Sororidade não é só com a Rosa Luxemburgo, com a Marisa Letícia, com a Maria do Rosário, com a Clara Charf, com a Marielle! Sororidade é com todas as mulheres que são atacadas pelo machismo. Rachel Sheherazade, inclusive.
A fala do general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, segundo o qual as casas só com “mãe e avó” em áreas pobres são “fábricas de desajustados” que fornecem mão de obra ao narcotráfico, ensejou de Rachel Sheherazade a seguinte reação, em seu twitter:
“Sou mulher. Crio dois filhos sozinha. Fui criada por minha mãe e minha avó. Não. Não somos criminosas. Somos HEROÍNAS! #elenao”.
Imediatamente, a jornalista passou a ser atacada por internautas de direita, indignados com sua adesão à campanha #EleNão. Como assim? Afinal, foi Sheherazade uma das defensoras de Bolsonaro no inominável ataque que ele desferiu contra a deputada Maria do Rosário (PT), quando lançou sua infâmia: “Jamais iria estuprar você, porque você não merece.” E este foi apenas um dos tristes episódios em que ela juntou-se ao pior dos mundos.
Agora, Sheherazade enfrenta o ódio que ajudou a fomentar. Em sua página do Facebook, ela escreveu:
“Não vão me calar. Não vão me intimidar. Aqui, vcs não vomitarão seu ódio. #elenao #elenunca”.
Nós, mulheres feministas de esquerda, a acolhemos com amor e solidariedade. Porque sabemos que o machismo não é um capricho de uns poucos malucos. Ele é estruturante da dominação capitalista, e se acirra nos períodos de negação da Democracia, como o que estamos vivendo.
O general Mourão ofende as famílias chefiadas heroicamente (como disse Sheherazade) por mulheres, a maioria dos lares brasileiros, já que às mulheres é vetado o direito ao aborto seguro e, aos homens, que cultivam a poligamia sucessiva, premia-se com o elogio de “pegador”.
O cuidado com a prole, portanto, recai quase que exclusivamente sobre as mulheres, já apequenadas no mercado de trabalho por salários em média 30% menores do que o dos homens que desempenham a mesma função. Aliás, é sempre bom lembrar que Bolsonaro defende o direito de as empresas discriminarem as mulheres, pagando-lhes salários aviltados.
Foram os governos de esquerda de Lula e Dilma que começaram a reverter essa injustiça atroz, ao destinar primeiramente às mulheres chefes de família o benefício do bolsa-família, ou a titularidade do Minha Casa, Minha Vida.
Se Sheherazade, a partir de sua vivência, insurgiu-se contra as declarações machistas da chapa Bolsonaro-Mourão, e agora é vilmente atacada pelos seguidores do fascismo, cumpre a todas e todos os democratas e defensores dos direitos humanos o dever solidarizarem-se com ela.
Pouco importa em quem ela votará.
“Mexeu com uma, mexeu com todas” é o nosso lema.
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