História de pescador, por Dirce Waltrick do Amarante

Os três crânios, Paul Cézanne.

Por Dirce Waltrick do Amarante*

 

Depois de implementar o turismo na Ilha de Fernando de Noronha e dar um gás na economia do agronegócio, liberando o uso de agrotóxicos, o presidente pôde, finalmente, descansar um pouco e se dedicar ao seu hobby favorito, a pesca.

Pescava, sossegadamente, botos-cor-de-rosa no meio do Rio Amazonas, quando após fisgar algumas peças de roupa e alguns manequins, se deu conta que estava no bairro de Bom Retiro, em São Paulo.  O fato é que as chuvas de março haviam transformado o país num grande mar.

Indignado com a falta de peixes na capital paulistana, o presidente foi pedir satisfação para o governador do estado. Mas este não estava mais lá. A correnteza dos Jardins o levou em direção à Veneza, onde fixou residência, depois de comprar um par de botas de chuva Louis Vuitton.

Já o presidente permaneceu boiando no Bom Retiro e seguiu pescando cadeiras, colchões, manequins, uma e outra peça de roupa e alguns cadáveres.

 

*Professora na Universidade Federal de Santa Catarina.

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