Equador vai entregar Assange aos britânicos “nas próximas semanas ou até dias”

O Equador está preparado para entregar o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, às autoridades do Reino Unido “nas próximas semanas ou até dias”.

A informação está a ser avançada por Margarita Simonyan, diretora do site de informação “Russia Today”, na sua página de Twitter, um tweet que foi entretanto partilhado pela WikiLeaks na mesma rede social.

“As minhas fontes dizem-me que Assange vai ser entregue ao Reino Undo nas próximas semanas ou até dias. Espero mais do que nunca que as minhas fontes estejam erradas”, escreveu a jornalista russa.

O aviso de Simonyan surge dias depois de o jornal britânico “Times” ter avançadoque o Governo de Theresa May tem estado em conversações com o novo Presidente do Equador para que Assange seja forçado a abandonar a embaixada daquele país, onde procurou asilo em junho de 2012 para combater uma ordem de extradição emitida pela Justiça sueca por suspeitas de violação.

O fundador da WikiLeaks temia ser extraditado para os EUA, onde deverá ser julgado por traição e espionagem. Enfrenta a possibilidade de ser condenado à morte por ter revelado, ao longo dos anos, centenas de milhares de documentos secretos das forças norte-americanas, entre eles os papéis sobre a guerra do Iraque que chegaram a público graças à delatora Chelsea Manning.

Antes de concluir o seu segundo e último mandato, no início de 2017, Barack Obama concedeu um indulto presidencial à soldado transgénero, mas não tomou qualquer decisão relativamente a Assange. As acusações que o australiano enfrentava na Suécia foram arquivadas em maio do ano passado, mas agora é procurado por ingerência nos assuntos internos de um ou mais países.

Segundo o artigo do “Times” no início da semana, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, sir Alan Duncan, tem mantido contactos diplomáticos de alto nível para exercer uma “pressão significativa” sobre o Equador, tendo inclusivamente ameaçado bloquear um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao país caso a embaixada equatoriana em Londres continue a proteger Assange.

Dentro de poucas semanas, o novo Presidente do Equador, Lenin Moreno, fará uma visita oficial ao Reino Unido e tem aumentado a especulação de que pretende expulsar Assange da representação diplomática em Londres, depois de o ter classificado como um “hacker”, um “problema herdado” pelo Equador e “uma pedra no sapato”.

Em março do ano passado, o Governo equatoriano já tinha suspendido os privilégios de comunicação de Assange a partir da embaixada, cortando-lhe a ligação à internet e ao mundo exterior. O passo foi justificado com o facto de Assange ter criticado publicamente o Governo espanhol por reprimir o movimento de independência da Catalunha.

Os EUA continuam empenhados em prender e julgar Assange pelo que dizem ser o seu “envolvimento em terrorismo”. Há um ano, o chefe do Departamento da Justiça, Jeff Sessions, declarou que a detenção do fundador da WikiLeaks é uma “prioridade” da administração de Donald Trump.

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