“Uma lutadora incansável em defesa dos Direitos Humanos”, assim a Presidenta Dilma Rousseff foi apresentada ao auditório lotado do Instituto Superior de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento de Genebra, na Suiça.
Um público de mais de 700 pessoas escutou a Presidenta durante a palestra “Defendendo os Direitos Sociais na América do Sul” onde mostrou exemplos de políticas e programas sociais implantados nos governos de Lula e ampliados durante seus dois mandatos (o último interrompido pelo golpe). No sábado (11/03) ela já havia participado de uma mesa redonda sobre o mesmo tema, analisando a situação do Brasil e da Índia, durante o Festival Internacional Fórum sobre Direitos humanos (FIFDH) e em um dos programas de maior audiência da televisão suiça TSR – o “Pardonnez-moi”, comandando pelo jornalista Darius Rochebin – foi recebida como uma das mulheres “mais poderosas do mundo”
“É UM GOLPE SOCIAL!“
Dilma abriu a palestra falando do programa Fome Zero e como ele conseguiu tirar milhões de brasileiros de um processo de exclusão secular, em grande parte consequência histórica do fim tardio da escravidão. Citando números estatísticos, Dilma afirmou que a política de combate à fome e à exclusão social provou que é possível ter crescimento econômico e investimento social ao mesmo tempo. “Em 2015 saímos do Mapa da Fome, baixando de 14,8% a 1,7% a porcentagem da população que passa fome e ao mesmo tempo criamos 21 milhões de novos empregos reais. Em 2014 tivemos a mais baixa taxa de desemprego na história do Brasil, que foi de 4,6%.“
Citando ainda o Bolsa Família e o incentivo a pequenos agricultores, além de investimentos em infraestrutura básica como eletricidade e água, com projetos de pequeno e grande porte-com a transposição de rio – investimentos maciços em Educação e Saúde e na redistribuição de renda – como o programa “Minha Casa, Minha Vida“ – Dilma afirmou, através de um processo de impeachment ilegal, foi retirada injustamente do governo por quem é contra essa política social. “O Minha casa, minha vida virou Minha Mansão, minha Vida“, ironizou.
E foi categórica: “O objetivo do atual governo ilegítimo brasileiro é a privatização e a redução do Estado Brasileiro. Querem tirar os pobres do orçamento. Como forma de chegar a isso, aprovaram uma Emenda Constitucional (a PEC 247), que congela por 20 anos todos os investimentos em Educação, Saúde, Segurança, Assistência Social e Ciência e Tecnologia.
“É um golpe social e um golpe na democracia!” explicou “se o presidente eleito não pode decidir como e onde gasta, ele está preso numa camisa de força. Foi eleito, mas não tem poder real de decisão, não pode governar. Por isso essa Emenda Constitucional também é um golpe na democracia. Se um presidente não pode decidir sobre o orçamento, o que vale o voto dado a ele?”
Ela afirmou ainda que em um país com um déficit social tão grande como o do Brasil, o fim das políticas de inclusão traria o fim do crescimento do país. “A curto prazo, o golpe foi dado para ‘estancar a sangria’, como disse um senador golpista, mas a longo prazo foi para fazer o enquadramento social, econômico e geopolítico do Brasil.“
Dilma afirma que, inclusive, o Banco Mundial critica a política do atual governo ilegítimo, e que não havia crise que justificasse o desmonte dos programas sociais ou a reforma da Previdência como está sendo proposto, menos ainda o fim do Benefício de Prestação Continuada (BPC) – que garante um salário mínimo mensal ao idoso. “Com essa reforma, as pessoas terão que começar a trabalhar aos nove anos de idade, se quiserem ter uma aposentadoria integral. O Brasil não precisa disso, já passamos dessa fase!“
CRISE E DEMOCRACIA
De acordo com Dilma, a crise econômica brasileira é apenas um crise fiscal. “Não temos problema financeiros, pois a nossa reserva de divisas internacionais é de 380 bilhões de dólares (O dobro do Reino Unido com 143 e da França com 154 bilhões). Nós chegamos a emprestar dinheiro ao Fundo Monetário Internacional.“ Ela acredita que a crise econômica diminuiu as
arrecadações porém um corte nas despesas e nos investimentos do Estado farão as arrecadações caírem mais ainda fazendo com que o Brasil entre em um processo de recessão.
ELEIÇÕES
Dilma afirma que o Brasil chegou a um impasse que poderá ser dissolvido apenas quando chegarem as eleições
presidenciais em 2018, onde se discutirá as grandes questões brasileiras como soberania, petróleo, perdas de direitos e a própria democracia.
Como as pesquisas indicam que Lula tem o maior número de votos, ela enxerga três possibilidades para as próximas eleições nas mãos do atual governo golpista: condenarem Lula duas vezes para impedi-lo de ser candidato, mudarem o sistema político para parlamentarismo, apesar de já ter sido rejeitado duas vezes por plebiscito, ou adiarem as eleições. “Impedir eleições não é democrático, o voto popular é a única forma de o Brasil se encontrar consigo mesmo e lavar a sua alma“, disse.
Ela fez um apelo à solidariedade da comunidade internacional caso percebam algo que possa ser considerado como mais um golpe, e pediu aos brasileiros presentes para que assumam suas responsabilidades.
– Você pode perder, mas não pode se omitir.
Respondidas as perguntas e elogios e críticas dividirem a o público em pequenas vaias e grandes aplausos, o palco foi invadido por pessoas querendo entregar flores, presentes e abraços à primeira Presidenta do Brasil.