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Os golpistas mataram dona Marisa. E Lula os recebeu. Por quê?

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Os golpistas mataram Marisa. Disso, eu não tenho dúvida nenhuma. O grito que se ouviu no Hospital Sírio-Libanês —”Assassinos!”— era a pura expressão da verdade. Eles mataram dona Marisa, a companheira de Lula. Tudo porque quiseram matar o quanto Lula representou e representa para o povo brasileiro.

A van branca que estacionou na frente do Sírio-Libanês às 22h30 de ontem (2/2), contendo Michel Temer e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Eduardo Braga (PMDB-AM), Edison Lobão (PMDB-MA) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), além do novo presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), contou ainda com os ministros Helder Barbalho (PMDB-PA), da Integração Nacional, José Serra (PSDB-SP), das Relações Exteriores, Henrique Meirelles, da economia, e Moreira Franco, que nesta quinta foi elevado ao cargo de ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, para ficar a salvo das delações da Odebrecht na Lava-Jato.

Todos golpistas! Todos assassinos da Democracia brasileira e de dona Marisa.

Pouco antes, outro golpista havia comparecido ao Sírio-Libanês, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aquele que nunca escondeu de ninguém a inveja que sente do operário metalúrgico transformado em presidente pela força do amor do povo. FHC, aquele, sempre pródigo em manifestações de ciúmes porque Lula é reconhecido internacionalmente pela pujança das políticas públicas que tiraram da miséria absoluta 40 milhões de brasileiros.

Também apareceu a traidora Marta Suplicy, aquela que se elegeu senadora pelo PT de São Paulo, migrou para o PMDB e votou com os golpistas no impeachment de Dilma Rousseff.

A pergunta que não queria calar ontem e que ainda persiste hoje é: por que eles, os assassinos, fizeram questão de comparecer ao hospital? E por que Lula os recebeu?

O medo

A resposta à primeira pergunta é simples. Eles, os predadores de dona Marisa, aqueles que açularam a loucura e o ódio no país, foram por medo. Foram prestar homenagem à mulher simples, de origem operária, companheira de vida do maior líder popular que o Brasil já teve, porque têm medo do julgamento do povo. Têm medo do julgamento da História. Têm medo de que Marisa e a família de Lula se transformem naquilo que ja são: mártires que acreditaram ser possível construir um Brasil melhor do que aquele que essas elites fizeram em 500 anos de poder.

Todo o tempo em que estive no 20º andar do Hospital Sírio-Libanês, na ante-sala da UTI onde dona Marisa recebia seus últimos cuidados, lá estava também o fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert.

Ele registrou a emocionante missa em homenagem à enferma, em que o ex-presidente chorou copiosamente, abraçado a amigos e camaradas de toda a vida.

E registrou a hora em que os golpistas adentraram o andar, em fila constrangida, para render sua última homenagem a uma das valorosas mulheres que trataram como Geni nos últimos anos.

Temer e companhia esvaziaram assim a narrativa da criminalização que eles mesmos construíram. Marisa, a heroína agonizante, merecia pelo menos esse ato de Justiça.

Por isso, Lula os recebeu.

 

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10 Comments

10 Comments

  1. João Sabóia Jr

    03/02/17 at 12:45

    Deve ter sido muito duro para Lula ter que abraçar essa corja, mas ele tem a Dignidade que os golpistas nem sabem do que se trata.

  2. Gil Teixeira

    03/02/17 at 14:27

    Lula apenas mostrou o que é: muito maior que seus inimigos!

  3. Américo Teixeira Junior

    03/02/17 at 16:14

    Que texto! Um privilégio poder ler algo de tamanha intensidade dramática e histórica. Parabéns!

  4. Jorge Acioli

    03/02/17 at 16:20

    Excelente análise.

  5. Edgard Dutra

    03/02/17 at 22:15

    Bravo, Laurinha!

  6. Flávio Bertelli

    03/02/17 at 22:31

    Permitam-me fazer meu comentário o meu texto que postei no facebook:
    Às 22h30min do dia 02/02;17 uma van, parada na porta de um hospital, de onde desceram seis pessoas, produziu um dos mais horríveis e perversos atos da História do nosso país.
    Seis canalhas, caras de pau, execráveis seres humanos, foram levar as condolências a um homem brasileiro que acabara de perder uma mulher brasileira.
    Seis cafajestes, calhordas, sem sequer uma gota de caráter e nenhuma ética cujo ato só mesmo os maiores velhacos podem perpetrar.
    O cinismo desses homens transborda por outros, entre os quais o iniciante dessa autêntica fase de rebaixamento em todos os sentidos, um moleque sedento de poder que não tendo a hombridade de aceitar uma derrota política desencadeou o que até hoje podem ser considerados os piores momentos da vida social, econômica e política do nosso país, porque destilou ódio e inveja, trazendo a cizânia.
    Autênticos zumbis que vagueiam com o objetivo de destruir tanto o homem que os recebia quanto o Brasil que os suporta.
    Não há outra manifestação possível para o ato que a História do Brasil não esquecerá.

    • Fábio lafaiete

      11/04/17 at 12:18

      Me corrija se eu estiver errado, mas, o PMDB não era aliado do PT, em 2014? Temer era vice de Dilma Rousseff, logo, quem votou em Dilma, votou no atual presidente. Sinceramente, eu nunca vi as alianças entre partidos políticos, historicamente “rivais”, com bons olhos!

      • Marcos Trajano

        27/04/17 at 11:26

        Infelizmente ninguém está livre de traições.

  7. Moisés de Oliveira

    04/02/17 at 0:08

    Lula fez o que o seu coração achou certo. Nunca passei por isso, e tenho que respeitar a sua decisão nesse momento de dor.

  8. Marcos Trajano

    27/04/17 at 11:24

    Eu me libertei da imprensa golpista (Globo). Depois que comecei a lei imprensa alternativa, vejo o quanto o povo brasileiro é enganado.

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Moradores da Maré são bailarinos em espetáculo com temporada na Suiça

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Foto: Andi Gantenbein, de Zurique, Suíça, para os Jornalistas Livres

Denúncias sobre os atuais tempos de antidemocracia, assassinatos da população preta, pobre e periférica e o da vereadora Marielle Franco aparecem em cartazes erguidos pelos bailarinos de “Fúria”, espetáculo de Lia Rodrigues, considerada uma das maiores coreógrafas brasileiras da atualidade e uma das mais engajadas na realidade política do país.

A foto é da noite deste sábado (16), durante apresentação do grupo brasileiro no ‘Zürcher Theaterspektakel’, em Zurique, Suíça.

No Brasil, Fúria estreou em Abril, no Festival de Curitiba. A montagem evidencia, de maneira crítica, relações de poder, desigualdades, e as interligações entre racismo e capitalismo.

O espetáculo foi concebido no Centro de Artes da Maré, na Maré, RJ. O local foi inaugurado em 2009, e o projeto nasceu do encontro de Lia Rodrigues Companhia de Danças com a Redes da Maré. Os bailarinos são moradores da favela e de periferias do RJ.

Fruto dessa mesma parceria é a Escola Livre de Dança da Maré que resiste, em meio ao caos do governo violento de Witzel contra as favelas do RJ.

 

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Temer/Kassab preparam ataque ao seu direito à Internet

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O método Temer de solapar direitos dos cidadãos brasileiros tem novo alvo: a Internet. Sem qualquer discussão prévia, os golpistas querem mudar a composição do Comitê Gestor da Internet.

A consulta pública determinada pelo governo, sem diálogo prévio com os membros do Comitê e com apenas 30 dias de duração, certamente pretende aumentar o poder e servir apenas aos interesses das empresas privadas. As operadoras de telefonia têm todo o interesse do mundo em abafar as vozes de técnicos, acadêmicos e ativistas que lutam pela neutralidade da rede, por uma Internet livre, plural e aberta.

Veja, abaixo, a nota de repúdio ao atropelo antidemocrático da consulta pública determinada por Temer/Kassab. A nota é da Coalizão Direitos na Rede que exige o cancelamento imediato desta consulta.

Nota de repúdio

Contra os ataques do governo Temer ao Comitê Gestor da Internet no Brasil

A Coalizão Direitos na Rede vem a público repudiar e denunciar a mais recente medida da gestão Temer contra os direitos dos internautas no Brasil. De forma unilateral, o Governo Federal publicou nesta terça-feira, 8 de agosto, no Diário Oficial da União (D.O.U.), uma consulta pública visando alterações na composição, no processo de eleição e nas atribuições do Comitê Gestor da Internet (CGI.br).

Composto por representantes do governo, do setor privado, da sociedade civil e por especialistas técnicos e acadêmicos, o CGI.br é, desde sua criação, em 1995, responsável por estabelecer as normas e procedimentos para o uso e desenvolvimento da rede no Brasil.

Referência internacional de governança multissetorial da Internet,

o Comitê teve seu papel fortalecido após a

promulgação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014)

e de seu decreto regulamentador, que estabelece que cabe ao órgão definir as diretrizes para todos os temas relacionados ao setor. A partir de então, o CGI.br passou a ser alvo de disputa e grande interesse do setor privado.

Ao publicar uma consulta para alterar significativamente o modelo do Comitê Gestor de forma unilateral e sem qualquer diálogo prévio no interior do próprio CGI.br, o Governo passa por cima da lei e quebra com a multissetorialidade que marca os debates sobre a Internet e sua governança no Brasil.

A consulta não foi pauta da última reunião do CGI.br, realizada em maio, e nesta segunda-feira, véspera da publicação no D.O.U., o coordenador do Comitê, Maximiliano Martinhão, apenas enviou um e-mail à lista dos conselheiros relatando que o Governo Federal pretendia debater a questão – sem, no entanto, informar que tudo já estava pronto, em vias de publicação oficial. Vale registrar que, no próximo dia 18 de agosto, ocorre a primeira reunião da nova gestão do CGI.br, e o governo poderia ter aguardado para pautar o tema de forma democrática com os conselheiros/as.

Porém, preferiu agir de forma autocrática.

Desde sua posse à frente do CGI.br, no ano passado, Martinhão – que também é Secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – tem feito declarações públicas defendendo alterações no Comitê Gestor da Internet. Já em junho de 2016, na primeira reunião que presidiu no CGI.br, após a troca no comando do Governo Federal, ele declarou que estava “recebendo demandas de pequenos provedores, de provedores de conteúdos e de investidores” para alterar a composição do órgão.

A pressão para rever a força da sociedade civil no Comitê cresceu,

principalmente por parte das operadoras de telecomunicações,

apoiadoras do governo.

Em dezembro, durante o Fórum de Governança da Internet no México, organizado pelas Nações Unidas, um conjunto de entidades da sociedade civil de mais de 20 países manifestou preocupação e denunciou as tentativas de enfraquecimento do CGI.br por parte da gestão Temer. No primeiro semestre de 2017, o Governo manobrou para impor uma paralisação de atividades em nome de uma questionável “economia de recursos”.

Martinhão e outros integrantes da gestão Kassab/Temer também têm defendido publicamente que sejam revistas conquistas obtidas no Marco Civil da Internet, propondo a flexibilização da neutralidade de rede e criticando a necessidade de consentimento dos usuários para o tratamento de seus dados pessoais. Neste contexto, a composição multissetorial do CGI.br tem sido fundamental para a defesa dos postulados do MCI e de princípios basilares para a garantia de uma internet livre, aberta e plural.

Por isso, esta Coalizão – articulação que reúne pesquisadores, acadêmicos, desenvolvedores, ativistas e entidades de defesa do consumidor e da liberdade de expressão – lançou, durante o último processo eleitoral do CGI, uma plataforma pública que clamava pelo “fortalecimento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, preservando suas atribuições e seu caráter multissetorial, como garantia da governança multiparticipativa e democrática da Internet” no país. Afinal, mudar o CGI é estratégico para os setores que querem alterar os rumos das políticas de internet até então em curso no país.

Nesse sentido, considerando o que estabelece o Marco Civil da Internet, o caráter multissetorial do CGI e também o momento político que o país atravessa – de um governo interino, de legitimidade questionável para empreender tais mudanças –

a Coalizão Direitos na Rede exige o cancelamento imediato desta consulta.

É repudiável que um processo diretamente relacionado à governança da Internet seja travestido de consulta pública sem que as linhas orientadoras para sua revisão tenham sido debatidas antes, internamente, pelo próprio CGI.br. É mais um exemplo do modus operandi da gestão que ocupa o Palácio do Planalto e que tem pouco apreço por processos democráticos.

Seguiremos denunciando tais ataques e buscando apoio de diferentes setores,

dentro e fora do Brasil,

contra o desmonte do Comitê Gestor da Internet.

 

8 de agosto de 2017, Coalizão Direitos na Rede

 

Notas

1 A Coalizão Direitos na Rede é uma rede independente de organizações da sociedade civil, ativistas e acadêmicos em defesa da Internet livre e aberta no Brasil. Formada em julho de 2016, busca contribuir para a conscientização sobre o direito ao acesso à Internet, a privacidade e a liberdade de expressão de maneira ampla. O coletivo atua em diferentes frentes por meio de suas organizações, de modo horizontal e colaborativo. A nota está em https://direitosnarede.org.br/c/governo-temer-ataca-CGI/ .

2 Para ouvir a entrevista, à Rádio Brasil Atual, de Flávia Lefévre, conselheira da Proteste e representante do terceiro setor no Comitê Gestor da Internet, que afirma que as mudanças visam a atender interesses do setor privado e ferem caráter multiparticipativo do Comitê: https://soundcloud.com/redebrasilatual/1008-enrevista-flavia-lefevre

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FRAGMENTO E SÍNTESE

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Ligar a tv logo cedo num pequeno quarto de hotel no interior do país é desentender-se dos fatos nos telejornais matutinos. Abre-se a janela e uma menina vai à escola à beira do rio, um menino faz gol de bicicleta entre guris e o homem ergue a parede de sua casa.  Tudo tão distinto das ruas em alvoroço de protestos urbanos ou políticos insanos.  No rincão o que se busca é continuar vivo entre chuvas e trovões, sem não ou talvez. Tudo é certo. Sem modernidades calam ou arremedam nossa urbanidade, gente que se defende com pimentas e ervas, oração e vizinhança. Voz sem boca, boca sem voz, essa gente não é parte nas notícias selvagens dos jornais distantes.  Se resolvem entre cozidos, arte, bola e santos. No país de tantos cantos, muitos voam fora da asa e sem golpes entre si vão tocando suas mazelas e graça.

Mas vivemos tempos obscuros, a noite persiste em nossos avançados quinhentos e tantos anos e muitos santos. Dizem que burro velho é difícil se corrigir nos hábitos. Em manhã chuvosa na grande São Paulo, ligo a tv e o notbook, as janelas se abrem antes que a cortina deixe entrar o novo dia. Surpreendente ver na tv o deputado Jair Bolsonaro afirmando em um clube israelita na cidade do Rio, que se presidente for, não teremos mais terras indígenas no país. Ao mesmo tempo o computador expõe na rede social a opinião de meu amigo Ianuculá Kaiabi Suiá, jovem liderança do Parque Indígena do Xingu, onde leio ao som do deputado que ladra:

Jair Bolsonaro, obrigado por você existir. Graças a você, hoje, temos noção de quanto a população brasileira carece de conhecimento, decência, consciência, juízo, amor e que carrega um imenso sentimento de ódio sem saber o porque. Sim, sim, não sabem. Um exemplo? Veja a bandeira de quem te aplaude, é de um povo que, assim como nós, sofreu as piores atrocidades cometidas pelas pessoas que pensavam como você. Enfim, eu não sei se essa parcela do povo brasileiro pode ser curada, mas vou pedir para um pajé fumar um charuto sagrado e revelar se o espírito maligno que se apossou da tua alma pode ser desfeita com uma grande pajelança.

Ianuculá sabe o que diz, sabe de todo martírio vivido pelos povos originários, e mesmo assim se propõe a consultar o mundo dos espíritos.

 

É deus e diabo na terra do sol, a mesma terra que ofende também abriga e anuncia uma mostra de cinema indígena nos próximos dias. Terra de etnias e corpos na terra, a cidade maravilhosa do Rio não se calará diante do fascismo desses tempos sombrios, acompanhe.

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