Diário do Bolso: Ele fez aniversário e é o meu funcionário do mês

Por José Roberto Torero*

Diário, hoje é dia 28, então tenho que dizer quem é o meu funcionário do mês.

 

Vou dar uma pista: esse mês ele faz aniversário.

 

Isso mesmo. É ele: Jesus!

 

Tá, eu sei que Cristo não tem nenhum cargo no meu governo, mas o cara trabalhou à beça pra mim. Começou já na eleição. Um monte de pastor disse que Ele estava comigo e assim eu consegui sei-lá-quantos milhões de votos.

 

Mas não parou por aí, não. No meu último discurso pela tevê, a Michelle usou uma camisa onde estava escrito “Jesus”. Foi a coisa mais comentada do meu pronunciamento. O cara é um garoto propaganda excelente.

 

Ele também ajuda a me vingar de uns inimigos. Do pessoal do Porta dos Fundos, por exemplo. Jogaram umas bombas lá na sede deles porque os engraçadinhos fizeram um programa de tevê na internet com um Jesus gay. Bem feito, pô! Isso não pode. Tanto que eu e o Moro ficamos na nossa. Nenhuma palavra contra. Fazer arminha na Marcha para Jesus pode. Beicinho, nunca!

 

Enfim, esse mês eu quero homenagear esse sujeito que transformou água em vinho (se bem que eu prefiro cerveja), que era contra a violência (se bem que esse negócio de dar a outra face é uma bobajada, tem é que sentar a mão!) e que foi torturado (se bem que eu sou a favor da tortura, desde que seja no cara certo, pô, não em Jesus ou no Flavinho para ele confessar a raspadinha.

 

Enfim, Diário, Jesus é um dos meus melhores empregados! E nem pede décimo-terceiro, kkk!

 

Olha, prometo que um dia, para homenagear o cara, mando colocar umas beretas na estátua dEle.Se quer proteger o Brasil, tem que estar armado, pô!

Amém.

@diariodobolso

*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

 

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Sinto saudades do Lelê. Foi o Blog do Lelê que me encorajou a criar o Viva a Velhice. Você poderia escrever sobre como o Lelê percebe e vive o processo de envelhecimento. Que tal? Precisamos aprender a envelhecer.

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