Super Blond, por Dirce Waltrick do Amarante

Menina após Velázquez, Fernando Botero

Por Dirce Waltrick do Amarante*

 

Maria da Silva e Souza era brasileira, cabelos ondulados e volumosos, olhos castanho-escuros e pele oliva ou olive, como dizem os norte-americanos ao se referirem aos latinos, entre outros povos não anglo-saxões. Enfim, era uma brasileira típica, mistura de negros, indíos, europeus… Mas foi a remota ancestralidade europeia que Maria agarrou com unhas e dentes.

Descobriu com muito custo um parente alemão: um tio-avô de uma bisavó de uma prima em segundo grau. Adotou imediatamente o sobrenome do antepassado nas mídias sociais, passou a olhar os conterrâneos como estrangeiros e, por fim, para dar credibilidade a sua descendência europeia, comprou um tubo de descolorante e uma caixa de super blond na farmácia da esquina, pintou os cabelos e nunca mais tomou sol neste país tropical.

 

*Manezinha de Florianópolis

 

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