Estudantes da UFMG lançam campanha por uma Segurança Humanizada e contra a presença da PM no Campus

Foto: Pedro Gontijo/O Tempo

É possível evitar soluções prontas e modelos falidos de segurança pública no nosso país. Fugir da segurança militarizada racista, que trata a população como inimiga e que é uma das principais responsáveis pelo genocídio do povo negro no Brasil. Pode-se refletir, debater, propor e construir outro caminho para um modelo de segurança.

Nesse espírito, foi lançada, no dia 12 de setembro, a Campanha Segurança Humanizada SIM, PM no Campus NÃO. O movimento surgiu por parte de estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte (MG), que buscam reforçar a necessidade de boa iluminação, de aumento da ocupação do espaço, de melhores treinamentos para a guarda universitária, bem como a realização de debates, seminários, rodas de conversa e mesas redondas sobre a segurança.

Apostando em medidas que humanizem as relações de segurança na universidade, que encarem os problemas como sociais e complexos. Mesmo sabendo dos limites de uma possível segurança humanizada, é preciso apresentar ideias além do senso comum. Uma proposta alternativa à (não) solução que é a militarização ostensiva da universidade por parte da Polícia Militar. A campanha é ainda uma resposta à Reitoria da UFMG, que boicotou os Conselhos Universitários, não consultou a comunidade e autorizou o reforço do Policiamento Militar no Campus.

A iniciativa partiu de estudantes da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Está buscando envolver mais setores da universidade: outras unidades, coletivos, grupos e movimentos que atuam dentro e fora da UFMG. Seu objetivo é levantar o debate de segurança de modo positivo e propositivo. Ser um ponto de confluência de possibilidades, de argumentos e das pessoas críticas à militarização e à violência ostensiva representada pela Polícia Militar.

O Campus Pampulha passou por uma série de problemas de segurança.  Assaltos e furtos seguidos aconteceram em um curto espaço de dias. Essa situação provocou a proliferação de mensagens, posts nas redes sociais -Twitter por Exemplo – e nos chats de WhatsApp. A criação de grupos, o surgimento de rumores e  o sensacionalismo da violência alimentou um clima de terror e insegurança que logo tomou conta da universidade.

Nesse sentido, a campanha começou e tende a crescer nos próximos dias. Está sendo articulada a produção de materiais gráficos, camisetas, adesivos, cartilhas e painéis que apresentem e levem o debate da campanha para o conjunto público da universidade.  Entidades, coletivos, movimentos, artistas, ativistas, militantes e apoiadores se somam à essa causa.

Reforça-se nesse momento a necessidade de tratar a questão com a delicadeza precisa, discutindo antes soluções distintas às sempre impostas. Pensando que essas imposições pouco resolvem a segurança, mas, ao contrário disso, fomentam o ciclo vicioso da violência, considerando outros problemas profundos, como a desigualdade social.

 

*Gabriel Lopo é coordenador-geral do D.A. da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG
**Pamela Barbosa é  presidente do D.A. da Faculdade de Letras da UFMG

 

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Juíza federal é referida como “preta desgraçada” por arquiteta branca

Frente à adversidade, Mylene Ramos não apenas buscará a reparação pelos prejuízos sofridos, mas também almejará fazer valer seus direitos como vítima de discriminação. Uma mulher que dedicou sua vida à luta por justiça social agora se posiciona do outro lado da mesa , não mais como juíza ou advogada, mas como alguém que exige dignidade e respeito.

Revoga Minc: escritoras negras pedem a revogação do Prêmio Carolina Maria de Jesus

Revoga Minc

Escritoras negras pedem a revogação do Prêmio Carolina Maria de Jesus