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Negras e Negros

“O orgulho negro é aprender a se manter vivo”

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Por Maria Carolina Trevisan
Fotos: Terremoto
Edição e montagem do vídeo: Joana Brasileiro

A palavra organiza o caos. Em #Parem De Nos Matar!, livro mais recente da pensadora e dramaturga negra Cidinha da Silva a crônica tem a tarefa de entregar ao leitor a crueza da realidade. Com palavras precisas, perspicazes, com sofisticação linguística e estilo potente, Cidinha faz pensar sobre o cotidiano de forma crítica. Aborda principalmente o universo em que o racismo é um dos protagonistas, junto com outras interseccionalidades que geralmente envolve o preconceito racial no Brasil, como o machismo ou as questões de classe social.

Como a realidade é árida, torna-se necessário lançar mão da beleza para tratar de temas tão duros. Nesse sentido, o texto literário atrai o leitor como se ele fosse mergulhar em uma viagem. E Cidinha emprega com sabedoria a poesia, que emociona o leitor. São “laivos de poesia e beleza para louvar a vida e a memória dos viventes exterminados pela violência física ou dos que sobreviveram, mas têm sua humanidade achatada pelo racismo”, explica a pensadora.

Autora de 11 livros publicados, entre eles literatura infantil e juvenil, romances, poemas e contos, Cidinha também escreveu peças teatrais como “Os Coloridos e Engravidei”, “Pari Cavalos e Aprendi a Voar sem Asas”, ambas encenadas pela companhia de teatro negro Os Crespos. “Oh, Margem! Reinventa os Rios” (Selo Povo), “Racismo no Brasil e Afetos Correlatos (Conversê)”, “Africanidades e relações raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil” (Fundação Cultural Palmares), “Sobreviventes!” (Pallas) e “Cada tridente em seu lugar e outras crônicas” (Instituto Kuanza).

“#Parem de nos matar!” (Editora Ijumaa) é seu livro mais recente. Tem prefácio de Sueli Carneiro, uma das mais importantes lideranças do movimento negro no Brasil. Em São Paulo, teve lançamento no espaço Aparelha Luzia, de cultura negra.

Jornalistas Livres – Como você descobriu o talento pelo texto literário?

Cidinha da Silva – Primeiro aconteceu o encantamento pela leitura desde que me alfabetizei aos 6 anos e consequentemente veio o desejo de criar minhas próprias histórias. Tudo então se transformou num exercício de escrita frequente: as composições do grupo escolar, as redações do ensino fundamental e médio, os trabalhos escolares, as resenhas sobre livros lidos na escola, além dos poemas ridículos escritos na adolescência.

De que maneira a literatura opera quando trata de temas tão delicados como as crônicas de sua obra mais recente “#Parem De Nos Matar!” ? O texto literário – e a poesia que tantas vezes está contida nos seus textos – ajuda a conscientizar os leitores? Por quê? 

O fazer literário em #Parem de nos matar! é a construção e o refinamento de uma poética que trate de temas duros (racismo, extermínio, morte cultural e simbólica de pessoas negras), sempre que possível com laivos de poesia e beleza para louvar a vida e a memória dos viventes exterminados pela violência física ou dos que sobreviveram, mas têm sua humanidade achatada pelo racismo.

Não nutro preocupações de conscientização ou convencimento a partir de minhas idéias, desejo, sim, abrir frestas de diálogo e de percepção sensível na literatura que faço.

A literatura negra e autores negros podem contribuir para diminuir a desigualdade racial? De que maneira?

Não creio. As desigualdades raciais são resultado do racismo estrutural que nos marca de maneira indelével como sociedade. Para combatê-lo, além de cravar o direito à vida sem racismo no rol efetivo dos Direitos Humanos, são necessárias políticas públicas estruturantes.
A literatura é um sopro, um veio d’água, uma mina de ouro. Sua natureza é diferente da política de combate, a não ser que ela se pretenda combatente, o que não é o meu caso. Sua natureza é a natureza da voz que se lança no mundo e quer ser ouvida. Que pula no despenhadeiro confiante na experimentação do que vier a ocorrer.
O que relaciona esta segunda parte da resposta às desigualdades raciais do enunciado é que as vozes negras, em sociedades racistas como a brasileira, são obstadas em seu vôo de liberdade. Nesse sentido, a literatura negra amplia nossa humanidade e nos posiciona no mundo como seres mais plenos.

Na dimensão da literatura infantil, como se dá o enfrentamento ao racismo?

Creio que isso acontece por alguns fatores articulados, a saber: Pela escolha temática e posso exemplificar como o fiz em meus 3 livros infanto-juvenis.

Em “Os nove pentes d’África (2009)”, uma família negra feliz, solidária e fagueira enfrenta a morte de seu patriarca, Francisco Ayrá. Em “Kuami”, um romance de 2011, abordo a amizade de Janaína, uma sereia negra de dreadloks e Kuami, um pequeno elefante que nasce num barco no oceano Atlântico, na travessia de África para a Amazônia brasileira. “O Mar de Manu (2011)”, um conto, materializa-se em África, num vilarejo localizado em algum lugar entre 3 países da África Ocidental que não são banhados pelo mar, o Níger, o Burkina Faso e o Mali.

Outros aspectos importantes são a construção de linguagem e de personagens para contar essas histórias, no Pentes, por exemplo, a narradora é uma das netas de Francisco Ayrá, Bárbara, de 16 anos, que mesmo sendo uma das netas do meio, em termos etários, apresenta-se como a mais velha, a mais madura, a depositária dos valores familiares. Desse modo, a narradora faz uma discussão subjetiva sobre a ancestralidade.

Manu, por sua vez, é uma criança africana que aprende muito com a avó, Baya. Por exemplo, ele quer que o pai compre uma vara de pescar para que ele possa pescar estrelas, inspirado por uma história contada pela avó, dando conta de que os Tuareg (povo nômade do norte da África) quando se perdem no deserto espetam uma estrela com a lança e ela lhes ilumina o caminho de volta.

A elaboração das imagens também é outro aspecto fundamental. O livro precisa apresentar imagens dignas das personagens, as negras, principalmente, evitando, assim, estigmas e estereótipos racistas na trama social brasileira.

Uma de suas crônicas aborda a impunidade para crimes que envolvem práticas racistas (como a violência policial). Por que isso acontece, na sua opinião? Como podemos avançar? 

O tratamento dado à Chacina do Cabula (19 de fevereiro de 2016), quando 12 homens negros foram mortos pela polícia sob alegações estapafúrdias de legítima defesa dos policiais, tratada como gol de placa pelo governador do estado e policiais inocentados pela justiça é um bom exemplo. A Campanha Reaja ou será morto! Reaja ou será morta! está lutando pela federalização do caso, como forma de enfrentar os vícios de produção de inocência no caso da justiça local quando os crimes envolvem policiais.

Como mulheres negras preparam seus filhos para lidar com a polícia e ao mesmo tempo manter a autoestima e o orgulho de ser negro?

Existe uma charge que circula pela internet bastante emblemática, um garoto branco vai sair e avisa a mãe. Ela responde: Tá bom, filho. Leva o agasalho, vai esfriar. Do outro lado, um garoto negro diz a mesma coisa à mãe e ela responde algo como: Não esqueça a carteira de identidade, não corra em hipótese alguma, nem para pegar ônibus, se tiver uma viatura policial por perto; se um policial te abordar, não se assuste, não fale alto, faça o que ele pedir, evite gestos bruscos, deixe as mãos à vista. Não esqueça de levar o agasalho. Vai esfriar.

O orgulho negro, como se vê, é aprender a se manter vivo.

Como você compreende a ascensão política de Fernando Holiday (DEM-SP), que rejeita o Hino da Negritude, entre outras expressões da luta pela justiça racial?

Rejeitar o Hino da Negritude é um direito dele (nosso). A gente pode gostar ou não. A gente pode inclusive discordar do sentido político daquela letra. Ela pode se filiar a uma concepção de luta racial que não é a nossa. Não vejo problema nisso.

Problemática é a postura política de direita representada por Holiday e o papel retrógrado do negro que é anti-negro, do gay que é anti-gay.

A ascensão política de Holiday pode ser compreendida no escopo do crescimento da direita no mundo e que precisa escolher membros de grupos discriminados para vocalizar uma postura política que repudie as conquistas políticas de grupos assassinados diuturnamente, apensa por serem quem são.

De que maneira age a naturalização da morte de pessoas negras? Por que a perda dessas vidas não gera comoção social ampla? Como isso pode ser desconstruído?

As pessoas negras são portadoras de vidas que valem menos em sociedades racistas e de mentalidade escravocrata como a brasileira. Logo, é mais fácil tirá-las, pois isso não pesa, não comove, não agride, não violenta a humanidade dos que se beneficiam dos privilégios raciais. Ao contrário, o morticínio negro afirma o lugar de privilégio e proteção da branquitude. É cômodo. A desconstrução se dá pela luta política, pelo enfrentamento dos crimes, pela punição dos culpados, pelo fim da impunidade, pela elaboração de leis, práticas culturais e políticas que valorizem as pessoas negras e enfrentem as desigualdades raciais de maneira sistêmica.

Que consequências pode ter para as conquistas da população negra – em especial, das mulheres negras – um governo que não reconhece a dimensão racial como uma linha fundamental de políticas públicas?

As piores possíveis. Antes de qualquer coisa, esse governo não deveria estar aí. É ilegítimo. É usurpador. A luta deve ser para derrubá-lo, não para “melhorá-lo”. Não é possível “melhorá-lo” porque ele é um embuste desde o nascedouro.

Por que é tão difícil a sociedade brasileira reconhecer seu racismo estrutural e as assimetrias raciais a que estamos submetidos até hoje?

Porque é cômodo, confortável e lucrativo para a branquitude que se beneficia dos privilégios raciais.

A repórter Maria Carolina Trevisan participou da leitura do livro no evento de lançamento, no Aparelha Luzia, ao lado do educador Ruivo Lopes. Assista a trechos do lançamento:

Conheça aqui a obra completa de Cidinha.

Ecologia

CRIME AMBIENTAL SEGUE IMPUNE E DEIXA RASTROS

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Após 10 meses do crime ambiental causado pelo derrame de petróleo cru que atingiu o litoral da região do Nordeste, ainda há evidencias de que esse resíduo permanece no local.

O biólogo Felipe Brayner pontuou locais entre as praias de Itapuama e Pedra de Xaréu no Cabo de Santo Agostinho onde é possível visualizar o material, “Foram 47 pontos específicos, sendo uma mais expressivas com aproximadamente 1 metro quadrado” afirma o biólogo. Ele explica também que as rochas atingidas são metamórficas que, longe de seus locais de formação e submetidas à pressão e temperaturas diferenciadas, transformam-se e modificam suas características, abrigando diversas espécies como arthopodos, cnidários, moluscos e crustáceos, espécies estas que estão sendo afetadas pelo resíduo. “Uma forma de mitigação dessa situação é o uso do biogel”, concluiu Felipe.

Precisamos chamar a atenção dos órgãos competentes. Isso não pode continuar como está, nosso meio ambiente grita o tempo todo por socorro. Precisamos lutar!

via Projeto Onda Limpa

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Amazônia

Parceria entre Projeto Saúde e Alegria e Corpo de Bombeiros configura marco histórico após Operação Fogo do Sairé

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Via Projeto Saúde e Alegria

Há mais de 30 anos, no período que antecede a temporada da estiagem no Oeste do Pará, o Projeto Saúde e Alegria (PSA) intensifica suas atividades de combate às queimadas. A cerimônia que marcou o pontapé inicial da campanha de Prevenção ao Fogo 2020 atendeu ao pedido do 4º Grupamento de Bombeiros Militares (4º GBM).

Depois de todo o ocorrido no final do ano passado, não deixa de ser um marco histórico. Realizado na última sexta-feira (10/07) com a doação de equipamentos de ponta para o pessoal da linha de frente no combate aos incêndios, o evento oficializou a renovação da parceria entre a ONG e o 4º Grupamento de Bombeiros Militares (4º GBM), sete meses após a Operação Fogo do Sairé, que resultou na apreensão de computadores, documentos e prestações de contas dos últimos sete anos do Projeto Saúde e Alegria, que ficou sob investigação.

O caso foi amplamente divulgado na imprensa nacional e internacional com a prisão de quatro integrantes da Brigada de Alter, um deles funcionário do PSA, investigados por atear fogo na floresta para receberem benefícios financeiros. Apesar do que foi alardeado na época, principalmente nos primeiros dias que se seguiram às apreensões, com algumas autoridades policiais insinuando o envolvimento de ONGs nos incêndios, não houve acusação formal ou indiciamento algum contra a Organização, nem no primeiro relatório final do inquérito da Polícia Civil, nem no segundo e último, mesmo com os pedidos por mais apurações solicitados pelo Ministério Público Estadual.

“Por tudo isso que passamos, um momento difícil ao ser acusado por algo que não fizemos e sempre lutamos contra, é animador reeditar a Campanha 2020 atendendo ao pedido deles para a revitalizar essa aliança com o 4º GBM. Seguir cooperando e oferecer condições mais adequadas de proteção e combate para essa turma heróica que cuida da gente e das florestas é ainda mais fundamental esse ano, em que a temporada de fogo coincide também com a intensidade da pandemia do coronavírus aqui na nossa região”, disse o coordenador do PSA, Caetano Scannavino.

 

 

 

A parceria é uma retomada na proposta do Plano Territorial de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, construído em outubro de 2019 com participação de representantes da Resex Tapajós-Arapiuns, Flona Tapajós, Corpo de Bombeiros, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, ICMBio e Brigada de Alter, quando então foram traçadas estratégias para atuação das entidades, como cursos de capacitação para novos brigadistas, oficinas de prevenção ao fogo, apoio para aquisição de equipamentos, entre outras ações.

Nessa primeira ação da campanha de prevenção ao fogo de 2020, o PSA doou à Corporação equipamentos para melhoria das condições de combate, como sopradores, roupas completas, botas, luvas, balaclavas e capacetes. Antes, os bombeiros já haviam recebido EPIs para se protegerem em meio a pandemia de Covid-19.

Estas ações de prevenção e combate aos incêndios são parte do Programa Floresta Ativa do PSaa, com atividades também de restauração florestal, apoio à agricultura familiar, à bioeconomia e às cadeias produtivas que ajudam na renda das comunidades e mantém a floresta em pé.

O biólogo Paulo Bonassa, coordenador do Floresta Ativa, aproveitou para agradecer os parceiros Rainforest Alliance, Instituto Clima e Sociedade | ICS, e outros mais recentes que tem apoiado o Programa, e destacou a importância de um plano conjunto:

“As queimadas infelizmente ocorrem anualmente na Amazônia, ora menores, ora maiores, como as do ano passado na APA Alter do Chão, e a gente sabe das dificuldades dos bombeiros para atender todos os alertas, muitos ao mesmo tempo, em locais diferentes, de difícil acesso, numa área de grandes extensões. Por isso a importância de somar, das campanhas educativas de prevenção, das iniciativas de apoio da sociedade, das brigadas voluntárias, de comunitários capacitados para o primeiro combate, sem falar no suporte para que a turma da linha de frente esteja bem protegida e equipada. São exemplos de ações previstas no nosso programa Floresta Ativa, em apoio ao Plano desde o ano passado e retomadas agora”.

O comandante do 4º GBM, Tenente-coronel Ney Tito, ressaltou a necessidade dos itens para o grupamento responsável por atender ocorrências em toda região oeste do Pará: “O Saúde e Alegria, grande parceiro de longas datas, hoje fez a entrega desse material de suma importância para nossas ações de combate aos incêndios florestais. Com esses equipamentos, nós vamos ter a capacidade operacional de atuarmos diretamente nesses incêndios e principalmente instruir as instituições, projetos e programas para que os munícipes e as comunidades estejam devidamente treinadas para que possam dar esse primeiro combate. São materiais que com toda certeza vão ser de grande valia para nossas operações”.

Para Ana Daiane, colaboradora do PSA, comunitária do Maripá, na Resex, e formada como brigadista, a retomada dessa parceria é uma ótima notícia:

”É uma oportunidade de remobilizar a Brigada do CEFA num trabalho com brigadistas comunitários da Resex formados no ano passado nessa parceria do PSA, Corpo de Bombeiros e ICMBio. E a depender da pandemia, mais pra frente, além de seguir o trabalho com quem está formado, seria importante retomar também os cursos para formação de novos brigadistas. O verão vem forte e é importante que estejamos preparados!”

“Mais do que nunca, o momento pede a união de todos, e nesse sentido, seja agora ou antes, o Saúde e Alegria sempre esteve mobilizado para ajudar. Fica nossa gratidão ao Tenente-coronel Tito e sua equipe pelo chamado para retomarmos essa bem sucedida parceria e pela confiança depositada no nosso trabalho. Bóra em frente até porque não serão tempos fáceis de vírus mais fogo. Sigamos!” – finalizou Scannavino.

Veja matéria sobre a entrega.

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Amazônia

Estreia a série “Vozes da Floresta”

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Voz da floresta

“Vamos ver como que a gente vai seguir daqui pra frente com o ataque contra a floresta e contra o povo da floresta.”

Está no ar o primeiro episódio da série “Vozes Da Floresta – A Aliança dos Povos da Floresta de Chico Mendes a Nossos Dias” com Ailton Krenak. Nesta entrevista ele fala sobre a ideia da Aliança para os dias de hoje, o que é ser índio no Brasil, a ideia de resgate e identidade, a importância da memória, o modo de gestão territorial indígena, a relação dos movimentos sociais com a política institucional e as contradições e desafios que o atual momento histórico coloca a todos os brasileiros.

Assista e compartilhe https://youtu.be/KRTJIh1os4w

“Vozes Da Floresta – A Aliança dos Povos da Floresta de Chico Mendes a Nossos Dias” é uma série composta por entrevistas com lideranças indígenas, extrativistas e militantes refletindo sobre as lutas pela preservação das florestas e dos direitos dos povos que a habitam, lembrando o passado e o presente desta poderosa articulação entre indígenas e seringueiros.

Conheceremos momentos importantes dessa história, que teve entre suas lideranças Chico Mendes, seringueiro que conseguiu projeção internacional nos anos 1980 discutindo a questão da preservação das florestas brasileiras, e que por sua luta foi covardemente assassinado a mando de fazendeiros em 1988.

A Aliança dos Povos da Floresta surgiu em meados dos anos 1980, quando algumas das mais importantes lideranças dos povos indígenas e seringueiros do Brasil se uniram para reivindicar demarcações de territórios e a criação de reservas extrativistas. Era o momento de abertura democrática e a assembleia constituinte começava seus trabalhos. O encontro e a pressão destas lideranças foi fundamental para a inclusão na constituição de direitos em defesa dos povos indígenas e proteção do meio ambiente.

Ao longo de seis semanas faremos uma reflexão sobre os legados da Aliança dos Povos da Floresta para o meio ambiente, os erros e acertos das lutas nos anos 1990 e 2000 e a retomada da Aliança nos dias de hoje, quando vivemos um processo acelerado de destruição das florestas e seus povos, com o incentivo do atual Governo Federal.

O primeiro episódio é com Ailton Krenak que discutirá a ideia da Aliança para os dias de hoje, o que é ser índio no Brasil, a ideia de resgate e identidade, a importância da memória, o modo de gestão territorial indígena, a relação dos movimentos sociais com a política institucional e as contradições e desafios que o atual momento histórico coloca a todos os brasileiros.

A série foi filmada no Acre, São Paulo, Brasília e Minas Gerais, conversando com mais de 20 entrevistados. Destas filmagens resultarão 12 video-reportagens que serão exibidas as terças e quintas-feiras no canal do Le Monde Diplomatique posteriormente um webdoc que será lançado no segundo semestre. Este material é parte do documentário “Não verás país nenhum”, que será lançado no início do próximo ano.

Dirigida e roteirizada pelo cineasta e jornalista Thiago B. Mendonça, autor de diversos filmes premiados entre ficções e documentários como “Jovens Infelizes” (2016), “Entremundo” (2015), “Procura-se Irenice” (2015), “A guerra dos gibis” (2013) e “Piove, il film di Pio” (2012), a série foi produzida com o apoio do Rainforest Journalism Fund, em associação com o Centro Pulitzer. A produção é da Memória Viva, em parceria com o Le Monde Diplomatique e tem o apoio da InfoAmazonia e da Saci Filmes do Acre.

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