TODO DIA É 7×1 NO ESPORTE FEMININO DO BRASIL.

Por Marcela Casagrande – especial para os Jornalistas Livres.

Estamos em 2018 e, depois de tantos casos de machismo expostos, movimentos feministas brasileiros e estrangeiros protestando contra a diferença salarial abismal entre homens e mulheres, algumas empresas fingem não perceber a mudança na sociedade que exige tratamento igualitário entre os gêneros.

Esse é o caso da competição de skate Oi Park Jam que aconteceu esse final de semana em Santa Catarina. A empresa Oi premiou o skatista Pedro Barros em primeiro lugar com R$ 17.000,00 (dezessete mil reais) e a atleta Yndiara Asp, também em primeiro lugar, com menos de um terço do valor: R$ 5.000,00 (cinco mil reais).


A diferença se deu meramente “pelo número de skatistas masculinos” ser “ainda superior ao feminino”, no que a empresa tentou apresentar como justificativa no perfil oficial do evento, no Instagram. Ora, não há o menor cabimento, posto que apenas um vencedor é premiado.

O problema começa na separação de homens e mulheres por categoria, e culmina com a diferença gritante no valor dos prêmios.

Homens profissionais e mulheres amadoras.

Não há classificatória para as mulheres como profissionais. Por quê?

 

A partir daí subentende-se que as atletas femininas não são tão capacitadas quanto os atletas masculinos. Um caso de machismo velado que passa despercebido por muitos porque tratam isso como “normal”: não é normal! Não podemos aceitar com naturalidade categorias tão distintas para atletas com desempenho similares.

A aceitação desse machismo vai desde torcedores do esporte que tentam justificar o injustificável, a veículos de mídias de comunicação que separam “masculino” e “feminino” em categorias, como no caso da página UOL.

A Oi Park Jam quer tratar o skate como esporte olímpico, porém trata com desigualdade os atletas. Ao dar um premio tão inferior às mulheres, não as incentiva no esporte, não dá as mesmas condições para essas mulheres se tornarem “profissionais” como os homens.

Em todo ano olímpico nos deparamos com matérias que mostram a diferença no tratamento dado a homens e mulheres atletas; da falta de incentivo, apoio e patrocínio que nossas atletas enfrentam – e, mesmo assim, conseguem fazer a diferença.

Essa cultura precisa mudar! Não aceitaremos mais isso com naturalidade!

Vamos protestar até que sejamos ouvidas no esporte e em todos os meios.

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