Quatro parágrafos sobre o Comunismo

Graffiti: Andrés Piqueras
Graffiti: Andrés Piqueras

Por: Leonardo Koury* | Especial para os Jornalistas Livres

Nos últimos tempos me senti provocado quando ao falar que acredito no comunismo tornou-se algo assustador ou abominável para quem escutasse. Uma amiga, por sua vez, me encorajou em descrever sobre esta escolha.  Em quatro parágrafos tentarei trazer elementos do nosso cotidiano que reforçam a necessidade de construir o comunismo como alternativa à barbárie do lucro sobre as pessoas.
Os comunistas são mais antigos do que o próprio conceito. Jesus era comunista, não assuste! Aquele que divide o pão em partes iguais procurando a fraternidade e a solidariedade ao invés de ganhar algo em troca de sua atitude não é capitalista. No século passado, um importante filósofo francês Deleuze descreve a principal diferença entre a esquerda (comunistas, socialistas, etc.) e os capitalistas (em suma os ricos) é que aos capitalistas é necessário primeiro crescer o bolo (a economia) para depois repartir. Quanto aos da “esquerda” é necessário o contrário, só se cresce o bolo dividindo.
Dom Pedro Casaldáliga, conhecido por sua generosidade e suas visões políticas,  dizia que na dúvida fique com os pobres. É necessário esclarecer que a economia é uma ciência e por sua vez sua construção se difere do conceito de finanças. Assim como é fundamental reconhecer que os pobres não são culpados por sua pobreza e nem por estarem sobre esta condição os mesmos não terão forças para supera-la. Aos economistas do capital  a pobreza é natural e só é superada apenas pelo mérito. Que mérito é esse? Nascemos presos nas correntes da escravidão do dinheiro sem ter o direito de termos oportunidades iguais. Claro se quiserem argumentar sobre a economia de Cuba, primeiro vejam os dados sobre a pobreza no Brasil e nos Estados Unidos e depois falaremos sobre meritocracia e oportunidades.
Mas vamos terminar este breve texto falando de amor. O modelo do amor no capitalismo esta vinculado ao que se têm (e não o que somos) como a propriedade, condição econômica, bens materiais e aparência. E nisso, não tenho dúvidas, o amor no comunismo é lindo porque não tem preço, não somos mercadoria. Sou comunista porque amo gratuitamente toda forma de vida, e por crer que nenhuma vida vale mais que a outra. O planeta, o povo, nossas cores e diversidade não podem servir para a usurpação do interesse dos poderosos. Amor não é interesseiro, pois quando o amor é comum, é coletivo, é gratuito não será o pão ou o bolo que ao se repartir se acabará, ao contrário ao repartir ele cresce. Que o amor seja uma expressão do nosso comum.
Leonardo Koury* Professor, Assistente Social e militante da Frente Brasil Popular.

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