Filme sobre secundaristas vai ao Festival de Berlim; protagonista precisa ir também

Um filme feito para narrar “a maior luta estudantil brasileira do século”, é assim que se apresenta o “Espero tua (re)volta”, dirigido pela cineasta Eliza Capai. O filme aborda desde as Revoltas de Junho (de 2013), passando pelos levantes secundaristas de 2015 e 2016 e outros pontos políticos do país, como o Impeachment da presidenta Dilma e a eleição de Bolsonaro.

O filme é um dos poucos representantes do Brasil no Festival de Berlim (7 a 17 de fevereiro), ao lado de “Marighella”, com direção de Wagner Moura, “Greta”, de Armando Praça, e “Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes. “Espero tua (re)volta” é o único representante na categoria GENERATION 14Plus, focada no público jovem.

Marcela Jesus em ato político
Foto: Lucas Martins / Jornalistas Livres

Uma das três protagonistas do filme, Marcela Jesus, foi convidada para o lançamento em Berlim, mas precisa da “contribuição de vocês: preciso tirar meu passaporte, comprar a passagem e me alimentar por lá. O Festival ofereceu hospedagem e se tudo der certo, e há de dar!, eu estarei lá na nossa estreia, no dia 09 de fevereiro representando os secundaristas, ecoando as lutas do lado de cá! Isso não é por mim é por nós!”. Para isso ela organizou uma “vaquinha” online para juntar o dinheiro necessário. Marcela, que hoje é atriz, participa do ColetivA Ocupação, formado por ex-secundaristas que retratam com os corpos, vozes e sentimentos os processos dessa luta que lhes marcou a vida e o seu país.

O poder de narrar esses eventos, que ainda hoje moldam o futuro do Brasil, recai na mão de três protagonistas dessa que foi “a maior luta estudantil brasileira do século”. Marcela Jesus, Lucas Koka Penteado e Nayara Souza foram secundaristas que ocuparam suas escolas em 2015 em São Paulo, contra a reorganização da estrutura proposta pelo então Governador Geraldo Alckmin, e em 2016, no Brasil todo, contra a reforma do Ensino Médio, imposta pelo então presidente Michel Temer.

Os três apresentam perspectivas diferentes das varias lutas e processos políticos que viveram e construíram. De um lado temos Marcela, se organizando de forma autônoma e horizontal com outros estudantes da cidade. No meio temos Lucas, participante das lutas autônomas, mas que participava de Entidades Estudantis. E Nayara Souza representando essas entidades, como UBES, UEE e UNE. O filme é construído por meio de relatos, gravações de jornais, imagens feitas por secundaristas e jornalistas, inclusive dos Jornalistas Livres.

As três vozes ajudam a dar uma visão mais heterogênea para esse turbilhão de informações que são retratados no filme, mas com a capacidade de elucidar e organizar a narrativa. Ao mostrar vozes complementares o filme sai do simplismo e ajuda a entender, a perspectiva desses jovens, o que está e esteve acontecendo no Brasil.

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Secundaristas voltam às ruas

Na última sexta-feira (10), os secundaristas paulistas saíram mais uma vez contra as reformas impopulares do governo, principalmente a reforma do ensino médio tratada na