POR ONDE ANDAM AS CABEÇAS

 

Jornalistas Livres são assim, andam pelo planeta. Sabem que há igreja construída em cima de ruína grega cheia de deuses pelados. As mesquitas construídas em cima das igrejas… Um monte de mulher de burca andando no meio dos Santos cristãos. Tudo é permitido e tolerado quando se anda entre ruínas na busca da verdade. Da linha entre Oriente e Ocidente nos chegam imagens nesta manhã de sol.

Tantas cabeças foram condenadas na história. A Medusa foi condenada pela Sabedoria. Ah, a bela mulher transformada em crânio petrificado, seu belo estilo de asas douradas transformado em pavor, suas serpentes na mente traída ao erro do amor. Maria Cristina Poli observa em texto que “a multiplicação dos símbolos fálicos significa a castração”, escreve Freud  a respeito da imagem da cabeça decapitada de Medusa, na qual os cabelos assumem a forma de serpentes. Representação da castração materna — acrescenta o autor —, a imagem condensa o horror à castração e seu repúdio. Ela apresenta o genital feminino ao mesmo tempo que substitui a falta de pênis pelas serpentes.

Descansa em Istambul a cabeça da medusa, na base de uma coluna gigantesca, na cisterna que alimentava Constantinopla. O imperador Constantino construiu uma cisterna porque tinha medo de que, numa represa aberta, a água fosse envenenada pelos inimigos, matando toda a população.

Foi porque os turcos tomaram Constantinopla, em 1456, que os portugueses e espanhóis se lançaram nas grandes navegações e invadiram a América. Eles procuravam um caminho alternativo para chegar ao Oriente.

Uma esquina do mundo. Esquina da história.  Todo o mundo se encontra em Istambul. Muçulmanos, cristãos e pagãos. Todos apreciam o fruto doce, buscam o entendimento entre as cabeças que foram e persistem.

Oriente e Ocidente.

 

Imagens por Laura Capriglione©

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