou a democracia. Mas não instalou um novo governo. Haverá uma nova batalha no Senado a partir de agora, numa condição politicamente mais difícil. A guerra não está encerrada.
Temer e Cunha são traidores do país, e não serão os governantes. O que farão os pobres do país, os movimentos sociais, os democratas? Resistência e luta aguerrida. 2016 não é 1964. O golpe não se consolidará. A partir desta segunda-feira o país acorda incendiado. Manifestações, atos, greves, trancamentos, luta nas ruas. É esta a decisão dos movimentos sociais como MST, MTST, UNE, Os golpistas pensam que o país é dos ricos e poderosos. Verão a força do povo. Há várias frentes de ação que precisam ser organizadas rapidamente –mas a mobilização das últimas semanas mostra que o povo está pronto:
1. A denúncia do golpe – é preciso denunciar o golpe em todos os cantos do país e do mundo. Apresentar a todo o povo que ainda não entendeu direito o que está acontecendo e a toda comunidade internacional a verdadeira face dos golpistas. Denunciar a violência contra os pobres, as agressões ao Estado de Direito e as políticas econômica, social e cultural que os golpistas pretendem implementar. Viabilizar nas redes sociais uma contranarrativa à versão das mídias golpistas. A luta do povo contra a Rede Globo e a mídia golpista entrará num novo período, ainda mais crítico.
2. A luta nas ruas – organizar a resistência nas ruas. Manifestações, passeatas, atos, paralisações, greves, trancamentos, boicotes. Demonstrar que o país não aceita ser governado pelos golpistas.
3. A defesa dos direitos humanos – tecer uma rede que se mobilize com rapidez na defesa das pessoas que fatalmente sofrerão toda sorte de violência a partir da lógica do golpe. Mesmo sem o governo federal nas mãos, a direita provocará uma escalada, a partir dos governadores de direita e suas PMs e dos jagunços e capangas de fazendeiros e mesmo industriais. Os centros de defesa de direitos humanos e advogados terão enorme importância nesta articulação, como o foi no tempo da ditadura.
4. As redes de solidariedade – os golpistas buscarão restringir e mesmo enterrar todos os programas sociais que significaram distribuição de uma fatia da renda nacional aos pobres a partir de sua maioria no Congresso. Eduardo Cunha já anunciou que votará em caráter de urgência a lei de terceirização das relações trabalhistas. A CLT e os programas sociais serão atacados pelos golpistas no Congresso para buscar coesionar a direita no programa antipovo. Articular redes de solidariedade que possam minimamente amparar os mais desprotegidos é uma ação de humanidade e um gesto político de enorme valor.
Não é hora de apontar culpados nas forças democráticas, que só abriria um tempo de fragmentação, a facilitar o caminho para os golpistas. Colocar projetos próprios à frente da luta contra o golpe será um desastre na resistência. Neste momento, importa pouco apontar quem errou. O que interessa é barrar os adversários da democracia.
O golpe dos poderosos venceu na Câmara. A batalha no Senado nos aguarda. Mas, mais do que combater no Senado, o terreno de disputa será na sociedade, nas ruas, na luta aberta contra os que desejam restaurar o tempo das trevas.
Os Jornalistas Livres estão na luta, ao lado do povo, da verdade, da democracia.
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