ACABA DE MORRER O homem pobre, sem nome, sem casa, sem direitos, que vivia na Favela do Cimento, na Avenida Radial Leste, incendiada na tarde de sábado (23), quando agentes da GCM entraram na comunidade tocando o terror.
A GCM apareceu antes do término do prazo dado pela juíza para a saída dos sem-teto, que expirava às 6h de hoje, domingo, gerando uma grande revolta entre os pobres.
Um homem morreu. Como a Prefeitura não providenciou nem sequer ambulâncias para a reintegração, o homem foi andando, sua pele queimada pendurada como se o corpo fosse um varal de trapos. As solas dos pés dele, em carne viva, deixaram um rastro de sangue pela rua.
O motorista da ambulância estacionada em frente ao hospital contou aos Jornalistas Livres que nunca viu cena igual. As pessoas na porta do hospital gritavam de horror ante a passagem do morto-vivo.
Hoje o coração parou de bater.
Vocês não fizeram nada para evitar a tragédia. Mas podem pelo menos tentar ajudar os demais moradores da favela, inclusive várias mulheres grávidas e crianças e bebês, que estão espalhados, assustados e sem assistência alguma andando pelas ruas da Mooca, na zona leste de São Paulo.
A crise humanitária está aqui, bem ao lado de nós!
Um homem pobre, miserável, morreu hoje à tarde, vítima de uma Justiça, de uma Prefeitura, de uma polícia, que não olha para a realidade triste dessas vítimas de um País sem Esperança!
Nota oficial:
O Hospital Salvalus informa que na noite deste sábado (23), às 20h31, registrou a entrada de um paciente sem qualquer identificação, vítima do incêndio que atingiu a favela no entorno do Viaduto Bresser.
O paciente com queimaduras foi prontamente assistido por nossas equipes e ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grave. No início da tarde deste domingo a vítima não resistiu e faleceu em decorrência de complicações das queimaduras. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal.
O Hospital Salvalus se solidariza e lamenta o ocorrido.
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