Por: Victória Cócolo e Larissa Melo
Desespero por não saber mais como pagar a escola dos filhos, remédios e até comida, são algumas das histórias trágicas contadas pelos jornalistas do Correio Popular, em Campinas (SP), com que nos deparamos na reunião dos grevistas, realizada na última sexta-feira, 2.
A greve de jornalistas da RAC Campinas, em seu 18ºdia, já é registrada como a maior paralisação da categoria, em número de dias, na cidade. Os profissionais decidiram entrar em greve no dia 14 de fevereiro, após três meses sem pagamento.
Esta não é a primeira vez que a empresa atrasa ou deixa de pagar os funcionários. Segundo os jornalistas, a situação já se arrasta há pelo menos dois anos.
O Sindicato de Jornalistas da região contabiliza 24 profissionais paralisados, número que corresponde a quase 50% da redação. Apesar de cerca da metade dos funcionários em greve, a empresa de comunicação não se pronuncia sobre o caso e continua suas atividades normalmente, amparados por funcionários que estão furando a greve e estagiários.
Na última quarta-feira, 28 de março, a primeira audiência de conciliação para uma tentativa de negociação entre a empresa e os grevistas não saiu como o esperado. O jornal se propôs a pagar um quarto do vale alimentação no valor de R$ 70 semanais, e discutir os pagamentos em apenas 30 dias, totalizando quatro meses de atraso, proposta considerada inaceitável pelos grevistas.
Sem previsão de término, a greve continua com o apoio do sindicato, amigos, estudantes e professores do curso de Jornalismo da PUC – Campinas e colegas de outras redações.
Os funcionários têm recebido ajuda de um fundo de apoio à greve, criado pelo sindicato. A arrecadação de alimentos e os eventos beneficentes também têm sido essenciais aos jornalistas da RAC, em greve ou não.
Na quarta-feira, 28, os jornalistas realizaram uma galinhada beneficente, evento que reuniu cerca de 200 pessoas. O dinheiro arrecadado, segundo os organizadores, foi usado para comprar cestas básicas para os funcionários.
Os jornalistas relataram que o Correio Popular não autorizou a entrega das cestas básicas em frente ao prédio da redação. Dessa forma, a entrega das compras foi realizado em outro local.
Histórico
Em 2017 os trabalhadores da RAC também entraram em greve, por atraso de salário e outras irregularidades praticadas pela empresa. Os trabalhadores ficaram por dois meses sem receber salários e com atraso nos vales alimentação e refeição. Foi atrasado também o pagamento do 13º.
Além dos atrasos, os funcionários apontaram outras irregularidades. A empresa teria descontado o Imposto de Renda, apesar de não repassar à Receita Federal.
Confira a carta aberta à população de Campinas
Correio Popular
O assessor de imprensa do Correio Popular foi procurado pelos Jornalistas Livres, mas até o momento da publicação desta matéria ele não foi localizado. Este texto será atualizado com o posicionamento da empresa, caso isso seja possível.