O aviso de Simonyan surge dias depois de o jornal britânico “Times” ter avançadoque o Governo de Theresa May tem estado em conversações com o novo Presidente do Equador para que Assange seja forçado a abandonar a embaixada daquele país, onde procurou asilo em junho de 2012 para combater uma ordem de extradição emitida pela Justiça sueca por suspeitas de violação.
O fundador da WikiLeaks temia ser extraditado para os EUA, onde deverá ser julgado por traição e espionagem. Enfrenta a possibilidade de ser condenado à morte por ter revelado, ao longo dos anos, centenas de milhares de documentos secretos das forças norte-americanas, entre eles os papéis sobre a guerra do Iraque que chegaram a público graças à delatora Chelsea Manning.
Antes de concluir o seu segundo e último mandato, no início de 2017, Barack Obama concedeu um indulto presidencial à soldado transgénero, mas não tomou qualquer decisão relativamente a Assange. As acusações que o australiano enfrentava na Suécia foram arquivadas em maio do ano passado, mas agora é procurado por ingerência nos assuntos internos de um ou mais países.
Segundo o artigo do “Times” no início da semana, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, sir Alan Duncan, tem mantido contactos diplomáticos de alto nível para exercer uma “pressão significativa” sobre o Equador, tendo inclusivamente ameaçado bloquear um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao país caso a embaixada equatoriana em Londres continue a proteger Assange.
Dentro de poucas semanas, o novo Presidente do Equador, Lenin Moreno, fará uma visita oficial ao Reino Unido e tem aumentado a especulação de que pretende expulsar Assange da representação diplomática em Londres, depois de o ter classificado como um “hacker”, um “problema herdado” pelo Equador e “uma pedra no sapato”.
Em março do ano passado, o Governo equatoriano já tinha suspendido os privilégios de comunicação de Assange a partir da embaixada, cortando-lhe a ligação à internet e ao mundo exterior. O passo foi justificado com o facto de Assange ter criticado publicamente o Governo espanhol por reprimir o movimento de independência da Catalunha.
Os EUA continuam empenhados em prender e julgar Assange pelo que dizem ser o seu “envolvimento em terrorismo”. Há um ano, o chefe do Departamento da Justiça, Jeff Sessions, declarou que a detenção do fundador da WikiLeaks é uma “prioridade” da administração de Donald Trump.