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Democracia

Fernando Horta: “Documento da CIA serve para mostrar a VITAL importância dos historiadores e explica porque hoje os fascistas atacam a educação”

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Por Fernando Horta*:
Sobre os documentos que apareceram da CIA, há que se fazer algumas ponderações:
1) não há nenhuma novidade no que foi dito. Há muito tempo muitos historiadores afirmavam que a tese de que o comando militar desconhecia dos assassinatos e torturas era inverídica. Mas antes se usavam as teorias explicativas das instituições e testemunhas. Agora surge um documento. (Nota dos Jornalistas Livres: Se você ainda não viu os documentos, uma boa fonte é o artigo do ex-preso político Adriano Diogo publicado hoje no Outras Palavras – https://outraspalavras.net/brasil/geisel-figueiredo-e-a-maquina-de-matar/)
2) Juridicamente o que ocorre é que não há mais a necessidade de usar a teoria do domínio do fato contra os generais. Surgem documentos que comprovam o fato. É duro ver que, neste país, quando o poder quer condena sem provas, quando não quer, cria uma história de quase 30 anos para fazer pessoas acharem generais inocentes.
3) Teorias de conspiração com a CIA não cabem aqui. Uma coisa que os governo americano respeita são as leis de transparência e controle da informação. Chegando nas datas para desclassificação de documentos, há a desclassificação como regra. Não há aqui qualquer intuito em prejudicar A ou B. (Nota dos Jornalistas Livres: A tentativa de uso político do anúncio dessa descoberta pela direita fica clara quando vemos as declarações de ontem dos generais, do exército e do Ministro Segurança Pública Raul Jungmann http://www.eb.mil.br/web/resenha/display/-/asset_publisher/9B8IpAnDp1we/content/governo-diz-que-documento-da-cia-sobre-ditadura-nao-afeta-prestigio-dos-militares).
4) Contudo, o USO deste documento AGORA, pela direita liberal e mídia contra os militares (fascistas) mostra que há luta no campo de lá. É uma tentativa de conter o fascismo no Brasil que, a meu ver, é muito perigosa. Os dementes que defendem o regime militar não se importam com documentos, argumentos ou racionalidade (isto incluir professores). MAS os militares que estão colocando suas asinhas de fora, estes podem sim tentar radicalizar com o mesmo argumento do famoso “corporativismo” …
5) De nada o documento vai servir se o MP e as instituições de defesa dos direitos humanos não tomarem a dianteira e trouxerem estas novas evidências nos processos que já estão em andamento ou mesmo propor novas demandas em fóruns internacionais.

Charge de Vitor Teixeira – 2018

6) A Globo replicando o documento é o supra-sumo da hipocrisia. A ditadura brasileira 1964 (assim como o estado de exceção que vivemos hoje) não poderiam ter sido colocados em prática sem o trabalho incansável da rede globo. E se tem uma coisa que podemos tirar de lição inquestionável dos governos do PT é que não se pode mais transigir com a Globo. É preciso acabar com o monopólio comercial dela e de suas afiliadas, é preciso fazer valer as leis que já existem sobre comunicação e criar novas alternativas que combatam este monopólio. (Nota dos Jornalistas Livres: A esse respeito o R7 fez uma matéria em fevereiro de 2015 mostrando outros documentos que provam a participação direta do Roberto Marinho, dono da Globo, nas decisões do governo ditatorial https://noticias.r7.com/brasil/documentos-indicam-que-roberto-marinho-foi-um-dos-principais-articuladores-da-ditadura-militar-no-brasil-19022015)

7) Este documento em nada serve à luta imediata do PT ou da esquerda. Muito pelo contrário, periga aglutinar os fascistas ainda mais. E como o STF está acovardado e a justiça de um modo geral escolheu fazer política sobram apenas o poder das ruas e o poder dos quartéis. Isto significa dizer que no compto de forças políticas os liberais estão fragilizados e os fascistas e a esquerda são as forças que se digladiam. O que pode ser comprovado com os números de pesquisas eleitorais. (Nota dos Jornalistas Livres: “Com o Supremo, com tudo” vem de bem antes da profecia de Pai Jucá. Além do STF ter aprovado, também, o golpe de 1964, em 2010 reafirmou a “legalidade” da Lei de Anistia, indo contra a Constituição Brasileira e diversos tratados internacionais assinados pelo Brasil http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=125515).
8) Nestas questões de Justiça histórica e social, as Relações Internacionais, delimitam três “modelos” de como lidar com o passado: O modelo argentino (tido como de maior antagonismo, já que processaram e prenderam seus ditadores), o modelo sul africano (tido como de maior acomodação, visto que nenhum processo jurídico foi levado à cabo) e o modelo brasileiro que era entendido como um “meio termo). Assisti muitas apresentações sobre isto e, como historiador de formação, sempre as achei sem pé nem cabeça. Pois na África do Sul estão, neste momento, revogando os acordos feitos com a maioria negra e voltando a implementar políticas de exclusão e no Brasil temos novamente um golpe com participação de militares … isto faz com que tenhamos que reconhecer que o ÚNICO modelo correto é o argentino. Golpista, torturador, assassino tem que ir para a cadeia. E isto para que vidas no futuro sejam salvas. Espero que TODAS as vertentes de esquerda reconheçam isto daqui para frente.
9) O episódio do documento da CIA serve para mostrar a VITAL importância dos historiadores e explica porque hoje os fascistas atacam a educação, a história, a filosofia, a sociologia com tanta força. Que TODAS as câmaras e assembléias que discutem o “escola sem partido” e outras abominações fascistas usem este caso para mostrar que precisamos DE MAIS história, MAIS filosofia, MAIS sociologia e não menos. (Nota dos Jornalistas Livres: O coletivo vem acompanhando e publicando há três anos dezenas de artigos, reportagens, matérias e notas sobre a loucura fascista dos projetos de lei da Escola Sem Partido: https://jornalistaslivres.org/?s=Escola+sem+Partido)
10) Já acharam os documentos que provam que Lula foi “agente do regime militar” contra os trabalhadores – como alguns “historiadores” e militares andaram vinculando desde o golpe de 2016? Não? É mais uma acusação sem provas que fazem a Lula desde a ditadura …

Henfil também já sabia como funciona o judiciário brasileiro, em 2
1980…

 

Fernando Horta é historiador e Professor na Universidade de Brasília – UNB http://brasilia.academia.edu/FernandoHorta

 

Democracia

Urgente! The Intercept Brasil acaba de vazar áudio de Deltan Dallagnol

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Via The Intercept Brasil

Na manhã do dia 28 de setembro de 2018, a imprensa noticiou que o ministro do STF Ricardo Lewandowski autorizara Lula a conceder uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Em um grupo no Telegram, os procuradores imediatamente se movimentaram, debatendo estratégias para evitar que Lula pudesse falar. Para a procuradora Laura Tessler, o direito do ex-presidente era uma “piada” e “revoltante”, o que ela classificou nos chats como “um verdadeiro circo”. Uma outra procuradora, Isabel Groba, respondeu: “Mafiosos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!”

Eram 10h11 da manhã. A angústia do grupo – que, mostram claramente os diálogos, agia politicamente, muito distante da imagem pública de isenção e técnica que sempre tentaram passar – só foi dissolvida mais de doze horas depois, quando Dallagnol enviou as seguintes mensagens, seguidas de um áudio.

28 de setembro de 2018 – grupo Filhos do Januario 3

Deltan Dallagnol – 23:32:22 – URGENTE
Dallagnol – 23:32:28 – E SEGREDO
Dallagnol – 23:32:34 – Sobre a entrevista
Dallagnol – 23:32:39 – Quem quer saber ouve o áudio
Dallagnol – 23:33:36 –

Leia a matéria completa no site do The Intercept Brasil:

https://theintercept.com/2019/07/09/vazajato-audio-inedito-deltan-dallagnol/

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Censura

Senadora do PSL cassada por caixa dois ofende jornalista por fazer seu trabalho

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Os bolsonaristas, muitas vezes eleitos com apoio da Grande Mídia, agora deram para atacar e ameaçar jornalistas que não passam pano para ilegalidades. Incensada pela imprensa tradicional de Mato Grosso quando aceitou a delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (MDB) e o condenou a 13 anos e 7 meses em 2017 (mas permitiu o cumprimento da pena em casa), por exemplo, a então juíza Selma Arruda foi apelidada de “Moro de Saia”. Sob os holofotes favoráveis dos jornais, Selma se aposentou da magistratura e se candidatou, com o apelido na propaganda eleitoral, ao cargo de senadora pelo Partido Social Liberal (PSL), o mesmo de Bolsonaro. Ganhou fácil!

Depois disso, sua relação com o “modelo” não mudou. No último dia 19 de junho, por exemplo, durante depoimento do ex-juiz e atual ministro da justiça e segurança pública, Sérgio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a senadora fez questão de dizer que “É absolutamente normal juiz conversar com o Ministério Público”. Moro respondeu com elogios: “É normal uma discussão de logística. Tem aqui a senadora Selma, que atuou muito destacadamente como juíza lá no Mato Grosso, teve várias operações, é normal depois da decisão proferida haver uma discussão sobre questão de logística, quando vai ser cumprida, como vai ser cumprida, e eventualmente pode ter havido uma mensagem nesse sentido. Isso não tem nada de revelação de imparcialidade ou conteúdo impróprio”, disse. Nenhum dos dois comentou, nem de leve, a condenação unânime do Tribunal Regional Eleitoral, em abril, à perda do mandato por caixa dois. Ela e seus dois suplentes, também cassados, não conseguiram mostrar ao tribunal a origem de R$ 1.2 milhão gastos na campanha.

Com a revelação do caixa dois, as relações da senadora com o jornalismo sério passaram a uma nova fase. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral analisa em segunda instância se ela deverá ou não deixar o cargo, Selma aproveitou as câmeras da TV Senado para insinuar que a atuação do jornalista Glenn Greenwald, vencedor dos maiores prêmios mundiais de jornalismo, não é profissional, mas guiada por interesses políticos. “O sujeito que vazou é marido do suplente do Jean Wyllys. Ele é intimamente ligado, né. Politicamente, óbvio que é uma estratégia para colocar em dúvida a atuação do juiz e do Ministério Público”, afirmou. Sobre as suas intenções políticas ou as de Moro quando ainda estavam na magistratura, não houve uma única palavra.

Na imprensa matogrossense, a antigamente sempre disponível magistrada passou a escolher com quem conversar. Na semana passada, por exemplo, foi procurada pelo jornalista Lázaro Thor Borges, do jornal “A Gazeta“, o maior diário do estado, para comentar uma reportagem, com dados oficiais obtidos a partir da Lei de Acesso à Informação e do Portal da Transparência, sobre salários de servidores públicos acima do teto constitucional. Via aplicativo de mensagens, a senadora respondeu com xingamentos e, novamente, insinuações de interesse político acima do jornalístico. “Tadinho, você é ridículo. Nem li nem sei do que você está falando. Sua opinião não faz efeito na minha vida e nem na de nenhum matogrossense”, escreveu a parlamentar. Borges, educadamente, respondeu apenas: “tudo bem, senadora”. Mas ela não parou por aí. Além de chamá-lo novamente de coitado e mandar “catar coquinho”, ainda o chamou de “retardado”, ao que Borges respondeu: “É só meu trabalho, senadora”. 

A reportagem, publicada no dia 22 de junho e que infelizmente não está disponível online no portal do jornal, trazia o valor mensal líquido de R$ 53,8 mil desde de março desse ano, mais de R$ 14 mil acima do teto de R$ 33,7 mil recebidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. De acordo com a matéria, apenas 11 dos 84 magistrados aposentados do Superior Tribunal de Justiça de Mato Grosso receberam acima do teto em abril, mês do levantamento.   Os ataques da parlamentar ao jornalista foram repudiados em editorial do jornal, que publicou os prints das telas do celular mostrando as grosserias da senadora. Os as respostas mal criadas ao profissional também sofreram grande condenação do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso, em nota também assinada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Está passando da hora de TODOS e TODAS jornalistas se unirem para barrar o crescimento do fascismo e as das ameaças aos profissionais, à liberdade de imprensa e à própria democracia.

 

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Democracia

Deputado do PSOL que chamou Sérgio Moro de “ladrão” já havia chamado Eduardo Cunha de “gângster”

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Por Rafael Duarte I Agência Saiba Mais

O deputado do PSOL Glauber Braga (PSOL/RJ) desestabilizou os parlamentares governistas nesta terça-feira (2), na Câmara dos Deputados, ao dizer que o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro passará para a história como um “juiz ladrão e corrompido”.

As palavras duras do parlamentar mexeram com os brios dos colegas que participaram da sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para defender o ex-juiz das graves acusações de interferência no julgamento do ex-presidente Lula reveladas pelas mensagens trocadas entre ele e procuradores da operação Lava Jato.

Moro se esquivou da maioria das perguntas e voltou a tentar criminalizar o site The Intercept Brasil, que vem divulgando a conta gotas as mensagens. Acuado, o ex-juiz deixou a sala da comissão sob os gritos de “ladrão” e “fujão”. A sessão foi encerrada após um tumulto generalizado:

– “A história não absolverá o senhor, da história o senhor não pode se esconder. E o senhor vai estar no livro de história como juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão. A população brasileira não vai aceitar como fato consumado um juiz ladrão e corrompido que ganhou uma recompensa pra fazer com que a democracia brasileira fosse atingida. É o que o senhor é: um juiz que se corrompeu, um juiz ladrão”, disse já sob os gritos da tropa bolsonarista.

 Após o discurso, as redes sociais do deputado foram inundadas de xingamentos e mensagens de apoio. Ele agradeceu a solidariedade e voltou a provocar tanto Sérgio Moro como a militância que o defende:

– Obrigado pelas inúmeras mensagens de apoio ! E pra turma da extrema-direira que veio aqui desabafar, infelizmente não posso me desculpar. O herói de vocês feriu a democracia brasileira e recebeu a recompensa de Bolsonaro. E em linguagem bem popular, juiz vendido é juiz ladrão ! Boa noite. Fiquem bem!”, escreveu.

Esse não é o primeiro discurso de Glauber Braga que repercute no Congresso e na imprensa. Em 2016, durante a votação para a abertura do processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, o voto do deputado do PSOL também foi um dos mais comentados. Na ocasião, ele chamou de “gângster” o então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, atualmente preso, em Curitiba. E evocou figuras históricas da democracia brasileira:

– Eduardo cunha, você é um gangster e o que dá sustentação à sua cadeira cheira a enxofre. Eu voto por aqueles que nunca esconderam o lado fácil da história. Voto por Marighella, voto por Plinio de Arruda Sampaio, voto por Evandro Lins e Silva, voto por Arraes, voto por Luís Carlos Prestes, voto por Olga Benário, voto por Brizola e Darcy Ribeiro, voto por Zumbi dos Palmares, voto não.

Perfil

Glauber Braga é advogado, natural de Nova Friburgo (RJ), tem 37 anos e está filiado ao PSOL desde 2015. Ele exerce o quarto mandato na Câmara Federal. O primeiro assumiu como suplente, em 2007, quando ainda militava no PSB, e os demais foram exercidos como titular da vaga.

Braga ocupou a liderança da bancada do PSOL em janeiro de 2017. No ano anterior, disputou a eleição para prefeito de Nova Friburgo e ficou em 2º lugar.

Progressista, Glauber Braga realiza um mandato participativo defendendo bandeiras em defesa da democracia e direitos humanos. Está na linha de frente da luta no parlamento contra a reforma da Previdência.

O parlamentar do PSOL foi relator da Comissão Especial de Medidas Preventivas Diante das Catástrofes Climáticas, que gerou a primeira Lei Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres Naturais (12.608): o Estatuto de Proteção e Defesa Civil. O estatuto foi sancionado pela Presidência em abril de 2012.

Em 2018, Glauber Braga foi escolhido pelo júri especializado do portal Congresso em Foco como o melhor parlamentar do Brasil.

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