Fotografias por Todd Southgate e Kamikia Kisêdjê
No limite entre a Terra Indígena Xingu e a TI Capoto/Jarina, o homem velho do beiço grande convoca, pronuncia-se. Cacique Raoni, de longa data assina a conta conjunta das vozes indígenas. Lembro-me dele desde quando nasci, há mais de meio século. Muitos homens passaram em tantas manchetes, mas Raoni sempre esteve e permanece, sóbrio, incólume.
Ser índio, seu devir.
É fato que a luz das margens dos rios dá lindas imagens, mas índio não é só margem, seu íntimo, tão firme, mostra-se no olho no olho, tão preciso. Canto de pássaro noturno, peixe que pega-se na flecha, festas que duram meses, segredos de outras modernagens.
Quando conheci os povos indígenas, algo me alertou, as rotinas das celebrações, resguardos, conexões diversas, os cantadores e dançarinos.
Meus conhecidos, amigos originários de onde pisam meus pés, me mostram tanto arcos como diplomas, tanto tangas como celulares, sinais do admirável mundo novo, não se engane, é interplanetário o poder dos povos, o qual se infiltrou, há séculos, em nosso sangue.
Constituinte é palavra grande. Elabora, define, movimenta, conduz.
Palavras são assim.
Convocar é verbo, fundo, reúne, expõe.
Nomear é atitude incerta, duvidosa, implica em glória ou indecências.
Direito, cultura, meio-ambiente, palavras ontológicas.
Uma resposta
O bozo deveria ficar, junto com sua equipe de esquizofrênicos, uns 2 anos vivendo no meio da mata, entre os índios, para entender o que está em jogo na Amazônia. Mas, como são machos só via internet, pediriam para sair já na primeira semana.