Do silêncio que ouve-se

Agora vivemos tempos de insights, flashes que piscam invadindo a monotonia dos limites da pandemia. Gosto de escrever, me remontam prisões, àqueles, quem condenados ao ato, realizam, prescindem.

 

Certa dia, vejam só, fiquei pensando nos espinhos, farpas e algozes, aqueles mais pequenos, que de tão pequenos que são, se perdem na carne, como faca, devoram na espreita; incomodam cada dia mais, um movimento dentro gente, digerem.

Espinho pequeno é como grilo no quarto, qualquer ínfimo inseto que ao ouvido ameaça, desassossegam a alma, o sono, o espírito terno que não temos.

 

Espinho é um silêncio estrondoso, não sai da entranhas, só sossega quando purga. Indisciplina, correr na rua, meninos mimados não podem reger a nação, diz a canção.

 

Isolamento é como cunha assim, ínfima, incidente como é o sertão, imenso vazio da medula, reta, ereta.

De fato a peste impõe. 0 melhor lugar mesmo deve ser o mato, muita vida entre poucas pessoas. Agora desmata, queima, incendeia, fazem tardes negras na metrópole.

 

Raiz de árvore, tal ciranda dos fatos recentes, me acarretam luminoso entendimento dos indígenas que seguem, em isolamento voluntário, fugindo do contágio, do pisar, passo, onde só os afoitos se atrevem. A cadência da situação alerta, revela.

Fique em casa. Recordo a vontade de potência que a filosofia pensara entre longos bigodes. Enfim, coisas da terra redonda que não cabem agora neste relevo plano de uma crônica, mas sei que, no entanto e intento, se move numa Terra curva, tal como os ovos ou uma bola de golfe,  a lua mesmo, ou bolhas de sabão. 

 

Até a pedra move-se, sei, delicado fluxo, mesmo reine agora a permanência da fúria, banida de seu devido lugar.

 

Coisas de força e proposição. Tudo dá rap, kwaryp, atômico maracatu.  

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