Conecte-se conosco

Feminicídio

MARIELLE FRANCO, 41 ANOS DEMOLINDO AS VELHAS ESTRUTURAS

Marielle Franco, 41 anos. Dois jornalistas livres constróem e narram o que ela representa para o mundo

Publicadoo

em

Marielle Franco, 41 anos

Lembro-me que, naquele 14 de março de 2018, eu estava em um trabalho na Bahia, quando soube do assassinato de Marielle Franco. Era também, a data de meu aniversário. Cercada de amigos num restaurante, o mundo literalmente parou. Eu não havia conhecido Marielle pessoalmente, mas já acompanhava a sua atuação política e comunitária, mesmo antes de ser vereadora. Não acreditei que aquilo pudesse ter acontecido. Aliás, em época de fake news, eu achei que aquela era mais uma, e devido às minhas vivências profissionais com diversos parlamentares, no meu imagético mundo, a tal da imunidade parlamentar era como se fosse uma grande muralha impenetrável a qualquer tempestade. Marielle Franco faria 41 anos hoje.

Por Matheus Alves e Katia Passos

Amanhecer

É óbvio que eu já havia me deparado com histórias de execuções de prefeitos, por exemplo, de pequenas cidades, mas pensar que uma vereadora legitimamente eleita havia sido morta no Rio de Janeiro, era algo absurdo e inadmissível para mim. Mais inaceitável ficava, ainda quando eu lembrava do rosto de Marielle Franco, que era, entre outras parlamentares, uma das minhas referências no modo de atuar politicamente, como mulher preta. A comida e a bebida já não desceram mais. Lembro-me que saí do restaurante e o Pelourinho estava metaforicamente silencioso para mim. Havia aquela movimentação com xêro de Pelourinho, mas pairava no ar um clima absorto de indignação e medo. Caminhando por ali, encontrei outros amigos e sentamos num bar. Nossos corpos sentiam uma exaustão que não era fruto do calor bahiano e logo entendemos que era dor. 

Ali as nossas fichas começaram literalmente a cair. Aguardávamos Marielle para o dia seguinte participar de uma das atividades nas quais eu trabalharia como jornalista. Ela não viria. Recordo agora que choramos na mesa e não conseguimos mais tirar os olhos das telas dos celulares e queríamos ir embora para o Rio de Janeiro. 

O amanhecer foi absurdamente horrível. Lembro que acordei com uma pressão no peito. Liguei para casa. Chorei. 

Marielle Franco 41 anos

Katia Passos (à dir.) com os pais e irmã de Marielle Franco

Foto: Arquivo pessoal de Katia Passos
Marielle Franco 41 anos.
Katia Passos (à dir.) com os pais e irmã de Marielle Franco
Foto: Arquivo pessoal de Katia Passos

Um ato público já estava organizado em protesto ao assassinato de Marielle e seu motorista Anderson Gomes. Durante a manifestação lembro-me que eu tentava fazer uma transmissão ao vivo, e num momento choroso encontrei Marcelo Rocha, um jovem fotógrafo negro, de amizade íntima e longeva. Nos abraçamos e caminhamos. Um silêncio, alías o único som era da terra dos campos da Universidade Federal da Bahia, onde acontecia a manifestação.  

Sabíamos que aquele 14 de março não era só mais um dia para comemorar aniversário, sentimos que a data trazia um limítrofe com giz preto riscado no chão, sobre o que não iríamos mais tolerar e qual legado queríamos imortalizar. Entendemos ali o sentido da frase: “não serei interrompida!”.

Depois de mais de 2 anos sem respostas sobre quem mandou matá-la, hoje chegamos vivos, eu e Matheus e muitos outros pretos, ao 27 de julho de 2020, data dos 41 anos de Marielle. Sim, porque para nós, Marielle Franco permanece em legado e semente representando obviamente um verdadeiro incômodo à Casa Grande, milicianos e racistas. 

Mãe

Dessa trajetória surgiram centenas de milhares de novas mulheres negras que se reconhecem como parte de uma estrutura que tem como engrenagem os seus próprios corpos e esses precisam se movimentar, como diz a mestra Angela Davis, para que toda uma estrutura se movimente, evolua e por nossa sobrevivência, que seja inclusive demolida e novas construções defendam uma das trajetórias mais ricas em poderio político, humanitário e afetuoso já vista na história de uma mulher preta, altiva e de tom permanentemente voraz em sua militância. E por falar em afeto, nesses 41 anos nós negras e negros amanhecemos literalmente afetados com a declaração daquela que pariu Mari, D. Marinete Silva:

“Vinte e sete de julho de 1979! Era uma sexta de sol lindo com desenhos infinitos e desordenados, nem parecia inverno. A criança que veio ao mundo, tinha peso e tamanho de menino. A mãe feliz, segura, e tomada de confiança em Maria, sua intercessora, sua mãe Filó, que chegara de João Pessoa para acompanhar o nascimento da criança. A partir daquele dia nunca mais me senti sozinha, começava ali uma missão de doação, entrega e amor eterno com aquele ser indefeso e frágil que nos remete a pensar em você como prioridade para nada no mundo. Chegava sua melhor, amiga, companheira, guerreira, irradiando luz, esperança e um futuro brilhante para sua trajetória.

Marielle Franco 41 anos

D. Marinete e Marielle recém nascida

Foto: arquivo das redes sociais da família de Marielle Franco
D. Marinete e Marielle recém nascida
Foto: arquivo das redes sociais da família de Marielle Franco

Foram 38 anos de luta, sacrifícios, dedicação e amor infinito. Formei caráter, personalidade e principalmente o respeito ao sagrado. Cumpri minha missão de mãe e devolvi minha filha para Deus, precocemente, sem entender o porquê! Acreditando em sua misericórdia de pai que nunca me desamparou e sem perder minha fé. Só o senhor mudaria minha história e a da Marielle. A justiça dos homens pode não chegar, a sua jamais falhará e nessa eu acredito. O céu está em festa. Que toquem as trombetas da eternidade por nos dar de presente seus 38 anos de existência.” 

Descobrir 

Conheci Marielle bem de perto em dois eventos onde estive no Rio de Janeiro. Eu não era, de fato, um jovem próximo da vereadora, apesar de termos sido formalmente apresentados um ao outro. Mas desde quando a conheci, nunca mais acordei igual. Descobertas, um novo desperta.  Tornei-me um jovem preto mais esperançoso com a vida e avançado na consciência sobre meu real papel no país. 

Sou um contrariador das estatísticas, e embora vivo, estou há dois anos angustiado lutando diariamente para que seja respondida a pergunta sobre os mandantes do crime. E mesmo não possuindo provas jurídicas sobre os assassinos, é muito claro que para nós, militantes do campo progressista, a sensação das conexões do assassinato com determinados personagens, esteja presente e por isso somos afetados por resistência e angústia ao mesmo tempo, desde o 14 de março de 2018. E isso piora quando somos apresentados a fatos supostamente ligados ao crime, veiculados pela mídia tradicional. Alternâncias intrigantes entre angústia, ardor no peito e resistência. 

Hoje amanheci lembrando do sorriso e da firmeza das palavras da vereadora, que como diz Jorge Mautner, em canção que leva seu nome, “é uma força furiosa” . 

Quando verbalizam “Marielle Franco”, logo vem à cabeça a sensação de exemplo, de coletivo, dá vontade de sorrir e de abraçar alguém. Seu nome remete a muitas coisas, dentre elas o amor à causa, seja ela qual for, desde que faça bem ao mundo. Sua vida é um enredo de amor à família e respeito ao chão em que se pisa. Trata-se do novo mundo que seus passos firmes no solos íngremes moldam a cada dia que sobrevivemos.

Marielle é sobre a vontade de empurrar os nossos para adiante com um foco: projetar a favela como união e transgressão política em comunidade. É demolir as estruturas arcaicas da branquitude.

Os 41 anos de Marielle Franco nos colocam num processo de felicidade que seu sorriso aberto levará por décadas e centenários para várias partes do Brasil e do mundo, onde quer que chegue, representando uma galera aí que pertenceu aos humilhados e ofendidos, mas que hoje é do barulho. E sim, esse sorriso barulhento aí, escancarado ao mundo, é o maior exemplo das centenas de fatos, posturas e conquistas que incomodam quem não gosta da felicidade do povo preto e tão pouco está interessado em fazer a alternância de poder necessária na política, nos partidos, movimentos sociais e até coletivos de mídia, essa é a turma do sono profundo e que se for para atrapalhar ou fortalecer o racismo que permaneçam inertes em suas zonas de conforto, mas não atrapalhem o legado de Marielle. 

Semear

Dizer que Marielle é semente, significa colocar em prática um projeto bom para acabar com um projeto mal: o de extermínio da população negra. Significa darmos asas a PANE ANTIRRACISTA, uma plataforma que vai construir, através do Instituto Marielle Franco, uma nova mobilização do sistema político no Brasil. Essa é a primeira eleição municipal sem a presença física de Marielle. Mas a PANE pretende derrubar o que até hoje foi “lógica” colocando no sistema político a responsabilidade da população negra que quer alterar essa lógica irresponsável e racista. 

Marielle foi autora de sete importantes projetos de lei, que representavam grandes mudanças nas vidas de mulheres, crianças e da comunidade LGBTQIA+ carioca.

O PL 17/2017 do Espaço Coruja, programa que garante creches noturnas aos filhos de famílias que estudam à noite; o Dossiê Mulher Carioca, que visa garantir dados mais detalhados sobre crimes de violência contra a mulher na cidade do Rio de Janeiro; a Campanha Permanente de Conscientização e Enfrentamento ao Assédio e à Violência Sexual são alguns dos exemplos.

Há 15 dias de seu assassinato, no dia 28 de fevereiro de 2018, Marielle Franco assumiu a relatoria de uma comissão criada na Câmara Municipal do Rio para acompanhar a Intervenção Federal na Segurança Pública do Rio, se tornando a responsável pela fiscalização dos militares nas favelas do Rio e, como socióloga, faria linha dura a qualquer descontrole. Não há caminho de retorno sobre os frutos que a história de Marielle entrega para fortalecer a luta antirracista. Eu sou porque nós somos é o mantra diário de nós mulheres e homens negros no país e não, não admitiremos sermos interrompidos em nossa construção.

Marielle Franco, 41 anos
Foto: Matheus Alves / Jornalistas Livres

Katia Passos tem 44 anos, é mãe de duas meninas de 19 e 14 anos, ativista em Direitos Humanos, jornalista da bancada do PT na Alesp, fundadora dos Jornalistas Livres, integra o Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas em Comunicacão, da Fundacão Perseu Abramo e atualmente constrói um projeto literário em homenagem e defesa do legado de Marielle Franco.

Matheus Alves, 22, é fotojornalista freelance baseado em Brasília (DF). Tem seu trabalho dedicado a documentar Movimentos Populares de luta pela terra e direito à cidade. Premiado pelo Concurso Fotográfico “Combater os Retrocessos: Existir e Resistir à Retirada de Direitos”, promovido pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos em 2019. É militante do Levante Popular da Juventude e colabora com a rede Jornalistas Livres.

Ação Humanitária

Miguel: quantos como ele correm perigo nas casas das patroas de suas mães?

Publicadoo

em

https://www.youtube.com/watch?v=sMvyTtB070M

Se nesse momento a história da trágica morte do menino negro, Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, filho da empregada doméstica, Mirtes Renata Santana da Silva, fosse inversa em todas os seus detalhes: se ele fosse o filho branco da patroa, Sari Mariana Gaspar Corte Real, e tivesse morrido depois de despencar do 9º andar por desleixo e irresponsabilidade da empregada doméstica, certamente essa mulher negra estaria, neste exato momento, encarcerada.

Miguel Otávio Santana da Silva, 5 anos de vida, é vítima do racismo arraigado na vida cotidiana de pessoas como Sari, uma mulher que, ironicamente, possui sobrenome supremacista branco “CORTE REAL”.

Mas esse não é o pior dos detalhes. Nesse episódio trágico, a imprensa pernambucana, majoritariamente branca, portanto “limpinha”, não quis desagradar a mulher do prefeito da cidade de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB).

Até agora não há sequer uma menção realmente incisiva sobre a responsabilização de Sari na morte do menino.

O mesmo aconteceu com o delegado Ramón Teixeira, que acolheu o caso inicialmente. Preferiu preservar a identidade de Sari Mariana Gaspar Corte Real.

Sari não dispensou Mirtes por causa da pandemia. Sari não quis limpar sua própria merda, não quis varrer seu chão, não quis colocar  suas roupas na máquina de lavar, não quis cozinhar sua própria comida. Sari não quis levar seu cachorro para passear. Sari colocou a vida de sua empregada em risco, exposta à COVID-19. Sari matou o filho de Mirtes.

Que tipo de gente é essa?  Miguel, 5 anos, queria ver a mãe, que saiu para levar o cachorro da patroa a passear. Insistiu, fez birra, como qualquer criança faria. E não se curvou ao racismo de Sari. Por isso entrou no elevador. Por isso foi ao nono andar. Sozinho, porque Sari não se importa, não se importou com o fato de ele ser um menino. Ele era filho da empregada, não era nada. E ele caiu do nono andar. Ele morreu. Quando um filho morre, a mãe é a primeira que desce à cova. Era um filho negro. Na casa da patroa branca. A mãe negra, a empregada, não percebeu isso ainda. Em meio à dor, em estado de choque, ela humildemente lamenta a “falta de paciência” da patroa assassina.

Miguel

Miguel com sua mãe, Mirtes. Ao lado, Sari Corte Real, a patroa que colocou a empregada e seu filho em risco.

O FATO – O menino foi vítima de homicídio na terça-feira (2). Caiu do 9° andar da sacada de um prédio de luxo no Centro do Recife, em Pernambuco, conhecido como Torre Gêmeas. A informação inicial era de que, na hora do acidente, a empregada estaria trabalhando no 5° andar do prédio, mas hoje foi revelado que, na verdade, a empregada estava cumprindo a função de passear com os cachorros da família, enquanto a patroa cuidava de Miguel. Sari foi presa inicialmente, mas pagou uma fiança de R$ 20 mil e responde em liberdade, mesmo depois da divulgação de vídeos mostrando que Sari colocou Miguel sozinho no elevador de serviço, o único que dava acesso para a área desprotegida da qual o menino despencou para a morte. Os elevadores para pessoas como Mirtes e seu filho, na prática, ainda são diferentes no Brasil. E foi lá que a patroa o deixou.

Apartamento onde Miguel estava

Planta de um apartamento no prédio de luxo de Sari, marcado por corrupção e tragédia

 

Um corpo negro que vale 20 mil reais? Realmente vivemos um pesadelo legitimado pela racismo institucional do judiciário

Liana Cirne Lins, professora da Faculdade de Direito da UFPE, relatou em suas redes sociais que muitos têm defendido a tese de que, inclusive, houve homicídio DOLOSO, configurando dolo eventual. “Afinal, que adulto coloca uma criança de cinco anos, que está chorando pela mãe, sozinha, num elevador, e não calcula a possibilidade de um acidente?” Miguel não tinha intimidade com elevadores. Morava com os pais em uma casa pobre, num bairro humilde.

Sari sabia dos riscos e não faria o mesmo com os próprios filhos. Aliás, essa é uma pergunta que gostaríamos de fazer à patroa de Mirtes: como você acabaria com a birra de seus filhos?

Certamente Sari não os colocaria em risco. O centro desse debate é, sem dúvida, a herança de nossa cultura escravocrata e racista.

Outra declaração importantíssima de Liana Cirne é sobre o local e a data simbólica do homicídio: “O local é nas famigeradas Torres Gêmeas, esse lugar horroroso que tem essa energia do mal, do crime, da corrupção. Elas são um aborto em nossa paisagem e cenário de vários escândalos, desde que a [construtora] Moura Dubeux as ergueu, entre liminares. Nesse momento, mais do que em outros, queria que a sentença demolitória do juiz Hélio Ourém tivesse sido executada. Sobre a data: Miguel morreu no dia em que a PEC das Domésticas completou cinco anos! E é assim que se celebra o aniversário da legislação de proteção das Domésticas, o que diz muito sobre nosso país, que não superou sua herança escravagista.”

Os Jornalistas Livres se solidarizam demais, profundamente, com mais esse fato absurdo, horroroso, que tem como alimento o racismo.

Miguel, presente!

 

 

 

Leia mais sobre o racismo que mata no Brasil:

A Polícia de Wilson Witzel matou João Pedro, um jovem estudante. Ele poderia ser seu filho

 

Continue Lendo

Feminicídio

Marcha pelo Fim da Violência Contra a Mulher em Lisboa

Publicadoo

em

 

Texto V.G.

Cobertura Fotográfica Victor Rodolpho Villa Real

Vídeos Clara Luiza Domingos

 

As irmãs ativistas dominicanas conhecidas como “Las Mariposas”, Minerva, Pátria, e María Teresa Mirabal, que se opunham ativa e fortemente ao regime ditatorial presidido pelo general Trujillo, entre os anos de 1930 e 1961, na República Dominicana, foram assassinadas em 25 de novembro de 1960 pela polícia secreta, que as espancou até a morte e tentou fazer a brutalidade passar por acidente automobilístico jogando o carro em que estavam a viajar com seus corpos, junto com o do motorista, barranco abaixo na estrada. Foi criada esta data, 25 de novembro, em mémória. A população não engoliu e, aproximadamente 6 meses depois do fato, em 1961, Trujillo é, finalmente, assassinado. 

Em 1981, durante o primeiro Encontro Feminista Latino-Americano do Caribe, em Bogotá, Colômbia, decidiu-se adotar a data do assassinato dessas supracitadas mulheres como o “Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher” e, em 1999, a ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu a data e criou o “Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres”. Ainda hoje esta é uma luta muito necessária; vide Marielle Franco.

Na semana passada, a jornalista chilena Albertina Martinez Burgo, de 38 anos, que registrava abusos e agressões policiais durante as recentes manifestações no Chile foi encontrada morta em seu apartamento, sem sua câmera, celular e computador. Veja bem, o que Las Mariposas nos alertam é que não se matam mulheres por matar. Matam-nas quando fazem valer suas opiniões e vontades ou simplesmente por estas serem contrárias às dos homens. Se aos olhos da sociedade parece ser um insulto uma mulher dizer “não” com convicção a um desconhecido qualquer que seja, dando “passe-livre” para classificá-la como agressiva, gerar comentários e narizes torcidos, imagina dizer “não” a um cônjuge ou a uma figura de poder? Isso sem contar a privação da liberdade de ir e vir, em muitas escalas, as quais são submetidas. Ser puxada pelo braço, por exemplo, para fazer valer a vontade, quase incontrolável e animalesca, que os homens têm de controlar as mulheres, é corriqueiro. Quando estas não se calam, são expostas, no mínimo, a uma violência do tipo passiva-agressiva, onde o agressor tenta se passar por vítima aos olhos de terceiros.

Foi o meu caso, mesmo no domingo último, ao sair da sessão única do filme “Marighella”, no espaço Olga Cadaval em Sintra, Portugal. O rapaz fez-se de tonto e respondeu ao meu grito no escuro de que me largasse, dizendo: “Mas eu só queria te fazer uma pergunta!”. “Pois não me encoste! Se eu quiser a respondo.” foi o que pensei em responder. Pensei. 

Mulheres que pensam; que discordam; que fazem o que querem, são consideradas audaciosas sob a ótica do patriarcado no qual estamos inseridxs. É natural que a mulher que, através dos ciclos menstruais e suas mudanças hormonais mensais lida com pontos-de-vista e percepção diversos dentro de um mês, saiba intrinsecamente respeitar e valorizar a pluralidade e a vida. Enquanto arquétipo, é subversivo aos olhos vorazes, competitivos e mesquinhos do capitalismo. O capitalismo é egoísta. A natureza feminina arquetípica, não. 

Em Portugal o Número de feminicídios cresceu 40% desde 2016. Num país considerado pacífico este dado assusta, e muito. Eles estão desatinados com o nosso re-despertar de ativa insurgência. Sim, cá há poucos assaltos, pode-se andar “tranquilamente” pela noite, mas não ouse ter opinião e atitude se for mulher. Ainda há uma forte cultura de culpabilização indireta da mulher vítima de violência doméstica que aqui abre queixa contra seus agressores homens, que respondem pela maior parcela destes mesmos feminicídios. Pode esperar um olhar xereta e desprezível pra com estas vítimas vindas por parte da sociedade. “Mas o que foi que você fez pra ele te bater?” ainda é uma frase comum de se ouvir. 

Existem muitas formas de violência e controle da mulher além das físicas óbvias. Após a crise econômica de 2011 os preços dos aluguéis só sobem e hoje estão exorbitantes. No país com o menor salário mínimo da União Européia (600 euros), arcar com aluguéis desse valor, ou muitas vezes maiores, sozinhx, é impraticável. Principalmente atualmente, em que a contratação de empregados está a ser substituída pela cultura neoliberal da terceirização através dos chamados “recibos verdes”. Para divorciar-se cá, um valor de 600 euros é cobrado e muitas mulheres não têm esta oportunidade. Manter as mulheres em situação de dependência econômica de seus cônjuges é uma forma violenta de tentar calá-las e privá-las de liberdade. O diferencial salarial se traduz em 58 dias de trabalho não pagos para as mulheres em Portugal pois grande parte dos empregos socialmente desvalorizados e informais são relegados à elas. 

A Marcha foi linda de se ver e estar. Caminhou do Largo do Intendente até a Praça do Rossio e contou ainda com uma instalação com muitos pares de sapatos que simbolizavam aquelas que, infelizmente, não estão mais entre nós, pois lhes foram tiradas as vidas. 

https://www.instagram.com/tv/B5TqgcNBIcu/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Abaixo estão dois Manifestos: da “Marcha pelo Fim da Violência Contra as Mulheres” (que contêm a lista dos movimentos subscritos e não inclui os grupos musicais presentes – Baque Mulher e Ritmos da Resistência – e tampouco os partidos políticos. Os partidos Bloco de Esquerda e Livre participaram ativamente da Marcha e levaram faixas); e, em seguida, o Manifesto da “Rede 8 de Março” que organiza a Greve Feminista no Dia Internacional da Mulher, que em Lisboa neste ano reuniu por volta de 30 mil manifestantes aos gritos com frases como “Caladas nos querem, rebeldes nos terão!” envoltas por uma aura violeta. 

Manifesto MARCHA 25N 2019 

LUTO pelas mulheres assassinadas. Em 1999, em memória de Minerva, Pátria e Teresa Mirabal, as dominicanas assassinadas em 1960, e conhecidas como Las Mariposas, as Nações Unidas declararam o dia 25 de Novembro como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. 20 anos passados sobre esta declaração, 20 anos passados sobre as manifestações que, anualmente, em todo o mundo, marcaram esta data, homenageando e celebrando a coragem destas três irmãs, em que todas e todos que lutam pela plena implementação dos Direitos Humanos se revêm, passados quase 60 anos sobre o cruel assassinato de Las Mariposas, continua a ser preciso erguer bem alto a voz e dizer que estamos de LUTO pelas mulheres assassinadas, em todos os continentes, vítimas de múltiplas formas de violência de género. Em Portugal, um país com legislação avançada no que diz respeito ao reconhecimento da plena igualdade de direitos das mulheres, os femicídios acontecem a um ritmo assustador. No ano de 2019, em média, houve um femicídio a cada 10 dias. Em Portugal, este ano, em média, foram assassinadas em contexto de intimidade três mulheres por mês. Os números revelam que, também no nosso país, aproximadamente uma em cada três mulheres reconhece ser, ou já ter sido violentada de alguma forma ao longo da sua vida, apenas por ser mulher. Portugal, que se diz ser um país de brandos costumes onde, como na maior parte dos países latinos, “as mães” são aparentemente “idolatradas”, as mulheres continuam a ser as grandes vítimas do sistema patriarcal (e ancestral) porque ainda somos regidas e regidos por práticas sociais atentatórias da liberdade individual de cada mulher. A lei foi à frente tentando marcar o passo, mas as práticas sociais têm-se mantido ofensivamente retrógradas, em muitas circunstâncias, também, apoiadas por sentenças infames e julgamentos públicos sobre a disponibilidade dos corpos das mulheres. A violência contra as mulheres está de tal forma naturalizada em Portugal que, em contextos de profunda brutalidade e de crimes de ódio em razão do género, os media continuam a referir crimes “passionais”, ou a diabolizar as vítimas, por terem escolhido novos parceiros sentimentais, por simplesmente terem deixado de aceitar um quotidiano de violência ou por quererem seguir novos rumos. O caldo “cutural” em que nos movimentamos ainda não reconhece o pleno direito das mulheres a escolherem os seus caminhos e, de forma não oficial, mas “tradicional”, aceita que estes crimes continuem a ocorrer. É por isso que, em 2019, vinte anos passados sobre a declaração do dia 25 de Novembro como Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, estamos na rua em protesto contra a discriminação a que as mulheres continuam a ser sujeitas no nosso país, contra o não reconhecimento do femicídio como um crime de ódio e contra todas as manifestações de violência de género, que são ainda 

mais abusivas, degradantes e ofensivas no caso de mulheres lésbicas, bi e transexuais, mulheres negras ou de outros grupos étnico-“raciais” oprimidos, mulheres migrantes e mulheres pobres. É por isso que, em 2019, vinte anos anos passados sobre a declaração do dia 25 de Novembro como Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, estamos na rua em protesto contra a discriminação e a violência a que as mulheres continuam a ser sujeitas em todo o mundo, em particular em contexto de guerra e em contextos castradores do ponto de vista cultural, político e religioso. O LUTO pelas mulheres assassinadas que exibimos nas ruas no dia 25 de Novembro de 2019, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres é o nosso grito individual de compromisso: “LUTO pela erradicação de todo o tipo de violência contra as mulheres!” Em Lisboa, marchamos em LUTO pelas mulheres assassinadas e em atitude de LUTA por todas as mulheres, de todas as condições sociais, culturais, étnicas, funcionais, etárias, reconhecendo-lhes pleno direito de viverem de acordo com a sua orientação sexual, de identidade de género, em paz e numa sociedade que lhes reconheça, e que pratique, a igualdade em todos os seus aspetos. Em Lisboa, 25 de Novembro de 2019, concentração às 17:30 no Largo do Intendente. Partida às 18:00 para o Rossio. SUBSCREVEM: A SEIES – Sociedade de estudos e Intervenção em Engenharia Social AMPLOS ANIMAR APDMGP – Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto CABE – Combate ao assédio ás brasileiras no exterior CASA DO BRASIL CASA QUI FEM – Feministas em Movimento FEMAFRO Festival Feminista de Lisboa GRAAL ILGA IMUNE Humans Before Borders Plano I POR TODAS NÓS – MOVIMENTO FEMINISTA REDE EX AEQUO Rede 8M UMAR- União de Mulheres Alternativa e Resposta”

https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/1041173566226978/

 

“Todas estamos convocadas para a Greve Feminista Internacional 8 de Março de 2019 Juntas somos mais fortes! A cada 8 de Março a rede 8M mobiliza e convoca todas e todos a fazer greve em defesa dos direitos das  Celebramos a união entre as mulheres e mobilizamo-nos em defesa dos nossos direitos. Somos herdeiras das lutas feministas e das resistências operárias, anticoloniais e antirracistas. Reclamamos o património das lutas pelo direito ao voto, ao trabalho com salário, a uma sexualidade livre e responsável, à maternidade como escolha, à habitação, à educação e saúde públicas. Por todo o planeta, somos as mais traficadas e as mais sacrificadas pela pobreza. Somos do país onde existem 6576 mulheres e raparigas vítimas de mutilação genital. Somos as sobreviventes da violência de género, que em Portugal mata, em média, duas de nós a cada mês, 80% das vítimas de violência doméstica e 90.7% das de crimes sexuais. Somos as vítimas da justiça machista, quando esta fundamenta as suas decisões em preconceitos, e da cultura da violação, que desacredita a nossa palavra e desvaloriza a nossa experiência, procurando atribuir-nos a responsabilidade das violências que sofremos. Somos as que vivem em alerta permanente, porque o assédio no espaço público e no local de trabalho continua a estar presente. 

Somos múltiplas e diversas, de todas as cores e lugares, de todas as formas e feitios, com diferentes orientações sexuais e identidades de género, profissões e ocupações. Somos trabalhadoras, estudantes, reformadas, desempregadas e precárias, do litoral e do interior, do continente e das ilhas. Somos as invisíveis, as negras e as ciganas. Somos tu e eu, somos nós, somos tantas e tão diversas. A 8 de Março, mulheres em todo o mundo levantam-se em defesa dos seus direitos e mobilizam-se contra a violência, a desigualdade e os preconceitos. Porque as violências que sofremos são múltiplas, a Greve que convocamos também o é. No dia 8 de Março faremos greve ao trabalho assalariado, ao trabalho doméstico e à prestação de cuidados, ao consumo de bens e serviços e greve estudantil. Basta de desigualdade no trabalho assalariado! É a nós que nos é exigida a conciliação entre a atividade profissional e a vida familiar, razão que explica que sejamos as que mais trabalhamos a tempo parcial, o que originará reformas e pensões mais baixas no futuro, reproduzindo o ciclo de pobreza. Somos mais de metade das pessoas que ganham o salário mínimo, o que compromete a nossa autonomia financeira. As profissões em que somos a maioria da força de trabalho são muitas vezes social e salarialmente desvalorizadas. Nelas, as mulheres negras e imigrantes são as trabalhadoras mais exploradas e precarizadas. A diferença salarial é, em média, de 15.8%, ou seja, para trabalho igual ou equivalente, os nossos salários são inferiores, o que faz com que trabalhemos 58 dias por ano sem receber. Os cargos mais bem pagos são ocupados por homens, embora sejam as mulheres as que mais concluem o ensino superior (60.9%). A desigualdade salarial com base no género está presente em todo o lado, nas empresas e instituições privadas e públicas. Exigimos salário igual para trabalho igual ou equivalente e a reposição da contratação coletiva como forma de proteger o trabalho e combater as desigualdades. Temos direito a um projeto de vida digno e autónomo: não somos nós quem tem de se adaptar ao mercado de trabalho, é ele que tem de se adaptar a nós. A gravidez ou os cuidados com descendentes e ascendentes não podem ser o argumento escondido para o despedimento ou a discriminação. Basta de desigualdade no trabalho doméstico e dos cuidados! Para além do trabalho assalariado, muitas mulheres, sem que a maior parte das vezes isso resulte de uma escolha, têm de desempenhar diversas tarefas domésticas e de prestação de cuidados e assistência à família. Este trabalho gratuito, desvalorizado e invisibilizado ocupa-nos, em média, 1 hora e 45 minutos por dia, o que corresponde, durante um ano, a 3 meses de trabalho. A contratação de serviços domésticos reproduz muitas vezes várias desigualdades – raciais, de género e de classe, porque é um trabalho frequentemente desenvolvido por mulheres migrantes e racializadas, sem contrato e sem direitos. Reclamamos o reconhecimento do valor social do trabalho doméstico e dos cuidados e a partilha da responsabilidade na sua prestação. Propomos que este tipo de trabalho seja considerado no cálculo das reformas e pensões e defendemos o reconhecimento do estatuto de cuidador/a. Defendemos a redução do horário de trabalho e igualdade nos tempos de descanso e de lazer. Queremos respostas públicas de socialização de tarefas domésticas e de cuidados, das creches às residências assistidas e de cuidados continuados, das cantinas às lavandarias. Basta de reprodução das desigualdades e do preconceito nas escolas! Os currículos pelos quais estudamos continuam a contar a história dos vencedores, reproduzindo vieses de género, classe e raça. A praxe académica, onde o poder é exercido por meio da humilhação, reproduz violência machista, lesbitransfóbica e racista, estereótipos e preconceitos de género e objetificação dos nossos corpos. Defendemos o direito a conhecer a nossa história e a das resistências ao machismo e ao colonialismo, as alternativas económicas, culturais e ambientais. Exigimos o direito a uma educação pública e gratuita em todos os seus níveis. Reivindicamos uma escola da diversidade, crítica, sem lugar para preconceitos e invisibilizações, uma escola livre de agressões machistas e lesbitransfóbicas, dentro e fora das salas de aula, uma escola empenhada na educação sexual inclusiva como resposta ao conservadorismo. Basta de estereótipos e de incentivos ao consumo! Identificamos nos media, nas redes sociais, na publicidade e na moda a difusão da cultura machista. Rejeitamos a sociedade de consumo, que nos condiciona a liberdade e nos transforma em consumidoras. Não somos mercadoria e, por isso, recusamos a exploração dos nossos corpos e das nossas identidades, os estereótipos que ditam medidas- padrão, ideais de beleza formatados, gostos, comportamentos e promovem estigmas e discriminações. Porque exigimos ser protagonistas das nossas vidas e donas dos nossos corpos, recusamos o negócio em torno da nossa sexualidade e saúde reprodutiva e reclamamos a gratuitidade dos produtos de higiene. Basta de destruição ambiental! Recusamos as políticas neoliberais, porque elas são predatórias, destroem a biodiversidade, provocam alterações climáticas e originam milhões de migrantes ambientais, o que dificulta de forma muito particular a vida e a sobrevivência de mulheres, que, em muitas zonas do planeta, são quem se dedica à agricultura e tem a responsabilidade de prover a família de alimentos. Estamos solidárias com as mulheres indígenas que resistem à 

globalização e estão comprometidas com as lutas contra as alterações climáticas, contra a dependência de energias fósseis e em defesa da soberania alimentar. Basta de guerra e de perseguição às pessoas migrantes! Rejeitamos as guerras e a produção de armamento. Para saquear matérias-primas e garantir controlo geopolítico e económico, destroem-se culturas, dizimam-se povos e expulsam-se populações dos seus territórios. As guerras originam milhões de pessoas refugiadas, entre as quais muitas mulheres e crianças, vítimas de redes de tráfico humano e sexual, da pobreza e da destruição. Levantamo-nos pelo fim das guerras, pelo acolhimento das pessoas migrantes e em defesa da alteração da lei da nacionalidade. No mundo ninguém é ilegal! Quem nasce em Portugal é português/portuguesa! Todas estamos convocadas para a Greve Feminista. Todas temos mil e uma razões para protestar, parar, reivindicar. Fazemos Greve porque não nos resignamos perante a desigualdade, a violência machista e o conservadorismo. Fazemos Greve para mostrarmos que as mulheres são a base de sustentação das sociedades. 

VIVAS, LIVRES E UNIDAS! 

SE AS MULHERES PARAM, O MUNDO PÁRA!”.

 

Continue Lendo

Feminicídio

Zona Sul #SP, renova a luta por uma Periferia possível

Publicadoo

em

Há 24 anos que a zona sul de São Paulo renova suas forças toda vez que a população vestida de branco atravessa o bairro na Caminhada Pela Paz e Pela Vida.

Desde 1996, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) apontou o bairro do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo como o “Bairro Mais Violento do Mundo”, que a população passou a se organizar para buscar caminhos próprios para enfrentar o desafio de romper com a lógica da violência, e introduzir uma cultura de paz.

O essencial foi a construção de espaços de participação e diálogo. Os 24 anos de organização desta luta passam por eventos simbólicos como a caminhada, o Fórum Social, o abraço à Guarapiranga, mas também uma série de espaços de encontro e articulação de diferentes demandas. 

 24ª Caminhada Pela Vida e Pela Paz, chamou a todos para levantarem sua voz a favor das vidas. Milhares de pessoas vindas de vários pontos do bairro, se unem todas vestidas de branco, e terminam a caminhada com um ato no Cemitério São Luiz.

24ª caminhada pela Paz, zona Sul #SP. fotos Joana Brasileiro | Jornalistas Livres

 

 

Santos Mártires e o Fórum em Defesa da Vida

 

Um dos pontos de partida da caminhada é a paróquia Santos Mártires que desenvolve uma série de trabalhos junto à população na região desde 1987,  muito antes de haver qualquer ideia de política pública para o bairro. 

A paróquia sedia o Fórum em Defesa da Vida que é a organização de uma rede suprapartidária, inter-religiosa e democrática de organizações que se unem de forma espontânea, para estimular a participação popular em sua plenitude.  

O Padre Jaime Crowe que é dirigente da paróquia e uma importante liderança, mas não pode comparecer este ano à caminhada por estar se recuperando de problemas de saúde. Mas a população compareceu em peso, inundando as principais vias do bairro de branco, e mostrando que existe um caminho possível para a paz.

 

 

 

FÓRUM SOCIAL DA ZONA SUL

Durante os quatro dias, que antecederam a caminhada, (28/10 a 1/11), ocorreu a oitava edição do Fórum Social da Zona Sul, com o tema: “Uma outra periferia é possível, Urgente e Necessária”.  Foram mais de 70 ações espalhadas por todo território, e o encontro foi realizado com integrantes de mais de 10 fóruns e redes da região: Fórum de Defesa da Vida, Fórum da Inclusão, Fórum do Cidadão Idoso, Assistência Social, Fórum do Fundão e das Águas, Fórum de Pesquisadores, Fórum dos serviços contra a Violência na saúde, Rede UBUNTU de cursinhos populares, entre outros. 

Essa entidades, associações e coletivos são todos da região do M’Boi Mirim, Campo Limpo, Jardim São Luís, Capão Redondo e Jardim Ângela. As atividades culturais, incluíram oficinas, seminários, rodas de conversas, exposições e feira de economia solidária.

 

 

 

 

 

A intenção do encontro é fortalecer as lutas populares que buscam a ampliação dos espaços de participação democrática e a garantia dos direitos humanos, da justiça social e da sustentabilidade ecológica.

O Fórum de Defesa da Vida também organiza o Abraço do Guarapiranga, seminários, debates públicos, tribunais populares, e GTs (grupos de trabalho) que realizam ações abordando temas específicos, como: Direitos Humanos; Orçamento Público; e Saúde. 

O final do ato, no cemitério São Luiz, sempre termina com o plantio de uma árvore por crianças e adolescentes, a leitura de manifestos e agradecimento às pessoas que construíram o evento. Maria Vitória Benevides fez uma fala em apoio a ação, representando a Comissão Arns e foram mencionados os apoios das autoridades presentes como o vereadores Eduardo Suplicy (PT), Alfredinho (PT), Donato (PT), os deputados Paulo Teixeira (PT), Carlos Gianazzi (PSOL), Fernando Notari ( PSOL- Bancada ativista), Alexandre Padilha (PT).

 

 

+ EM:  reportagens sobre a Caminhada pela Paz de Heliópolis

https://jornalistaslivres.org/como-se-faz-uma-caminhada-20-anos-de-paz-em-heliopolis/

https://jornalistaslivres.org/heliopolis-pela-paz/

 

 

 

Continue Lendo

Trending