Mais 224 casos confirmados de coronavírus em um dia; total chega a 1.128 e 18 mortes

Pessoas usam máscaras contra coronavírus no centro de São Paulo - Nelson Almeida/AFP

O número de mortos por coronavírus no Brasil chegou a 18 neste sábado (21), segundo balanço do Ministério da Saúde. Na sexta-feira (20), eram 11 mortes. Em um dia, foram confirmados 224 novos casos da doença, passando de 904 para 1.128 infectados.

Por Pamela Oliveira

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

A Sudeste continua sendo a região mais afetada, concentrando 56,9% dos casos do país, com 642 confirmações. Do total de mortes, 15 ocorreram no estado de São Paulo e três no Rio de Janeiro.

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O secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis, declarou, durante coletiva de imprensa que, por conta da determinação oficial de transmissão comunitária em território nacional, o número de casos suspeitos não será mais divulgado pelo órgão.

“Qualquer cidadão brasileiro que apresente síndrome gripal, é um caso suspeito. Não existe mais a correlação com país de origem, com ter viajado ou ter contato com alguma pessoa suspeita de portar o vírus”, declarou.

Calamidade pública

Até o momento, todos os casos confirmados ainda estão concentrados em cidades com mais de 500 mil habitantes. “Estamos com uma situação próxima da Alemanha. Se pudéssemos nos manter nessa situação, seria ideal. Mas é muito cedo para fazermos essa projeção para o futuro”, declarou o secretário-executivo.

Questionado sobre a ausência de medidas que considerem as especificidades das periferias e das favelas, João Gabbardo declarou que em uma situação em que “tem muitas pessoas convivendo por metro quadrado”, o recurso seria “fortalecer a lavagem de mãos com água e sabão”.

“É um desafio imenso, pois estamos falando de regiões com aglomeração inerente. As medidas não farmacológicas visam reduzir a transmissão, de tal modo que o impacto sobre essas comunidades mais vulneráveis seja importante. No entanto, é natural que nos grandes centros, onde temos várias comunidades com essas características, teremos transmissão”, declarou.

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Novos testes de coronavírus

O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kebler de Oliveira, confirmou que mais 10 mil testes foram distribuídos para os estados neste sábado (21), totalizando 27 mil testes no Brasil. Segundo ele, no período de uma semana o país contará “com mais de 5 milhões de testes rápidos”, que devem ser utilizados na identificação do coronavírus para pacientes dentro e fora do grupo de risco.

Apesar das mortes, a taxa de letalidade brasileira segue abaixo da média internacional. Segundo Gabbardo, a taxa nacional é de 1,6%, enquanto a média global é de 3,6%. “A razão entre o número de óbitos e o número de casos confirmados é o que determina a taxa de letalidade. Quando começarmos a realizar os testes rápidos, mesmos os pacientes leves, nós iremos aumentar bastante os casos e, com isso, a taxa de letalidade deve cair”, afirmou.

Menos médicos

Apesar do crescimento acelerado de casos e da perspectiva de aumento para os próximos dias, nesta sexta-feira (20), o Ministério da Saúde decidiu realizar a dispensa de profissionais do Programa Mais Médicos contratados em 2017, ainda durante o governo de Michel Temer.

Os médicos aguardavam a realização do exame Revalida para o reconhecimento dos diplomas de Medicina emitidos por instituições de ensino estrangeiras e poderiam ter os contratos prorrogados por mais 3 anos. Com a dispensa, estes profissionais devem encerrar a prática médica no Brasil a partir da próxima quarta-feira (25).

Gabbardo justificou a ausência do número de inscrição vinculada ao Conselho Regional de Medicina (CRM) como razão para a dispensa, porém não justificou a demora para a realização do exame de validação. “Não existe nenhuma autorização do Ministério da Saúde para que eles permaneçam no programa. Isso pode modificar futuramente, mas neste momento o ministério não está prevendo a ocupação e o chamamento destes profissionais”, afirma.

Convívio social mínimo

Com a declaração de contágio comunitário, as recomendações do secretário-executivo ainda não são restritivas. Mas as recomendações são para a redução do convívio social ao mínimo, com grande atenção para evitar aglomerações. “Não significa fechar as Igrejas, por exemplo. Mas não deve haver qualquer tipo de evento que promova aglomeração de pessoas”, explica.

Gabbardo ainda explicou que é possível circular pelas cidades com algumas cautelas. As recomendações são para  evitar agrupamentos – como elevadores ou grupos de amigos -, andar em carros com os vidros abertos, cobrir a boca ao tossir ou espirrar, evitar contato próximo com membros de uma mesma residência e lavar as mãos com frequência.

Igrejas

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiu, na noite dessa sexta-feira (20), pela suspensão e proibição de missas, cultos ou quaisquer atos religiosos, como medida de contenção ao avanço do coronavírus no estado.

A decisão é do juiz Randolfo Ferraz de Campos e se aplica a reuniões de fiéis ou seguidores em qualquer número e para todas as religiões. A multa pelo descumprimento da determinação foi fixada em R$ 10 mil para os responsáveis por convocar o encontro.

Edição: Camila Maciel

 

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