Poema de Cyro Assahira: Silêncio

Silêncio

Somos jogados a conviver,
com os donos dessa sociedade.
Lição de viver,
logo vira obrigação para sobreviver.
Em pouco tempo,
nenhum tempo pra alma,
O que não sucede de tirar a calma em meu dormir
Porque se quer durmo.

Me vejo de cara com a verdade,
cristalizada pelos guardiões da injustiça,
fascinados pelo poderio dourado,
cuja ganância alimenta em todo mundo
a fome das crianças sem nome.
Sugerem para acostumar,
o mundo foi sempre assim,
E o que é mais simples que o sim?
Contudo não me acostumo,
grito não o mais alto possível,
e de todos os lados replicam em gritos: SILÊNCIO!

Sem perceber,
vejo-me em uma esteira que leva a engrenagens.
Parecem mais trituradores ,
que transformam os sonhos daqueles que não se submetem,
e passam a viver com uma bola de boliche no estômago.
Nos oferecem uma tranqüilidade
Que só é vista pelos cegos,
e só é escutada pelos surdos.
É a vida de sonhos engrenados.

(…)

Não, não está perdido!
Não, não estamos sós!
E se parecer só, não se engane,
Estamos aqui e logo nos encontraremos.
Não largue a caminhada.
Nos primeiros passos, todos têm um chão de ladrilhos firmes,
um caminho definido a se pisar.
Mas o chão pode se perder.
E quando reaparece, é um caminho de papel umedecido,
molhado com incertezas.
Devagar e com cuidado vou sobre ele,
e cresce a funda certeza,
de que toda caminhada é sempre pela Vida.

(…)

A Razão e a Emoção,
de mãos dadas são nossos vigilantes.
Perante a vida ofendida
Não só vale a indignação e o coração
Pois são complexas as causas,
que calam nossas irmãs e irmãos.
Mas também não vale só a frieza calculada e as estratégias,
Pois a maior motivação para a revolução,
só pode vir do coração.

Cyro Assahira

Arrastão dos blocos pela Democracia no centro de São Paulo

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Resumindo: muita calma nessa hora. Tsunamis vão e vem. A razão sempre se sobrepõe à paixão. Tempos ruins servem para trazer a verdade à tona.

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