Por José Roberto Torero*
Diário, tive que despedir o Rogério Alvim. Ou será que o nome dele era Ronaldo Alvim? Bom, aquele rapaz lá que fazia teatro.
E, olha, eu fiz isso a contragosto. É que eu sabia que o pessoal da esquerda ia gostar, e se tem coisa que eu não gosto de fazer é fazer uma coisa que a esquerda gosta que eu faça.
Mas foi muita pressão, talkei?
Pra começar, a Confederação Israelita reclamou. E boa parte dessa turma tá do meu lado, pô! Até me convidaram pra falar na Hebraica do Rio de Janeiro na eleição. Esses aí eu não posso desagradar.
O Rodrigo Maia, que não é assim um defensor dos direitos humanos, também pediu a cabeça do cara.
O MBL pediu a cabeça do cara.
O Alcolumbre, que é judeu, chegou atrasado na conversa, mas me ligou e pediu a cabeça do cara.
O Paulo Guedes pediu a cabeça do cara, porque disse que, no encontro de Davos, na Suíça, só iam falar nisso.
Até o Olavo de Carvalho disse que o Alvim tava louco. E, se o Olavo fala que alguém é louco, o sujeito deve ser mesmo, porque esse pessoal se conhece.
Eu sei que mandar o cara embora é uma injustiça, porque até o slogan da minha campanha é inspirado no nazismo. A turma do Hitler dizia “Alemanha acima de tudo”. A minha equipe aproveitou esse pedaço e acrescentou “Deus acima de todos” pra agradar os evangélicos. É um slogan neonazipentescostal, kkk!
A verdade é que eu não esperava que tivesse tanta reação. Pô, se eu elogiei o Ustra, que era torturador, e não me aconteceu nada, o que é que tem usar a frase de um nazista? É muito mimimi!
A única parte boa nesse carnaval todo é que pararam de falar no Fabio Wajngarten, da Secom. O Alvim acabou sendo um bom boi de piranha.
Pelo menos, Diário, já sei como vou explicar a exoneração do Ricardo Alvim. Vou falar que o nazismo é de esquerda e, se ele citou um nazista, então é porque ele é de esquerda. Sou jênio!
O chato é se começarem a dizer: “Já tiraram o Goebbels, agora tem que tirar o Hitler”. Aí vai complicar,talkei?
*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
@diariodobolso
PS: Quem eu chamopro lugar do Rodrigo Alvim? O Zezé di Camargo? O Gustavo Lima? O Roger? A Andressa Urach? Não, acho melhor a Regina Duarte. Ela já foi a Rainha da Sucata, vai saber cuidar de uma secretaria sucateada, kkk!
Uma resposta
quero ver tirar.. com essa moleza da esquerda..