MULHERES DE LUTA DO MST: POR TERRA E POR UMA SOCIEDADE IGUALITÁRIA

Foto: Maxwell Vilela | Jornalistas Livres

Durante o Festival de Arte e Cultura da Reforma Agrária, que aconteceu essa última semana no centro de Belo Horizonte, a presença feminina foi primordial.  Mulheres na organização, mulheres nas vendas, mulheres no palco, mulheres reivindicando justiça por terras, pela cor de pele e pelas próprias mulheres.

Foto: Maxwell Vilela | Jornalistas Livres

Na tarde de domingo (08/10), o Coletivo de Gênero do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) apresentou uma performance durante a apresentação da banda – totalmente feminina – Cantadeiras. Ao som de “Triste, Louca ou Má”, de Francisco, El Hombre, se questionou o lugar da mulher na sociedade. Na mística no centro da Serraria Souza Pinto, uma mulher deitada, sangrando, está ao lado de outras duas, uma ditando palavras de luta, outra levantando o facão, símbolo do trabalho no campo para o MST. Para finalizar, um número próximo de 24 mulheres de diferentes idades dançando por respeito e reconhecimento.

Foto: Maxwell Vilela | Jornalistas Livres

Natália, que nasceu nos acampamentos do movimento, foi uma das principais atuantes na performance: “Essa intervenção foi construída por várias mulheres do MST. O nosso Coletivo de Gênero serve para dar mais visibilidade para nós, mulheres, sobre essa questão da violência contra a mulher, que é cada vez mais grave, e sobre as desigualdades em geral.”

Ela também contou que a participação feminina na luta MST é enorme e nesses últimos anos a mulher tem conseguido alcançar espaço nos postos mais altos da organização e na titularidade das terras. Além disso, as companheiras do MST também lutam contra as opressões das mulheres de todas as classes.

“Não é falado, né? O abuso contra a mulher não é falado. A gente tenta sempre dar visibilidade pra essa causa em todos os lugares em que temos a oportunidade.”

O MST é caracterizado por famílias. A bandeira do movimento ilustra um casal de camponeses. A mulher está presente em praticamente toda terra compartilhada, trabalhando no cultivo e, ainda, cuidando da família. O Coletivo de Gênero do MST existe para olhar para as mulheres dos assentamentos. “Nunca parece que a gente produz, parece que a gente sempre ajuda. Se for fazer um levantamento do quanto que a mulher produz diariamente – estamos tentando fazer esse diagnóstico -, é uma quantidade absurda de alimento. Mas só se enxerga o homem”, comenta Natália.

De toda forma, a conscientização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra já ultrapassa as mulheres e tem potencial para modificar mais ainda o lugar da mulher no campo, nos assentamentos e na grande sociedade. Raelton Rodrigues, jovem do assentamento Zumbi dos Palmares, no Espírito Santo, escreveu para o projeto Organização de Núcleos de Cultura em Assentamentos do MST: “a mulher simboliza/ as coisas boas da vida/ tem direito igual a todos/ e sua voz precisa ser ouvida.”

*Editado por Agatha Azevedo. 

Foto: Maxwell Vilela | Jornalistas Livres

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