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Transporte

Primeira manifestação contra o aumento de tarifas de transporte em SP mostra maturidade democrática

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Mesmo com as tentativas dos veículos de imprensa tradicionais de desqualificarem o primeiro ato realizado pelo Movimento Passe Livre de São Paulo, nesta quinta (10), ficou claro para a opinião pública, que os ativistas que lutam pela gratuidade do transporte, ano a ano, não vão mais tolerar o aumento abusivo das tarifas e pretendem penetrar, mais profundamente, na mente da massa trabalhadora, sobre a possibilidade de debater, mesmo com governantes de mentalidade tão pouco focada nos problemas de mobilidade urbana da cidade, a gratuidade desse serviço.

 

Na TV Bandeirantes, canal que dá palco para o diário Brasil Urgente, a manifestação foi intitulada como “ato de confusão”. Na tela, apenas uma imagem fixa de um jovem rapaz com o rosto coberto por uma camiseta. A Folha de São Paulo, após o encerramento da caminhada, publicou uma foto de uma caçamba de entulho revirada no meio de  uma via, por onde a manifestação nem sequer passou, acompanhada do seguinte título: protesto contra o aumento de tarifas de transporte acaba em vandalismo. Estamos em 2019, e os veículos de comunicação responsáveis pelo golpe, pela opressão aos mais pobres, já dão a tônica de que continuarão a apostar na mesma fórmula derrotista e deseducadora de sociedade e que só puxa o jornalismo para um caminho muito ruim.

 

Vamos lembrar aqui, uma importante frase, sobre esse assunto, dita por Gabriela Dantas, uma ativista do MPL, em entrevista aos Jornalistas Livres, na quarta (9), véspera do ato: “não vamos colocar catracas num ato público e é claro que pode acontecer, numa manifestação de rua, a entrada de pessoas infiltradas, que não estão comprometidas com a pauta do Movimento Passe Livre.” Referindo-se à possibilidade de situações, como essas, da caçamba, acontecerem antes, durante ou depois da manifestação e esclarecendo que o MPL jamais comanda ou se relaciona com esses grupos.

 

Tudo bem! a mídia independente, livre, democrática e defensora dos Direitos Humanos, sobretudo, na bravata diária de exibir a legitimidade de manifestações como essa, existe para fazer a oposição, para renovar a maneira de se mostrar como resistir a retrocessos. O ano está apenas começando. Precisamos de força, de debates qualificados sobre mobilidade urbana e não de imagens fixas de pessoas com panos no rosto. O que se ganha com isso?

 

A novidade desse ato são os mediadores: um grupo de policiais, vestidos de colete azul – por cima da farda tradicional – e que, segundo eles, têm como objetivo, estabelecer uma comunicação mais efetiva entre os organizadores de manifestações, evitar pessoas feridas e danos aos patrimônios públicos por onde o trajeto do ato passa.

Durante as transmissões ao vivo que realizamos pelo Facebook, conversamos algumas vezes com  tenente Crúvel Clemente, do 7° Batalhão da PMSP, um dos mediadores, um agente tranquilo e muito disposto a responder todas as nossas perguntas.

 

Quando questionado sobre o número do efetivo policial, por exemplo, respondeu prontamente: “500 policiais”. Nesse momento, estávamos na concentração do ato, no Teatro Municipal. Aproveitamos para pedir a ele a estimativa de manifestantes ali presentes, ele disse: “400.”

Depois do início da caminhada, o ato foi sendo incorpado, mais e mais. Na Rua São Bento, a menos de 1 km do Teatro Municipal, um vídeo, gravado por um trabalhador dos escritórios da rua, mostra uma multidão muito superior a apenas 400 manifestantes. Depois essa estimativa aumentou muito, como podemos ver nas imagens realizadas pelos fotógrafos colaboradores dos Jornalistas Livres.

O trajeto combinado era até a Praça do Ciclista, depois, antes da saída da concentração, fomos informados pelo próprio Tenente Cruvel que isso não seria possível. A justificativa foi apresentada de maneira muito objetiva, mas pouco esclarecedora: “por questões de segurança.”

 

Ainda assim, o ato transcorreu em diálogo com tom debate, com cada parte apresentando suas posições de maneira respeitosa.

 

Na data de hoje, encaminhamos, para a Secretaria de Segurança Pública, algumas dúvidas sobre o trabalho dos mediadores, ação que pretendemos acompanhar mais de perto a partir das próximas reportagens.

 

O povo que utiliza o transporte público dos ônibus, metrô e trem também será o alvo dos Jornalistas Livres no tema do aumento das tarifas nos próximos dias. Um aprofundamento sobre o real impacto do aumento é urgente.

Para o próximo protesto, que será realizado no dia 16 de janeiro, a partir das 17h, a atitude de resistência do MPL se dará com a concentração que está marcada para onde os ativistas foram proibidos de chegar: a Praça do Ciclista.

 

 

 

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1 Comment

1 Comments

  1. LUIZ HORTENCIO FERREIRA

    15/01/19 at 13:42

    Quero ver agora se as manifestações democráticas serão respeitadas como antes… O povo que elegeu o governo atual vai começar sentir na pele o que eles criaram a aprovaram!!

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Rio de Janeiro

Quem é o autor da foto que viralizou do BRT no Rio

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A foto que mostra um vagão do BRT (ônibus de transito rápido), na cidade do Rio de Janeiro, com uma super lotação viralizou na internet enquanto o Brasil assume a liderança de infectados pelo novo coronavírus e assume um dos primeiros lugares de número de mortes.

Quem tirou a foto foi Yan Marcelo Carpenter, após sair do trabalho na segunda por volta das 21:30, “assim que eu bati a cara no VRT,  vi que estava impraticável. [Estava]  o auge da doença. Estava ali, proliferando”. Ele conta que não manifesta nenhum sintoma até agora, mas se preocupou. A cidade esta em processo de flexibilização do isolamento, mas o movimento já é mais intenso do que nas ultimas semanas. O fotógrafo ainda conta o que impressionou “voltou a ser os dias comuns, só que com a maioria de máscara. É sinistro. E todos os veículos de transporte público são assim, em praticamente todas as linhas”.

O fotógrafo Yan Marcelo Carpenter / Arquivo Pessoal

O Yan, que atualmente trabalha em uma hamburgueria, é formado em história e começou a fotografar após sair de uma banda na qual tocava como baterista “no tempo em que a bateria estava ali encostada, eu já vinha fotografando com câmeras emprestadas. Depois consegui comprar a minha câmera. Já estou há seis anos na fotografia”.

A imagem que mostra uma cena comum dos transportes públicos brasileiros, os pequenos espaços de vagões de trens e cabines de ônibus lotados, ganha mais simbolismo enquanto explode no mundo protestos antiracistas que começaram por conta do assassinato de George Floyd, nos EUA, e passaram a adotar pautas internas em outros países, como aconteceu no Brasil. Os dois últimos finais de semana viram grandes atos nas principais cidades do país em solidariedade aos atos estadunidenses, mas também por conta de assassinatos causados por policiais, como a do menino João Pedro , ou de casos de racismo explícito, como o que resultou na morte do garoto Miguel. A foto (que já passou a ocupar lugar na história da fotografia brasileira) mostra que os trabalhadores aglomerados no vagão são, em sua maioria, negros. Não é preciso dizer mais nada.

Ao longo dos últimos três meses, quando  o país passou a adotar as primeiras medida de isolamento social,  o abismo econômico e racial brasileiro se mostrou novamente. Quem pôde parar de se locomover nas cidades foi a classe média, majoritariamente branca. Quem teve que se manter em movimento? A foto de Yan responde.

Conheça mais o trabalhode Yan

https://instagram.com/yanzitx?igshid=1u1ex87gav3gb

 

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Transporte

Como é andar de ônibus na região metropolitana de Belo Horizonte

Transporte público

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Prevista no artigo 1º, inciso III da Constituição Federal, constitui um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, inerente à República Federativa do Brasil.

O princípio da dignidade da pessoa humana é um valor moral e espiritual inerente à pessoa, ou seja, todo ser humano é dotado desse preceito, e tal constitui o princípio máximo do estado democrático de direito. Está elencado no rol de Principios Fundamentais da Constituição Brasileira de 1988.

Porém, em Ribeirão das Neves, ou qualquer outro município que tenha o sistema de transporte administrado pela iniciativa privada, pode-se afirmar que a capacidade de dialogar sobre este princípio ainda está distante.

O que se encontram são poucas linhas troncais, milhares de pessoas que dependem deste transporte e que a mediação do Estado para a garantia deste Direito Constitucional não existe na prática.

Sentados no chão, escorados nas janelas: crianças, grávidas, idosos, pessoas cansadas do dia trabalhado. A realidade do povo brasileiro nas grandes cidades, não apenas dos usuários do “transporte público” no entorno da capital mineira.


Foto e texto: Leonardo Koury, especial para os Jornalistas Livres.

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mobilidade

“Ciclovia não é orégano, e a cidade não é uma pizza!”

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Foto: Reprodução facebook com intervenção artística

A cidade de São Paulo acabou de completar 466 anos, e os quase 400 mil cidadãos que se locomovem diariamente de bicicleta por aqui não têm razões para comemorar. A política do “Acelera” que o elegeu infelizmente tem sido catastrófica desde o início para ciclistas e pedestres, que são os mais frágeis do trânsito.

Em 2019, ​o número de ciclistas assassinados nas ruas de São Paulo cresceu em inaceitáveis 64% em relação a 2018. Esses números não são só estatísticas: representam vidas, como a da Márcia, do pequeno Vítor, da Keila, do Rafael e de tantos outros cidadãos inocentes.

Não nos culpabilize: assuma suas responsabilidades!

As explicações divulgadas pela imprensa para essas tragédias ofendem a nossa inteligência. Baseadas em análises rasas e em preconceitos classistas, acabam sempre culpando as vítimas. As acusações infundadas tem punido especialmente os ciclistas de baixa renda que usam os aplicativos de entrega para sobreviver em um cenário econômico adverso.

Basta um olhar um pouco mais atento aos dados para entender que o aumento das fatalidades se concentrou nos ciclistas de meia-idade, não nos jovens. Também não podemos justificar assassinatos pelo suposto comportamento errático dos ciclistas no trânsito – tal acusação é preconceituosa e não comprova tamanha variação dos números de um ano para o outro.

O fato é que ​estamos sendo assassinados​. Mortes no trânsito não são acidentes, pois são evitáveis. Conclusões apressadas sobre os números não podem eximir a Prefeitura de São Paulo de sua responsabilidade para com a vida de seus munícipes. Nos últimos anos, o número total de fatalidades no trânsito até chegou a diminuir, mas ainda é pífia em relação às metas acordadas publicamente na Década de Ação pela Segurança no Trânsito, e que provavelmente não serão atingidas ao fim desta gestão.

Vale ressaltar que tal diminuição ocorreu somente entre os motoristas de carros e motos. Enquanto a fumaça dos veículos poluentes é priorizada, com as Marginais permitindo veículos trafegarem a mais de 90km/h, a fiscalização de infratores é afrouxada e ciclistas e pedestres seguem sendo punidos diariamente nas ruas.

4 anos e nenhuma ação

Muito tempo foi perdido. Chegamos ao 4o e último ano da gestão do PSDB na cidade, e ainda não avançamos um único centímetro nas implantação de novos espaços seguros para a mobilidade ativa.

A política de expansão de ciclovias, interrompida por vocês pelo mais puro antagonismo partidário, se transformou em longos anos de reuniões, audiências, planejamentos, planos, anúncios, mudanças e promessas vazias à comunidade. Mas até agora, não vimos rigorosamente nenhuma execução das conexões cicloviárias – promessa que consta no Plano de Governo apresentado à população nas eleições de 2016.

Planejamentos cicloviários têm sido feito constantemente pela CET desde os anos 80. Mas planejamento que não é executado não nos interessa. Queremos ciclovias nas ruas, não nos releases de imprensa.

Plano Cicloviário, sai ou não sai?

O novo Plano Cicloviário, anunciado para a imprensa no final de 2019, fez a promessa de construção de 173 km de novas ciclovias. Essas obras serão muito bem vindas caso elas sejam de fato concretizadas – o tempo é curto e o plano não conseguirá ser cumprido sem coragem política do Prefeito e competência de seu secretariado.

Não podemos deixar de pontuar que o plano poderia ser muito melhor caso ele tivesse de fato contemplado integralmente o trabalho das instâncias participativas como a Câmara Temática da Bicicleta e os vários workshops e audiências públicas feitas entre 2018 e 2019 sobre o assunto. Mas não: o plano ​mais uma vez exclui a periferia da cidade (onde a maioria dos ciclistas são assassinados, em regiões sem ciclovias). O anúncio propõe ainda ​remoções disfarçadas retoricamente de “remanejamentos” ​que não foram discutidos com a comunidade, mas acertados em lamentáveis conchavos políticos via Whatsapp com o baixo clero da Câmara de Vereadores.

Estamos quase em fevereiro e até agora a Prefeitura não iniciou nem aquilo que se propôs em 2018. Ouvimos muitas entrevistas, frases de efeito, mas não vimos nenhum avanço real nas ruas. Enquanto isso, o sangue dos ciclistas segue sendo derramado no asfalto.

O negligência com o fim das Ciclofaixas de Lazer

Nem mesmo as pedaladas de domingo, uma deliciosa tradição da cidade há mais de 10 anos, saíram impunes da gestão do “Acelera”. O final do contrato de patrocínio das Ciclofaixas de Lazer, anunciado pela empresa com enorme antecedência, foi seguido com preguiça e inoperância da Prefeitura em comandar a continuidade do projeto, que é respaldado por lei.

O resultado disso é a privação a milhares de cidadãos de uma importante estrutura de lazer, saúde e que também foi decisiva para muitos paulistanos elegerem a bicicleta como meio de transporte. A saúde da cidade perde muito com tamanha negligência.

Requalificações de ciclofaixas: menos vermelho e muita desinformação

Após 37 longos meses de gestão a única ação real para os ciclistas são as recentes e atabalhoadas obras de “requalificação” das ciclofaixas. Apesar das bem vindas intervenções de recapeamento, elas têm sido feitas com sinalização de obra deficiente, via de regra colocando o ciclista em risco e deixando os ciclistas em dúvida se as estruturas voltarão a existir ou não. Com a prioridade de retirar parte a sinalização vermelha das ciclovias, ficou a clara impressão de que o objetivo da intervenção é mais semiótico e partidário do que econômico ou técnico. Enquanto isso, ciclofaixas implantadas em regiões mais afastadas, como a Ermelino Matarazzo, seguem esquecidas.

Sr. Prefeito, você ainda tem tempo pra entender que a pauta da bicicleta não é apenas um detalhe. Estamos falando de saúde pública, de sustentabilidade, de humanização do uso do espaço público, de qualidade de vida para todos os cidadãos. Não é à toa que as grandes cidades do mundo desenvolvido seguem investindo pesadamente no incentivo ao uso da bicicleta contra a poluição nas cidades, no combate à crise climática, contra a crise da mobilidade urbana.

Os dados da própria CET mostram que os locais onde as ciclovias foram implantadas apresentaram notável diminuição de incidentes com vítimas, independentemente do modo de transporte. Ou seja, ciclovias aumentam a segurança de todos ao redor delas. Mas nada acontecerá sem a compreensão da importância do que pedimos.

Você sabe que a nossa reivindicação é justa, inclusiva e benéfica à sociedade. Acima de qualquer discussão partidária, temos que concordar que a defesa da vida humana é um compromisso ético primordial para qualquer gestor. Desejamos que neste último ano de gestão você tenha saúde e coragem política para fazer o certo e encerrar o seu tempo na Prefeitura revertendo a tragédia humana que a política do “Acelera” causou aos cidadãos de São Paulo nos últimos 3 anos.

Pela nossas vidas

Mais amor Menos motor.

São Paulo, 27 de Janeiro de 2020

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