Diário do Bolso: não dá para censurar o Oscar?

 

Por José Roberto Torero*

Pô, Diário, que notícia triste! Aquele documentário “Democracia em vertigem” vai concorrer ao Oscar. E o mundo todo vai falar do golpe na Dilma. Quer dizer, do impitimem.

 

Pelo menos espero que no filme tenha aquela cena em que eu elogio o Ustra. Grande dia! Lá que eu comecei a ganhar a presidência.

 

Olha, pra mim, esse Oscar é de Oscar Niemeyer, aquele arquiteto comunista. E Roliúdi é um antro de esquerdopatas. Não é à toa que o pessoal para entrar tem que passar num tapete vermelho. Que saudade dos tempos do Ronald Reagan e do John Wayne…

 

O pior é que faz só uns dias que eu falei: “Há quanto tempo a gente não faz um bom filme no país?”, e agora esse documentário é indicado ao Oscar. Parece que é de propósito pra me provocar!

 

No ano que vem, será que o documentário sobre o Olavo de Carvalho vai ficar entre os finalistas? Acho que não. Só a esquerda é que passa nos concursos públicos e ganha prêmios de arte. Por que será, hein? Será que eles são mais inteligentes? Não, deve ser tudo conchavo. Quem vai ser mais inteligente que o Ernesto Araújo, o Weintraub e a Damares?

 

Diário, será que eu devia dar parabéns para a diretora do filme? Ah, mas eu não vou dar mesmo! Não dei pro Chico Buarque, vou dar pra essa tal Preta, Prieta, Petera… Costa? De jeito nenhum!

 

O engraçado é que o PSDB e o Aécio deram parabéns pro filme. Os caras são muito caras de pau. Mas aposto que, se o filme ganhar o Oscar, o Aécio vai pedir recontagem.

*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

@diariodobolso

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

POSTS RELACIONADOS

Estilhaços (do coração)

Livro mais pessoal e revelador de Paulo Batista Nogueira Jr. Trata, também, da relação entre arte e realidade, entre memória e fabulação.

MST: Tirando leite da pedra

Por frei Gilvander Moreira¹ Se prestarmos bem atenção em certas notícias, veremos como uma brutal injustiça socioeconômica se reproduz diariamente no Brasil. Eis algumas notícias

Regime de urgência para retirar a “função social da terra” da lei 8629/1993 é aprovado a toque de caixa

O projeto é visto como tentativa da bancada ruralista de enfraquecer a reforma agrária e flexibilizar normas ambientais e sociais, favorecendo o agronegócio e grandes proprietários. Especialistas alertam que a medida pode aumentar a concentração fundiária, expulsar comunidades tradicionais e comprometer a justiça agrária e ambiental, agravando desigualdades e conflitos no campo.