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#HaddadeManuSim: eleitorado pró-Haddad se fortalece a poucos dias do segundo turno

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por Isabela Abalen e Milena Geovana, especial para os Jornalistas Livres

 

Bruna Sampaio durante o ato Haddad e Manu Sim na Praça da Estação, Belo Horizonte. Crédito: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

“Por um futuro melhor que a gente acredita e luta há muito tempo. E é isso: uma eterna resistência que a gente está fazendo, porque o cenário é de muito ódio, e não é isso que queremos para o futuro de nossas crianças.” Contou a cientista social, Bruna Sampaio, que está grávida de um menino e já tem outra criança em casa. Ela tem certeza do seu voto, que vai em apoio ao presidenciável do PT nesta corrida ao Palácio do Planalto, Fernando Haddad. Para Bruna, a vitória do candidato à frente no segundo turno, Jair Bolsonaro, do PSL, ainda não está dada: “A gente sabe quem está do lado do povo e quem não está, é por isso que a gente segue acreditando”, concluiu.

 

O próximo domingo (28) está marcado na agenda. Cerca de 147 milhões de eleitores vão às urnas para decidir quem será o novo presidente do Brasil, como a nova ou o novo vice presidente. Dentre tantas movimentações, o último sábado (20) foi data de atos culturais em todo o país para promoção do candidato Fernando Haddad, do PT, junto à sua vice, Manuela D’Ávila, do PCdoB. A equipe dos Jornalistas Livres de Minas Gerais esteve presente na manifestação cultural de Belo Horizonte, que aconteceu no centro da capital mineira e contou com apresentação de 42 blocos de carnaval protagonizados por mulheres, para conversar com algumas das que saíram de casa a fim de fortalecer o grito #HaddadeManuSim. A advogada Jerusa Furbino foi uma delas. Ela que não veio sozinha, trouxe a filha mais nova, Lívia, de oito anos, e a amiga Marry, com suas duas filhas.

 

Jerusa fez uma comparação entre os dois presidenciáveis que concorrem o segundo turno para justificar sua escolha. “Como advogada, eu entendo que nós temos que defender o estado democrático de direito, e não deixar essa ameaça de um candidato que quer governar somente para a maioria acontecer. Um candidato que diz que quer eliminar uma minoria é abominável nos dias de hoje”, disse, fazendo menção ao discurso de Jair Bolsonaro durante campanha em Campina Grande, Paraíba, em fevereiro do ano passado. “Nós temos que ter um presidente que pense na educação, que pense no futuro do país, que pense nas minorias e que trabalhe em prol dessas minorias, porque elas têm o direito igual ao de todos”.

Jerusa Furbino, de chapéu branco, com sua filha, Lívia, à frente, e a amiga com suas filhas ao lado. Crédito: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

Liliana Cunha balançou bandeira pró-Haddad e Manuela D’Ávila em Belo Horizonte. Crédito: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

Quem não pôde levar a filha, mas a trouxe em motivação, foi a psicóloga Liliana Cunha. Liliana contou ter uma filha homossexual e se preocupar em como ela será tratada pela próxima gestão presidencial. “Eu luto muito por ela. Eu não quero ver a minha filha sofrendo, então eu luto pela minha filha e pelas filhas e filhos de outras mulheres, porque é isso que eu quero: um Brasil de amor”, disse.

 

Em um ato erguido pelas mulheres, que somam cerca de 50% de rejeição à Bolsonaro segundo o último levantamento Datafolha por distinção por sexo, de 4 de outubro, movimentos da luta da mulher marcaram presença. A Marcha Mundial das Mulheres foi um deles. Também, o Movimento de Mulheres Olga Benário compareceu. Indira Xavier, Coordenadora da Casa de Referência da Mulher Tina Martins, e do Movimento Olga Benário, estava de roxo, a cor da luta feminina. “[estamos aqui] Para dizer que nós temos memória, temos história, e que somos contra a ditadura militar e contra o retrocesso em nosso país. Nós sabemos que a violência,  seja ela qual for, ataca sobretudo as mulheres, e temos visto que o aumento dessa violência vêm crescendo exponencialmente em nosso país”.

 

Indira Xavier usando seus adesivos em campanha ao candidato Haddad. Créditos: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

Apesar de serem maioria presente no ato do dia 20, as mulheres não foram as únicas que saíram de casa no fim de semana para declarar o apoio aos candidatos da coligação “Brasil Feliz De Novo”, o que engrandeceu ainda mais o ato. Como destacou a estudante Luanna Costa: “Estou gostando muito dessa manifestação há uma semana do segundo turno das eleições, porque tem uma representatividade muito grande de mulheres, negros e homessexuais.” O respeito a diversidade é uma pauta que foi bastante destacada pelos manifestantes, que contaram não sentir o mesmo vindo dos discursos do presidenciável Jair Bolsonaro.

 

Para a psicóloga e psicanalista,  Renata Cristina Belarmino, fica bem claro a importância de todas as manifestações que ocorreram durante o período eleitoral para defender a diversidade e lutar por mais igualdade. De início, tímida, acabou nos soltando um discurso: “Eu trabalho na área da saúde mental, milito nela, pela democracia, pela liberdade, pela vida e pela justiça. Acho que esse movimento transfere para a gente a representação do sujeito que luta. É um movimento que ultrapassa a barreira política, não é pela bandeira, mas sim pelo significado do sujeito, que se impõe contra tudo o que a gente está aqui lutando hoje. Um sujeito que é toda a representação do machismo, do racismo, da homofobia e de tantas outras ‘bias’ da vida que nos impedem de avançar.  Seja em qualquer magnitude dessa manifestação, o povo brasileiro se colocou porque ele teve que se colocar. E esse agrupamento hoje traz a simbologia do eu e do todo, que não olha só para si.

 

Luanna Costa levou seu livro “Ele Está de Volta”, do escritor alemão, Timur Vermes, ao ato cultural Haddad e Manu Sim. Créditos: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

Eu não preciso ser negra para me implicar na militância negra, eu não preciso ser lésbica para me implicar na militância LGBT, eu não preciso ser nada para me implicar em qualquer militância. Eu preciso ser ser-humano para me implicar com a militância da vida.”

 

E a psicóloga finalizou: “Então eu penso que no primeiro ato que a gente fez, tínhamos sim um caráter de construção política de levantar bandeiras, de ter foco no lugar que a gente queria chegar, um caráter de quem a gente vai derrotar, quem é o nosso inimigo. Mas neste momento a gente traz um olhar mais para quem é você, olha para o que você é e o que quer representar neste dia 28.  Por isso tá lindo o movimento, não é apenas um número, é a energia que passa.” Renata também participou do ato do dia 29 de setembro, chamado de “Mulheres Contra Bolsonaro”. 

 

A mobilização do último fim de semana levou mais uma vez pessoas às ruas, essas que nos contaram acreditar no voto consciente, que, segundo elas, zela por todas as minorias e pode eleger um candidato que respeite essa diversidade e mudar o país. A poucos dias do segundo turno, apoiadores se movimentam acreditando em uma virada na corrida eleitoral. Amanhã (24), Fernando Haddad faz campanha em Belo Horizonte, às 10 horas da manhã, na Rua da Bahia, ao lado do Museu Inimá de Paula. Acompanhe toda a semana de mobilização pró-Haddad e Manuela D’Ávila na cidade clicando neste link.

 

A psicóloga e psicanalista, Renata Belarmino, ao meio, com suas amigas que a acompanharam na manifestação. Créditos: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

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1 Comment

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  1. Inácio da Silva

    23/10/18 at 17:03

    Chega do partido dos ladrões comandados por um presidiário!!!!

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Nota da ABI – Bolsonaro mente na ONU e envergonha o Brasil

No seu discurso na manhã desta terça-feira na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro contribuiu para que o Brasil caminhe para se tornar um pária internacional.

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No seu discurso na manhã desta terça-feira na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro contribuiu para que o Brasil caminhe para se tornar um pária internacional.
Sem qualquer compromisso com a verdade, o presidente afirmou que seu governo pagou um auxílio emergencial no valor de mil dólares para 65 milhões de brasileiros carentes, durante a pandemia. O auxílio foi de 600 reais.
Bolsonaro mentiu
O presidente responsabilizou, ainda, índios e caboclos pelos incêndios na Amazônia e no Pantanal, que alcançam níveis nunca antes vistos no País. Todas as investigações, inclusive de órgãos oficiais, indicam que fazendeiros estão na origem das queimadas.
Como se vê, de novo Bolsonaro mentiu.
O presidente transferiu a responsabilidade para governadores e prefeitos pelos quase 140 mil mortos vítimas do coronavírus. Todo o país é testemunha de sua leviandade, ao classificar a pandemia de “gripezinha” e ir na contramão dos procedimentos defendidos pelas autoridades de Saúde.
Assim, mais uma vez Bolsonaro mentiu.
A ABI, com a autoridade de seus 112 anos de existência em defesa da democracia, dos direitos humanos e da soberania nacional, repudia esse comportamento que vem se tornando recorrente e conclama o povo brasileiro a não aceitar o verdadeiro retrocesso civilizatório que o governo está impondo ao País.
Paulo Jeronimo – Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

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Sem papas na língua. Juliano Medeiros no Dialogando de hoje

Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? Tudo isso e um pouco mais, sem papas na língua, como diz o Pastor Fábio. Vem!

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Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? No Programa Dialogando desse domingo (26/07), 18h, o Pastor Fábio recebe Juliano Medeiros, presidente do PSOL para um papo sobre eleições e aprendizados da pandemia que passa por uma das fases mais críticas do momento, onde prefeituras e governos de vários Estados do país programam reabertura de mais uma parcela considerável de setores, enquanto isso, a mídia normaliza as curvas ascendentes do número de infectados pelo Coronavírus.

Outra pergunta que precisa ser respondida é qual é o sentido das eleições serem realizadas ainda neste ano? Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? Tudo isso e um pouco mais, sem papas na língua, como diz o Pastor Fábio. Vem!

Assista, compartilhe. comente e mande perguntas no Facebook.

Juliano Medeiros é um jovem dirigente político da esquerda brasileira e desde janeiro de 2018 ocupa a presidência do Partido Socialismo e Liberdade. Historiador e Mestre em História pela Universidade de Brasília, é Doutor em Ciências Políticas pela mesma instituição.

Co-autor e organizador de Um Mundo a Ganhar e Outros Ensaios (Multifoco, 2013), Um Partido Necessário – 10 anos do PSOL (Fundação Lauro Campos, 2015) e Cinco Mil Dias: o Brasil na era do lulismo (Boitempo, 2017), colabora com sites, jornais e revistas no Brasil e exterior.[2]

Em 2018 coordenou a campanha de Guilherme Boulos à Presidência da República pelo PSOL[3] e, no segundo turno, após decisão do partido, passou a integrar a coordenação da campanha de Fernando Haddad[4]. Desde a vitória de Jair Bolsonaro, participa do Fórum dos Presidentes de Partidos de Oposição[5].

Durante mais de uma década Juliano Medeiros foi dirigente da corrente interna Ação Popular Socialista – Corrente Comunista do PSOL. Em Junho de 2019, a APS-CC se fundiu com o Coletivo Rosa Zumbi e mais oito coletivos regionais para fundar a Primavera Socialista, atualmente maior tendência do PSOL, da qual Juliano também é dirigente.[6]

Fábio Bezerril Cardoso é Pastor, cientista social, ativista social e Cofundador & Coordenador da Escola Comum e atualmente apresenta o Programa Dialogando, todos os domingos, às 18h. É um dos pastores progressistas que têm lutado pela defesa dos povos periféricos e costuma não ter papas na língua para falar sobre a realidade desses lugares. A produção é de Katia Passos, com arte de Sato do Brasil.

Conheça mais sobre a atuação do Pastor Fábio https://www.facebook.com/fabio.bezerrilhttps://www.facebook.com/fabio.bezerril

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Hilário Ab Reta Awe Predzaw e a história de um povo, historicamente, moído pelo ódio ou indiferença

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Por Diane Valdez, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, militante do Movimento de Meninos(as) de Rua e Comitê de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno

 

 

Hilário Ab Reta Awe Predzaw, 43 anos, morador da Aldeia Xavante N. S. de Guadalupe, em Barra do Garças, Mato Grosso, morreu na madrugada de 18 de junho de 2020, vítima do descaso governamental que permitiu a chegada do Coronavírus em sua comunidade. Era aluno do 5º período do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás. Sua tia morreu há pouco mais de uma semana vítima do mesmo descaso, a mãe e seus dois irmãos, seguem contaminado pelo vírus, assim como outros Xavantes e outras pessoas de etnias indígenas de todo o Brasil.

Hilário entrou na UFG, pelo sistema de cota para indígenas, no ano de 2018. Chegou com o já conhecido atraso histórico de acesso dos povos originários no ensino superior, ainda que a UFG seja uma das universidades públicas que tem buscado cumprir com o direito de povos indígenas ao ensino universal, o acesso e a permanência ainda sofrem de fragilidade.

A trajetória de Hilário, na UFG, não se limitou às dificuldades ocasionadas pela pobreza, como muitos de nossas/os alunas/os enfrentam. A academia era um outro mundo, distante de sua comunidade, não só em quilômetros, como também em movimentos culturais, sociais e políticos. Talvez essa distância, o fazia um aluno reservado e observador, sem abrir mão da seriedade e interesse pelo conhecimento.

Era umas das lideranças de seu povo, portanto, sabia da responsabilidade que assumia frente a comunidade, ele seria um professor, um educador de seu chão, de sua gente. Hilário trabalhava em uma escola, com o formato de um Tatu Bola, na sua aldeia, trabalhava na área de serviços gerais, em breve voltaria como Professor!

No primeiro ano de curso, Hilário, na desconfiança de seu silêncio indígena, que não significava submissão, tentava se inserir no mundo acadêmico. Veio um tempo, que largou tudo e voltou para a aldeia, não por opção dele, mas por opção deste desgoverno que é incansável na destruição de direitos dos povos originários.

O Ministério da Educação e Cultura, suspendeu todas as bolsas de permanência para a população indígena e quilombola. Um grupo de alunas e professoras se juntaram, arrecadaram dinheiro e o trouxeram de volta para a Faculdade. Foi feita uma mobilização de docentes e discentes sensibilizados e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFG, cumprindo seu importante papel, disponibilizou uma bolsa e outros auxílios emergenciais.

Nessa ocasião, quando perguntado sobre o porquê de não falar nada dos problemas para colegas, e voltar para sua comunidade, Hilário disse que achava que ninguém sentiria falta dele.

No segundo ano, trouxe seu curumim para estudar em Goiânia, começou a trabalhar como intérprete na escola, acompanhando seu filho na dificuldade com a lingua. Era visível seu orgulho de exercer a função de intérprete. Lutou e enfrentou as diferenças que separavam as culturas e, como muitos, guerreou como seus ancestrais, para não perder seu lugar de legítima conquista.

No início da Pandemia, que começou junto com o semestre letivo, Hilário resistiu em voltar para sua comunidade, tinha medo das aulas retornarem e ele não estar presente na Faculdade, isso aponta o lugar que a UFG ocupava em sua vida. Quando percebeu que seu povo não estava acreditando na letalidade do vírus, retornou para alertar todos sobre o perigo. A UFG, cumprindo seu papel de instituição pública, providenciou o transporte para seu retorno no Mato Grosso.

Em maio, informou para duas amigas, que sua comunidade precisava de cobertores, pois fazia muito frio, e seu povo estava adoecendo. Elas mobilizaram, imediatamente, uma Vakinha On Line, onde arrecadou-se pouco mais de três mil reais, no entanto, como o total da arrecadação demora para ser liberado, emprestaram dinheiro e compraram os cobertores de forma mais hábil, enviando-os dia seguinte.

Os sintomas que atingia a comunidade, febre, falta de ar etc. já indicavam que era Coronavírus, no entanto, isso não foi motivo de interesse governamental, que poderia ter evitado o alastramento do vírus.

Ao apresentar os sintomas da doença, Hilário mostrou-se resistente em ir para o hospital, tinha dificuldade de aceitar o tratamento “dos brancos”. Acreditava nos rituais de seu povo, no tratamento natural que conhecia há tempos. Por outro lado, a histórica resistência dele, fazia todo sentido, pois sabemos como os povos indígenas são tratados neste país tão indígena que não se reconhece como indígena. Foi convencido a ir para o hospital e, na última conversa com as amigas em chamada por vídeo, estava muito escuro, e a família arrumou uma lanterna para as meninas verem o rosto dele, que disse para elas, em lágrimas, que estava somente suado, quando perguntado se estava com medo, disse que sim, que estava com muito medo…

A ida para o hospital foi acompanhado de longe pelas amigas, falavam sempre com a Assistente Social que afirmava que Hilário estava se recuperando, que receberia alta a qualquer momento. Nessa madrugada, ao pedirem informações sobre o amigo no hospital, alguém disse que alguém havia morrido, mas não sabia o nome. O nome de mais um número morto é Hilário Ab Reta Awe Predzaw, que deixou a mulher, filhos e todo seu povo Xavante.

O acesso dos povos indígenas ao ensino superior é recente, no entanto, é marcado por extrema coragem e resistência, pois o mundo acadêmico não é de todo um espaço acolhedor. Ainda que a dureza prevaleça na universidade, Hilário encontrou solidariedade e amizade na Faculdade de Educação, ainda que não seja uma solidariedade coletiva, foi construído uma rede de apoio, tanto de alunas/os, como também de docentes, isso pode ter aliviado sua dura estrada longe de seu chão.

Hilário não morreu porque “chegou a hora dele”, morreu por não ter o direito de ser mais um indígena, digno de necessários cuidados. Hilário, era um homem parte do “povo indígena”, um povo invisibilizado, injustiçado, espezinhado, humilhado e, odiado por este desgoverno.

Um povo com suas terras ameaçadas e roubadas pelo latifúndio, mortos por pistoleiros do agronegócio, ironizado e menosprezado por representantes deste desgoverno, ignorado por gente nativa que se acha descendente de europeus, machucados por todos que acham que universidade não é lugar de indígenas.

Não sei falar de fé, nem de ‘destino’, nem de coragem para aliviar o cansaço de um tempo incansavelmente dolorido. Ironicamente, para não dizer, funestamente, o tal ministro da educação, que afirmou odiar a expressão “povos indígenas”, ampliando seu descaso com a educação, revogou hoje [H OJ E], (19/06) a portaria assinada pelo ex-ministro de educação, Aluísio Mercadante, que estabelecia a política de cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência em cursos de pós-graduação. Hilário, estaria fora da pós-graduação, se dependesse deste ser desumano.

Quando lanternas começaram a iluminar caminhos de direitos para esta população, no interior de nossas universidades públicas, ainda que timidamente, um furacão de perversidade em formato de governo, dá pontapés e pisa, moendo, as possibilidades de justiça. Feito bandeirantes, grupos genocidas a frente das decisões da nação, estimulam a morte em todos os formatos. Deixar que o coronavírus atue, sem controle, é a proposta de morte atual para os povos originários.

Como Hilário, temos medo, muito medo, mas agarremos as lanternas, e assumimos nosso lugar na defesa dos povos indígenas, não os condenando a escuridão, como muitos fazem.

Hilário Ab Reta Awe Predzaw presente!

Este texto foi escrito com informações coletadas com as alunas, companheiras de Hilário, da turma do quinto período de Pedagogia da Faculdade de Educação/UFG, Dorany Mendes Rosa e Raysa Carvalho.

A elas e a toda turma, meu carinho e solidariedade.

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