Bahia
Esquadrão de Aço lança ações para o Abril Indígena
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Assim como aconteceu com o Novembro Negro, no fim do ano passado, e o Carnaval da Bahêa, em fevereiro, o Esquadrão de Aço vai homenagear os povos indígenas no mês de abril.
Nesta terça-feira (16), o Tricolor publicou em suas redes sociais filme em que 12 pataxós reivindicam a demarcação de terras indígenas – veja ficha técnica completa do vídeo ao final do texto.
Além disso, vamos utilizar os jogos da semana (contra o Londrina, quinta, e o Bahia de Feira, domingo), ambos na Fonte Nova, para destacar guerreiros e guerreiras indígenas do passado e do presente.
As camisas dos atletas tricolores terão os nomes dos homenageados. Confira:
JOGO 1 – GUERREIRAS E GUERREIROS INDÍGENAS DA HISTÓRIA DO BRASIL
AJURICABA (século XVIII)
Líder dos Manao do Rio Negro, resistiu às “tropas de resgate” escravizadoras de indígenas no Amazonas, onde hoje é considerado herói e a capital do Estado leva o nome do seu povo.
ÂNGELO KRETÃ (1942 – 1980)
Cacique kaingáng no Paraná, foi o primeiro vereador indígena no Brasil, eleito em 1976. Sua luta em defesa da Terra Indígena Mangueirinha garantiu que essa conserve hoje a maior reserva existente do pinheiro araucária. Foi morto criminosamente, em uma colisão provocada.
ÂNGELO XAVIER (?-1979)
Primeiro cacique dos Pankararé do Raso da Catarina (Bahia), nos tempos modernos, retornou de São Paulo para “levantar a aldeia” do seu povo, resgatando os rituais sagrados e a luta pela terra. Foi assassinado em uma emboscada.
BAHETÁ (?-1992)
Última sobrevivente do último bando indígena contatado ainda em liberdade nas matas do sul da Bahia, na década de 1930, conservou sozinha o conhecimento de sua língua até que ela pudesse ser registrada em 1982 na cartilha “Lições de Bahetá”, ensinada hoje nas escolas do seu povo, os Pataxó Hã-Hã-Hãe.
CABOCLO MARCELINO (1896 – 1937)
Líder da resistência dos Tupinambá de Olivença (Bahia), quando suas terras foram invadidas pelos coronéis do cacau nas décadas de 1920 e 1930, desapareceu após ter sido várias vezes preso e perseguido e é hoje um espírito “encantado” que segue inspirando as lutas do seu povo.
CRISPIM DE LEÃO (século XIX)
Líder indígena da revolução da Cabanagem, atacou e incendiou, com os guerreiros do seu povo Sateré-Mawé, embarcações e redutos oficiais no rio Madeira (Amazonas), vindo a morrer como herói, em combate.
CUNHAMBEBE (1510 – 1555)
Líder dos Tupinambá do litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo, articulou e comandou, ainda no século XVI, a Confederação dos Tamoios, primeira grande aliança de povos indígenas para resistir à colonização portuguesa no Brasil.
DADÁ (1915 – 1994)
Pankararé, deixou sua aldeia ainda adolescente para se tornar esposa do célebre Corisco, vivendo com ele os últimos episódios do cangaço, até a morte desse numa emboscada em 1940. Depois de presa e libertada, dedicou sua vida a outra dura batalha, afinal vitoriosa, pelo respeito e sepultamento digno dos restos mortais dos cangaceiros.
FRANCISCO RODELAS (século XVII)
Primeiro cacique da aldeia missionária de Rodelas, aldeia-mãe do povo Tuxá (Bahia), comandou – como capitão – 200 guerreiros indígenas do Rio São Francisco, que combateram e venceram os holandeses em Alagoas, em 1639.
JOÃO BAETINGA (1804 – 1857)
Líder da longa e obstinada resistência dos Kariri e Sapuyá das aldeias da Pedra Branca (Bahia) à invasão de suas terras, em meados do século XIX, é reconhecido como exemplo de protagonismo dos indígenas brasileiros em uma difícil época de sua história.
JOSEFA PATAXÓ (-)
Recebeu do cacique Epifânio, seu pai, a missão de defender a Terra Barra Velha do Monte Pascoal (Porto Seguro, Bahia) da criação de um Parque Nacional, em 1961. Mesmo várias vezes detida pela guarda florestal, jamais deixou a aldeia. Sua Terra está hoje reconhecida como de posse tradicional dos Pataxó.
MANDU LADINO (século XVIII)
Líder da revolta que ficou conhecida com seu nome, reuniu várias nações indígenas do Piauí contra a invasão da pecuária nessa capitania no século XVIII. Arrasou fazendas, libertou indígenas escravizados e morreu em combate.
MANÉ GARRINCHA (1933 – 1983)
“O anjo de pernas tortas”, considerado o maior driblador de todos os tempos, bicampeão mundial pelo Brasil em 1958 e 1962, era de uma família de indígenas Fulni-ô migrados de Pernambuco para a Baixada Fluminense, onde nasceu. É reverenciado hoje pelo seu povo como “a flecha fulni-ô.”
MANUEL QUADRADO (século XIX)
Médico do arraial de Canudos, “tratador” pessoal da saúde de Antonio Conselheiro, era indígena Tuxá da aldeia de Rodelas (Bahia). Euclides da Cunha o descreve como “um tipo adorável, vivendo num investigar perene pelas drogarias primitivas das matas”. Foi também comandante militar.
MARÇAL TUPÃ-Y (1920 – 1983)
Professor e profissional de saúde do povo Guarani Ñandeva, foi pioneiro em denunciar a expropriação das Terras do seu povo por fazendeiros e, nesse sentido, discursou ao Papa João Paulo II em sua visita ao Brasil em 1980. foi assassinado por pistoleiros em sua aldeia, Campestre, Mato Grosso do Sul.
MARIA VENÂNCIA –
Guardiã dos cantos sagrados do ritual Torém do povo Tremembé (Ceará), seus conhecimentos e sua liderança foram fundamentais no processo de reorganização e luta do seu povo ao final do século XX.
MÁRIO JURUNA (1942 – 2002)
Cacique Xavante de Mato Grosso, ficou célebre ao usar gravador para registrar e cobrar as promessas dos poderosos de Brasília. Como o mais prestigiado líder indígena de sua época, elegeu-se em 1982 o primeiro deputado federal indígena do país, tendo sido responsável pela criação da Comissão Permanente do Índio no Congresso Nacional.
PEDRO POTY (1608 – 1652)
Cacique Potiguara da Paraíba, firmou paz com os holandeses garantindo a liberdade do seu povo. Alfabetizado, escreveu as primeiras cartas conhecidas de um indígena no Brasil. Capturado pelos portugueses em Guararapes, em 1649, foi brutalmente torturado por esses antes de morrer a caminho de Portugal, onde só então seria julgado.
ROSALINO XAKRIABÁ (1944 – 1987)
Vice-cacique Xacriabá assassinado com mais dois indígenas em cerco à sua casa, na madrugada de 11 de janeiro de 1987, na chacina que foi o primeiro caso julgado como “crime de genocídio” no Brasil. Hoje a Terra Xakriabá está demarcada. Um dos seus filhos é o cacique do seu povo e outro é o prefeito do seu município (São João das Missões, Minas Gerais).
SAMADO SANTOS (1918 – 1998)
Líder da única família indígena que, ao longo de 40 anos, jamais deixou a Terra Caramuru-Paraguaçu (Bahia), mesmo quando totalmente invadida por fazendas. Quando a questão foi enfim julgada em favor dos Pataxó Hã-Hã-Hãe no Supremo, em 2012, muitos vestiam camisas com sua foto e sua frase: “Sirvo até de adubo para essa Terra, mas dela não saio.”
SEBEREBA ARICOBÉ (1895-1955)
Cacique dos Aricobé da aldeia Missão (Bahia), que liderou a resistência desse povo a ataques dos coronéis da cidade de Angical e mesmo da polícia. Após 3 anos, precisou empreender uma astuciosa fuga. Gente dos Aricobé ainda vive hoje na região.
SEPÉ TIARAJU (1723 – 1756)
Chefe dos 50 mil Guarani que resistiram ao Tratado de Madri, que determinara o fim de suas comunidades. Antes da batalha em que tombaria morto, proferiu o famoso brado “Esta terra tem dono!”. Seu corpo não foi encontrado e crê-se que tenha subido aos céus. É tido hoje como um santo popular no Rio Grande do Sul, o São Sepé.
VITORINO CONDÁ (1805 – 1870)
Líder dos Kaingáng de Paraná e Santa Catarina, comandou a resistência do seu povo à invasão dos bandeirantes. Ao final, firmou a paz com esses para garantir a vida dos seus. É hoje nome da principal aldeia kaingáng na Terra Indígena Xapecó e inspira o nome da arena e o mascote da Associação Chapecoense de Futebol, o “Índio Condá”.
JOGO 2- GUERREIRAS E GUERREIROS INDÍGENAS DO NOSSO TEMPO
ARMANDO APAKO (1932)
Herdeiro do avô João Gomes como pajé do povo Tuxá, é hoje o mais importante guia espiritual indígena do vale do São Francisco. Sustentou espiritualmente o seu povo mesmo diante da dolorosa perda do seu território sagrado na Ilha da Viúva (Rodelas, Bahia), inundado pela hidrelétrica de Itaparica, na década de 1980.
BABAU TUPINAMBÁ (1974)
Cacique da aldeia tupinambá da Serra do Padeiro (Bahia), lidera hoje o mais notável processo de retomada de Terras tradicionais e de geração de autonomia política e econômica indígenas em todo o Nordeste. Recebeu em 2018 a comenda 2 de Julho da Assembleia Legislativa da Bahia.
CEIÇA PITAGUARY (1978)
Líder do povo Pitaguary do Ceará desde jovem, foi a primeira coordenadora do Departamento de Mulheres da Apoinme (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo) e se destaca hoje na defesa da demarcação e do meio ambiente do pequeno território do seu povo.
DANIEL CABIXI (2017)
Professor pareci pioneiro em iniciativas de promoção da educação indígena específica e diferenciada – como estudioso do ecossistema em que vive o seu povo, entre a Amazônia e o Cerrado -, destacou-se na Eco 92 (Conferência Mundial da ONU sobre Meio Ambiente) com estudos pioneiros sobre biodiversidade e farmacologia indígena.
DAVI YANOMAMI (1956)
Xamã, líder e escritor do povo Yanomami (Amazonas), lutou pela demarcação de sua Terra, obtida em 1992. Recebeu o prêmio ambiental Global 500 da ONU e é coautor de “A Queda do Céu”, testemunho xamânico que denuncia a destruição da Amazônia e as ameaças aos seus povos.
EUNICE KEREXU (1979)
Professora e uma das primeiras mulheres caciques dos Guarani, luta pela demarcação de sua Terra Indígena Morro dos Cavalos, em Santa Catarina, contrariando interesses poderosos e recebendo ameaças e ataques à sua comunidade. É hoje uma das principais lideranças femininas indígenas no país.
GALDINO PATAXÓ (1950 – 1997)
Representante dos Pataxó Hã-Hã-Hãe (Bahia), queimado e morto em abril de 1997 por jovens da elite, quando dormia ao relento em Brasília, onde estava para tentar encaminhar demanda de seu povo na Justiça Federal. Seu assassinato causou comoção nacional e trouxe atenção para os descasos nos processos em defesa de Terras Indígenas no país.
GERSEM BANIWA (1964)
Antropólogo e professor na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), foi coordenador de Educação Escolar Indígena do MEC, quando contribuiu para a consolidação da política pública de educação indígena específica e diferenciada. Do povo Baniwa do Rio Negro(Amazonas), é hoje um dos principais intelectuais e ativistas indígenas no país.
JOEL BRAZ (1960)
Cacique e articulador da Frente de Resistência e Luta Pataxó, liderou retomadas na Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, hoje reconhecida de posse tradicional indígena. Injustamente indiciado por assassinato de um pistoleiro, ficou 11 anos em prisão domiciliar até ser julgado e absolvido em 2017. É referência de luta para o povo Pataxó.
JOÊNIA WAPICHANA (1974)
Primeira advogada indígena no Brasil, atuou em 2009 no Supremo Tribunal Federal no vitorioso processo em defesa da demarcação da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol, em que vive parte do seu povo Wapichana. Em 2018, recebeu o prêmio de Direitos Humanos da ONU e foi eleita por seu Estado, Roraima, a primeira deputada federal indígena no Brasil.
LÁZARO KIRIRI (1940)
Cacique dos Kiriri (Bahia) desde 1972, protagonizou desde 1979 a primeira autodemarcação e as primeiras retomadas como formas de luta pela recuperação de Terras Indígenas no Nordeste. A situação garantiu que a Terra Kiriri se tornasse, em 1981, a primeira a ser demarcada em toda a região, na qual é hoje o cacique há mais tempo no cargo.
MAIKELE TUPINAMBÁ (2001)
Coordenadora do grupo de jovens dos Tupinambá da Serra do Padeiro, é ativista do projeto Cunhataí Ikhã para promoção da educação de meninas indígenas. A ação em parceria com a Anaí (Associação Nacional de Ação Indigenista) tem apoio da ativista paquistanesa Malala Yousafzai, com quem conversou em sua visita à Bahia em 2018. Em 2019, iniciou o curso de Direito na Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz).
MANINHA (1965 – 2006)
“Guerreira, intelectual e feminista” do povo Xukuru-Kariri (Alagoas). Em 1995, foi uma das fundadoras da Apoinme (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo) e exerceu a coordenação-geral da instituição, tendo importante papel ao trazer para o movimento indígena as pautas das mulheres. Faleceu precocemente.
MARIA LEUSA (1986)
Líder das guerreiras do povo Munduruku do alto rio Tapajós (Pará), luta contra garimpos ilegais e projetos de usinas que ameaçam destruir sítios sagrados do seu povo. Recebeu em 2015, em Paris, o Prêmio Equador da ONU pelo protagonismo do seu povo contra as usinas, “uma ação de sucesso proeminente na promoção de soluções sustentáveis”.
MAROTO KAIMBÉ –
Cacique do povo Kaimbé da Terra Indígena Maçacará (Bahia), conduziu da década de 1970 à de 1990 a luta pela demarcação da Terra do seu povo, mesmo sofrendo ameaças e enfrentando poderosos grileiros.
NIVALDA AMOTARA (1931 – 2018)
Descendente de importante família de líderes dos Tupinambá de Olivença (Bahia), teve papel destacado na mobilização do seu povo pelo reconhecimento étnico como indígena. Na condição de agente da Pastoral da Criança, na década de 1990, conheceu praticamente cada família de uma das mais de vinte comunidades dos Tupinambá.
PEQUENA (1945)
Tida como uma das primeiras mulheres caciques no Brasil, conduziu a luta do seu povo Jenipapo-Kanindé (Ceará) pelos reconhecimentos étnico e de sua terra, Lagoa da Encantada, como de posse tradicional indígena, garantida em 2011.
QUITÉRIA BINGA (1928 – 2009)
Uma das primeiras lideranças femininas indígenas do Brasil, conhecida internacionalmente por sua luta pela demarcação das Terras do seu povo, os Pankararu de Pernambuco, e também por educação e saúde indígenas. Parteira, foi responsável pela criação da primeira casa de parto e da primeira creche em Terras Indígenas no país.
RAONI METUKTIRE (1930)
Cacique Kayapó, mundialmente conhecido em defesa da Terra Indígena Xingu, desde os anos 1970. Em 1989, criou com o cantor britânico Sting a Rain Forest Fundation, que levantou fundos para a demarcação da Terra Indígena Kayapó e o tornou, ainda hoje, o mais conhecido ativista em defesa da Amazônia e de seus povos indígenas.
SÔNIA GUAJAJARA (1974)
Do povo Guajajara do Maranhão, com vasta carreira de direção em organizações indígenas brasileiras, é hoje coordenadora-geral da mais importante delas, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Em 2018, foi a primeira indígena a concorrer, como vice, numa chapa à Presidência da República.
TUÍRA KAYAPÓ –
Guerreira do povo Kayapó (Pará), ficou célebre quando, em 1989, numa audiência sobre projetos de hidrelétricas no rio Xingu, brandiu seu facão diante do presidente da Eletronorte e discursou: “Sua eletricidade não vai nos dar a nossa comida. Precisamos que nossos rios fluam livres!” O projeto foi adiado por 20 anos e amplamente reformulado.
VALDELICE VERÓN (1978)
Herdou de seu pai, o cacique Marcos Verón, assassinato em 2003, a missão de lutar pela demarcação das Terras do povo Guarani (Mato Grosso do Sul), denunciando os mais de 300 guaranis mortos nos últimos anos.
XICÃO XUKURU (1950 – 1998)
Tornou-se cacique dos Xukuru (Pernambuco), em 1989. Organizou seu povo e liderou as bem sucedidas retomadas de sua Terra, afinal demarcada em 1995, antes de ser assassinado. Em seu funeral, a viúva Dona Zenilda discursou: “Ele não vai ser enterrado. Ele vai ser plantado, para que dele nasçam novos guerreiros, minha Mãe Natureza!”.
https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/612275582581615/
Direção: Pis Santos
Roteiro: Pis Santos e Tiago Cesar
Argumento: Lênin Franco, Nelson Barros Neto e Tiago Cesar
Fotografia: Pis Santos
Edição: Pis Santos
Produção: Elias Malê, Bruno Queiroz, Nelson Barros Neto, Pis Santos e Tiago Cesar
ELENCO
Árbitro: Thales Augusto
Índios: Brenda Pataxó, Cicilia Pataxó, Dandara Pataxó, Deivide Pataxó, Hemerson Pataxó, Hiorrana Pataxó, Juliana Pataxó, Júnior Pataxó, Nataly Pataxó, Samêhy Pataxó, Taquari Pataxó e Tsayra Kramuhuá
Locução: Taquari Pataxó
Colaboradores: Andressa Carvalho, José Augusto Sampaio, Rutian Pataxó e a Associação Nacional de Ação Indigenista
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#EleNão
Nota da torcida organizada Bahia Antifascista contra Bolsonaro
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5 anos atrásem
11/05/20
No dia em que, infelizmente, o Brasil confirmou mais de 10 mil mortes e 155.939 casos de Coronavírus e a Bahia registrou 196 mortes e 5.174 casos confirmados, Bolsonaro passeia de Jet Ski em mais um episódio lamentável de desrespeito a vida.
Nos chamou a atenção, o fato dele, inoportunamente, utilizar a camisa do Esporte Clube Bahia durante o passeio da morte.
É comum ver o protofascista do Bolsonaro vestir diversas camisas de clubes populares. Ele já havia vestido a camisa do Esquadrão durante a sua última visita a Bahia.
Não podemos deixar de registrar o nosso repúdio quando o oportunismo se faz presente com Bolsonaro vestindo o nosso manto sagrado em um ato de desrespeito a memória dos mais de 10 mil brasileiros e brasileiras que perderam as suas vidas, d@s profissionais da saúde que lutam contra a pandemia do Covid19 e dos milhões de homens e mulheres que sofrem com os descasos do governo federal com o povo.
Bolsonaro representa tudo que o Esporte Clube Bahia e a sua torcida repudia com veemência. Ele reverencia a ditadura, enquanto o Bahia e a sua Torcida lutaram e lutam pela democracia. Ele reverencia o racismo, o machismo e a homofobia, enquanto o Bahia e a sua Torcida são exemplos internacionais de combate a todas as formas de opressão.
Bolsonaro tem lado e não é o da defesa da vida do povo. Nós tricolores temos lado e estamos somando esforços para que o nosso povo sobreviva a essa Pandemia realizando atos de solidariedade de classe nesse momento tão difícil.
Nosso povo é de resistência e luta e por tudo isso, a Torcida Bahia Antifascista registra o mais profundo repúdio ao fato dele vestir nossas cores.
Bolsonaro não é digno de vestir o manto do clube do povo!
Fora Bolsonaro e Mourão!
Torcida Bahia Antifascista


Elisa Lucinda e Moraes Moreira: Ando por aí querendo te encontrar. Em cada esquina paro em cada olhar. Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar – Foto: @elena_moccagatta_fotografia
Enquanto escrevo, meu vizinho bota pra tocar bem alto “Deixa eu penetrar na sua onda“, e o Brasil todo, nas rádios, nas casas dos milhares de fãs confinados e em tudo, só toca Moraes Moreira. O poeta, mestre, instrumentista e referência, é síntese da utopia de vida vivida pelos novos baianos. Só tinha fera ali: Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Galvão, Paulinho Boca de Cantor. Todo mundo muuuuuuito competente e arrasador. Sem desprezar ninguém, pelo contrário, reconhecendo ouro em todos, Moraes ficou sendo o símbolo daquilo tudo pra mim. Quem da minha geração não queria morar lá? Era uma espécie de quilombo urbano, rural. Aquilo era Jacarepaguá e podia ser também Bahia, porque era também magia. Era o sonho da nossa juventude sendo provado na prática. Moravam todos ali, num esquema livre, sem nenhum dos dogmas asfixiantes da vida aqui de fora, na hora em que a nação sofria na mão da ditadura militar.
Aquela gente peculiar encarnava tamanha irreverência que beirava ao ingênuo, ao naïf, ao infantil quase. Nem a ditadura farejou, que eu saiba, o potencial de liberdade daquele Acabou Chorare, e dos Novos baianos FC. “Abelha abelhinha, faz zum zum pra mim”? O que havia por trás do Besta é tu, e do romântico hino Preta, pretinha?
É que enquanto corria a barca nós íamos tentando respirar debaixo daquela mão pesada do sistema opressor, que se voltava violentamente contra o pensamento, contra a arte, contra a liberdade do mundo. Mas aquela turma nos oferecia alegria, dentro dos anos de chumbo, e a alegria, apesar de subversiva, passava entre os bélicos apenas vestida de alegria. Inatacável. Imune.
O lugar daquele iluminado bando musical e divertido era quase ficção. Os novos baianos moravam era em Pasárgada, de Manuel Bandeira. Era um país, eu queria ir pra lá, se pudesse. Era uma utopia possível, o amor é que era aquele país. João Gilberto cabia lá, na língua dele.
Nossa juventude universitária maconheira, via um cachimbo imenso naquele cotidiano, naquelas crianças como se vivessem igual nas tribos, tendo pais e mães compartilhados. Eu morava em Vitória do Espírito Santo, era menina ainda e já amava o grupo. Tudo o que sabíamos daqueles “hippies” vivendo em comunidade é que pai e mãe não faltavam ali, e que o amor estava intacto na sua essência: livre. Hoje percebo o quanto meu imaginário está nutrido dessa referência.
Muito mais tarde, aqui no Rio quando conheci o mito (deste podemos falar assim sem medo), foi muito divertido e poético, como nunca deixaram de ser sempre, a partir dali, os nossos encontros e conversas. Estava fazendo o Parem de Falar Mal da Rotina, no teatro Leblon, quando de repente, numa cena em que canto uma canção e ofereço um brinde, um livro, ou uma bolsa, pra alguém da plateia que adivinha o nome autor do que eu cantei, ocorreu uma coisa curiosíssima: cantei Palavras, eternizada na voz da Cássia Eller (êta, céu ou inferno animados), e esperava a resposta da plateia que errava tentando acertar. Nada. Pois no teatro lotado, sem que eu pudesse ver com clareza, reconheço uma voz que se levanta e diz: “Eu sei, Moraes Moreira e Marisa Monte”!!!! Era o próprio. E era a primeira vez, e única, que o próprio autor estava na plateia e adivinhava o jogo. Foi emocionante, o público delirou, achou até que era combinado. Estreitamos uma amizade que, embora ali se inaugurasse, parecia continuada. Sempre parecemos velhos amigos. Trago dele muitas histórias. Era um griot. Homem simples e sofisticado de tanta grandeza no coração. Fez um poema pra nós, eu e Geovana Pires, quando assistiu ao Recital à Brasileira, convocando o Congresso Nacional a assisti-la. Quando leu a minha autobiografia do Fernando Pessoa (“O cavaleiro de nada”), me ligou, leitor envolvido, emocionado, inquieto e muito sensível: não quero que termine, não quero que acabe o livro, faltam só duas páginas…. e ao mesmo tempo protestou quanto à má distribuição da literatura no Brasil.
É chato falar essas coisas aqui, fica parecendo ostentação. Claro que dá orgulho e é mesmo uma sorte poder ficar amiga de quem se admira tanto. Mas quero pontuar aqui a dimensão humana desse poeta, habitante da poesia dos nossos dias, que levou caminhões e caminhões de alegria pelo Brasil. Quero compartilhá-lo com todos. Muito do que escrevi e escrevo foi semeado em mim pelas criações deste cara genial. A arte independente e popular de Moraes Moreira referenciou minha geração e atravessou séculos. Me influenciou. Seu som é trilha de minha vida. Meu filho escuta. Meus sobrinhos, alunos e amigos. Quem é adolescente hoje também escuta. A galera escuta, dança, canta e come com prazer o alimento da arte deste cordelista atemporal que deixou um poema no seu computador de nome Quarentena. O último. No primeiro verso dizia ter medo do vírus mas também de bala perdida. O Brasil dos olhos de Moraes iluminou o Brasil real. Acrescentou. É um Brasil lúdico, mágico e, potencialmente revolucionário! Moraes, na sua ousadia e sua execução no violão, nos recursos de sua melodia, autorizou vários compositores e reluz entre nós sua brilhante e digníssima carreira. Desde que tocou pela primeira vez no rádio, nunca mais parou de tocar. “Escute esta canção que é pra tocar no rádio, no rádio do teu coração”. Nunca deixou de haver esse novo baiano com seu bigode marcante, tocando na nossa garoa, à beira do rio amazonas, no calor do Circo Voador, numa cidadezinha mineira, numa neve na fronteira, ou seja lá onde for.
Nunca mais
Quando Ronald Valle, músico e amigo querido, me enviou nesta manhã de abril um áudio afirmando e duvidando da notícia, rezei para que fosse fake news. Respondi: Para! Mas ali era a verdade nua e crua batendo na minha cara. Escavei. Chorei feito criança. Nunca mais falaria com ele? Estava na minha lista de providências afetivas ligar para ele nesta quarentena, para ler um poema do livro novo que quase saiu do livro, por que um outro amigo — Claudio Valente — achou que estava meio fraquinho. E estava mesmo. Ajeitei. Ganhou mais ritmo, eu penso. E como o poeminha citava Moraes, combinei comigo de ligar pra ler. Nunca pensei que não fosse dar tempo. Nunca a palavra morte passara antes, à beira desse cara, desse cais. Ainda bem que as novas gerações o consomem. Ainda bem que a sua arte alegre, sua criativíssima alegria dançante e romântica estão gravadas em várias mídias e deixaram muitos herdeiros e descendentes.
Muito triste é que não possamos agora, no presencial, nos despedir. Quem não quereria cantar seus sucessos em volta do mestre ídolo na cerimônia de despedida? Mas tenho certeza de que o grande cortejo da sua partida, em vários lugares deste país, está cantando preta pretinha, ou qualquer um dos seus maravilhosos hinos gravados nas plataformas dos nossos corações. Porque não podemos nos aglomerar agora. Nem pra beijar pela última vez os nossos mortos.
Porém, nesse momento em que estamos isolados, temendo o invisível, nesse momento em que nos preparamos para o novo mundo, é difícil não lembrar das palavras dele: “e pra ter outro mundo, é preci-necessário viver. Viver contanto em qualquer coisa. Olha só, olha o sol. O Maraca domingo. O perigo na rua…”. Para entrarmos no novo mundo que se impõe à nossa vida, espero que o produzamos, pra deixarmos este mundo em que estávamos vivendo, tão longe do que postulava o “país” dos jovens baianos e a cabeça deste artista que aqui homenageio, vamos mesmo precisar de suas palavras, meu amigo querido, para pilotar os novos tempos. Sua alegria desobediente e original nunca foi tão revestida da palavra resistência como agora.
Neste fevereiro, Moraes me deixou um recado bonito, pontuando que eu estava sempre fazendo sarau de aniversário nas datas em que ele estava fazendo shows, inúmeros, pelo Brasil. Sem tua voz não tem festa, Moraes! Ofereço à riqueza de sua memória toda nossa gratidão por deixares no mundo sua imperecível alegria. O hoje e o sempre te ouvirão e não te esquecerão jamais. Eu quero mais! Toca, Moraes! Toca mais!
Coluna Cercadinho de palavras, Elisa Lucinda, outro abril despedaçado, 2020
LEIA OUTRAS COLUNAS DE ELISA LUCINDA:
ELISA LUCINDA – “SÓ DE SACANAGEM, VOU EXPLICAR: LULA É INOCENTE, LIMPO”
Bahia
Em meio à pandemia, um retrato da miséria no interior da Bahia
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17/04/20por
Carmem Carvalho
* Por Afonso Ribas e Carmen Carvalho, especial para o Jornalistas Livres
A aproximadamente 10 metros da Base Comunitária de Segurança do bairro Nova Cidade, em Vitória da Conquista, na região Sudoeste da Bahia, fica a residência de Bruna Jesus Santos, 26 anos. Quem nos levou até ela foi o pequeno Carlos Henrique*, 11, um de seus cinco filhos. O encontramos por volta das 12 horas da última terça-feira, 14, na rua, onde seguia para casa de pés descalços no chão de asfalto, junto com a sua prima Jéssica*, 10.
Em dias normais nesse horário, os dois estariam deixando a Escola Municipal Antônio Helder Thomaz, onde estudam. As aulas, contudo, foram suspensas desde o dia 18 de março, por conta da pandemia do novo coronavírus. O decreto de suspensão havia sido publicado dois dias antes, mas Bruna conta que a família só ficou sabendo da informação quando as crianças se depararam com um aviso colocado na entrada da instituição, no dia 17.
No casebre de três cômodos onde vive com os filhos e o marido, ninguém tem celular, muito menos acesso à internet. Bruna nos recebe com um ar de estranheza e curiosidade. Também demonstra vergonha, mas nos convida a entrar, enquanto segura no colo o caçula, de apenas dois anos. Uma pequena área repleta de móveis e eletrodomésticos quebrados separa o portão de entrada da porta da sala. Esta tem seu espaço preenchido por dois sofás velhos, um tapete e um rack com uma televisão analógica.

Base Comunitária de Segurança do Nova Cidade, bairro onde moram Bruna e sua família. Foto: Afonso Ribas.
O cômodo pintado com as cores azul e rosa parece se encolher com a nossa chegada. Além de Bruna e seus cinco filhos, dividimos o ambiente ainda com outras duas crianças, ambas suas sobrinhas. O relógio indica que é horário de almoço, mas não há barulho, cheiro nem qualquer outro sinal de panela no fogo ou de comida pronta. A mesma situação, descobriríamos pouco tempo depois, se repete na casa da sua irmã, Joilma Jesus dos Santos, 32, e da sua prima, Marina Rodrigues dos Santos, 29.
Todas elas estão cadastradas no Programa Bolsa Família, que concede um auxílio financeiro à população do país em situação de vulnerabilidade e miséria. O valor recebido por cada família depende do número de filhos e da presença deles na escola. Das mais de 13,9 milhões de famílias brasileiras atendidas pelo programa, quase 19,5 mil moram em Vitória da Conquista. Dentre essas, 94,6% tem a mulher como principal responsável familiar.
Contudo, somente Bruna faz parte das mais de 68 mil pessoas diretamente beneficiadas pelo PBF na cidade, número que corresponde a 20% da população total do município, que é de 338.480 habitantes. As demais, Joilma e Marina, integram um grupo pequeno de 46 pessoas que estão com o auxílio bloqueado e que, por isso, não viram sequer um centavo dos mais de 3,5 milhões de reais que foram repassados em março pelo governo federal.
O dinheiro que conseguem para sobreviver vem de doações feitas por familiares e, principalmente, pessoas na rua. Com o isolamento social decorrente da pandemia da covid-19, a renda que advém dessas doações tem sido quase inexistente. Por conta disso, a condição de extrema pobreza em que vivem se agravou e a fome, situação já conhecida nas casas vez ou outra, passou a ser permanente.
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- Diversas famílias em situação de extrema pobreza como a de Bruna, Marina e Joilma vivem em habitações precárias na periferia de Conquista. Foto: Afonso Ribas.
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- É possível observar diversos casebres como esse em bairros como o Panorama e o Nova Cidade. Foto: Afonso Ribas.
Apesar de ser a única a receber o Bolsa Família no valor de 386 reais – que passará, inclusive, para a casa dos 600 com a liberação do Auxílio Emergencial pelo Governo Federal – Bruna diz que o dinheiro é insuficiente para sustentar toda a família e também conta com a bondade de outras pessoas para conseguir colocar comida na mesa para os seus filhos, algo que tem sido cada vez mais difícil. A última ajuda que obteve foi uma cesta básica doada pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do município.
Segundo ela, a merenda escolar faz falta para as crianças. “Eu só vou pra escola pra comer”, diz Carlos Henrique*, interrompendo a conversa. O assunto desperta atenção dos demais, que começam a nos contar o que, geralmente, costumam comer nos intervalos das aulas. O cardápio, de acordo com eles, inclui farofa, macarrão, pão com manteiga, arroz com ovo, frutas, entre outros alimentos. “Tem vez que só dão pra gente um copo de suco com três bolachas”, relata Rafaela*, a filha mais velha de Bruna.
É Rafaela que, após o fim da nossa conversa na casa de Bruna, nos leva até a residência de Marina, localizada apenas a alguns metros mais adiante. A encontramos sentada na calçada, junto com alguns amigos e parentes. Ao falarmos da reportagem, prontamente ela aceita conceder uma entrevista.
Mãe solteira, Marina mora com seus quatro filhos. Dois deles também estudam na Escola Antônio Helder Thomaz, assim como três dos filhos de Bruna. A mais velha estuda no Colégio Estadual Carlos Santana. Já o filho caçula, de apenas dois anos, aguarda uma vaga no Centro Municipal de Educação Infantil Pablo Pithon, inaugurado no fim de outubro do ano passado.

Marina acompanhada de parentes e amigos, na frente de casa. Foto: Afonso Ribas.
“A gente já bota na escola mesmo porque tem hora que a gente não tem um café, né, pra dar um pão. E aí na escola pelo menos eles têm uma alimentação”, contou. Essa alimentação, porém, deixou de existir para os seus filhos desde o dia 18 de março, após a suspensão das aulas no município.
Repasses do Governo Federal
Entretanto, os repasses feitos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) à Prefeitura de Conquista não cessaram durante esse período. Dados disponíveis no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação mostram que o município recebeu mais de 1,3 milhão do Programa entre fevereiro e abril deste ano (ver tabela abaixo). Mas somente, nesta quarta-feira (15/04), a Prefeitura deu início à distribuição de kits de alimentação na Rede Municipal de Ensino, em cumprimento à Lei Federal n° 13.987/2020.
Sancionada no dia 7 de abril pelo presidente Jair Bolsonaro, essa normativa autorizou a distribuição imediata de alimentos adquiridos com recursos do PNAE aos pais ou responsáveis dos estudantes matriculados nas escolas públicas da educação básica. A Lei deverá vigorar enquanto durar o período de suspensão das aulas em razão da pandemia do coronavírus.
Cidades como Salvador já haviam começado a fazer a distribuição de cestas básicas nas escolas municipais desde o dia 23 de março. Em Conquista, os kits começaram a ser entregues nas instituições do bairro Nossa Senhora Aparecida, na zona oeste do município. Enquanto eles não chegam até as mãos de Marina, ela conta com a solidariedade de outras pessoas. “É Deus que está me ajudando e uma mulher dona de um supermercado aqui próximo que me dá uma feirinha todo mês”, conta.
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- Depósito da merenda escolar comprada em Conquista com os recursos do PNAE fica no bairro Felícia. Foto: Afonso Ribas.
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- Funcionários municipais organizam kits de alimentação para distribuição nas escolas da educação fundamental de Conquista. Fotos: Afonso Ribas.
Ela diz ainda que a Base Comunitária do Nova Cidade também tem ajudado sua família. “Não vou mentir que eu estava sem as coisas aqui dentro de casa, sem um feijão e um açúcar, aí as meninas lá da Base que me conhecem me deram uma cesta básica. Mas agora mesmo meu menino pequeno já tá sem leite”, ressaltou.
O pouco dinheiro que ganhava vinha do seu trabalho informal como cabeleireira. “Escovo o cabelo e dou progressiva em casa. Às vezes, eu recebo dez, cinco, vinte reais. Mas, agora, eu não tenho nem pra comprar o material, aí não tem como trabalhar”, concluiu.
Desemprego
A situação de sua prima, Joilma, também é delicada. Além de estar desempregada, também está à espera do quinto filho. Sua gestação já dura três meses, mas a alimentação escassa que mantém passa longe daquela que seria necessária para uma mulher grávida. Ela se mostra disposta a contar sua história antes mesmo de pedirmos uma entrevista.
Diferentemente de Bruna e Marina, Joilma mora no bairro Panorama, que fica acima do Nova Cidade. Lá, divide uma pequena casa com os quatro filhos e o atual companheiro, pai do bebê que está por vir. Estudou até a quinta série. Deixou a escola assim que ficou grávida do primogênito, hoje com 15 anos. A chegada dos filhos a fez ainda largar seu emprego como diarista.

Marina e seu filho mais novo, de dois anos. Foto: Afonso Ribas.
Seu companheiro também está desempregado. Pouco antes do início da crise do coronavírus, fez uma seleção para uma vaga na DASS Outlet. Chegou a fazer o exame de admissão da empresa, mas a pandemia veio e acabou com a sua oportunidade de deixar de viver de bicos como ajudante de pedreiro.

Grávida de três meses e mãe de outros quatro filhos, Joilma aguarda Auxílio Emergencial do Governo para sobreviver durante a pandemia. Foto: Afonso Ribas.
Cheios de dívidas, Joilma e o marido têm vivido da ajuda alheia, tal qual Marina e Bruna. “Vai pra rua eu e mais algumas crianças. Chega lá, eu conto minha situação, falo que eu estou precisando, que eu não estou podendo trabalhar, aí eles vão lá e ajuda como pode”, explicou ela.
Com o isolamento, ela espera agora pelo Auxílio Emergencial prometido pelo Governo Federal. Mas a previsão é de que ela receba o benefício somente no dia 30 deste mês. “Daqui até lá, só Deus sabe o que vai acontecer”, lamentou.
*Nomes alterados para preservar a identidade das crianças.
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