Laços de Fabrício Queiroz com milícias deixam Bolsonaro nas cordas

Foto de cadastro de entrada de Fabrício Queiroz na penitenciária de Bangu 8 Foto: Reprodução
Foto de cadastro de entrada de Fabrício Queiroz na penitenciária de Bangu 8 Foto: Reprodução

Por Dacio Malta*

 

 

Há tempos Bolsonaro vinha exercendo a presidência da República no curralzinho do Alvorada.

Todos os dias, pela manhã, a caminho do Planalto, ele parava por 30, 40 minutos para, com a desculpa de cumprimentar os admiradores, mandar seus recados à nação.

“E daí?”, “Quer que eu faça o quê?”, “Basta, porra!”, “Chegamos ao limite”, “Não sou coveiro” e outra bravatas e baboseiras saíram de lá.

Em seguida, ele entrava no carro e voltava a ser um Zé Mané em meio ao bando de ignorantes que o cercam.

Desde quinta-feira passada, quando prenderam Fabricio Queiroz, o capitão é apenas isso: um Zé Mané – escondido como Márcia, mulher do Queiroz; e fujão como o ex-ministro Abraham Weintraub.

Ele não para mais no curral pois entendeu que, nesses dias de festas juninas, sua batata está assando.

Encontrar Queiroz na casa do advogado da família foi a ponta do iceberg.

As rachadinhas de Queiroz são o menos importante. Se elas produziram enriquecimento ilícito do 01, em meio a lavagem de dinheiro, utilização desavergonhada de caixa dois e superfaturamento em lojas de chocolate, são crimes que Flávio  responderá com consequente perda do mandato e a prisão.

O importante nesse imbroglio é o envolvimento da famiglia com a milícia, que mais dia menos dia ficará explícito.

Essa é a verdadeira importância de Queiroz: o seu elo com a milícia.

É possível que ele permaneça calado. Militar reformado da PM, Queiroz foi treinado para isso, assim como os matadores de Marielle, presos há meses e que, até agora, continuam assumindo sozinhos a responsabilidade pelo assassinato da vereadora e de seu motorista.

O que poderá mudar o comportamento de Queiroz será a prisão de sua mulher. Mesmo que continue mudo, ela poderá aceitar uma delação premiada, o que levará o capitão a lona. No momento, ele está nas cordas.

Assessorado por toscos e despreparados como ele, não restará outro opção senão o caminho da roça.

Já passou da hora de as forças políticas irem conversar, seriamente, com o vice Mourão, garantindo sua posse, mas estabelecendo limites para a governança. 

 

*Dacio Malta trabalhou nos três principais jornais do Rio – O Globo, Jornal do Brasil e O Dia – e na revista Veja.

Leia mais Dacio Malta em:

https://jornalistaslivres.org/bolsonaro-facilita-fuga-de-abraham-weintraub-para-os-estados-unidos/

 

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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