Quando os encantados compõem a mesa

Foi um dia frio, de chuva, na metrópole cinzenta. Sentimento de chumbo invade as vias, o clima anda incerto no país, mas algo informa que há luz, conhecimento e alegria além do formalismo da academia.

 

A diversidade no ambiente de trabalho: inovações tecnológicas e gestão da diversidade étnico-racial, é tema surpreendente em dias assim. Enfim, vejo que indígenas ocupam seu lugar no encanto do saber, mesmo que o sistema de cotas para indígenas ainda não tenha inundado algumas universidades.

Mas o índio e seus encantados insistem que esse lugar também é deles. É através do ousado Programa Jovem Aprendiz Indígena, da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, que capacita e inclui jovens indígenas para o mercado de trabalho, que se cobre o débito dos antepassados, lideranças que plantaram uma alvorada.

Se há uma mãe e seu filho no colo, tão terno, enquanto ela fala à plateia e confere dados ao celular, logo vejo que isso é coisa de índio, que não se abala com as crianças entre os adultos. É inovador ver cenas assim, ou  uma velha senhora falando sobre curas e cuidados com a saúde, os segredos do parto e acolhimento em hora tão valiosa para a vida.

Entre tantas perdas ensinam os indígenas, que nossa ciência está carente de alegria e de sua face diversa. Entre as carteiras escolares, gente tão branca, há um país possível, multiétnico na construção da riqueza que nos falta. É sim indígena, preto, branco, vermelho e amarelo, o país do futuro que tarda.

Creio que não falha meu sentimento, sei bem que 500 anos de opressão não calou tantos povos, mais forte se mostra a sina. Se hoje chove, será vento, será sol .

*imagens por Helio Carlos Mello e vídeo por Ruandreilton de Almeida Souza

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Que coisa mais linda, esta visão de um novo presente e futuro. Que a verdadeira natureza do povo desta nação se estabeleça, que os povos raiz desta terra assumam o seu lugar.

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