A mentira da propaganda de Temer sobre a Transposição do São Francisco

Entrevistamos um dos personagens do comercial do golpista. Pai de um jovem que estudou na universidade criada por Lula em sua cidade, ele fala da revolução que o ex-presidente promoveu no Nordeste. É o Brasil que Temer não quis mostrar

Por Otávio Antunes, especial para os Jornalistas Livres

José Bonifácio Gomes, proprietário do restaurante “Meia Pataca”, é um dos personagens da propaganda institucional do Governo Temer veiculada este mês. A propaganda afirma, entre outras coisas, que nos últimos dez meses a obra de transposição do Rio São Francisco “acelerou”, induzindo quem assiste o filme publicitário a acreditar que a transposição ganhou velocidade agora.

Enganam as pessoas, assim como tentou fazer Aécio durante a campanha eleitoral, a acreditar que era uma farsa a transposição e outras políticas públicas dos governos Lula e Dilma. Pior: vendem a falácia que o povo do sertão brasileiro acredita nessa história. Uma mentira sem tamanho.

A família Gomes é uma típica família de comerciantes da região do Cariri na Paraíba, como eles mesmos se definem.

A matriarca da família, a senhora Irene Celina Gomes, uma professora extrovertida e sorridente que conta uma história por minuto, relata a emoção de ter todos os filhos na universidade. “Sempre disse que a educação é a maior herança que a gente tem. Era muito difícil estudar, mas Lula tornou tudo mais fácil. Veio um Campus da universidade Federal para Monteiro. Meus filhos estudaram pertinho de mim”.

O senhor José Bonifácio Gomes, que participou da peça publicitária do governo Temer, afirma que, para além da transposição do Rio São Francisco, o impacto do bolsa família na região foi algo extraordinário. “Antes era um sofrimento, quando a safra não acontecia muita gente ia para capital ficar pedindo dinheiro. O bolsa família deu dignidade, e movimentou o comércio. Foi uma revolução. Além disso o seguro safra deu a tranquilidade para quem perdia a colheita”. E o responsável por tudo isso? Ele não tem dúvida: “Lula é o pai da transposição e de muitas outras coisas por aqui. O novo governo fez a obrigação dele, que foi inaugurar a obra, mas quem tirou do papel foi Lula. A gente deve muito a ele”. Senhor José estava com o olho marejado: ‘’é o suor meu filho”, disfarça emocionado.

O filho do casal, José Augusto Gomes Neto, é a prova viva de que a sorte é o encontro da competência com a oportunidade. Desde menino sempre ouviu dos pais que deveria estudar, que teria oportunidade. Não esperava que tantas. Cursou tecnologia e edificação de edifícios, na universidade Federal da Paraíba, em sua própria cidade, Monteiro. “Foi uma honra estudar aqui, pertinho de casa, podendo ajudar em casa e no nosso comércio. Minha mãe se esforçou muito para que eu estudasse inglês, levava eu e minha irmã pra Campina Grande, a duas horas meia daqui. Foi um esforço, mas sabia que valeria a pena. Durante o curso de engenharia surgiu o programa “Ciências sem fronteiras”. Eu era o único que falava inglês, fui estudar na cidade de Windsor, no Canadá. Dilma criou esse programa e eu estava preparado para oportunidade. Foi uma experiência única. Maravilhosa. O diretor da faculdade falava para todo mundo: façam como o Zé, estudem inglês também que terão chance”. Hoje é doutorando e sonha em trazer tecnologia barata de construção, estuda o uso do bambu, para sua própria cidade.

A Dona Irene e o senhor José Bonifácio ainda foram atendidos pelo programa “Brasil sorridente”, criado pelo governo Lula e que levou atendimento odontológico para o interior do Brasil. “Nós fizemos até implante, que custaria mais de vinte mil reais, uma riqueza poder sorrir. E quem criou também foi Lula. Muita gente aqui não conhecia o programa, então não tinha nem fila, os dentistas são uma maravilha de educação e tratam a gente muito bem. Espero que continue ”.

Existe um Brasil, que a propaganda de Temer não conseguiu mostrar, e a grande imprensa insiste em esconder: é um Brasil que sonhou a ideia de viver com mais dignidade, onde havia fome e seca, passou a existir comida e esperança. Este Brasil abraça Lula e Dilma. Pena que parte importante do Sul e sudeste do Brasil não tenham a menor ideia do que se passa no Cariri paraibano, no sertão pernambucano, ou em todo árido do Nordeste, que, mesmo apreensivo pelas ações do governo Temer, respira o sonho de que tudo será melhor.

 

 

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