Dilma entre irmãs: Contra os podres poderes!

A presidente Dilma Rousseff, eleita por 54 milhões de brasileiros, será afastada hoje do cargo por um Senado venal, mergulhado no caldo grosso e repulsivo da corrupção.

Será afastada pelo machismo, pela burguesia, pelo fundamentalismo religioso, pela mídia mentirosa e hipócrita.

Será afastada pelo que há de pior neste país, que é a sua elite e os aparelhos ideológicos que sempre justificaram a escravidão e a submissão de um povo lindo e generoso demais.

E foi nos braços da parcela mais oprimida dentre todas, a das mulheres pobres, negras, periféricas, quilombolas, indígenas, nordestinas, de todo o país, que a presidente Dilma Rousseff resolveu viver a véspera da consumação do golpe.

Enxugando a todo momento as mãos –este o único sinal de ansiedade que aparecia, humana demais—Dilma tinha a História nas mãos.

Em seu discurso, diante das representantes da luta feminista do país todo, reunidas na 4ª Conferência Nacional de Políticas Para as Mulheres, no ginásio Ulysses Guimarães, em Brasília, a mulher (que todos os podres poderes querem derrubar) abraçou as suas irmãs de luta. Que enfrentam a dura e tantas vezes inglória batalha da sobrevivência e do cuidar de si e dos filhos.

Dilma era a mãe que apanha do machismo –todas entenderam logo.

A plateia que escutou a fala firme de Dilma (não, ela não gaguejou nenhuma vez, viu, imprensa escrota!) era composta por irmãs que conseguiram se transformar em sujeitos de suas vidas apenas nos últimos anos, graças a políticas públicas distributivistas, que privilegiaram as mulheres pobres.

São agricultoras que puderam sair de casamentos e relacionamentos abusivos e violentos graças ao Bolsa Família, ao programa Minha Casa, Minha Vida. Que puderam ir para a faculdade graças ao ProUni e ao Fies. Que ganharam qualificação profissional por conta do Pronatec. Que puderam sair pela primeira vez de situações de semi-escravidão, graças ao Estatuto das Domésticas. Que, ganhando salário mínimo, viram esse piso ser valorizado além da inflação –pela primeira vez depois de anos de políticas de fome neoliberais.

Dilma concluiu seu discurso para a História, abraçando suas irmãs de sofrimento. Havia lágrimas nos rostos.

Mas não foi uma despedida. Dilma prometeu seguir na luta, com todas. Nas ruas, nas casas. Saiu abraçada e feliz. Com o reconhecimento apaixonado das mulheres que ela representa.

Na caminhada de volta para casa, para os hotéis e para o acampamento pela Democracia, junto ao Ginásio Nilson Nelson, viam-se lutadoras exaustas, embandeiradas, com o corpo marcado por vários adesivos colados. Sinais da luta pelo Direito ao Aborto, Contra a Discriminação às Lésbicas, Contra a Violência Doméstica, da CUT, do PT, Fica Dilma!, pela Reforma Agrária, pela Demarcação das Terras Indígenas, da UNE, da Juventude Revolução etc.

Esses adesivos são as insígnias desse Exército que, de golpes, entende muito. Porque este não é o primeiro e nem o último que sofre. Vida que segue! Luta que segue!

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