O POVO BRASILEIRO

O povo brasileiro. Cresci sempre pensando nessa frase em minha vida, expressão tão vasta e cheia de números, gráficos, estatísticas, caras e cores. Alguns homens foram marcando a senda, outros se excluíram deveras.

De tudo ficou um pouco, no entanto Eduardo Suplicy sempre foi temperando as décadas de crescimento do corpo e inchando a ética que sedimenta-se ao tal povo, um Tao da física que martela no cotidiano de nosso coração de milagre brasileiro, a dita nação.

Eduardo Suplicy dorme na madrugada do dia 31 em ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo do Campo, após show de Caetano Veloso ser proibido. – foto Mídia Ninja©

Envelheci ao longo dos dias, pois é golpe bobo os que no tempo e seu formol conservam suas opiniões. Em Eduardo fui vendo sempre que o ser político sabe e pode administrar nossas falhas, quermesses e querubins. Suplicy é foda, não desiste, sei bem a noite que envolve a todos nesse momento. É fria a noite, mas nada a temer. Temer passará, colchão velho,espuma imunda de rio sujo que jogaremos fora no ralo da história.

Nessa madrugada me chegou imagem do cabra. Cama dura, espuma velha, roupa de cama advinda de doações. Mas como? Pode um suplicy dormir em cama assim? Não sei por onde andava meu sonho em noite fria de capital, mas é fato, nem toda elite se presta à fogueira de bruxas em dia tão auspicioso para queimar os males. O senador não cede, nem fogo pega. Paz não se queima, nem amor vira pó; quando muito fertiliza a terra depois de séculos, madeira de lei esquecida na mata. Aprendo sempre com índios que de madeira boa se faz arco, borduna e banco.

Suplicy, em 2015, canta rock em encontro com o presidente Pepe Mujica. – foto Helio Carlos Mello©

Mundo, mundo, vasto é o coração que ora canta, ora é retirado de cena por policiais truculentos, ou com indígenas e campesinos sempre está. O rock ou bossa que o ex-senador e atual vereador compõe é exclusiva, difícil ter tão boas lembranças de um homem da política.

Enfim, um bom político faz pensar que milagres existem.

Em Dia das Bruxas, sob os olhares do imperador e Rui Barbosa em busto, Suplicy e Zé Celso Martinez, num misto de susto e e irreverência, simbolizam esses tempos de ameaça à democracia que vivemos. – foto Guilherme Imbassahy©

 

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