Por que eles querem tomar o poder: Emprego

Quando nos propomos a avaliar a saúde da economia de um país, um dos dados mais importantes é o emprego. O objetivo maior de um sistema econômico é dar uma qualidade satisfatória de vida aos seus habitantes. Nas economias capitalistas é através do emprego que se consegue os meios de subsistência e, eventualmente, bem-estar.

De que vale um país muito rico se muitos de seus filhos passam fome? Quem acompanhou as crises econômicas recentes na Argentina, na Espanha ou na Grécia sabe bem que o desemprego é a maior calamidade das economias modernas.

Vamos analisar esse gráfico da taxa de desemprego no Brasil nos últimos anos?

 

desemprego

Em primeiro lugar, constatamos que a taxa de desemprego vinha bastante mais alta entre 2001 e 2003, na casa dos 12%. É no final de 2004 que o desemprego começou a cair marcadamente. O menor desemprego da série medida pelo IBGE se deu em 2014, atingindo 4,6% em abril, junho e outubro. Esse gráfico demonstra bastante claramente que tivemos dez anos de melhoria do emprego. Sendo correta nossa proposição de que o emprego é a principal fonte de bem-estar da população, houve sensível ganho para os trabalhadores nesse período.

É bem verdade que as políticas adotadas a partir do segundo mandato da presidenta Dilma, aliadas à enorme incerteza política que se seguiu à eleição, provocaram um aumento rápido e doloroso do desemprego. Mas também é verdade que, mesmo assim, estamos longe da taxa de desemprego de 12% que Fernando Henrique Cardoso entregou a Lula. Em outras palavras, nem todos os ganhos no emprego foram suprimidos.

Os debates eleitorais nos mostraram uma reação negativa ao alto nível que o emprego atingiu no Brasil em 2014. Por quê? Bem, precisamos lembrar que o Brasil sempre foi o país de mão-de-obra abundante e barata. Precisamos lembrar que a visão das elites políticas e econômicas brasileiras, manifestada diariamente pelos economistas que representam essas classes, é que nossos produtos precisam ser competitivos com os produtos do resto do mundo. Competitivo é uma forma bonita de dizer que os salários e os benefícios devem ser baixos, o que se consegue com alto desemprego. E, cá entre nós, é muito mais fácil controlar os trabalhadores num ambiente assim.

As duas gestões de Lula e a primeira de Dilma foram progressivamente derrubando o desemprego, como se vê no gráfico. Além disso a economia foi se desenvolvendo e a inflação esteve sempre sob controle. O mercado de consumo brasileiro ganhou força porque as pessoas tinham emprego e renda mais alta.

O programa Ponte para o Futuro, divulgado por Temer e pelo PMDB, revela: “Nosso desajuste fiscal chegou a um ponto crítico. Sua solução será muito dura para o conjunto da população.” Em outras palavras, o plano que propõem leva a mais recessão e a mais desemprego.

Mário Magalhães comenta que no discurso vazado, Temer repetiu por três vezes a palavra “sacrifício”. Certamente os “sacrifícios” não serão impostos aos seus. Magalhães acrescenta que : “o que o vice aspirante a titular indica é que apertará ainda mais o arrocho impiedoso que atende pelo eufemismo de “ajustes”.”

por Helio Carlos Mello
por Helio Carlos Mello

Com as crises dos anos 1990, a maioria dos países, e seus economistas, aprenderam que é um erro ajustar as contas do governo no meio de uma recessão. Até o FMI, um reduto de economistas extremamente conservadores, aprendeu essa lição. As crises asiática e russa, por exemplo, foram muito maiores do que poderiam ter sido se não tivessem o chicote do FMI a ordenar corte de gastos e investimentos do governo bem no meio da crise.

Se a economia está parando ou andando para trás e o governo ainda reduz suas despesas, o freio sobre o sistema fica muito mais poderoso. Com a economia mais fraca, a arrecadação de tributos diminui. O governo arrecadando menos terá que fazer mais cortes e jogará a atividade econômica ainda mais para baixo.

O resultado final é o aumento do desemprego. E é dessa forma que se mantém a classe trabalhadora enfraquecida.

O objetivo do golpe em curso não é simplesmente trocar Lula e Dilma. Eles querem tomar o poder para voltar à lógica que sempre imperou no Brasil: manter os trabalhadores dóceis e submissos por medo do desemprego.

Para ler o artigo de Mário Magalhães: http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2016/04/12/vale-o-vazado-temer-imporia-muitos-sacrificios-e-calaria-sobre-corrupcao/

Para ouvir o discurso vazado de Temer: https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=lhDHGyS6rwM

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS