Trabalhadores prometem resistir à privatização das unidades de fertilizantes da Petrobras

Greve de petroleiros e petroquímicos em 2015 já denunciava a privatização de unidades da Petrobras. Foto: Davi Macedo/Sindiquímica

Por Davi Macedo

Foram colocadas no balcão de negócios do mercado a Araucária Nitrogenados, instalada na cidade de Araucária (PR), região metropolitana de Curitiba, e a Unidade de Fertilizantes III (UFN-III), de Três Lagoas (MS).

A Araucária Nitrogenados S.A utiliza resíduo asfáltico da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) para produzir até 1.303 toneladas por dia de amônia e 1.975 t/dia de ureia, além de 450 m³/dia do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), 200 t/dia de gás carbônico e 75 t/dia de carbono peletizado. Já a UFN-III sequer entrou em operação. A construção foi paralisada em dezembro de 2014, quando estava com cerca de 80% do projeto concluído, por conta da crise gerada pelas denúncias de corrupção na Petrobras.

Segundo a nota divulgada pela estatal, trata-se de uma “oportunidade de desinvestimento alinhada ao objetivo estratégico de saída de segmento de fertilizantes”. Por outro lado, a privatização dessas unidades vai deixar o país totalmente dependente das multinacionais do setor.

O Brasil possui déficit na produção de fertilizantes, uma área estratégica para a produção de alimentos e para a exportação de grãos como soja e milho, um mercado importante para a economia nacional. “Produzimos cerca de 24% dos fertilizantes que consumimos. Os outros 76% vêm de importação de multinacionais como Bunge e Cargill.  Entendemos que as fábricas de fertilizantes devem ser mantidas nas mãos da Petrobrás, porque é uma questão de soberania nacional. Iremos enfrentar esse processo com muita força, para evitar que a Petrobras tenha sucesso na venda dessas unidades”, afirmou Gerson Castellano, trabalhador da Araucária Nitrogenados e dirigente do Sindicato dos Petroquímicos do Paraná (Sindiquímica) e da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Herança maldita da privatização

A Araucária Nitrogenados já teve uma experiência ruim sob a administração privada. A unidade, inaugurada em 1982, foi privatizada em 1993. Em 2013 voltou a ser uma subsidiária integral da Petrobrás, após uma transação comercial com a Vale Fertilizantes, então proprietária da fábrica.

Segundo Castellano, “durante o período em que a iniciativa privada ficou responsável por gerir a fábrica não foram feitos investimentos na produção de fertilizantes. A herança que o capital privado deixou foi o sucateamento, o aumento da terceirização, os riscos para os trabalhadores e uma precarização generalizada, fazendo com que não houvesse nenhum tipo de retorno para a sociedade”, denunciou.

A Araucária Nitrogenados emprega atualmente cerca de 800 trabalhadores de forma direta e indiretamente. A venda da empresa deixará o país totalmente dependente do mercado privado no ramo de fertilizantes e pode impactar no aumento do preço de alimentos e grãos.

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