Muita emoção e coisa boa, na homenagem a essa mulher guerreira que durante toda sua vida e por onde passa, espalha esperança, garra e energia. Luíza Erundina sempre pautou sua vida na luta e construção da UTOPIA de um mundo com justiça social, direitos sociais e dignidade para todos.
Logo ao chegar na UNINOVE neste dia 26 de outubro encontramos uma exposição de fotos, jornais, trabalhos desenvolvidos pelas escolas na época de Luiz Erundina, em que com tanta criatividade e compromisso expressam o que se fez pela Educação Libertadora de Paulo Freire, no dia a dia da escola.
Esta homenagem aos 30 anos da Gestão Municipal de Luiza Erundina à frente da Prefeitura de São Paulo, organizada pelo pessoal da rede municipal de ensino, com todo o suporte da Rádio Madalena, foi de grande sabedoria. Paulo Freire fez parte de sua equipe de governo e juntos assumiram o desafio de, para além da educação formal do sistema de ensino, mudar esta cidade, incluir a periferia no mapa e nas prioridades da cidade, fazer de São Paulo uma cidade educadora, acolhedora e digna para todos, especialmente os menos favorecidos que nunca tiveram direito a voz.
Erundina montou uma equipe guerreira e da mais alta competência e compromisso: Paulo Singer, Paulo Freire, Marilena Chauí, Carlos Neder, Ermínia Maricato, Ladislau Dawbor, Nelson Machado, Amir Khair, Teresa Lajolo, Aldaíza Esposati, Delmar Mattes, João Carlos Alves, Rosalina Santa Cruz, Rui Alencar e tantos outros, mudaram a gestão, deixaram marcas profundas no jeito de administrar esta cidade.Tudo foi mexido, da infra estrutura urbana, como transporte, saneamento, asfalto, às políticas sociais de educação, saúde, cultura, esporte, assistência social, habitação; da ética e controle social da gestão por parte da população ao investimento em formação, compromisso com a gestão pública e valorização do servidor.
Com Luíza Erundina, marco divisor na forma de gestão da Cidade
Luíza Erundina pôs em prática uma concepção social da democracia participativa, democracia da escuta e democracia de direitos. Muitas sementes foram lançadas e frutificam, florescem até hoje. A integração entre as diversas secretarias, de todas as áreas de atuação, gestada na prática ena lida diária tinha o compromisso de conjuntamente desvendarem a cidade submersa, invisível, segregada nas periferias de São Paulo, em que grande parte da população estava à margem dos bens e serviços que a cidade oferece. Desvendar conjuntamente esta dura realidade, a complexidade dos problemas, os grandes desafios para a transformação de São Paulo numa cidade com direitos para todos se dava através de colegiados entre secretários de governo no Gabinete da prefeita, nas secretarias, nos equipamentos sociais com funcionários, pais, cidadãos usuários dos serviços públicos em todas as instâncias, em assembleias populares e através do orçamento participativo em todas as regiões. A prefeita de São Paulo, de 1989 a 1992, juntamente com Paulo Freire transformou nossa cidade numa verdadeira cidade educadora.Segundo Marilena Chauí, Secretária de Cultura na época, a equipe que compôs o governo Erundina tinha um farol, acreditava na UTOPIA de um mundo mais digno e justo para todos.
Mario Sérgio Cortella destaca que “desde o golpe com a presidente Dilma em 2016, estamos à beira do buraco mas que a luta, a força e energia de todos não permitirá que a onda avassaladora de censura, as investidas neoliberais de perda de direitos nos domine. Na educação não permitiremos que a redução do currículo apenas voltado para atender ao mercado de trabalho, de mercantilização do ensino nos deixe quietos”.
Sônia Kruppa reforça “a importância do diálogo e do enfrentamento a todos os desmontes das conquistas do direito à educação, garantidos na Constituição de 1988. Se as forças neoliberais estão aí, nós também estamos em cada escola, em todos os lugares. Tenho muito orgulho da nossa rede municipal de educação.”
Daniel Cara, enfatiza que “As lutas que se travam hoje pela defesa do direito à educação, e em defesa do Plano Nacional de Educação por uma educação pública e de qualidade, são fundamentadas em conquistas que se deram na gestão de Luíza Erundina. Sua gestão demonstrou na prática de que isso é possível”.
Selma Rocha chama atenção para “o grande processo de formação e transformação dos professores que se iniciou,o movimento de reorientação curricular, o Mova, a política de educação de jovens e adultos. Experiências que se criaram na base, foram e se constituem em referência para grande parte das políticas educacionais mais ousadas que permanecem até hoje como ponto de partida para os desafios da educação calcada na filosofia de Paulo Freire, nos direitos humanos e que prepara o cidadão para a vida. Hoje a nível nacional, gestões que tentam implantar sistemas de grandes corporações na educação, não conseguiram acabar com estas diretrizes que foram implantadas.Em cada quebrada, em cada escola, continuamos nas trincheiras de luta que não vão parar por aqui. Lutaremos até o fim para que a escola incorpore os quilombolas, indígenas, negros e todos os segmentos que têm direito a uma educação gratuita e de qualidade para todos, sem distinção de classe, gênero ou raça.”
Chico Alencar fez questão de cumprimentar todos “os educadores pela história que ajudaram a construir e pela homenagem a esta mulher guerreira que não fugiu à luta. Como prefeita da maior cidade do país, enfrentou todo tipo de preconceito, era mulher e nordestina! Sua gestão chegou ao Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e em muitas regiões do país. A visão de Paulo Freire vivida no cotidiano das escolas e a luta por uma educação de qualidade, perseguida por todos, é uma referência que não conseguiu ser destruída apesar de todos os ataques, o que as novas gerações têm que tomar como exemplo. Por isso Paulo Freire é atacado, referência de educação conscientizadora que prioriza o diálogo. Os alunos aprendem e também têm muito a ensinar ao professor. Vocês amassaram barro e participaram com a população de mutirões para melhorar a rua e a vida da comunidade. Acredito que este momento é passageiro, em 2017 não conseguiram tirar o título de “Patrono da Educação Brasileira de Paulo Freire”; em 2018 a gente conseguiu tirar da pauta do Congresso Nacional a Escola Sem Partido; em 2019 a gente aprendeu a trabalhar em silêncio. O que eles querem é a polêmica e a gente conseguiu ganhar, no dia do professor que a Escola sem partido não fosse aprovada no Espírito Santo e em diversas cidades do país. Eles tentam de todo jeito a privatização da educação no país, mas passo a passo, a luta de vocês, da Luíza Erundina e de todas as forças de resistência da sociedade será vitoriosa com os novos ventos das “Veias Abertas da América Latina”. Em 2020 a extrema direita começará a ser derrotada e a vitória se dará pela luta popular.”
Marilena Chauí reforçou que “esse horror implacável da sociedade faz nascer o pensamento, a UTOPIA como desejo de uma sociedade inteiramente outra, de uma sociedade de negação ponto por ponto da sociedade existente. Essa ideia de uma sociedade de justiça, de fraternidade, de solidariedade, de compreensão, de pensamento, de criação da imaginação da fantasia. A UTOPIA parte desse sentimento do presente insuportável e inaceitável que pensa não num programa de ação mas num projeto de futuro no qual poderão surgir programas de ação. É nisso que Erundina acredita, que provou que é possível, é isso que nos permitirá não cair no abismo, não saltar, mas enterrá-lo.”
Mulher guerreira nos chama para o hoje
Luiza Erundina guerreira nos chama para o hoje, “temos que ter muita coragem e determinação para que aquilo que a gente viveu em nossa cidade nos quatro anos de governo, para que a gente leve para o nosso país hoje. Neste período vivemos aquilo que Hannah Arendt dizia, a política é uma ação de sujeitos coletivos. Eu não faria nada sozinha, sozinho não se vai a lugar nenhum. São trinta anos de uma experiência, fraterna, solidária, comunitária. Por isso estamos muito felizes, tínhamos um sonho grande e o sonho não morre, não envelhece, o sonho marca uma vida. Estamos felizes apesar do abismo que estamos vivendo, o sonho continua. O governo não terminou, deu pra ver pelas falas, pelos testemunhos. Quero sair daqui com a certeza de que tudo que nos moveu, que nos deu alegria de viver não terminou. Esperamos que não demore a acontecer um basta popular como no Chile em que milhões tomaram a rua lutando pela democracia da sociedade. Espero que vocês, educadores, ativistas pelos direitos humanos, sejam socialistas. Não vamos esperar que o povo se organize, que partidos tomem a iniciativa. O socialismo se antecipa na forma de viver, na forma de se relacionar com os outros, de maneira solidária e generosa, rompendo com que é o mal maior da humanidade que é o capitalismo. Isso é uma tarefa gigantesca que se cumpre no dia a dia, em cada enfrentamento que tivermos que fazer. Neste tempo aqui me emocionei, pensei na minha trajetória , na minha saída da Paraíba sem querer sair. Cheguei em São Paulo e achei que tinha deixado a luta para trás. Entrei na Prefeitura como Assistente Social, fui trabalhar em cortiços e em favelas e aqui eu me encontrei e percebi que a luta pela terra não estava só lá, que a reforma agrária era lá mas que a luta pela reforma urbana era aqui. Vi que a luta não era só lá, era no campo e era na cidade que deveria ter moradia digna para todo cidadão. Lembrei-me quando me encontrei com Paulo Freire lá na Paraíba, através de seus livros e filosofia, no trabalho com os camponeses, quando jovem, lutando para a alfabetização conscientizadora dos trabalhadores do campo. Era época da ditadura, tivemos que enterrar retroprojetores. Em São Paulo , quando dei aula em uma faculdade, me encontrei com Paulo Freire voltando do exílio e com ele tive um grande aprendizado. Não reclamou do exílio, valorizou a sua volta e reforçou a saudade de seu povo, de sua comida nordestina, dos costumes e modo de ser de seu povo.
Não podemos nos prender ao passado e querer permitir que ele volte, mas pensar no passado agora no presente para pensar no futuro. É por isso que eu continuo contando os anos pela frente para ver quanto ainda Deus e a história me reservam. O povo é capaz de fazer a mudança necessária, dar a virada do jogo, negar tudo aquilo que está acontecendo de crueldade com nosso povo. Vocês verão os efeitos nefastos do que essa previdência acarretará para a vida dos aposentados, o que essa reforma trabalhista vai fazer com os trabalhadores.
O povo precisa ser estimulado pra enfrentar tudo isso, não há espontaneidade para enfrentar um regime de força, ela é muito dura e pesada e lamentavelmente nossos partidos não estão hoje com a condição de ir à frente, carregando o povo juntos, para fazer a mudança. Então cabe a vocês educadores que estão mais próximos do povo, acordar esse povo para sua força, o seu poder, para os seus direitos e pela determinação de lutar por seus direitos”.
A Esperança é Revolucionária
Assim foi que, não foi à toa que cerca de 500 pessoas predominantemente da educação foram à Uninove, tão bem recebidos pelo diretor Romão, celebrar este momento.
O passado nos une, reforça os laços, nos torna mais fortes para seguir na luta. Os desafios são muitos, esta conjuntura de tantos desatinos, perda de direitos, de tentativa de venda do patrimônio público, de políticas de privatização da gestão da cidade, de segregação dos excluídos, de desvirtuamento da gestão pública, de favorecimento de grupos econômicos e da especulação imobiliária em detrimento do povo mais pobre que depende dos serviços públicos para a sua sobrevivência, não pode nos paralisar.
Todo esse pessoal que participou do evento, educadores ainda atuantes na rede ou não, professores universitários, lutadores da “Campanha pelo Direito à Educação”, Coletivos “Linhas de Sampa” e “Flores pela Democracia”, “Rádio Madalena”, “Jornalistas Livres”, militantes das diversas áreas, políticos, foram chamados a viver e tornar realidade em seu a dia a dia, a luta pela UTOPIA, uma possibilidade histórica da qual cada um de nós não pode fugir.
Grande exemplo Luíza Erundina nos deu “O desânimo é conservador, é atrasado e é paralisante. É preciso estimular o povo a se organizar e lutar! A esperança é revolucionária.”
Paulo Freire vive em cada um de nós na responsabilidade pela educação libertadora de nosso povo.
Vamos à luta!
Vamos prá rua!
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A escola popular Eduardo Galeano foi o primeiro local a ser destruído durante despejo violento que começou no dia 12 de agosto deste ano, pela Polícia Militar, e que se seguiu por três dias, no acampamento quilombo Campo Grande, município de Campo do Meio, em Minas Gerais. Após dois meses do despejo, é lançado o curta documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” com depoimentos de educandos, educadores e representantes do setor de educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre a situação atual do acampamento.
Quadro negro no acampamento Quilombo Campo Grande, Campo do Meio (MG). Foto: Lucas Bois / Jornalistas Livres
“Ser analfabeto é a gente ficar no escuro e uma pessoa no escuro, ela não é ninguém”. Essa frase dita no documentário por Adão Assis Reis, explica a importância do acesso à educação contextualizada para alcançar a luz do conhecimento. Aos 59 anos, ele se mostra pronto para voltar à sala de aula assim que a escola for reconstruída. Muitos outros trabalhadores e trabalhadoras rurais poderiam ter a chance de seu Adão, mas os dados vem demonstrando o contrário. Um levantamento de dados do Censo Escolar de 2019, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), sobre o número de estabelecimentos de ensino na Educação Básica apontou que, entre 1997 e 2018, foram fechadas quase 80 mil escolas no campo brasileiro. A Escola Popular Eduardo Galeano entra para a estatística não só como mais uma, mas como exemplo de uma política de fechamento de escolas do campo que acontece há anos no país.
Desenho de uma criança do acampamento Quilombo Campo Grande, ao relembrar o dia do despejo e derrubada da Escola Eduardo Galeano. Frame do documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” (2020).
O MST chegou a lançar uma campanha de denúncia em 2011, intitulada “Fechar escola é crime”. E em 2014 foi aprovada a lei (12.960/2013) que obrigou a realização de consulta às comunidades antes do fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas. Mas parece que não surtiu muito efeito. A própria escola Eduardo Galeano foi fechada pelo governo de Minas Gerais no início de 2019, logo após outra tentativa de desejo no assentamento quilombo Campo Grande em 2018 e reaberta pela resistência do Movimento. “Quando começou o governo de Romeu Zema (Novo) nós recebemos a triste notícia que a Escola seria fechada. E a justificativa era poucos educandos. Eram duas salas aonde chegamos a ter 75 pessoas matriculadas. E, na maioria das vezes, nós mesmos que mantivemos a escola funcionando com nossos recursos porque mesmo sendo uma escola reconhecida, não era garantida pelo Estado”, explica Michelle Capuchinho do setor de Formação do MST.
Ciranda das crianças do acampamento Quilombo Campo Grande, Campo do Meio (MG). Frame do documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” (2020).
O curta documentário descreve como o despejo e a destruição da Escola impacta diretamente inúmeras famílias, sobretudo crianças e adolescentes. Isso somado a um período onde o isolamento social e medidas de proteção à saúde deveriam ser prerrogativas à gestão estadual no enfrentamento à Covid-19. O MST alega que o despejo foi feito de forma ilegal, já que o processo judicial abrangia 26 hectares inicialmente e depois, sem justificativa e transparência das informações, foi ampliada para 53 hectares no último despacho da Vara Agrária que culminou no despejo de 14 famílias. Cerca de 450 famílias permanecem na área da usina falida Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), que encerrou as atividades em 1996.
Ficha técnica Curta-documentário: “Sonhos no chão, sementes da educação” Imagens e edição: Lucas Bois Roteiro: Raquel Baster e Lucas Bois Duração: 22 minutos Ano: 2020
A Justiça Federal deu um chega-pra-lá nos militares do Colégio Militar de Belo Horizonte e proibiu o retorno às aulas presenciais a partir da próxima segunda-feira, 21, a exemplo do que outras instituições do Exército pretendem fazer no país. A instituição tem cerca de 750 alunos, 42% do sexo feminino. Dezenas de pais de alunos são contrários à volta às aulas, mesmo com uma série de protocolos a serem adotados. Durante a ditadura, as instalações da escola abrigaram presos políticos, que foram vítimas de tortura no local.
A retomada das atividades escolares na unidade do Exército provocou discussões tanto na Prefeitura de Belo Horizonte quanto no Ministério Público Federal e, como medida de segurança, o Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal (Sindsep-MG) entrou na Justiça com um pedido em tutela de urgência para continuidade do regime remoto de aulas, o que foi acatado com a fixação de uma multa de R$ 5 mil por dia, caso ocorra descumprimento da determinação.
Colégio do bairro Pampulha foi usado para abrigar presos políticos durante a ditadura
Sem prejuízo
Na quarta-feira, 16, a direção do Colégio Militar encaminhou às famílias um comunicado informando sobre o retorno obrigatório às aulas na unidade, exceto para os alunos que comprovassem pertencer a grupos de risco para o novo coronavírus. Porém, para o sindicato, o retorno não é necessário, uma vez que os alunos não estariam sendo prejudicados pelo sistema de aulas on-line. Pela avaliação dos professores, os estudantes estão respondendo bem às aulas.
“Nós estamos conversando com os professores há mais de um mês, logo que eles perceberam que seriam convocados para um planejamento presencial das atividades e que incluía desde então o retorno às aulas na própria escola. Nós entendemos que não é necessário um retorno presencial quando tudo pode ser feito remotamente. Sabemos que a cidade está em processo de reabertura, mas achamos que não há necessidade de colocar mais pessoas nos ônibus e nas ruas se os alunos estão respondendo bem às aulas remotas. As aulas estão tendo qualidade”, ressaltou a diretora do Sindicato, Jussara Griffo, ao jornal O Tempo.
Segundo Jussara, o Colégio Militar tinha determinado que retornariam apenas aqueles funcionários que não compõem grupos de risco para a pandemia do novo coronavírus, mantendo em regime remoto, portanto, aqueles com idades superiores a 60 anos e portadores de comorbidades. “Se algumas pessoas permaneceriam em casa, entendemos que o trabalho pode ser mantido remotamente, então não há necessidade de retornar também os outros. Para quê colocar alunos em risco, famílias e professores? Se os alunos estão respondendo bem às aulas remotas, podemos mantê-las”, declarou.
O comunicado feito pelo colégio indicava que haveria um revezamento entre turmas e a adoção de medidas sanitárias relacionadas à Covid-19 para garantir a segurança de estudantes, funcionários e familiares. O retorno contradiz as políticas municipal e estadual que ainda mantêm as aulas suspensas nas redes pública e particular de Minas Gerais. Autoridades da Prefeitura de Belo Horizonte declararam nessa sexta-feira, 18, que poderia procurar a Justiça para pedir a proibição da retomada do ano na unidade militar. Em uma mesma direção, o Ministério Público Federal determinou que o diretor do colégio, o coronel Marco José dos Santos, explicasse à Justiça com um prazo máximo de 24 horas quais estudos técnicos e protocolos de segurança justificariam o retorno às aulas presenciais.
Barbacena
Desde o dia 26 de maio mais de 200 alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar) em Barbacena, no Campo das Vertentes, em Minas, testaram positivo para Covid-19. No dia 22 de junho, o Ministério Público Federal emitiu recomendação ao diretor de Ensino da Aeronáutica, major-brigadeiro do Ar Marcos Vinícius Rezende Murad, e ao comandante da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, brigadeiro do Ar Paulo Ricardo da Silva Mendes, para suspender imediatamente todas as aulas e demais atividades acadêmicas presenciais. A Epcar é uma escola de ensino militar sediada em Barbacena que admite alunos de idade entre 14 e 18 anos por meio de concurso público. No local, estudantes de várias cidades de todo o Brasil vivem em regime de internato e, por isso, dormem em alojamentos e têm aulas em horário integral.
Única vereadora preta de Natal celebra cota do fundo eleitoral para candidaturas negras
Divaneide Basílio (PT) acredita que a decisão do Tribunal Superior de Eleitoral, que determina distribuição proporcional do fundo eleitoral e partidário para candidaturas negras vai incentivar a participação de mais negros e negras na política
O Tribunal Superior Eleitoral determinou que a partir de 2022 os fundos partidário e eleitoral terão que ser usados de forma proporcional para as candidaturas negras. A decisão é estendida também para o uso do tempo no rádio e na TV das campanhas.
O posicionamento do TSE é fruto de uma consulta feita pela deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que solicitou a destinação de 50% da verba para candidaturas negras, uma vez que conforme dados do IBGE o Brasil tem 55% da população nesse recorte.
A medida foi anunciada pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e tem a intenção de reduzir o desequilíbrio na participação eleitoral e no financiamento de campanhas das candidaturas de negras e negros. Essa deliberação se soma à determinação de 2018, que obriga o repasse de percentual fixo de 30% do fundo eleitoral para candidaturas de mulheres.
A subrepresentação das mulheres nos espaços de poder do Brasil, e em especial das mulheres pretas, é uma realidade. As mulheres são 51% da população brasileira, mas governam apenas 12% das prefeituras. Já as mulheres pretas administram apenas 3% dos municípios mesmo representando um contingente de 27% da sociedade.
E mesmo as cidades governadas por mulheres são proporcionalmente menores do que aquelas que contam com homens na chefia do Executivo. Apenas 7% da população no país moram em municípios administrados por mulheres, brancas ou pretas. Do total de prefeituras governadas por mulheres, 91% são de municípios com até 50 mil habitantes
Os dados estão disponíveis para consulta pública e foram divulgados pelo Instituto Alzira, organização que desenvolve ferramentas para contribuir com o aumento na participação das mulheres na política.
Para ela, a decisão do TSE deve garantir maior representatividade nos parlamentos:
– Acompanhamos com lupa esse debate, esse tema é algo para nós muito significativo porque vai garantir a ampliação da representatividade. Uma parlamentar como a Benedita da Silva (PT-RJ) provocando esse debate só reforça que a representatividade importa e que nós podemos disputar em condições de igualdade. Porque essa é uma pauta de todo o país. Eu sou a única negra em Natal, mas na maioria dos estados também é assim”, destaca.
Divaneide comemora e compara a decisão do TSE válida para 2022 com a obrigatoriedade do repasse de 30% para as candidaturas femininas.
– O processo, apesar de lento, já representa para as mulheres um avanço. Uma mudança de postura, com isso mais mulheres estão percebendo que poderiam se candidatar, tem melhores condições pra isso. Não é fácil conciliar a vida doméstica com o trabalho. E é uma mudança que nós, no PT, já iniciamos com o projeto Elas por Elas, garantindo formação. Lançamos esse projeto dm 2018 e hoje já é uma realidade e tem ajudado a nos fortalecer. No Rio Grande do Norte o Elas por Elas ajudou na capacitação das mulheres, contribuiu com o planejamento da campanha e aumento o nível de debate”, disse.
Além da questão financeira, a parlamentar que tentará a reeleição em 2020 acredita que a decisão do TSE estimula o envolvimento da população negra do debate político. O próprio Instituto Alzira reconheceu o avanço já notado em 2018 embora a subrepresentação seja latente.
Divaneide não acredita que haverá uma disputa por mais espaço entre candidatos negros e candidatas negras. A pauta antirracista, segundo ela, vai unir o candidatos.
– Vai ser bom pra todo povo negro. A pauta antirracista é de todo mundo, negro e negra. Nós mulheres negras estamos fazendo um debate para aprimorar o gênero de classe e raça. Vamos fazer um Elas por Elas com recorte de mulheres negras. Essas interfaces não são para colocar um grupo em superioridade, mas para mostrar que aquele grupo representa mais de uma identidade”,
Lenita Perrier
31/10/19 at 7:21
Nunca consigo copiar as matérias desse site. Nunca posso enviar pelas redes sociais. Não entendo essa restrição. Help. Obrigado.
Raquel Wandelli
31/10/19 at 12:52
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Heloiza helena matos e nobre
31/10/19 at 7:58
Parabéns, querida Erundina e seu grupo que revolucionou a educação na cidade de SP!
Wilson
02/11/19 at 16:48
Foi um prazer lecionar com essa equipe de mestres na periferias da zona leste. Obrigado.