Na tarde de ontem (11/05), quando o senador Cristovam Buarque (PPS) proferia suas justificativas para votar a favor do golpe, os Jornalistas Livres soltaram uma nota homenageando os estudantes Jonas Barros e Ivan Aguiar, mencionados no discurso. O texto rendeu mais 3.000 compartilhamentos e chegou até os familiares de Ivan que indignados comentaram o voto:
Tempos estranhos estes onde um senador evoca seu passado de manifestante de rua pró-democracia, como justificativa de um voto para demover uma presidenta eleita, em uma pantomima midiática e parlamentar travestida de impeachment.
Cristovam Buarque desonrou a memória dos mártires da democracia ao citar os dois estudantes mortos em 01 de abril de 1964, na passeata contra o golpe militar que depôs o Presidente João Goulart e o Governador Miguel Arraes, em Pernambuco.
Dentre as vítimas, Jonas Barros e Ivan Aguiar, secundaristas assassinados a tiros pelo Exército.
Eles foram para a rua para defender a legalidade, as políticas sociais, o governador de esquerda que pagou com o mandato e com o exílio sua fidelidade às causas populares. Cinquenta e quatro anos depois, o que era dor virou orgulho. Arraes, Ivan e Jonas são heróis da democracia. O que dirá o futuro dos golpistas de ontem e hoje?
O senador em seu discurso afirmou que a esquerda envelheceu. Os irmãos e sobrinhos de Ivan Aguiar, alguns septuagenários, estamos empunhando nossas bandeiras defendendo a democracia e o respeito ao voto. De lá da rua testemunhamos o acaso da biografia daqueles que mudaram de lado, seduzidos pela ribalta que é oferecida aqueles que querem desmontar as conquistas trabalhistas.
Triste o país onde envelhecidos estão nas ruas e os velhacos no Parlamento.
Se fosse vivo e ocupasse uma tribuna do Senado, Ivan estaria defendendo os estudantes paulistas que estão sendo massacrados pela polícia e roubados por políticos que freqüentam colunas sociais.
Estaria denunciando que quando se solapa a democracia, quando a legitimidade de um eleito é subtraída por conchavos parlamentares, o que se está promovendo é a violência. Violência simbólica num primeiro instante, violência física contra quem for contra o estado de coisas logo depois.
Cristovam Buarque não deveria se preocupar tanto com nossos heróis do passado. Eles pagaram o tributo e forjaram as futuras gerações. Deveria ele se preocupar com as vítimas do futuro. As vítimas dos cortes dos programas sociais, da desvinculação dos recursos sociais do orçamento, da supressão dos direitos trabalhistas, das privatizações e de toda a agenda do governo ilegítimo nascente.
A esquerda verdadeira, o militante altruísta e generoso que quer construir um mundo mais solidário, vem escrevendo os melhores capítulos da história do Brasil. Os parlamentares golpistas, especialmente os que traíram suas raízes, vão merecer no máximo uma nota de rodapé no panteão onde figuram Calabar, Silvério dos Reis e Cabo Anselmo.
Erivan Aguiar, Danúbio Aguiar, Nadir Aguiar, Vânia Paduschka de Aguiar, Iran Aguiar
Nota dos Jornalistas Livres:
Para justificar votar Sim ao GOLPE, Cristovam Buarque (PPS), em mais uma crise de consciência, citou os dois jovens pernambucanos mortos a tiros por um pelotão do exército quando lideravam uma passeata estudantil no primeiro dia do golpe de 1964.
O discurso do senador é uma tentativa vergonhosa de criar confusão na cabeça dos jovens menos avisados.
Não, Cristovam Buarque! Os estudantes Jonas José de Albuquerque e Ivan Rocha Aguiar, não traíram a democracia brasileira, como o senhor! Morreram em Recife lutando para evitar a deposição do governador eleito pelo povo, Miguel Arraes, e CONTRA O GOLPE MILITAR.
Aos estudantes Jonas e Ivan nossa eterna gratidão e admiração.
A História julgará traidores como Cristovam Buarque, Aloysio Nunes e Marta Suplicy.