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Quem aprendeu a amar o Comandante Fidel Castro sente no peito a perda de um pai

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Ilustração: Caco Bressane - Fidel Castro

Por Rafael Castilho*, para os Jornalistas Livres

Fidel não era apenas um político, um chefe militar, um presidente. Fidel foi um exemplo de homem. Um revolucionário. Fidel foi também um líder existencial. Um camarada. Alguém que nos faz refletir a cada dia o que queremos como indivíduos. Que podemos ser muito mais do que uma vidinha jogada no universo. Que podemos ser homens e mulheres protagonistas do nosso tempo e com condições de transformar o mundo, mover a história, fazer muito mais do que aceitar as injustiças como algo naturalizado e comum.

É difícil para muitos entender o amor do povo por Fidel. Ainda mais nos dias atuais. Vivemos uma era de culto ao individualismo. De idolatria à satisfação pessoal e íntima. Ao consumo. Como entender o amor por Fidel se a cada dia a humanidade é levada a odiar o público e a amar o privado? Como entender o amor por Fidel nesses dias em que a atividade política é criminalizada? Em que o mundo idolatra empresários, homens de mercado e até fazem deles seus líderes governamentais?

Eu aprendi a amar o Fidel.

Desde jovem. Lia as histórias da Revolução Cubana e me pareciam fantásticas. Sei que não era um adolescente comum. Não me encantaram os super heróis. Eu gostava do Fidel e do Che. Não sonhava em conhecer a Disney. Sonhei durante anos conhecer Cuba, visitar Havana, como depois tive a sorte de fazer em algumas oportunidades.

Honestamente, eu não culpo quem não entende esse amor pelo Fidel. Não culpo, tampouco, quem odeia o Fidel. São décadas e mais décadas de lixo midiático. De ódio sendo disseminado contra figura de Fidel.

Fidel escapou de mais de 600 atentados contra sua vida. A humanidade não pode escapar da violência do imperialismo. Violência militar, política e midiática, deformando visões de mundo e corrompendo a história.

Fidel também foi odiado porque a coragem de uns revela a covardia de outros e esta coragem parece ser insuportável e subversiva. Quem fez a escolha pela obediência detesta os rebeldes. Quem resolveu aceitar as humilhações cotidianas e se submeteu a tudo esperando a promessa de um bem-estar que só se realiza na hora dos calmantes precisa de alguma maneira se convencer que sua vida valeu à pena.

Alguns precisam odiar Fidel para comprovar a si mesmos que sua escolha não foi tão ruim e que sua vida não foi desnecessariamente ordinária. Que sua crença no progresso pessoal não foi em vão. Que aceitar os assédios, as injustiças, os choros cheios de soluço dentro do banheiro também valeram à pena.

Muitas pessoas precisam odiar Fidel para se suportarem. Precisam olhar para Cuba, repleta de carências e precariedades, para se convencerem de que vivem repletos de bem-estar.

Claro que Cuba precisa ser odiada. É evidente que todas as dificuldades em que vivem o povo cubano merecem destaques e manchetes escandalosas. As pessoas precisam do flagelo de Cuba para aceitar com algum conforto nossas misérias cotidianas, nossos milhares de desabrigados, nossas crianças de rua, nossos irmãos tendo que comer lixo, nossas cadeias lotadas, a criminalidade, as pessoas baleadas, nossos jovens envenenados pelo capitalismo, entorpecidos pelo consumismo, a polícia repressora, nossa democracia de fachada.

Como se as carências de Cuba fossem resultado apenas de seus erros internos e não houvesse o papel do inimigo que, desde o primeiro dia da Revolução Cubana, fez de tudo para destruir o país e desconstruir essa experiência como alternativa para os povos.

Sim, os cubanos gostariam de ter o seu tênis Nike. As meninas gostariam de usar Natura. Como convencer uma mulher do século XXI que ela não precisa de shampoo e condicionador? Os meninos gostariam de brincar com PlayStation, sim.

Mas o povo cubano conseguiu algo que é muito difícil de possuir. Esse povo tem dignidade! Esse é um povo lindo, com um brilho no olhar que eu temo estarmos nós, povo brasileiro e irmão de alma dos cubanos, perdendo para sempre.

Dignidade não se compra no supermercado. São crianças na escola, acolhidas, bem-educadas. Quem fica doente não é tratado como bicho. São casas simples, sem luxo nenhum, mas muito dignas. É cada pessoa tendo direito a ter seu lugar no mundo. Sabe o que é você conversar com um jovem que não está infeliz? Que não parece apavorado, envenenado e com medo? Essa é a imagem que eu guardo de Cuba.

Fidel foi um dos maiores homens da história, e para sempre será lembrado!

Vocês sabem qual foi a maior aventura de Fidel? Não foi pegar em armas para chegar ao poder. Não foi enfrentar os Estados Unidos durante meio século e sair vencedor. Sabe o que torna a Revolução Cubana diferente de todas as outras que o mundo já conheceu?

A maior aventura de Fidel foi tentar construir o HOMEM NOVO. Produzir um novo tipo de indivíduo que fosse solidário, verdadeiro, camarada, desapegado das coisas, voluntário, altruísta, generoso, não invejoso, firme, forte, correto, doce, sem medo e com capacidade de manifestar seu amor pela humanidade. De lutar contra as injustiças e, caso necessário, oferecer sua vida pela liberdade de seu povo.

A construção do homem novo. Essa foi a grande e linda aventura. Foi um projeto de Estado. Uma experiência sem igual na humanidade que ganhou um significado mais do que especial como acontecimento nesse país tropical tão lindo. Um lugar para a humanidade se amar. Um espaço de liberdade.

Essa aventura valeu muito à pena!

Ainda que a humanidade tenha se espatifado em alguma esquina da história. Ainda que tenhamos sido definitivamente envenenados. Ainda que estejamos reduzidos a consumidores. Ainda que a humanidade tenha rodado tanto tempo pra terminar como compradores de coisas. Ainda que sejamos irremediavelmente egoístas e individualistas.

Mesmo assim a aventura de Fidel Castro foi linda e valeu muito à pena. A presença física de Fidel chega ao fim. Mas seu exemplo, seu pensamento e principalmente seus grandes atos acompanharão a humanidade para sempre. De alguma forma nosso Comandante en Jefe, estará sempre conosco.

Viva, Fidel!

Hasta siempre, Comandante!

 

*Rafael Castilho é sociólogo com especialização em Política e Relações Internacionais e em Gestão Pública. Também é coordenador do Núcleo de Estudos do Corinthians.

#EleNão

Moradores da Maré são bailarinos em espetáculo com temporada na Suiça

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Foto: Andi Gantenbein, de Zurique, Suíça, para os Jornalistas Livres

Denúncias sobre os atuais tempos de antidemocracia, assassinatos da população preta, pobre e periférica e o da vereadora Marielle Franco aparecem em cartazes erguidos pelos bailarinos de “Fúria”, espetáculo de Lia Rodrigues, considerada uma das maiores coreógrafas brasileiras da atualidade e uma das mais engajadas na realidade política do país.

A foto é da noite deste sábado (16), durante apresentação do grupo brasileiro no ‘Zürcher Theaterspektakel’, em Zurique, Suíça.

No Brasil, Fúria estreou em Abril, no Festival de Curitiba. A montagem evidencia, de maneira crítica, relações de poder, desigualdades, e as interligações entre racismo e capitalismo.

O espetáculo foi concebido no Centro de Artes da Maré, na Maré, RJ. O local foi inaugurado em 2009, e o projeto nasceu do encontro de Lia Rodrigues Companhia de Danças com a Redes da Maré. Os bailarinos são moradores da favela e de periferias do RJ.

Fruto dessa mesma parceria é a Escola Livre de Dança da Maré que resiste, em meio ao caos do governo violento de Witzel contra as favelas do RJ.

 

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Temer/Kassab preparam ataque ao seu direito à Internet

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O método Temer de solapar direitos dos cidadãos brasileiros tem novo alvo: a Internet. Sem qualquer discussão prévia, os golpistas querem mudar a composição do Comitê Gestor da Internet.

A consulta pública determinada pelo governo, sem diálogo prévio com os membros do Comitê e com apenas 30 dias de duração, certamente pretende aumentar o poder e servir apenas aos interesses das empresas privadas. As operadoras de telefonia têm todo o interesse do mundo em abafar as vozes de técnicos, acadêmicos e ativistas que lutam pela neutralidade da rede, por uma Internet livre, plural e aberta.

Veja, abaixo, a nota de repúdio ao atropelo antidemocrático da consulta pública determinada por Temer/Kassab. A nota é da Coalizão Direitos na Rede que exige o cancelamento imediato desta consulta.

Nota de repúdio

Contra os ataques do governo Temer ao Comitê Gestor da Internet no Brasil

A Coalizão Direitos na Rede vem a público repudiar e denunciar a mais recente medida da gestão Temer contra os direitos dos internautas no Brasil. De forma unilateral, o Governo Federal publicou nesta terça-feira, 8 de agosto, no Diário Oficial da União (D.O.U.), uma consulta pública visando alterações na composição, no processo de eleição e nas atribuições do Comitê Gestor da Internet (CGI.br).

Composto por representantes do governo, do setor privado, da sociedade civil e por especialistas técnicos e acadêmicos, o CGI.br é, desde sua criação, em 1995, responsável por estabelecer as normas e procedimentos para o uso e desenvolvimento da rede no Brasil.

Referência internacional de governança multissetorial da Internet,

o Comitê teve seu papel fortalecido após a

promulgação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014)

e de seu decreto regulamentador, que estabelece que cabe ao órgão definir as diretrizes para todos os temas relacionados ao setor. A partir de então, o CGI.br passou a ser alvo de disputa e grande interesse do setor privado.

Ao publicar uma consulta para alterar significativamente o modelo do Comitê Gestor de forma unilateral e sem qualquer diálogo prévio no interior do próprio CGI.br, o Governo passa por cima da lei e quebra com a multissetorialidade que marca os debates sobre a Internet e sua governança no Brasil.

A consulta não foi pauta da última reunião do CGI.br, realizada em maio, e nesta segunda-feira, véspera da publicação no D.O.U., o coordenador do Comitê, Maximiliano Martinhão, apenas enviou um e-mail à lista dos conselheiros relatando que o Governo Federal pretendia debater a questão – sem, no entanto, informar que tudo já estava pronto, em vias de publicação oficial. Vale registrar que, no próximo dia 18 de agosto, ocorre a primeira reunião da nova gestão do CGI.br, e o governo poderia ter aguardado para pautar o tema de forma democrática com os conselheiros/as.

Porém, preferiu agir de forma autocrática.

Desde sua posse à frente do CGI.br, no ano passado, Martinhão – que também é Secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – tem feito declarações públicas defendendo alterações no Comitê Gestor da Internet. Já em junho de 2016, na primeira reunião que presidiu no CGI.br, após a troca no comando do Governo Federal, ele declarou que estava “recebendo demandas de pequenos provedores, de provedores de conteúdos e de investidores” para alterar a composição do órgão.

A pressão para rever a força da sociedade civil no Comitê cresceu,

principalmente por parte das operadoras de telecomunicações,

apoiadoras do governo.

Em dezembro, durante o Fórum de Governança da Internet no México, organizado pelas Nações Unidas, um conjunto de entidades da sociedade civil de mais de 20 países manifestou preocupação e denunciou as tentativas de enfraquecimento do CGI.br por parte da gestão Temer. No primeiro semestre de 2017, o Governo manobrou para impor uma paralisação de atividades em nome de uma questionável “economia de recursos”.

Martinhão e outros integrantes da gestão Kassab/Temer também têm defendido publicamente que sejam revistas conquistas obtidas no Marco Civil da Internet, propondo a flexibilização da neutralidade de rede e criticando a necessidade de consentimento dos usuários para o tratamento de seus dados pessoais. Neste contexto, a composição multissetorial do CGI.br tem sido fundamental para a defesa dos postulados do MCI e de princípios basilares para a garantia de uma internet livre, aberta e plural.

Por isso, esta Coalizão – articulação que reúne pesquisadores, acadêmicos, desenvolvedores, ativistas e entidades de defesa do consumidor e da liberdade de expressão – lançou, durante o último processo eleitoral do CGI, uma plataforma pública que clamava pelo “fortalecimento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, preservando suas atribuições e seu caráter multissetorial, como garantia da governança multiparticipativa e democrática da Internet” no país. Afinal, mudar o CGI é estratégico para os setores que querem alterar os rumos das políticas de internet até então em curso no país.

Nesse sentido, considerando o que estabelece o Marco Civil da Internet, o caráter multissetorial do CGI e também o momento político que o país atravessa – de um governo interino, de legitimidade questionável para empreender tais mudanças –

a Coalizão Direitos na Rede exige o cancelamento imediato desta consulta.

É repudiável que um processo diretamente relacionado à governança da Internet seja travestido de consulta pública sem que as linhas orientadoras para sua revisão tenham sido debatidas antes, internamente, pelo próprio CGI.br. É mais um exemplo do modus operandi da gestão que ocupa o Palácio do Planalto e que tem pouco apreço por processos democráticos.

Seguiremos denunciando tais ataques e buscando apoio de diferentes setores,

dentro e fora do Brasil,

contra o desmonte do Comitê Gestor da Internet.

 

8 de agosto de 2017, Coalizão Direitos na Rede

 

Notas

1 A Coalizão Direitos na Rede é uma rede independente de organizações da sociedade civil, ativistas e acadêmicos em defesa da Internet livre e aberta no Brasil. Formada em julho de 2016, busca contribuir para a conscientização sobre o direito ao acesso à Internet, a privacidade e a liberdade de expressão de maneira ampla. O coletivo atua em diferentes frentes por meio de suas organizações, de modo horizontal e colaborativo. A nota está em https://direitosnarede.org.br/c/governo-temer-ataca-CGI/ .

2 Para ouvir a entrevista, à Rádio Brasil Atual, de Flávia Lefévre, conselheira da Proteste e representante do terceiro setor no Comitê Gestor da Internet, que afirma que as mudanças visam a atender interesses do setor privado e ferem caráter multiparticipativo do Comitê: https://soundcloud.com/redebrasilatual/1008-enrevista-flavia-lefevre

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Artigo

FRAGMENTO E SÍNTESE

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Ligar a tv logo cedo num pequeno quarto de hotel no interior do país é desentender-se dos fatos nos telejornais matutinos. Abre-se a janela e uma menina vai à escola à beira do rio, um menino faz gol de bicicleta entre guris e o homem ergue a parede de sua casa.  Tudo tão distinto das ruas em alvoroço de protestos urbanos ou políticos insanos.  No rincão o que se busca é continuar vivo entre chuvas e trovões, sem não ou talvez. Tudo é certo. Sem modernidades calam ou arremedam nossa urbanidade, gente que se defende com pimentas e ervas, oração e vizinhança. Voz sem boca, boca sem voz, essa gente não é parte nas notícias selvagens dos jornais distantes.  Se resolvem entre cozidos, arte, bola e santos. No país de tantos cantos, muitos voam fora da asa e sem golpes entre si vão tocando suas mazelas e graça.

Mas vivemos tempos obscuros, a noite persiste em nossos avançados quinhentos e tantos anos e muitos santos. Dizem que burro velho é difícil se corrigir nos hábitos. Em manhã chuvosa na grande São Paulo, ligo a tv e o notbook, as janelas se abrem antes que a cortina deixe entrar o novo dia. Surpreendente ver na tv o deputado Jair Bolsonaro afirmando em um clube israelita na cidade do Rio, que se presidente for, não teremos mais terras indígenas no país. Ao mesmo tempo o computador expõe na rede social a opinião de meu amigo Ianuculá Kaiabi Suiá, jovem liderança do Parque Indígena do Xingu, onde leio ao som do deputado que ladra:

Jair Bolsonaro, obrigado por você existir. Graças a você, hoje, temos noção de quanto a população brasileira carece de conhecimento, decência, consciência, juízo, amor e que carrega um imenso sentimento de ódio sem saber o porque. Sim, sim, não sabem. Um exemplo? Veja a bandeira de quem te aplaude, é de um povo que, assim como nós, sofreu as piores atrocidades cometidas pelas pessoas que pensavam como você. Enfim, eu não sei se essa parcela do povo brasileiro pode ser curada, mas vou pedir para um pajé fumar um charuto sagrado e revelar se o espírito maligno que se apossou da tua alma pode ser desfeita com uma grande pajelança.

Ianuculá sabe o que diz, sabe de todo martírio vivido pelos povos originários, e mesmo assim se propõe a consultar o mundo dos espíritos.

 

É deus e diabo na terra do sol, a mesma terra que ofende também abriga e anuncia uma mostra de cinema indígena nos próximos dias. Terra de etnias e corpos na terra, a cidade maravilhosa do Rio não se calará diante do fascismo desses tempos sombrios, acompanhe.

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