Por Jeniffer Mendonça e fotos de Sato do Brasil
Jovens, a maioria vestidos com camisetas brancas, seguravam, cada um, uma letra que formava a frase “Deus, olhai meu povo da periferia” em frente à escola estadual Presidente Tancredo de Almeida Neves, no Jardim Novo Horizonte – Grajaú, extremo sul de São Paulo. A alusão à música do cantor Ndee Naldinho acompanhava cartazes com dizeres “a Polícia não protege, só sabe nos reprimir” e mais de 40 retratos de rapazes, a maioria negros, colados no portão da escola. Na última segunda-feira (10/10), cerca de 100 pessoas, dentre familiares e amigos, fizeram uma homenagem a Matheus Freitas, de 24 anos, morto por um policial militar há uma semana.

Com velas nas mãos, adolescentes, crianças e jovens denunciavam o genocídio da população negra periférica. “A gente quer mostrar que a gente quer paz. A gente não quer que isso aconteça mais porque já acontece há muito tempo. Tem mãe perdendo filho todo o dia nas comunidades”, declarou Eduardo Cardoso, de 28 anos, amigo de Matheus.
Os presentes caminharam pelas ruas em silêncio e fizeram orações pelas vítimas da violência policial.
A homenagem foi a segunda tentativa de tornar públicos os casos de mortes cometidas por policiais militares, já que no dia 4 de outubro os moradores ocuparam as ruas para protestar e foram reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
“Todo mundo está lutando para não passar batido porque isso [as mortes] não pode ser considerado normal”, se emocionou Thayná de Jesus, estudante de 19 anos que carregava rosas brancas.
Assista ao vídeo realizado pelo Periferia Em Movimento:
Matheus Freitas estudava Economia na Universidade Nove de Julho e era faixa preta jiu-jitsu. Ele foi baleado por um policial na noite de 1 de outubro na quadra da E.E. Pres. Tancredo de Almeida Neves e faleceu dois dias depois no Hospital Geral do Grajaú.
De acordo com nota da Secretaria de Segurança Pública à Ponte Jornalismo, o PM segue “afastado” para investigação do caso.