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Movimentos Sociais

Veja como participar das redes de solidariedade contra a covid-19

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Com Ariane Silva, especial para o blog MULHERIAS

Que a periferia está sozinha na luta contra o coronavírus não é novidade. Quando o presidente Bolsonaro foi a  público contrariar as recomendações da Organização Mundial da Saúde e colocar-se contra o isolamento da população para defender a economia, deixou evidente que vidas pobres não importam. Ao bancos, o governo já concedeu R$ 68 bilhões. Para a população, foi aprovado ontem (26/03) o Projeto de Lei da Câmara dos Deputados que estabelece uma política de Renda Básica Emergencial. O projeto ainda vai passar pelo Senado e o texto em discussão estabelece o auxílio de R$ 600 mensais por pessoa adulta sem emprego formal e R$ 1.200 mensais para mães solo, por 3 meses de duração.

Enquanto o assunto segue em trâmites políticos, a periferia age com urgência, como sempre, se virando, como pode, mais uma vez. A tecnologia do “nós por nós” está em plena atividade e o blog MULHERIAS  foi atrás de quem está nos corres das mais de 200 iniciativas em andamento pelo Brasil. É possível colaborar com trabalho voluntário, doações, divulgação e até plantões de whattapp para tirar dúvidas. Confira ainda um guia para orientar a criação de novas redes de solidariedade. O método pode ser implantado na sua rua, prédio, bairro, comunidade, escola… e por qualquer pessoa disposta a ajudar. A hora é essa. 

De comitês políticos aos comitês de solidariedade

A ideia de se organizar de maneira autônoma, sem depender de governos ou órgãos públicos, é antiga, e parte de um princípio chamado de “auto-organização” pelos movimentos sociais. A funcionária pública Marcela Menezes, de 29 anos, o colocou em prática assim que soube da história de uma manicure que ficou sem renda porque o salão onde trabalhava fechou. “Mãe solo com 3 crianças, ela já estava sem comprar alimento e eu precisava fazer alguma coisa”, conta.

Na última semana, Marcela, então, foi conversar com lideranças da comunidade e conseguiu mapear casos de outras pessoas que, assim como a manicure, perderam a renda e já estavam em apuros. Aproveitou para reunir voluntários  para ajudar. Nas mídias sociais, soltou o apelo e o coletivo Balaio se organizou, assim, às pressas em um grupo do Whatsapp.

Marcela Menezes, 29, mora em Justinópolis, região de Ribeirão das Neves. O município na região metropolitana de Belo Horizonte já tem 140 casos suspeitos da doença e o isolamento é fundamental. Como ainda não há apoio para trabalhadores autônomos, ela criou um grupo para doar alimentos aos que já precisam (Foto: acervo pessoal)

“A gente começou numa segunda-feira com três pessoas e quatro dias depois já eram 15 voluntários. E tem mais gente chegando.” Fora do grupo de risco e com todos os cuidados, ela mesma foi comprar mantimentos com as primeiras doações e o grupo foi fazer a entrega a pé na favela, batendo na porta dos mapeados e deixando as doações ali, sem contato físico. A iniciativa é exemplo de que dá para começar rápido e com pouca gente e recursos e ainda dar conta de demandas urgentes que fazem a diferença.

Quarentena sem água e comida

Enquanto os órgãos de saúde orientam lavar as mãos várias vezes ao dia, em favelas e periferias há falta de água até das grandes capitais, com comunidades inteiras sofrendo com o desabastecimento. São peculiaridades que não passaram despercebidas do Fórum de Mulheres de Pernambuco, que criou coletivamente um manual de higienização contra o vírus para quem tem pouca água em casa e precisa economizar recursos. Entre as dicas, estão as que recomendam o uso de garrafas pet de 2 litros com água limpa à mão para retirada de sabão e banho em bacia e de cócoras para economizar água.

“Nos organizamos online para falar demandas reais pois as orientações do Ministério da Saúde levam em consideração uma classe média que tem recurso para comprar álcool em gel e tem água todos os dias”, conta a advogada Elisa Aníbal, de 25 anos, militante do movimento. “Além disso, fizemos cards informativos sobre sintomas leves e prevenção da transmissão comunitária. Todos eles acompanham áudio com o texto para que as mulheres com dificuldades de leitura possam se informar.”

Em Belo Horizonte, Recife, São Paulo ou Rio de Janeiro também foram voluntários que ouviram as necessidades da população de rua. Sem os serviços assistenciais de alimentação oferecidos pela prefeituras, como o Restaurante Popular e postos de atendimento, foi necessário organizar às pressas marmitas para atender os mais vulneráveis.

“Como ainda não há um projeto de isolamento social para quem está em situação de rua, as pessoas estão aglomeradas de qualquer jeito e passando fome”, lamenta Claudenice Rodrigues Lopes, de 46 anos, assistente social da Pastoral de Rua, entidade ligada à Igreja Católica. A situação está grave. A orientação é ficar em casa, mas como fico se sei que pessoas seguem nas ruas nas condições mais precárias, sem lugar pra higiene e pra se alimentar?” questiona.

Claudenice reforça que as pastorais de rua cobram dos governos municipais a responsabilidade por esse trabalho. Mas, enquanto isso, os grupos diariamente articulam contatos para matar a fome imediata. “É o mínimo. Porém, estamos repensando em como fazer, por que não dá para seguir com a gente se expondo e expondo as pessoas.”

Em Belo Horizonte a população de rua passa fome e voluntários se arriscam para tentar remediar a omissão do Estado

Dos sem terra para os sem teto: movimento distribui marmitas para população em situação de rua

Em Recife, o ponto de apoio é o Armazém do Campo, loja de produtos orgânicos e naturais do MST (Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra). A região central da cidade, onde fica o Armazém, concentra muitas pessoas em situação de rua e os grupos de atendimento cessaram atividades. “Resolvemos abrir a cozinha industrial para fazer marmitex numa ação articulada com a arquidiocese de Olinda, equipes voluntárias de cozinhas de sindicatos e ONGs que já faziam esse trabalho”, conta.

O trabalho é dividido em diferentes equipes. Uma busca doações, outra fica isolada na cozinha preparando os alimentos e a terceira, na rua, faz a distribuição usando equipamentos de proteção para prevenir a contaminação. Toda a organização é feita por aplicativos no telefone.  

Apoio para mulheres em situação de prostituição de SP 

Com a sede fechada e as responsáveis, idosas, em quarentena, a entidade Mulheres da Luz não conseguiu manter as atividades como ponto de apoio para as mulheres em situação de prostituição no centro de São Paulo, que ficaram sem ter onde buscar preservativos gratuitos, comer e procurar ajuda. O jeito foi organizar o apoio pela internet e colocar apoiadoras jovens para nas tarefas de rua como separar e distribuir doações.

“As mulheres lá no maior perrengue, a gente não podendo ir lá…  Mas gente está conseguindo ajudar”, conta Cleone Santos, de 62 anos, uma das coordenadoras da entidade. Ela comemora doações mas conta que ainda precisa de apoio financeiro para atender, no mínimo, 50 mulheres. Só assim poderá evitar que elas se arrisquem recorrendo à prostituição durante o período de quarentena e consigam se manter. As assistidas pela ONG têm entre 40 e 70 anos de idade, o que coloca quase todas no grupo de risco do COVID-19.”Além de cesta básica, algumas precisam de gás, outras de remédio ou pagar pensão ou contribuir no aluguel de onde moram”, explica Cleone. “Alguém tem que olhar para esse grupo.”

Cleone Santos é coordenadora da Mulheres da Luz, ONG paulista que dá assistência a mulheres em situação de prostituição e luta pelo fim da exploração sexual. “Em dias normais elas já não conseguem se sustentar com os programas de R$ 20 ou 30 a que se submetem. Com a pandemia, precisam ainda mais da nossa ajuda” (Foto: reprodução Facebook)

Saem os panfletos e entra o carro de som
Moradores da Pedreira Prado Lopes, favela de Belo Horizonte, estão diariamente se mobilizando para protegerem uns aos outros durante a pandemia. Nos próximos dias um carro de som vai circular com informações sobre o novo coronavírus para conscientizar a comunidade. “A Pedreira tá bem vazia, mas tem muita gente na rua ainda. As pessoas parece que não tão acreditando muito”, conta Valéria Borges Ferreira, de 50 anos, que emprestou a voz para alertar os vizinhos do perigo. Muitos, sob pressão de pastores, continuam frequentando cultos presenciais mesmo com a orientação de permanecer em casa.

“As igrejas da comunidade tão todas abertas e o pastor faz um apelo muito covarde para os fiéis estarem ali, colocando a fé deles em cheque. E brigar contra um vírus, brigar contra o Bolsonaro é fácil, mas brigar contra Deus é impossível”, resigna-se. Para Valéria, pastores mal intencionados têm se aproveitado da falta de informação na comunidade para manter os fiéis na Igreja.

A preocupação com a falta de renda também afeta a comunidade, com muitas trabalhadoras e trabalhadores sem saber como vão se manter sem auxílio. “O que tá pegando mesmo aqui na Pedreira é a preocupação daqueles que trabalham informal. A minha cunhada mesmo. Ela é faxineira e três patroas já dispensaram ela. Hoje ela me falou: ‘Valéria, eu tô sem saber que faço. Ou  morro de fome dentro de casa ou eu morro do coronavírus”, conta.

Valéria mora na comunidade da Pedreira Prado Lopes, em Belo Horizonte. É dela a voz que vai circular em carros de som alertando sobre o coronavírus. O serviço foi contratado pelos próprios moradores que fazem parte do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), que organiza a Ocupação Pátria Livre, instalada na região. O áudio foi gravado por uma moradora da comunidade com ajuda de comunicadores populares da região. Abaixo, o cenário da comunidade. (Fotos: acervo pessoal)

MAIS DE 200 INICITIAVAS PARA PARTICIPAR, FORTALECER E AJUDAR. ENCONTRA SUA E COLABORE!

Veja como entrar em contato com quem já está fazendo campanhas nas periferias 

Planilhas colaborativas ponteAponte – Mais de 80 ações periféricas de mapeamento, arrecadação e campanhas solidárias estão reunidas nas planilhas abertas que estão sendo consolidadas diariamente pela empresa de avaliação de projetos sociais ponteAponte, que tem como objetivo promover encontros e conexões transformadores. O documento, muito simples em uma planilha de Google, é feito de maneira colaborativa e traz contatos de responsáveis pelas iniciativas, endereços e abrangência das atividades. “Decidimos organizá-la ao notarmos que havia muitas iniciativas incríveis surgindo espontânea e velozmente (felizmente!) e que o próximo passo seria ter uma visão macro para realizarmos ações mais integradas e coordenadas, com impacto coletivo”, avisa a entidade. Qualquer pessoa inserir comentários ou enviar sugestões de alterações, correções ou inclusões para leticia@ponteaponte.com.br e leticiacardoso@ponteaponte.com.br. Porém, importante ressaltar, não se trata de uma lista de recomendações e cabe a cada usuário entrar nos devidos links e realizar suas análises dentro de interesses próprios.

Grupo autônomo contra o coronavírus de Ribeirão das Neves – Atua na região de Justinópolis,e está recebendo doações no Centro Cultural Di Quebrada, na Rua Cenira Gurgel de Carvalho, 137, perto da Escola João de Deus Gomes. Para doações em dinheiro, entre em contato nos números (31) 99999-6536 ou (31) 3638-1697.

Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte – A entidade busca doações na quadra do Colégio Santo Antônio, Rua Santa Rita Durão, 1033. Também precisam de voluntários. Informações pelos telefones (31) 98374-5587 ou (31) 99402-6451. As doações serão encaminhadas para a população em situação de rua da cidade.

Mulheres da Luz – A ONG paulista que atende mulheres em situação de prostituição recebe doações de produtos alimentícios (como cestas básicas) e de higiene (sabão, sabonete, pasta de dente e álcool líquido ou em gel) na Companhia de Teatro Pessoal do Faroeste, na Rua do Triunfo 301 e 302, e na Rua General Osório, 23. Para doações financeiras, o contato é (11)9824-99713.

Marmita Solidária de Recife (PE) – As marmitas servidas no Armazém do Campo para a população de rua de Recife contam com doações para acontecer. O endereço é Av. Martins de Barros, 387. Contato: (81) 99855-3121.

Quarentena Solidária – As comunidades Pedreira Prado Lopes e Vila Senhor dos Pastos, na região Noroeste de Belo Horizonte, solicitam doação de sabonetes, toalhas de papel, produtos de limpeza e alimentos não perecíveis, e também recebem doações de dinheiro. Para doar, mande mensagem para (31) 99591-3234 (Carol) ou (31) 99901-7623.

UniãoSP contra o coronavírus – Grupo diverso formado por diferentes entidades que já desenvolvem trabalhos com as periferias de São Paulo, entre elas estão Agora!, Comunitas, Cufa, Educafro, GK Ventures, Instituto Locomotiva, Movimento Bem Maior, Península, Periferia Sem Corona, Pinheiro Neto Advogados, Rede Mulher Empreendedora, RenovaBR, Grupo Tellus e Vella Pugliese. No site https://www.uniaosp.org/ é possível fazer doações de cestas básicas e entrar em contato com o grupo que já arrecadou mais de 55 mil cestas e mais de R$ 3 milhões.

ÉDITODOS – Nascida em 2017, a aliança de organizações reúne vários atores do ecossistema de empreendedorismo negro no Brasil que já atuam coletivamente afim de apoiar as experiências de empreendedores e empresas que souberam transformar sua cultura em inovação para produtos e serviços voltados para o consumo da população negra e não negra. Atualmente, a coalisão é formada pelas organizações: Afrobusiness, Agência Solano Trindade e Pretahub (São Paulo); Fa.vela (BH) e Vale do Dendê (Salvador). A meta atual é impactar 250 mil pessoas, atender a 130 projetos, fomentar mais de 500 novos empreendimentos em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belem, Maranhão, Minas Gerais e Bahia. Para isso, precisam arrecadar um fundo emergencial de R$ 1 milhão que serão destinados 500 empreendedores e R$ 300 mil para retomada econômica de pequenos negócios por 5 meses.

GUIA DO VOLUNTÁRIO – Como montar um grupo de solidariedade na sua rua, prédio ou comunidade

1 Faça o mapeamento das necessidades:
_É preciso cuidar especialmente das pessoas idosas e das que têm problemas de saúde e estão em grupos de risco. Na atual conjuntura, são comuns os grupos de vizinhos que estão se organizando com listas de compras para evitar que idosos saiam de casa. Cada voluntário pode fazer a compra para vários vizinhos. O aplicativo Amigo Vizinho ajuda a colocar em contato quem quer ajudar e quem precisa de auxílio.

_A saúde mental das pessoas também merece cuidados: organizar grupos para as pessoas se manterem próximas mesmo à distância e propor atividades coletivas a partir de casa também é uma boa. Por todo o país, diferentes clubes do livro estão funcionando pelo facebook.

_No caso de distribuição de alimentos, é possível organizar um grupo para recolher doações, outro para comprar os donativos e ainda um terceiro para distribuí-los. Quando a comida é distribuída para pessoas em situação de rua, existe ainda a equipe da cozinha. 

_O foco de atuação também ser voltado para tirar dúvidas via Whatsapp. É uma maneira de combater o pânico e as fake news, desde que feita com extrema responsabilidade, amparando-se em fontes fidedignas de informação como reconhecidos portais de comunicação, a Agência Nacional de Segurança Sanitária, Anvisa, o Ministério da Saúde ou secretarias de saúde de estados e municípios.

_Grupos para pressionar o poder público podem cobrar de prefeituras e governos a assistência adequada para suas comunidades. 

2 Chame mais gente
_Seja qual for a frente de atuação ou necessidade a ser atendida, fica mais fácil e seguro atuar coletivamente e em rede.

_Poucas pessoas podem fazer muita diferença: você pode fazer um grupo com a sua família, pessoas que moram no mesmo prédio ou quarteirão. A ideia é também dividir as funções por encarregados ou equipes, de forma que possam ajudar sem ter contato físico entre si.

_Sabendo com quantas pessoas contar, é possível criar metas de atendimento do tipo de ajuda oferecida. 

_Caso o grupo esteja coletando cestas básicas, busque locais de armazenamento e montagem dos kits ou entre em contato com outros grupos que estejam fazendo o mesmo tipo de ação.

3 Cuidem-se
_Para você e outros voluntários ajudarem precisarão se cuidar. Saibam em detalhes como se proteger para diminuir riscos de contágio ao ir fazer compras ou distruibuição de donativos. Busque informações de fontes seguras como a Agência Nacional de Segurança Sanitária, Anvisa, o Ministério da Saúde ou as secretarias de saúde de estados e municípios. O grupo de solidariedade de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de BH, criou o “Protocolo Diquebrada de solidariedade contra o corona” para voluntários:

  • Use luvas + álcool líquido + máscara de proteção para trabalhar com as doações e higienizar TUDO
  • Não tenha contato direto com as pessoas doadoras. Crie um local para deixem os produtos, que serão recolhidos e higienizados posteriormente para distribuição
  • A distribuição deve ser feita com máscara + luva de proteção na porta das casas das famílias
  • Alimentos e produtos serão distribuídos em sacolas próprias

São ações simples que fazem toda a diferença. É importante ir ajustando o protocolo conforme as necessidades do grupo, as tarefas que realizam e as áreas em que atuam. O grupo de Neves mudou o protocolo após ler a recomendação de que máscara é só para quem está contaminado ou trabalha com saúde, pois estão em falta. Para alguns grupos, por exemplo, o álcool em gel vai ser fundamental, pois vão atuar em locais onde não há água para lavar as mãos. 

4 Tenha um plano
_
O planejamento de um grupo de solidariedade pode ser simples, com uma listinha de tarefas dividida por poucas pessoas, ou mais complexa com maior organização e detalhes para o grupo dê conta do recado.

_Esse é o momento de dividir quem faz o quê, qual o prazo para ser feito, onde vão ser recebidas e mantidas as doações e tudo mais que precisar ser definido para fazer acontecer.

_O grupo Periferia Sem Corona no Facebook tem várias iniciativas diferentes que estão trabalhando conjuntamente para alcançar mais pessoas e resultados. Por ali, também é possível conhecer e copiar boas práticas que estão surgindo em todo o país. Troque figurinhas, peça conselhos, busque os mais experientes. Todos querem ajudar.

5 Divulgue a campanha
Sua mensagem precisa chegar em quem pode  ajudar. Crie uma imagem de divulgação para dar visibilidade e circular bem nos grupos de Whatsapp e outras mídias sociais. Descreva nas redes a região em que o grupo atua, o que ele faz e como recebe as doações.

6 Em ação!
Com tudo preparado, chegou a hora de dar início à atividade. Alguns grupos planejam mais, outros reúnem as pessoas mais próximas bem rápido, já se organizam e começam a atuar no dia seguinte. É hora de agir rápido, então se precisar comece pequeno e vá somando mais gente e mais recursos no caminho. 

7 Avalie e replanejar sempre
Com tudo mudando tão rápido, inclusive as orientações do que fazer e o que evitar, é importante prestar atenção nas necessidades da comunidade atendida. Faça avaliações coletivas  para garantir que os protocolos são eficazes e a ajuda está chegando em quem precisa.

Campinas

Famílias da Comunidade Mandela fazem ato em frente à Prefeitura de Campinas

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Comunidade Mandela Luta por Moradia

Em busca de uma solução, mais uma vez, moradores tentam ser atendidos

Os Moradores da Comunidade Mandela  fizeram nesta quinta-feira (17), um ato de protesto em frente à Prefeitura  de Campinas. O motivo da manifestação  é o   impasse  para o  problema da moradia das famílias que se arrasta desde 2016. E mais uma vez,  as famílias sem-teto  estão ameaçadas pela reintegração de posse, de acordo com despacho  do juiz  Cássio Modenesi Barbosa, responsável pelo processo a  sua decisão  só será tomada após a manifestação do proprietário.
Entretanto, o juiz  não considerou as petições as Ministério Público, da Defensoria Pública que solicitam o adiamento de qualquer reintegração de posse por conta da pandemia da Covid-19, e das especificidades do caso concreto.
O prazo  final   para a  saída das famílias de forma espontânea  foi encerrado no dia 31 de agosto, no dia  10 de setembro, dez dias depois de esgotado o a data  limite.

As 104 famílias da Comunidade ” Nelson Mandela II” ocupam uma área de de 5 mil metros quadrados do terreno – que possui 300 mil no total – e fica  localizado na região do Ouro Verde, em Campinas . A Comunidade  Mandela se estabeleceu  nessa área em abril de 2017,  após sofrer  uma violenta reintegração de posse no bairro Capivari.

Negociação entre o proprietário do terreno e a municipalidade

A área de 300 mil metros quadrados é de propriedade de Celso Aparecido Fidélis. A propriedade não cumpre função social e  possui diversas irregularidades com a municipalidade.

 As famílias da Comunidade Mandela já demonstraram interesse em negociar a área, com o proprietário para adquirir em forma de cooperativa popular ou programa habitacional. Fidélis ora manifesta desejo de negociação, ora rejeita qualquer acordo de negócio.

Mas o proprietário  e a municipalidade  – por intermédio da COAB (Cia de Habitação Popular de Campinas) – estão negociando diretamente, sem a participação das famílias da Comunidade Mandela que ficam na incerteza do destino.

As famílias querem ser ouvidas

Durante o ato, uma comissão de moradores  da Ocupação conseguiu ser liberada  pelo contingente de Guardas Municipais que fazia  pressão sobre os manifestantes , em sua grande maioria formada pelas mulheres  da Comunidade com seus filhos e filhas. Uma das características da ocupação é a liderança da Comunidade ser ocupada por mulheres,  são as mães que  lideram a luta por moradia.

A reunião com o presidente da COAB de Campinas  e  Secretário de  Habitação  – Vinícius Riverete foi marcada para o dia 28 de setembro.

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Campinas

Ocupação Mandela: após 10 dias de espera juiz despacha finalmente

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Depois de muita espera, dez dias após o encerramento do prazo para a saída das famílias da área que ocupam,  o juiz despacha no processo  de reintegração de posse contra da Comunidade Mandela, no interior de São Paulo.
No despacho proferido , o juiz do processo –  Cássio Modenesi Barbosa –  diz que  aguardará a manifestação do proprietário da área sobre eventual cumprimento de reintegração de posse. De acordo com o juiz, sua decisão será tomada após a manifestação do proprietário.
A Comunidade, que ocupa essa área na cidade de Campinas desde 2017,   lançou uma nota oficial na qual ressalta a profunda preocupação  em relação ao despacho  do juiz  em plena pandemia e faz apontamento importante: não houve qualquer deliberação sobre as petições do Ministério Público, da Defensoria Pública, dos Advogados das famílias e mesmo sobre o ofício da Prefeitura, em que todas solicitaram adiamento de qualquer reintegração de posse por conta da pandemia da Covid-19 e das especificidades do caso concreto.

Ainda na nota a Comunidade Mandela reforça:

“ Gostaríamos de reforçar que as famílias da Ocupação Nelson Mandela manifestaram intenção de compra da área e receberam parecer favorável do Ministério Público nos autos. Também está pendente a discussão sobre a possibilidade de regularização fundiária de interesse social na área atualmente ocupada, alternativa que se mostra menos onerosa já que a prefeitura não cumpriu o compromisso de implementar um loteamento urbanizado, conforme acordo firmado no processo. Seguimos buscando junto ao Poder público soluções que contemplem todos os moradores da Ocupação, nos colocando à disposição para que a negociação de compra da área pelas famílias seja realizada.”

Hoje também foi realizada uma atividade on-line  de Lançamento da Campanha Despejo Zero  em Campinas -SP (

https://tv.socializandosaberes.net.br/vod/?c=DespejoZeroCampinas) tendo  a Ocupação Mandela como  o centro da  discussão na cidade. A Campanha Despejo Zero  em Campinas  faz parte da mobilização nacional  em defesa da vida no campo e na cidade

Campinas  prorroga  a quarentena

Campinas acaba prorrogar a quarentena até 06 de outubro, a medida publicada na edição desta quinta-feira (10) do Diário Oficial. Prefeitura também oficializou veto para retomada de atividades em escolas da cidade.

 A  Comunidade Mandela e as ocupações

A Comunidade  Mandela luta desde 2016 por moradia e  desde então  tem buscado formas de diálogo e de inclusão em políticas  públicas habitacionais. Em 2017,  cerca de mais de 500 famílias que formavam a comunidade sofreram uma violenta reintegração de posse. Muitas famílias perderam tudo, não houve qualquer acolhimento do poder público. Famílias dormiram na rua, outras foram acolhidas por moradores e igrejas da região próxima à área que ocupavam.  Desde abril de 2017, as 108 famílias ocupam essa área na região do Jardim Ouro Verde.  O terreno não tem função social, também possui muitas irregularidades de documentação e de tributos com a municipalidade.  As famílias têm buscado acordos e soluções junto ao proprietário e a Prefeitura.
Leia mais sobre:  
https://jornalistaslivres.org/em-meio-a-pandemia-a-comunidade-mandela-amanhece-com-ameaca-de-despejo/

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Campinas

Em meio à Pandemia a Comunidade Mandela amanhece com ameaça de despejo

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O dia de hoje (31/08) será decisivo para as 108 famílias que vivem na área ocupada na região do Jardim Ouro Verde em Campinas, interior de São Paulo.  Assim sendo, o último dia do mês de agosto, a data determinada como prazo final para que os moradores sem-teto deixem a área ocupada, no Jardim Nossa Senhora da Conceição.   A comunidade está muito apreensiva e tensa aguardando a decisão do juiz  Cássio Modenesi Barbosa – da 3ª Vara do Foro da Vila Mimosa que afirmou só se manifestar sobre a suspensão ou não do despejo na data final, tal afirmativa só contribuiu ainda mais para agravar o estado psicológico e a agonia das famílias.

A reintegração é uma evidente agressão aos direitos humanos  dos moradores e moradoras  da ocupação, segundo parecer socioeconômico  do Núcleo  Habitação da Defensoria Pública do Estado de São Paulo . As famílias não têm para onde ir e cerca de entre as/os moradoras/es estão 89 crianças menores de 10 anos, oito adolescentes menores de 17 anos, dois bebês prematuros, sete grávidas e 10 idosos. 62 pessoas da ocupação pertencem ao grupo de risco para agravamento da Covid-19, pessoas idosas e com doenças cardiológicas e respiratórias, entre outras podem ficar sem o barraco que hoje as abriga.

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara de Campinas e o Ministério Público (MP-SP) se manifestaram em defesa do adiamento da reintegração durante a pandemia. A Governo Municipal  também  se posicionou favoravelmente  a permanência após as famílias promoverem três atos de protesto. Novamente  a  Comunidade  sofre com a ameaça do despejo. As famílias ocupam essa área desde 2017 após sofrem uma reintegração violenta em outra região da cidade.

As famílias

Célia dos Santos, uma das lideranças  na comunidade relata:

“ Tentamos várias vezes propor  a compra do terreno, a inclusão das famílias em um programa habitacional, no processo existem várias formas de acordo.  Inclusive tem uma promessa que seriam construídas unidades habitacionais no antigo terreno que ocupamos e as famílias do Mandela  seriam contempladas. Tudo só ficou na promessa. Prometem e deixam o tempo passar para não resolver. Eles não querem. Nós queremos, temos pressa.  Eles moram no conforto. Eles não têm pressa”

Simone é mulher negra, mãe de cinco filhos. Muito preocupada desabafa o seu desespero

“ Não consigo dormir direito mais. Eu e meu filho mais velho ficamos quase sem dormir a noite toda de tanta ansiedade. Estou muito tensa. Nós não temos para onde ir, se sair daqui é para a rua. Eu nem arrumei  as  coisas porque não temos nem  como levar . O meu bebê tem problemas respiratórios e usa bombinha, as vezes as roupinhas dele ficam sujas de sangue e tenho sempre que lavar. Como vou fazer?”

Dona Luisa é avó, mulher negra, trabalhadora doméstica informal e possui vários problemas de saúde que a coloca no grupo de risco de contágio da covid-19. Ela está muito apreensiva com tudo. Os últimos dias têm sido de esgotamento emocional e a sua saúde está abalada. Dona Luisa está entre as moradores perderam tudo o que possuíam durante a reintegração de posse em 2017. A única coisa que restou, na ocasião, foi a roupa que ela vestia.

“ Com essa doença que está por aí  fica difícil  alguém querer dar abrigo  para a gente. Eu entendo as pessoas. Em 2017 muitos nos ajudaram e eu agradeço a Deus. Hoje será difícil. E eu entendo. Eu vou dormir na rua, junto com meus filhos e netos.
Sou grupo de risco, posso me contaminar e morrer.
E as minhas crianças? O quê será das crianças? Meu Deus! Nossa comunidade tem muitas crianças. Esses dias minha netinha me perguntou onde iríamos morar? Eu me segurei para não chorar na frente dela. Se a gente tivesse para onde ir não estaria aqui. Não é possível que essas pessoas não se sensibilizem com a gente.
Não é possível que haja tanta crueldade nesse mundo.”

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