O QUE ACONTECERÁ COM AS BORBOLETAS?

 

“Sejamos realistas, peçamos o impossível”

 

 

 

A escrita principia no ato em que a fala se torna impossível. O que irá acontecer com as borboletas, me pergunto a todo instante após as eleições.

A cada nomeação para ministérios ou mistérios de secretarias geradas e outros novos assuntos,  vou compreendendo que o Brasil não é pensado para dar certo, mas para funcionar. Para muitos será a angústia da dúvida, para o grupo que ocupa o poder será fato e alforria.

Por mais que doa, todos dias estupefato certifico que o grupo no poder fará sua farra e fanfarra.

Pasmo e assombro é página comum na ladeira de nossa escala social. Me entrevero ao ver o chefe falar em usura, desvios, posses indevidas. Rompe a linha da saúde humilhando um país de tradição na formação de médicos.

Tudo indica a volta da cafonice no nosso Brasil, dirigentes incultos, de rasa formação na rica poética que nos funda e faz pátria. Se eu morrer não chore não, digo fora de moda.

Me abstenho, continuarei na trama dos versos possíveis, pobre poesia. Vejo apenas mulas, jegues, jericos até, ocupando o cenário e vertentes.

Tudo é história e tesa é a linha da vida. Idolatram boçais. Não a maioria do sufrágio, que fique claro entre os nulos, ausentes, brancos e o outro pretendente. Tal presidente terá atitudes de chefe sobre carências ocultas da nação, refúgios, arbítrios. Nada tem a ver com a gente brasileira, difusa, diversa, geléia geral.

Há êxtases esparsos entre elite e seus filhos ao arrimo de boas universidades, tais médicos que não se arriscam aos rincões. Mas tudo isso será a volta a cafonice entre precários índices na saúde pública. Quem carece seguirá forte e resiliente, vivo entre sertões.

Vem do centro oeste nomeados a cargos tão fundamentais ao país, mesma macro região que padece na geração de empregos, pois o que tudo é agro necessita de terras e máquinas, não de mãos e mente que pense, questione ou queira.

Enfim, repito a interrogação, o que irá acontecer com as borboletas? E o espanto é esse momento desconexo da terra brasilis, em que não se sabe o como,  quando ou porquê nos perdemos na rota, mas se tem consciência da capacidade de persuasão e sedução de aventureiros entre nossas almas.

De Antônio Dias me recordo e cito:

De dentro da universidade, que nos atiça e, ao mesmo tempo nos protege, temos a obrigação moral de refletir sobre impasses e dilemas, e caso não haja soluções imediatas, que haja pelo menos a inquietação e o inconformismo, a impaciência e o direito à ira.  

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Recomendo a dissertação de Henrique Costa publicada sob o título “Entre o Lulismo e o Ceticismo” e a interessantíssima entrevista que ele concedeu ao Outras Palavras sob o título “Os pés de barro do lulismo”. Ajuda avançarmos na compreensão de como chegamos a eleger Bolsonaro.

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