Vou me embora pra Wakanda. Lá sou soldada de Okoye.

ilustração Joana Brasileiro | Jornalistas Livres

Pantera Negra é um filme sobre poder.

Poder de descolonização mental para construir novos caminhos e horizontes.

Poder das mulheres negras na sustentação do mundo.

Poder da política como arte da concertação e da responsabilidade pelos mais fracos.

Poder do amor como agulha e linha para tecer relações humanas.

Poder do humor, da ironia e da assertividade para apontar aos brancos (mesmo os desconstruidões) o seu lugar numa sociedade liderada por negros.

Poder da beleza, da lealdade, do respeito, da solidariedade, da honra e da memória para gerar encantamento.

Poder do ressentimento que destroi e amargura o peito.

Poder da fragilidade reconhecida que exuzilha e reconfigura quereres e atitudes.

Pantera Negra é um filme sobre a tradição geradora de sentidos como pilar do afrofuturismo. É a mais alta tecnologia macerada no pilão de madeira pelas mãos da mãe, para liberar a essência que devolverá a vida ao filho-herói.

Mas daqui, dessa diáspora brasileira que guardou Áfricas no miolo e nas bordas, que as reinventou, mas não precisou redescobri-las, porque as Áfricas nunca saíram de nós e vivenciá-las no cotidiano foi o que nos permitiu chegar até aqui; desse lugar que nos habita, digo, quando a poderosa saudação a Wakanda for feita, reconheçamos dois Oxês de Vibranium cruzados sobre o peito para reverenciar o Rei de Oyó.

Ao cabo, Pantera Negra é um filme sobre filosofia da ancestralidade, o poder que nos permitiu chegar até aqui.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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