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Transfobia não é legal. Transfobia é uó!

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O Fórum Paulista de Travestis e Transexuais (FPTT), com o apoio e parceria da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), e do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT), lançou dia 27/09 a Campanha:Transfobia Não é Legal. Transfobia é Uó!!! no Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região.

Diferentemente da primeira campanha lançada pelo Ministério da Saúde em 2004 e depois relançada em 2006 com o mote “Travesti e respeito”, que dava ênfase ao enfrentamento da epidemia de Aids, “Transfobia não é legal. Transfobia é Uó!” é a primeira campanha totalmente elaborada pelo movimento social de travestis, mulheres transexuais e homens trans e prioriza o nome social como primeira conquista de cidadania.

Segundo o documento elaborado pela coordenação executiva do FPTT, a campanha “visa enfatizar a obrigatoriedade do uso do nome social e, assim, coibir e combater a transfobia, preconceito específico sofrido por conta do desrespeito e desprezo à real Identidade de Gênero de Travestis, Mulheres Transexuais e Homens Trans, em todos os espaços de circulação e convivência desta população, tais como: Escolas, Faculdades/Universidades, Ambientes de Trabalho, Unidades Básicas de Saúde, Hospitais e Órgãos Públicos.

Dulce Xavier, da Secretaria de Políticas para Mulheres

A campanha também contou com a parceria da Secretaria de Políticas para Mulheres, ligada à Presidência da República, que estava representada pela secretária adjunta Dulce Xavier. Dulce se comprometeu a divulgar o folder e as informações da campanha nos meios da instituição: “A preocupação da Secretaria de Políticas para Mulheres é a de ampliar a garantia de direitos para todas as pessoas e contribuir para eliminar todas as formas de discriminação e preconceito. Essa campanha nos ajuda a trabalhar o preconceito contra pessoas que assumem outras identidades de gênero, sejam transexuais, travestis ou homens trans, pra que a gente possa trazer essa problemática de preconceitos que esses grupos sofrem, e contribuir para mudar o comportamento da sociedade com relação ao respeito a todas as pessoas. “

Dulce comentou também a dificuldade que pessoas travestis e transexuais têm de serem contempladas com a Lei Maria da Penha : “A lei foi a princípio feita para tratar da violência doméstica de homens (cis) contra mulheres (cis ) ou de uma identidade masculina reconhecida culturalmente como aquela que exerce o poder sobre pessoa de identidade feminina, reconhece nesse sentido a violência entre mulheres que convivem, casal de lésbicas e tal, mas ela precisa ampliar para contemplar as discriminação que as pessoas trans sofrem por terem assumido identidades femininas.”

A palavra Transfobia é formada pelo prefixo Trans (pessoas travestis e transexuais) + Fobia, que significa a aversão obsessiva ou medo irracional de algo material ou imaterial. A origem etimológica de fobia remonta ao personagem da mitologia grega Fobos, que era a personificação do medo e do terror. Fobos era filho de Ares, deus da guerra e de Vênus, a deusa do amor, e acompanhava o pai nas batalhas. Dessa forma, fobia é filha do espírito beligerante com a intensidade da paixão, só que o que está no campo de batalha não é o amor e sim um ódio cego e incontrolável. Enquanto o medo é um instrumento útil à sobrevivência, causado por uma situação real como estar andando por uma rua escura, a fobia é totalmente irracional e injustificada.

A transfobia é a repulsa, medo, e ódio irracional contra pessoas travestis e transexuais, e é um sentimento que fala da própria existência e do sofrimento da pessoa que sente, é é proporcional ao nível de dificuldades que ela teve ao ter que se adequar a uma norma social, renunciando muitas vezes à própria felicidade. Ver alguém capaz de construir uma identidade diferente daquela aceita pela cultura cisheteronormativa provoca uma ira capaz de matar. A transfobia, antes de matar fisicamente, mata socialmen!e, invisibilizando, excluindo e negando o acesso da população trans aos direitos civis básicos, como acesso à educação ou ao mercado de trabalho, empurrando travestis e mulheres transexuais e homens trans para as regiões periféricas e guetos da cidade

Todos os dias pessoas travestis e transexuais são assassinadas no Brasil de forma violenta depois de serem torturadas, espancadas, estupradas, e jogadas num matagal, num rio ou mesmo no meio da rua pra todo mundo ver. São cenas que provocariam o horror se fossem com pessoas cisgêneras (aquelas pessoas que se sentem adequadas aos modelos hegemônicos de comportamento de gênero), mas travestis e transexuais assassinadas não provocam nenhuma comoção e muitas vezes nenhuma emoção. São parte de um universo paralelo, em que a violência prolifera e passam de vítimas a culpadas pela própria morte.

“Estamos juntos!”

Segundo o documento de lançamento da campanha, “o comportamento preconceituoso e discriminatório ou intolerante pode ser direto, desde formas fisicamente violentas, chegando a causar mortes por crimes de ódio, até recusas em comunicar-se com a Pessoa Trans (Travesti, Mulher Transexual ou Homem Trans) em questão, ou indireto, como recusar-se a garantir que Pessoas Trans (Travestis, Mulheres Transexuais e Homens Trans) sejam tratadas da mesma forma que qualquer cidadã ou cidadão comum, detentora/detentor de seus direitos ou cumpridora/cumpridor de seus deveres.”

#EleNão

Moradores da Maré são bailarinos em espetáculo com temporada na Suiça

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Foto: Andi Gantenbein, de Zurique, Suíça, para os Jornalistas Livres

Denúncias sobre os atuais tempos de antidemocracia, assassinatos da população preta, pobre e periférica e o da vereadora Marielle Franco aparecem em cartazes erguidos pelos bailarinos de “Fúria”, espetáculo de Lia Rodrigues, considerada uma das maiores coreógrafas brasileiras da atualidade e uma das mais engajadas na realidade política do país.

A foto é da noite deste sábado (16), durante apresentação do grupo brasileiro no ‘Zürcher Theaterspektakel’, em Zurique, Suíça.

No Brasil, Fúria estreou em Abril, no Festival de Curitiba. A montagem evidencia, de maneira crítica, relações de poder, desigualdades, e as interligações entre racismo e capitalismo.

O espetáculo foi concebido no Centro de Artes da Maré, na Maré, RJ. O local foi inaugurado em 2009, e o projeto nasceu do encontro de Lia Rodrigues Companhia de Danças com a Redes da Maré. Os bailarinos são moradores da favela e de periferias do RJ.

Fruto dessa mesma parceria é a Escola Livre de Dança da Maré que resiste, em meio ao caos do governo violento de Witzel contra as favelas do RJ.

 

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Temer/Kassab preparam ataque ao seu direito à Internet

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O método Temer de solapar direitos dos cidadãos brasileiros tem novo alvo: a Internet. Sem qualquer discussão prévia, os golpistas querem mudar a composição do Comitê Gestor da Internet.

A consulta pública determinada pelo governo, sem diálogo prévio com os membros do Comitê e com apenas 30 dias de duração, certamente pretende aumentar o poder e servir apenas aos interesses das empresas privadas. As operadoras de telefonia têm todo o interesse do mundo em abafar as vozes de técnicos, acadêmicos e ativistas que lutam pela neutralidade da rede, por uma Internet livre, plural e aberta.

Veja, abaixo, a nota de repúdio ao atropelo antidemocrático da consulta pública determinada por Temer/Kassab. A nota é da Coalizão Direitos na Rede que exige o cancelamento imediato desta consulta.

Nota de repúdio

Contra os ataques do governo Temer ao Comitê Gestor da Internet no Brasil

A Coalizão Direitos na Rede vem a público repudiar e denunciar a mais recente medida da gestão Temer contra os direitos dos internautas no Brasil. De forma unilateral, o Governo Federal publicou nesta terça-feira, 8 de agosto, no Diário Oficial da União (D.O.U.), uma consulta pública visando alterações na composição, no processo de eleição e nas atribuições do Comitê Gestor da Internet (CGI.br).

Composto por representantes do governo, do setor privado, da sociedade civil e por especialistas técnicos e acadêmicos, o CGI.br é, desde sua criação, em 1995, responsável por estabelecer as normas e procedimentos para o uso e desenvolvimento da rede no Brasil.

Referência internacional de governança multissetorial da Internet,

o Comitê teve seu papel fortalecido após a

promulgação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014)

e de seu decreto regulamentador, que estabelece que cabe ao órgão definir as diretrizes para todos os temas relacionados ao setor. A partir de então, o CGI.br passou a ser alvo de disputa e grande interesse do setor privado.

Ao publicar uma consulta para alterar significativamente o modelo do Comitê Gestor de forma unilateral e sem qualquer diálogo prévio no interior do próprio CGI.br, o Governo passa por cima da lei e quebra com a multissetorialidade que marca os debates sobre a Internet e sua governança no Brasil.

A consulta não foi pauta da última reunião do CGI.br, realizada em maio, e nesta segunda-feira, véspera da publicação no D.O.U., o coordenador do Comitê, Maximiliano Martinhão, apenas enviou um e-mail à lista dos conselheiros relatando que o Governo Federal pretendia debater a questão – sem, no entanto, informar que tudo já estava pronto, em vias de publicação oficial. Vale registrar que, no próximo dia 18 de agosto, ocorre a primeira reunião da nova gestão do CGI.br, e o governo poderia ter aguardado para pautar o tema de forma democrática com os conselheiros/as.

Porém, preferiu agir de forma autocrática.

Desde sua posse à frente do CGI.br, no ano passado, Martinhão – que também é Secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – tem feito declarações públicas defendendo alterações no Comitê Gestor da Internet. Já em junho de 2016, na primeira reunião que presidiu no CGI.br, após a troca no comando do Governo Federal, ele declarou que estava “recebendo demandas de pequenos provedores, de provedores de conteúdos e de investidores” para alterar a composição do órgão.

A pressão para rever a força da sociedade civil no Comitê cresceu,

principalmente por parte das operadoras de telecomunicações,

apoiadoras do governo.

Em dezembro, durante o Fórum de Governança da Internet no México, organizado pelas Nações Unidas, um conjunto de entidades da sociedade civil de mais de 20 países manifestou preocupação e denunciou as tentativas de enfraquecimento do CGI.br por parte da gestão Temer. No primeiro semestre de 2017, o Governo manobrou para impor uma paralisação de atividades em nome de uma questionável “economia de recursos”.

Martinhão e outros integrantes da gestão Kassab/Temer também têm defendido publicamente que sejam revistas conquistas obtidas no Marco Civil da Internet, propondo a flexibilização da neutralidade de rede e criticando a necessidade de consentimento dos usuários para o tratamento de seus dados pessoais. Neste contexto, a composição multissetorial do CGI.br tem sido fundamental para a defesa dos postulados do MCI e de princípios basilares para a garantia de uma internet livre, aberta e plural.

Por isso, esta Coalizão – articulação que reúne pesquisadores, acadêmicos, desenvolvedores, ativistas e entidades de defesa do consumidor e da liberdade de expressão – lançou, durante o último processo eleitoral do CGI, uma plataforma pública que clamava pelo “fortalecimento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, preservando suas atribuições e seu caráter multissetorial, como garantia da governança multiparticipativa e democrática da Internet” no país. Afinal, mudar o CGI é estratégico para os setores que querem alterar os rumos das políticas de internet até então em curso no país.

Nesse sentido, considerando o que estabelece o Marco Civil da Internet, o caráter multissetorial do CGI e também o momento político que o país atravessa – de um governo interino, de legitimidade questionável para empreender tais mudanças –

a Coalizão Direitos na Rede exige o cancelamento imediato desta consulta.

É repudiável que um processo diretamente relacionado à governança da Internet seja travestido de consulta pública sem que as linhas orientadoras para sua revisão tenham sido debatidas antes, internamente, pelo próprio CGI.br. É mais um exemplo do modus operandi da gestão que ocupa o Palácio do Planalto e que tem pouco apreço por processos democráticos.

Seguiremos denunciando tais ataques e buscando apoio de diferentes setores,

dentro e fora do Brasil,

contra o desmonte do Comitê Gestor da Internet.

 

8 de agosto de 2017, Coalizão Direitos na Rede

 

Notas

1 A Coalizão Direitos na Rede é uma rede independente de organizações da sociedade civil, ativistas e acadêmicos em defesa da Internet livre e aberta no Brasil. Formada em julho de 2016, busca contribuir para a conscientização sobre o direito ao acesso à Internet, a privacidade e a liberdade de expressão de maneira ampla. O coletivo atua em diferentes frentes por meio de suas organizações, de modo horizontal e colaborativo. A nota está em https://direitosnarede.org.br/c/governo-temer-ataca-CGI/ .

2 Para ouvir a entrevista, à Rádio Brasil Atual, de Flávia Lefévre, conselheira da Proteste e representante do terceiro setor no Comitê Gestor da Internet, que afirma que as mudanças visam a atender interesses do setor privado e ferem caráter multiparticipativo do Comitê: https://soundcloud.com/redebrasilatual/1008-enrevista-flavia-lefevre

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Artigo

FRAGMENTO E SÍNTESE

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Ligar a tv logo cedo num pequeno quarto de hotel no interior do país é desentender-se dos fatos nos telejornais matutinos. Abre-se a janela e uma menina vai à escola à beira do rio, um menino faz gol de bicicleta entre guris e o homem ergue a parede de sua casa.  Tudo tão distinto das ruas em alvoroço de protestos urbanos ou políticos insanos.  No rincão o que se busca é continuar vivo entre chuvas e trovões, sem não ou talvez. Tudo é certo. Sem modernidades calam ou arremedam nossa urbanidade, gente que se defende com pimentas e ervas, oração e vizinhança. Voz sem boca, boca sem voz, essa gente não é parte nas notícias selvagens dos jornais distantes.  Se resolvem entre cozidos, arte, bola e santos. No país de tantos cantos, muitos voam fora da asa e sem golpes entre si vão tocando suas mazelas e graça.

Mas vivemos tempos obscuros, a noite persiste em nossos avançados quinhentos e tantos anos e muitos santos. Dizem que burro velho é difícil se corrigir nos hábitos. Em manhã chuvosa na grande São Paulo, ligo a tv e o notbook, as janelas se abrem antes que a cortina deixe entrar o novo dia. Surpreendente ver na tv o deputado Jair Bolsonaro afirmando em um clube israelita na cidade do Rio, que se presidente for, não teremos mais terras indígenas no país. Ao mesmo tempo o computador expõe na rede social a opinião de meu amigo Ianuculá Kaiabi Suiá, jovem liderança do Parque Indígena do Xingu, onde leio ao som do deputado que ladra:

Jair Bolsonaro, obrigado por você existir. Graças a você, hoje, temos noção de quanto a população brasileira carece de conhecimento, decência, consciência, juízo, amor e que carrega um imenso sentimento de ódio sem saber o porque. Sim, sim, não sabem. Um exemplo? Veja a bandeira de quem te aplaude, é de um povo que, assim como nós, sofreu as piores atrocidades cometidas pelas pessoas que pensavam como você. Enfim, eu não sei se essa parcela do povo brasileiro pode ser curada, mas vou pedir para um pajé fumar um charuto sagrado e revelar se o espírito maligno que se apossou da tua alma pode ser desfeita com uma grande pajelança.

Ianuculá sabe o que diz, sabe de todo martírio vivido pelos povos originários, e mesmo assim se propõe a consultar o mundo dos espíritos.

 

É deus e diabo na terra do sol, a mesma terra que ofende também abriga e anuncia uma mostra de cinema indígena nos próximos dias. Terra de etnias e corpos na terra, a cidade maravilhosa do Rio não se calará diante do fascismo desses tempos sombrios, acompanhe.

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