Diário do Bolso: odeio jornalista

Por José Roberto Torero*

Diário, vou te confessar uma coisa que ninguém desconfia: eu odeio jornalista.

 

O-dei-o!

 

Eles ficam checando informação, dizendo que eu invento coisa, que não foram as Ongs e o DiCaprio que botaram fogo na Amazônia, que meu filho fez rachadinha e o escambau.

 

Ontem eu falei que jornalista da Folha era mentiroso, que suspendi  as assinaturas de todos os jornais do Palácio do Planalto e que a leitura de jornal desinforma e envenena.

 

E eu falei isso porque eu me segurei. Que eu sou um cara ponderado e educado. Mas o que eu queria mesmo era torturar essa corja toda. Aposto que o Ustra, meu ídolo, meu mestre, meu guia, faria isso aqui:

1-) Colocaria uns jornalistas no “Pau de Arara” e, na frente deles, de cabeça para baixo, uma tevê ficaria ligada, passando todos os vídeos do Olavo de Carvalho.

 

2-) Faria eles comerem os hambúrgueres feitos pelo Dudu.

 

3-) Botaria os caras pelados na “geladeira”, uma cela baixa e pequena, onde não dava para ficar em pé. Aí a gente faz um superfrio e depois deixa superquente. Pra piorar, nos altos falantes vou colocar uns sermões da Damares. Ou umas músicas do Marco Feliciano, sei lá.

 

4-) Sentaria os vagabundos na Cadeira do Dragão, que era toda de zinco e servia para dar choques no corpo inteiro. Mas, para eles sofrerem mais, ainda botaria um cara lendo em voz alta os tuítes do Carluxo.

 

5-) E, para as jornalistas-fêmeas, teria ainda o estupro, uma coisa que torturador gosta muito. A gente não pode esquecer da diversão, kkk!

*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

@diariodobolso

COMENTÁRIOS

2 respostas

  1. Na verdade temos uma mídia comprometida com o crime e contra p Brasil

  2. É uma doideira. Por trás deste humor monólogo, divertido pra caramba, se esconde a realidade cruel: estamos numa ditadura disfarçada, fascista e sem reação. Continue escrevendo, mestre Torero. Miro Mazzaro, advogado.

POSTS RELACIONADOS