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DIA A DIA da Greve de Fome por Justiça no STF

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4º DIA

Manuela D’Ávila, pré-candidata à presidência pelo PCdoB, visitou na manhã desta sexta-feira (03) a Greve de Fome por Justiça no STF.

Desde a última terça-feira (31), Frei Sergio Görgen, Jaime Amorim, Zonália Santos, Luiz Gonzaga (Gegê), Vilmar Pacífico e Rafaela Alves estão em greve de fome, em Brasília, para denunciar o aumento da fome, mortalidade infantil, violência e desemprego.

Além disso, protestam contra a atuação tendenciosa de parte do Poder Judiciário na prisão do Presidente Lula.

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|Avaliação médica nº 2|

Nesta sexta-feira, 3 de agosto, os seis militantes que estão em Greve de Fome por Justiça no STF completam quatro dias sem consumir nenhum tipo de alimento, apenas água e soro. A cada dia que passa, o cuidado para com a saúde de Luiz Gonzaga (Gegê), Zonália Santos Rafaela Alves, Vilmar Pacífico, Frei Sérgio Görgen e Jaime Amorim precisa ser mais rigorosa, pois além das dores de cabeça, ansiedade, insônia, desidratação e a fadiga, a perda de peso foi diagnostica.

“Nesse quarto dia greve, os seis participantes apresentam quadros de maior fadiga, dores de cabeça mais frequentes, alteração na pressão arterial, estamos monitorando isso, todos perderam peso, entre 900gramas e 1,300kg, alguns perderam massa das reservas de gordura e quem tem pouca reserva, pode começar a perder parte da massa muscular, e isso vamos acompanhar mais de perto”, explica o médico que acompanha a Greve de Fome, Dr. Ronald Wollf.

Um dos grevistas apresentou poliúria, que é o aumento da frequência urinaria, isso significa a falta de sais minerais de reidratação oral, fator que a equipe médica tem monitorado e caso as alterações permaneçam, serão feitos exames laboratoriais mais complexos para ver se não há alterações renais, avalia Dr. Ronald que tem experiência de outras 3 greves de fome.

Por Comunicação da Greve de Fome

Foto: Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania

 

8º DIA

Grevistas de fome vão ao STF solicitar audiências com ministros

No oitavo dia de protesto sem se alimentar, manifestantes apelam por justiça na corte suprema

Chega ao oitavo dia a greve de fome empreendida por sete militantes de movimentos populares do campo e da cidade. O risco para a saúde dos manifestantes deixa em alerta as equipes de saúde e apoio que acompanham o protesto e aumenta a pressão sobre as autoridades que podem resolver a pauta da greve.

Na tarde desta terça-feira (07), Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Jaime Amorim (do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST), Rafaela Alves e Frei Sérgio Görgen (do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA), Luiz Gonzaga, o Gegê (da Central dos Movimentos Populares – CMP) e Leonardo Armando (do Levante Popular da Juventude) irão até o Supremo Tribunal Federal.

A intenção é protocolar onze pedidos de audiências, destinados a todos os ministros da corte. O STF é o lugar onde a liberdade do ex-presidente Lula pode ser debatida e deliberada imediatamente, ao colocarem na pauta o julgamento das ações declaratórias de constituciobalidade (ADC) 43 e 44, que questionam a prisão em segunda instância.

“A perda de direitos em saúde e educação públicas, o aumento dos preços da comida, do gás e dos combustíveis, o aumento da violência sobre as populações negra, LGBT e de mulheres, bem como a volta da miséria e da fome nos move a fazer este ato extremo”, anuncia Frei Sérgio. .

Neste momento de mais debilidade dos grevistas de fome, se intensificam as visitas de parlamentares. Uma comissão de senadores é esperada para esta terça-feira no Centro Cultural de Brasília, onde os manifestantes repousam. Também nesta terça, uma comitiva de indígenas do povo Guarani leva o apoio e solidariedade aos grevistas de fome.

Fome contra a fome

Na segunda-feira (06) um ato político celebrou o encontro dos grevistas de fome com a Caravana Semiárido contra a Fome, que percorreu mais de 4 mil quilômetros cruzando o país e dialogando sobre a urgência de uma política de combate à pobreza e à fome. A Caravana culmina em Brasília e passou pela greve de fome para homenagear os lutadores em seu ato extremo.

Este momento marcou também a chegada do sétimo grevista de fome, Leonardo Armando, militante do Levante Popular da Juventude. Com Leonardo, agora são sete manifestantes que resistem sem ingerir nenhum alimento, apenas tomando água e soro.

 

Vigília em defesa dos direitos constitucionais indígenas: marco temporal não!

Guarani e Kaiowá farão vigília em frente ao STF hoje (7), a partir das 17h. Ato inicia com coletiva de im

prensa em conjunto com manifestantes em greve de fome por Justiça

Hoje (7) à tardinha, indígenas Guarani e Kaiowá e os manifestantes em Greve de Fome por Justiça estarão juntos no Supremo Tribunal Federal (STF). Pela manhã, os indígenas do Mato Grosso do Sul fizeram uma visita solidária aos grevistas e, pela tarde, se encontram em duas agendas paralelas na Suprema Corte, a partir das 17h.

Já há oito dias sem se alimentar, os grevistas protocolarão pedidos de audiência com os onze ministros do STF. Eles solicitarão que sejam pautadas as ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) 43 e 44, que questionam a prisão em segunda instância e poderiam garantir a liberdade do ex-presidente Lula, uma das pautas da greve.

Os indígenas, por sua vez, farão uma vigília em frente ao STF, em defesa dos direitos constitucionais indígenas, pelo direito de acesso à Justiça e contra a tese do marco temporal. A vigília inicia às 17h, com uma entrevista coletiva em conjunto com os grevistas, e prossegue até a meia-noite, com os cantos e rezas tradicionais dos povos Guarani e Kaiowá.

Luta contra o marco temporal

A tese do marco temporal, segundo a qual os indígenas só teriam direito à demarcação das

terras sob sua posse em 5 de outubro de 1988, legitima e legaliza a violência e as expulsões de que os povos indígenas foram vítimas antes desta data. Em 2014, a Segunda Turma do STF anulou a demarcação de três terras indígenas com base nesta tese – entre elas, a Terra Indígena (TI) Guyraroka, dos Guarani e Kaiowá. Os três processos transcorreram sem que as comunidades fossem sequer ouvidas, e estão sendo questionados por meio de recursos.

No caso da TI Guyraroka, a anulação da demarcação pode resultar na expulsão de uma comunidade que já vive em situação de extrema vulnerabilidade, num pequeno acampamento estabelecido em uma das fazendas que se sobrepõem ao seu território tradicional.

Recentemente, o pleno do STF tomou decisões que reafirmam os direitos originários e territoriais dos povos indígenas e quilombolas, com manifestações incisivas dos ministros quanto à inconstitucionalidade do marco temporal. Apesar disso, as três decisões da Segunda Turma vêm sendo utilizadas como referência para outras decisões e medidas administrativas que restringem os direitos dos povos indígenas em todo o Brasil, a exemplo do Parecer 001/2017 da Advocacia-Geral da União (AGU).

Com os anciões e anciãs à frente da vigília, os cerca de 50 Guarani e Kaiowá farão uma noite de rezas e rituais para que sejam ouvidos pelo Poder Judiciário, conforme determina a Constituição Federal; para que as decisões do pleno do STF contra o marco temporal prevaleçam; e para que as decisões da Segunda Turma em 2014, especialmente no caso da TI Guyraroka, sejam revertidas.

 

Grevistas de Fome e povo Guarani-Kaiowá protestam no STF 

 

#GrevedeFome #JustiçanoSTF

🎥 Assista: https://bit.ly/2vxDOEf

 

 

 

 

8º dia da Greve de Fome por Justiça no STF: grevistas vão aos Supremo e protocolam pedidos de audiência

Os seis companheiros e companheiras que estão sem se alimentar há oito dias, depois de sofrerem forte repressão quando oficializam a “Greve de Fome por Justiça no STF” e protocolam o Manifesto no dia 31 de julho, nesta terça-feira (7) retornam ao Supremo Tribunal Federal para protocolar o pedido de onze audiências, endereçadas uma para cada Ministros e Ministras.
Na ocasião Luiz Gonzaga (Gegê), Rafaela Alves, Vilmar Pacífico, Frei Sérgio Görgen, Jaime Amorim e Leonardo Soares, indígenas das etnias Guarani e Kaiowá, parlamentares e demais manifestantes foram impedidos de entrar no órgão público e protocolar os documentos, depois de muita negociação os grevistas acompanhados do médico e de 11 parlamentares protocolaram os pedidos de audiência.
Zonália Santos não pode estar neste momento, conforme o médico que acompanha os grevistas, Dr. Ronald Wolff, “Zonália precisou ir até o hospital para realizar exames e por essa razão não se encontra junto aos demais grevistas”, explica ele. Porém, Cicero Ezequiel Zuza Filho, que está em greve de fome há quarto dias em frente ao STF, somou-se aos grevistas durante o ato.
Sobre a medida adotada pelo Supremo Tribunal Federal em barrar a entrada e o protocolo dos documentos solicitando as audiências, o Deputado Federal e líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta denuncia, “é um absurdo que sete cidadão brasileiros se dirijam ao Supremo Tribunal Federal para protocolar um documento solicitando uma audiência e sejam recebidos com um aparato policial montado, e que num primeiro momento, argumenta que sequer os parlamentares teriam autorização para entrar no Supremo Tribunal Federal, isso revela um Estado de Exceção”.
No documento protocolado à Ministra Cármen Lúcia os grevistas, que já se encontram em estágio de saúde bastante debilitados, solicitam o agendamento o mais breve possível de audiência para tratar AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – ADC 43 e da AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – ADC 44.
Após o documento ser protocolado, as grevistas retornaram aos Centro Cultural de Brasília, onde tem recebido as visitas de solidariedade. Os indígenas Guarani e Kaiowá, do Estado do Mato Grosso do Sul, que pela parte da manhã haviam realizado uma visita aos sete grevistas, num momento de muita mítica, oração e sabedoria, seguiram por sua vez, em vigília em frente ao STF.

Por Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania e Rafael Soriano | MST
📸 Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania

 

9º DIA

|AVALIAÇÃO MÉDICA|

Dia #9 | Greve de Fome por Justiça no STF

🌡🚨⏳ Há nove dias sem alimentar a condição física de Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Luiz Gonzaga (Gegê), Rafaela Alves, Jaime Amorim e Frei Sérgio Görgen está bastante debilitada. Zonália precisou ir ao hospital para fazer exames médicos mais detalhados. Já Leonardo Soares, que está em seu segundo dia de Greve de Fome, começa a sentir os primeiros sintomas da fata de alimentos.
Conforme avaliação médica, “eles estão bem mais fracos do que ontem, a ida ao STF para protocolar os pedidos de audiência foi uma atividade intensa de bastante desgaste energético”, explica Dr. Ronald Wolff.
A perda de peso continua em todos os grevistas, alguns aumentaram a frequência urinária fruto da diminuição de ingestão de sais de reidratação oral, pois estão enjoando do soro, tal alteração tem sido corrigida com reposição. Os episódios de hipoglicemia continuam aumentando e por isso estamos precisando corrigir mais vezes.
Todos eles ainda estão conseguindo ficar sentados na poltrona, no sofá, conseguem falar e receber as visitas, porém já percebe-se a fala bastante cansada, relata o médico. O cansaço, a fadiga, as dores musculares têm se agravado, conforme a Greve de Fome avança.

Por Comunicação da Greve de Fome

📸 Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania

 

9º dia da Greve de Fome por Justiça no STF: grevistas recebem visitas de solidariedade no CCB

Há nove dias sem alimentar, a condição física de Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Luiz Gonzaga (Gegê), Rafaela Alves, Jaime Amorim e Frei Sérgio Görgen está bastante debilitada. Leonardo Soares, que está em seu segundo dia de Greve de Fome, começa a sentir os primeiros sintomas da fata de alimentos. Mesmo assim, o dia foi de visitas em apoio e solidariedade no Centro Cultural de Brasília, onde os grevistas têm sido abrigados.
Durante a manhã e à tarde grupos de parlamentares se revezaram nas visitas de apoio e solidariedade aos companheiros e companheiras da Greve de Fome por Justiça no Supremo Tribunal Federal. A senadora pelo Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, trouxe a solidariedade de todos os professores, pedagogos e do povo do seu Estado. “O que vocês estão fazendo aqui é o maior ato de amor ao povo brasileiro que alguém poderia fazer”, afirma a Senadora.

Entre todas as visitas, das centenas que pessoas que hoje estiveram com os grevistas, uma emocionou eles e a equipe de apoio, o encontro de solidariedade entre grevistas e petroleiros e petroleiras emocionou a todos. Um momento simbólico, porém de muita força, mística e compromisso para com o povo brasileiro, foi a entrega dos jalecos laranja, símbolo de luta dos petroleiros e petroleiras aos sete grevistas.

  • “Foi um momento muito forte, eles entraram na sala com os jalecos vestidos e durante a visita, entregaram um para cada um de nós como símbolo de compromisso para com o Brasil, para com a nossa Soberania Nacional”, relata Zonália com lagrimas nos olhos.

Para selar o compromisso, Rafaela e Jaime, já debilitados pelos nove dias sem se alimentar, de forma emocionante entregaram ao pequeno João, neto de uma das petroleiras que veio prestar solidariedade, um boné do Movimento Sem Terra e um livro de histórias em quadrinho de Alexandre Beck, o “Armandinho”.
Entre uma lágrima e outra, Jaime finaliza, “agora eu sou um sem-terra e petroleiro, e você, é um petroleiro e sem-terra”, palavras ditas agachado em frente ao menino. Rafaela por sua vez explicou porque é que no Brasil tem tantos passando fome, a criança com os olhos fixos e atentos nas expressões e palavras da jovem camponesa, diz

entender.
Ao final da tarde, por orientação da equipe médica, os sete grevistas recolheram-se ao descanso mais cedo para diminuir o desgaste energético, levando em consideração que esta é uma greve de fome que teve dia para iniciar, e não tem data marcada para encerar.

Por Adilvane Spezia | MPA e Rafael Soriano | MST
📸 Adilvane Spezia | MPA 👇

 

10º DIA

|AVALIAÇÃO MÉDICA|

Dia #10 | Greve de Fome por Justiça no STF

🌡🚨⏳ Ao décimo dia da Greve de Fome, a condição de saúde física e psicológica apresentam-se bastante fragilizadas. Hoje, 9 de agosto, Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Luiz Gonzaga (Gegê), Rafaela Alves, Jaime Amorim, Frei Sérgio Görgen e Leonardo Soares sentem ainda mais o cansaço, a fadiga, dores de cabeça e musculares.
A medida que a Greve de Fome por Justiça no STF avança, mais médicos e médicas populares tem se somado à equipe de forma permanente. A partir de hoje a Médica de Família e Comunidade, Maria da Paz Feitosa de Sousa, passa a compor a equipe. Conforme a médica, “como já estamos no décimo dia de Greve de Fome, o cuidado e monitoramento médico precisou ser intensificado, pois os sinais e sintomas passaram a ser mais intensos e exigem maior cuidado”, explica ela.
Conforme Dr. Ronald Wolff, “a fadiga, cansaço, cefaleia e a perda de peso continuam aumentando. Os que não usam tratamento para hipertensão começam a apresentar quadros de hipotensão que é a diminuição da pressão arterial, e alguns, começam a apresentar sintomas de hipotermia, ou seja, começamos a senti-los mais frios, isso é um forte sinal dos 10 dias sem se alimentar”.
Mesmo com o quadro clinico avançado, os sete grevistas, todas as manhãs realizam leves alongamentos, medida que interfere de forma direta no organismo dos grevistas, para aliviar dores e prevenir contraturas, bem como, ativar a circulação sanguínea, sem contar que é um momento terapêutico de relaxamento.

Por Comunicação da Greve de Fome
📸 Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania👇

Grevistas de fome são recebidos por ministro Lewandovski no STF

Após dez dias em greve de fome, nesta quinta-feira, audiência com o Supremo Tribunal Federal (STF) representa vitória da mobilização extrema

Na tarde desta quinta-feira (09), os sete manifestantes que estão em greve de fome exigindo justiça ao STF serão recebidos por um dos membros da corte. Apesar de terem sido protocolados 11 pedidos de audiências, com todos os ministros, apenas Ricardo Lewandovski se prestou a receber os grevistas, que seguem há dez dias sem se alimentar.

Após a audiência, agendada para às 16 horas, os militantes farão um comunicado à imprensa, na porta do STF, relatando os encaminhamentos da reunião.

Para apoiar os grevistas, estarão também presentes na audiência Marcelo Lavenére, advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a pastora Romi Bencke, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic).

Os grevistas de fome participam, ainda, de um ato interreligioso em frente ao Supremo, organizado pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN) e pelo Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afrobrasileira (Cenarb), exigindo respeito às tradições afro-brasileiras.

Contexto

Os militantes Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves (do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA), Luiz Gonzaga, o Gegê (da Central dos Movimentos Populares – CMP), Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico (do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST) estão há dez dias em greve de fome. Leonardo Armando, do Levante Popular da Juventude, está em seu terceiro dia de greve.

Os sete lutam contra a volta da fome no país, o aumento do custo de vida, a perda de direitos em saúde e educação, o aumento da violência, a perda da soberania nacional e pela liberdade do ex-presidente Lula, bem como seu direito de ser candidato. Eles enxergam na simbologia de Lula a possibilidade de reverter a situação calamitosa a que o golpe de 2016 jogou os mais pobres.

10º dia da Greve de Fome por Justiça no STF: em audiência Ministro Lewandovski recebe os sete grevistas

Com dez dias em Greve de Fome e a saudade bastantes debilitada, os sete grevistas foram recebidos pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski na tarde desta quinta-feira, (9). Após a audiência Rafaela Alves, Luiz Gonzaga (Gegê), Zonália Santos, Frei Sérgio Görgen, Vilmar Pacífico, Leonardo Soares e Jaime Amorim concederam entrevista à imprensa e participaram do Ato Inter-religioso em frente ao Supremo.
Em coletiva à imprensa Jaime e Rafaela destacaram como foi a conversa com o Ministro. Em primeiro momento eles relataram as razões pelas quais estão em Greve de Fome e porquê responsabilizam o Supremo Tribunal Federal, entre elas, está o retorno do Brasil ao Mapa da ONU, o aumento da violência contra mulheres, negros e LGBTs, o sofrimento e o abandono dos mais pobres.
Jaime destacou a postura de Lewandowski com relação as duas ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs), que devem decidir sobre a prisão em segunda instância. “O ministro disse que temos que apostar que o STF vai fazer Justiça e que temos que acreditar que isso vai acontecer. Ele disse que, nesses anos, o STF tem aprovado medidas importantes para o Brasil. Ele fez uma defesa do STF, não entrou em muitos detalhes”, avalia Jaime.
Rafaela chamou a atenção para a defesa da Soberania Nacional como pauta dos grevistas: “a primeiro momento foi colocarmos nossa pauta do que se trata nossa greve de fome. Entre os pontos, também está a Soberania Nacional. Estamos perdendo nossas terras, nossa água, nosso petróleo. Tudo aquilo que é riqueza e que é fundamental para a construção do desenvolvimento do país”.
A jovem camponesa do MPA ainda denunciou a demora do Supremo Tribunal Federal e da justiça brasileira, “o preço da lentidão da Justiça será ver corpos velados em frente ao STF, e nós dissemos isso ao Ministro”. O recado soou como um alerta, pois durante o ato inter-religioso a grevista Zonália, passou mal e preciso receber atendimento médico ainda no local pela equipe médica que acompanha a Greve de Fome por Justiça no STF.
O Ato Inter-religioso foi realizado em solidariedade aos povos de matriz africana e pelos direitos de realização de suas expressões religiosas, com a presença de mais de 20 matrizes religiosas e espirituais, que se unem aos povos indígenas em apoio também aos sete militantes em greve e fome há dez dias.

Por Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania

📸 Adilvane Spezia | MPA e Douglas Mansur 👇

Músicos do Rio Grande do Sul homenageiam grevistas de fome que hoje (9) completam onze dias sem se alimentar.
Acompanhe: http://bit.ly/2nrglQj

 

11º DIA

|AVALIAÇÃO MÉDICA|

🌡🚨⏳ Dia #11 | Greve de Fomes por Justiça no STF

No 11º sem se alimentar Jaime Amorim, Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Rafaela Alves, Frei Sergio Görgen e Luiz Gonzaga (Gegê) apresentam condição de saúde bastante fragilizada pelo sacrifício físico. Já Leonardo Soares, há 4 dias em Greve de Fome, também demonstra fraqueza e debilidade.

O cansaço, as dores musculares e de cabeça se intensificam e apresentam maior frequência com o passar dos dias de Greve de Fome, e aumentaram bastante após o retorno da audiência com o Ministro Lewandowski na tarde de ontem. Importante medidor da condição de saúde, a pressão arterial de todos se mantêm em um nível adequado para a situação, com alguns momentos de baixa mas com boa possibilidade de controle por parte da equipe médica.

Foi notado um aumento na irritabilidade e ansiedade dos manifestantes. De acordo com a equipe médica, a falta de nutrientes que contribuem para a tranquilidade no corpo humano os está deixando com um nível de tolerância bem mais baixo, exigindo cuidados específicos.

“Ás vezes eles ficam um pouco irritados com alguma pergunta ou com alguma atividade, então a gente deixa muito livre. Se vamos propor algo como um alongamento que tem o objetivo de contribuir com a sua saúde e isso vai irritá-los, deixa de cumprir com o que a gente buscava então vamos negociando com eles e respeitando a sua vontade”, relata médico.

Por Comunicação da Greve de Fome

📸 Foto: Marcos Cornari | MPA e Rede Soberania

11º Dia da Greve de Fome por Justiça no STF: cresce o apoio e solidariedade à Greve

Está sexta-feira, 10 de agosto, foi de visitas no Centro Cultural de Brasília onde Jaime Amorim, Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Rafaela Alves, Frei Sergio Görgen e Luiz Gonzaga (Gegê) e Leonardo Soares tem sido alojados. Mesmo sentindo o cansaço, dores musculares e de cabeça, frutos dos onze dias sem se alimentar, os sete grevistas receberam parlamentares, simpatizantes e apoiadores da Greve de Fome por Justiça no Supremo Tribunal Federal.
O Senador pelo Rio Grande do Sul, Paulo Pain, destacou a importância desse ato extremo. “Quero parabenizar os companheiros que estão aqui. É uma luta mais do que justa e corajosa em defesa da Democracia e da liberdade política de Lula. Porque não deixar ele concorrer? O povo é quem deve decidir se ele deve ser presidente ou não”, reforça o Senador que ainda se colocou à disposição da equipe de apoio e pretende dedicar o Premio Congresso em Foco, que receberá na próxima segunda, a cada um dos manifestantes.
A língua não foi um empecilho na visita religiosa da Rede de Igrejas e Mineração, dos Missionários Colombianos e dos Freis Franciscanos que vieram prestar solidariedade e trazer uma mensagem de fé, amor e esperança. Outra visita religiosa foi do bispo auxiliar de Olinda – PE, Limacêdo Antônio da Silva, se solidarizou para com os grevistas de fome, “o que está em jogo é a vida destes companheiros e companheiras e negar a vida é egoísmo”, afirma o bispo recém nomeado pelo Papa Francisco. Ele ainda destacou a participação das mulheres neste ato estremo de manifestação, onde o indivíduo põe a sua vida a serviço de uma causa, “vocês são fonte da esperança, são a fonte da vida, pois todo filho leva consigo um pedaço de sua mãe”.
Um momento especial foi protagonizado por cerca de 30 psicólogos, representantes das setoriais de direitos humanos de 23 conselhos regionais de Psicologia. Vieram prestar solidariedade aos grevistas e manifestar a gratidão pelo grupo de psicólogos voluntários que tem se revezado no acompanhamento do protesto desde o primeiro dia.
Os grevistas receberam ainda a visita, o apoio e solidariedade das mulheres do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). E assim como tem crescido as vistas aos grevistas, tem aumentado de forma considerável o número de pessoas solidárias para com os grevistas e a Greve de Fome enviando mensagens e até mesmo, na doação de soro, água, medicamentos e serviços terapêuticos, como reik e massagens.

Por Adilvane Spezia e Marcos Corbari | MPA e Rede Soberania

📸 Marcos Corbari | MPA e Rede Soberania👇

 

12º DIA

|AVALIAÇÃO MÉDICA|

🌡🚨⏳ Dia #12 | Greve de Fome por Justiça no STF

12º dias sem comer e os sintomas clínicos tem se agravado ainda mais, nesta fase a equipe médica tem demonstrado preocupação para com a saúde física e mental de Luiz Gonzaga (Gegê), Frei Sergio Görgen, Jaime Amorim, Zonália Santos, Vilmar Pacífico e Rafaela Alves. Com a mesma intensidade a equipe tem monitorado o jovem Leonardo Soares, que hoje (11) completa seu 5º dia em Greve de Fome, pois já apresenta sinais de fraqueza e debilidade física.
Conforme a Médica de Família e Comunidade, Maria da Paz Feitosa de Sousa, a pressão arterial tem alterado muito e precisa de monitoramento 24 horas por dia, pois está cada vez mais difícil de controlar. “Outro fator bastante preocupante é a hipoglicemia, os picos têm sido cada vez mais frequentes e com valores bastante baixos, o que aponta uma criticidade do quadro médico”, explica a doutora.
As dores musculares, e aqui é preciso considerar que o coração, estomago e intestino também são músculos, tem se agravado, assim como a fadiga, o cansaço e as dores de cabeça. “Alguns já apresentam indisposição para os alongamentos matinais, para suprir essa demanda os grevistas passaram pelo atendimento de um fisioterapeuta, o objetivo é ativar a circulação e prevenir contraturas, fadiga e dores musculares. Percebemos o aumento na irritabilidade, ansiedade e sonolência dos manifestantes e a perda de peso tem sido constante”, relata Dr. Ronald Wolff.
A equipe médica destacou ainda o acentuado estado de debilidade física dos grevistas que completam doze dias sem se alimentar, ingerindo apenas água e soro. Como parte do acompanhamento médico, os sete grevistas seguem recebendo sessões de massagens e reik.

Por Comunicação da Greve de Fome

📸 Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania👇

Grevistas realizam Celebração Religiosa em frente a casa do Ministro do STF, Edson Fachin. Hoje 12 de agosto, a #GreveDeFome por #JustiçaNoSTF completa seu 13o. dia.

🔴 Acompanhe, curta e compartilhe: https://www.facebook.com/FrenteBrasilPopular/

Grevistas recebem a visita do cantor e compositor popular, Chico Cezar. Hoje 12 de agosto, a #GreveDeFome por #JustiçaNoSTF completa seu 13º dia.

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http://bit.ly/2vZ9CBb

 

13º DIA

👊🏽 ATENÇÃO!!! 👊🏽

Os grevistas de fome que estão há 13 dias sem alimentação, manifestando-se por Justiça no STF convidam para novo ato público nesta segunda-feira, 13/08, às 8h da manhã, junto ao acesso do Bloco B, 316-Sul, em Brasília.

Será realizado novo ato inter-religioso com a participação do grupo de grevistas e diversas representações do Sagrado cujos celebrantes estão comprometidos com a defesa da democracia e o combate à fome. Participe!

#GreveDeFome #JustiçaNoSTF

Transmissão a partir da Frente Brasil Popular: https://www.facebook.com/FrenteBrasilPopular

|AVALIAÇÃO MÉDICA|

🌡🚨⏳ 12/08 – 13o. dia de Greve de Fomes por Justiça no STF

Os seis primeiros ativistas a aderir à greve de fome – Jaime Amorim, Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Rafaela Alves, Frei Sergio Görgen e Luiz Gonzaga (Gegê) – chegaram ao 13o. dia sem receber alimentação. Já Leonardo Rodrigues, que aderiu ao grupo com o ato em andamento, chegou ao 7o. dia de greve. O quadro de saúde segue fragilizado, como previsto pelo corpo médico, que tem redobrado a atenção, mantendo acompanhamento permanente, 24 horas por dia.

Hoje se notou – após uma sequencia de intensa atividades que envolveram ato público e recepção de grupos de visitantes – um desgaste físico mais marcante, sendo que três dos grevistas tiveram quadro leve de desidratação, constatado após o retorno do ato em que participaram de celebração em ambiente aberto.

Durante a tarde a equipe médica suspendeu as visitas até as 16 horas para que os grevistas repousassem e, após, passaram a encaminhar um a um para receber terapias localizadas com vistas a diminuir a incidência de fadiga muscular e dores de cabeça.

Toda equipe de apoio esteve atenta também para com os aspectos comportamentais, uma vez que familiares tem manifestado preocupação com os grevistas e, hoje, comemorou-se o Dia dos Pais, uma data que normalmente inspira reações mais agudas. O grupo de psicólogos que acompanha desde o primeiro dia a greve também esteve presente monitorando esse aspecto. Como previsto, a ansiedade e irritabilidade tem crescido diariamente.

Conforme relatado pela médica de família e comunidade, Maria da Paz Feitosa de Sousa, os cuidados em relação ao contato dos grevistas com visitantes estão sendo ampliados, devido à fragilidade crescente que apresentam. Os horários de visita deverão ser restringidos nos próximos dias e grupos maiores evitados, assim como o contato direto de visitantes com os grevistas. A participação dos sete em atos públicos também deverá ser reavaliada diariamente pela equipe de saúde.

Por Comunicação da Greve de Fome

15º DIA

Grevistas realizam Ato Inter-Religioso em frente ao STF com a presença do Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel

Os sete grevistas, que hoje (14) completam 15 dias em Greve de Fome por Justiça n STF, junto com diversas representações do Sagrado cujos celebrantes estão comprometidos com a defesa da democracia e o combate à fome, realizam na manhã desta terça-feira, às 10 horas um Ato Inter-Religioso em frente aos Supremo Tribunal Federal.
Além dos sete grevistas, – Vilmar Pacífico, Jaime Amorim, Zonália Santos, Frei Sérgio Görgen, Rafaela Alves, Luiz Gonzaga (Gegê) e Leonardo Soares – está confirmada a presença do argentino Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel e João Pedro Stédile, dirigente do MST e Via Campesina
A ação está sendo organizada pelos movimentos populares que integram a Frente Brasil Popular e faz parte da Jornada Nacional de Lutas pela Democracia.

Ato Inter-Religioso
Em frente ao STF
14/08/2018
10 horas

 

 

 

 

 

 

Sobre o sentido da luta, o sonho da liberdade e desafio do semear: Diálogo com um Nobel da Paz

Marcos Corbari | Adilvane Spezia*

Em agosto passamos uma tarde com Adolfo Pérez Esquivel e outros companheiros no sonhar. O escritor e ativista argentino tem passado com frequência no Brasil, denunciando a ruptura democrática a que fomos sujeitados neste tempo de estranho cotidiano. Mas sua voz não é lamento, ao contrário, os anos que ralearam e branquearam seus cabelos só lhe trouxeram mais vigor no ato constante de resistência. As entrelinhas dessa prosa relembram: a paz não se faz de silêncios, não se forja de omissões. Pela paz também se luta. E mais que nunca, é preciso lutar. Pelear, como gostamos de dizer ao sul do mundo. Expressões dicotômicas, contraditórias até, porém repletas de sentido. “A paz não se ganha, se constrói. E fiquemos atentos: paz sem liberdade jamais será paz”. Para Esquivel, sem liberdade se perde tudo, inclusive a capacidade amar. “Não se pode amar por decreto”.
O amor revolucionário é um tema recorrente em suas falas. Não nos remete ao sentido do afeto raso e egoísta que confunde e cerceia, ao contrário, nos desafia a um amor de fato humanizado, coletivista, voltado ao próximo. “Quando fizermos isso seremos capaz de transformar o mundo”. E repete: mudar o mundo é uma urgência, para que possamos preservar para além da humanidade, nossa humanidade. Aprender sempre é um conselho que deixa. A observação é necessária para que se compreenda o tempo, a história e as pessoas. Mas a passividade frente aos ciclos da história não são uma concessão nem uma opção. O protagonismo dos povos deve ser provocado frente o fundamentalismo alienante dos mercados. “A historia é o povo que escreve, não os historiadores”.
Semblante sereno, aguarda um instante e invés de responder, pergunta: “O que deixaremos aos nossos filhos e aos filhos dos nossos filhos?” Segundos de silêncio perturbador aguardam a resposta cheia de simplicidade e sabedoria: “Hoje semeamos o que eles vão colher, o que nossos filhos e os filhos dos nossos filhos vão colher…” Esquivel tem razão em sua reflexão: Se semearmos ódio, eles vão colher a vingança; se semearmos amor, eles vão colher esperança e paz.
Mas antes de semear, é preciso arar a terra. E no campo das representações sígnicas, este ato de arar remete a ideia de luta. E sim, pela paz também se luta. Gracias, Esquivel, pela generosidade de suas palavras, pelo incômodo de suas perguntas e pelo desafio de suas resposta. Adelante!

*Jornalistas, integrantes do coletivo de
comunicação do Movimento dos
Pequenos Agricultores (MPA)

Esquivel e Frei Sérgio Görgen serão recebidos por Carmen Lúcia às 14h no STF

O Prêmio Nobel da Paz, o argentino Adolfo Perez Esquivel e o integrante da greve de fome Frei Sérgio Görgen, serão recebidos pela presidente do STF, Carmen Lúcia, nesta terça-feira, às 14h, no gabinete da ministra.

Esquivel e Frei Sérgio estarão acompanhados na reunião de uma comissão formada por juristas, artistas, escritores e lideranças de organizações da sociedade civil.

O Nobel solicitará à ministra a inclusão na pauta de votações do tribunal a ADC do PCdoB, que questiona a constitucionalidade da prisão de condenados em 2ª instância, que prejudica o presidente Lula e mais de 150 mil presos no país.

Além disso, defenderá que seja respeitado o direito de liberdade de expressão do Lula, que não tem obtido autorização para conceder entrevistas à imprensa.

Na audiência, será entregue à ministra as 330 mil assinaturas do manifesto Eleição Sem Lula é Fraude, que tem a adesão de personalidades brasileiras e estrangeiras, denunciando ações do Poder Judiciário para impedir que o ex-presidente seja candidato.

Logo depois da audiência, Esquivel e Frei Sérgio juntamente com os integrantes da comissão darão entrevista coletiva à imprensa, em frente à entrada principal do tribunal por volta das 15 horas.

Em audiência com juristas, artistas, escritores e lideranças de organizações da sociedade civil, a Presidenta do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, se comprometeu em receber os sete grevistas, que hoje (14) completam 15 dias em #GreveDeFome por #JustiçaNoSTF.

Na audiência – que durou em torno de uma hora -, estiveram o argentino Adolfo Perez Esquivel (Nobel da Paz em 1980), Frei Sérgio Görgen (do MPA e grevista de fome há 15 dias), o ator Osmar Prado, a jurista Caroline Proner (uma das organizadoras do livro “Comentários a um Acórdão Anunciado: O Processo Lula no TRF4”), e, Beatriz Cerqueira (Frente Brasil Popular).

📸 Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania 👇

Por Justiça no STF, grevistas de fome realizam ato inter-religioso

O ato inter-religioso previsto para ocorrer amanhã pela manhã em frente ao Supremo Tribunal Federal, marcando os 16 dias de greve de fome por Justiça no STF foi transferido para a próxima quinta feira (16) ás 18 horas.
A ação está sendo organizada pelos movimentos populares que integram a Frente Brasil Popular e faz parte da Jornada Nacional de Lutas pela Democracia.

16º DIA

|AVALIAÇÃO MÉDICA|

Dia #16 | Greve de Fomes por Justiça no STF

🌡🚨⏳ Os seis primeiros ativistas a compor a #GreveDeFome por #JustiçaNoSTF completaram 16 dias sem nenhum tipo de alimentação. Jaime Amorin, Sérgio Görgen, Gegê Gonzaga, Zonália Santos, Rafaela Alves e Vilmar Pacífico seguem demonstrando muita resistência e convictos nos ideais que sustentam o ato, mas a preocupação da equipe de saúde com o bem-estar deles é explícita. O sétimo grevista, Leonardo Rodrigues, que se agregou ao grupo quando a greve já contabilizava uma semana, atingiu o nono dia sem alimentação, entrando também em uma fase onde se requer mais cuidados e acompanhamento.
– Já é um quadro grave, que requer cuidados intensivos -, explica o médico popular Ronald Wolff. “Temos alguns ativistas com perda de massa corporal superior a 10 quilos”, aponta. Episódios de queda de temperatura corporal e pressão arterial tem sido mais frequente, assim como dores de cabeça e fadigas musculares. “Esperamos que essa situação se resolva logo, porque essas pessoas estão expostas a um risco de via real”, alerta.
Embora animados com a programação que foi intensa e positiva, contagiados pelas dezenas de visitas que receberam e culminando com a participação no ato público de registro da candidatura de Lula junto ao Tribunal Superior Eleitoral, os sete grevistas encerraram o dia precisando receber cuidados especiais da equipe de saúde, que ficou mobilizada para o acolhimento ao final do ato e verificação das condições de cada um antes do repouso noturno.

Por Comunicação da Greve de Fome

📸 Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania👇

16º Dia da Greve de Fome por Justiça no STF: grevistas recebem Haddad e discursam para multidão em ato público

No dia em que as três colunas de povo em marcha se encontraram em Brasília com centenas de delegações que vieram dos mais distantes cantos do Brasil para conduzir o registro da candidatura de Lula e Haddad junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os sete grevistas de fome completaram respectivamente 16 dias sem alimento (Jaime Amorin, Sérgio Görgen, Gegê Gonzaga, Zonália Santos, Rafaela Alves e Vilmar Pacífico) e 8 dias sem alimento (Leonardo Rodrigues). Apesar de já estarem debilitados e com a saúde fragilizada, os ativistas participaram de uma agenda intensa de atividades, quase ininterruptamente do início ao final do dia.

Logo cedo a rotina foi agitada pela visita de Fernando Haddad – candidato a vice na chapa de Lula – e Gleise Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, acompanhados de dirigentes e parlamentares. Haddad manifestou solidariedade aos grevistas e expressou palavras de gratidão e reconhecimento pelo sacrifício que empreendem em nome da defesa da democracia. “Eu quero deixar a nossa solidariedade, a nossa gratidão, e sobretudo o nosso reconhecimento por esse ato, que é um ato radical sim, de luta, um ato de pessoas tão corajosas que colocam em risco a própria vida pra chamar atenção para a injustiça dos desmontes que atingem o povo e a injustiça de Lula inocente ser mantido preso” -, expressou Gleisi. Haddad fez questão de dizer que levou para a visita a palavra do ex-presidente de solidariedade e carinho àqueles que estão realizando um ato tão extremo em favor de um bem maior. “Lula também está em uma situação de agonia mas com força para que o povo possa recuperar sua força e sua voz”.

Uma delegação de sindicalistas, integrantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) estiveram com os grevistas pela manhã, debatendo a soberania nacional e reforçando as manifestações de solidariedade que já vinham sendo expressas pela classe desde a deflagração do movimento grevista. Professores e trabalhadores em educação também foram representados em um ciclo de visitas. O Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais trouxe uma delegação com representantes de diversos estados, desde o extremo sul do país até a região norte, que igualmente fizeram questão de passar alguns minutos com os grevistas e reforçar simbolicamente o ato dos sete.
Na sequência o teólogo Leonardo Boff e sua companheira Márcia Miranda passou algum tempo conversando com o grupo, prestando orientação espiritual e compartilhando memórias de outras lutas em que ele mesmo foi protagonista. “Vocês estão dando um pouco da vida de vocês porque a fome – assim como dizia Ghandi – é a forma mais assassina de agressão” -, explicou Boff. “Eu tenho esperança porque sei que a vida continua, essa esperança que nós não perdemos e vocês vivem dela”.

No início da tarde foi a vez do ex-senador Eduardo Suplicy deslocar-se até o Centro Cultural Brasília para conversar com os grevistas, debater a conjuntura do país e as pautas que dizem respeito às demandas do povo trabalhador. Suplicy presenteou com quatro livros os grevistas, com seu livro mais recente, “Renda de Cidadania: a saída é pela Porta”. O ex-governador do Rio Grande do Sul e membro do grupo que fundou o PT, Olívio Dutra, também esteve presente no CCB, reforçando os laços de companheirismo que os irmana na militância.

O final da tarde seria o mais simbólico, com o deslocamento dos grevistas até o ato público que foi realizado após o registro da candidatura de Lula e Haddad, efetivada junto ao Tribunal Superior Eleitoral. Em meio ao público estimado de 50 mil pessoas os grevistas Gegê e Amorin fizeram pronunciamento em nome do grupo. “Estamos em greve de fome para que o povo brasileiro não venha a morrer de fome. Denunciamos o sofrimento e o abandono dos mais pobres, em especial das pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem-terra, assentados, quilombolas e desempregados. Denunciamos o aumento da violência contra as mulheres, jovens, negros e LGBTs. Queremos a juventude preta da favela viva, Lula Livre e Lula Presidente!”, explica Gegê a multidão que se reuniu em frente ao TSE.

Por Adilvane Spezia e Marcos Corbari | MPA e Rede Soberania

📸Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania 👇

Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, Paulo Teixeira e Lindbergh Farias visitam grevistas de fome em Brasília nesta quarta-feira (15/8). #LulaLivre Fotos: Ricardo Stuckert

#AOVIVO:

🎥👥 Haddad, Gleisi, Paulo Teixeira e Lindbergh visitam grevistas em Brasília. #GreveDeFome por #JustiçaNoSTF

Acompanhe, curta e compartilhe: http://bit.ly/2MtIvZk

 

17º DIA

|AVALIAÇÃO MÉDICA|

Dia #17 | Greve de Fome por Justiça no STF

🌡🚨⏳ O décimo sétimo dia da Greve de Fome por Justiça no STF começou com uma informação incômoda para os grevistas. Partindo de um político que esteve em visita a Jaime Amorin, Sérgio Görgen, Gegê Gonzaga, Zonália Santos, Rafaela Alves, Vilmar Pacífico e Leonardo Soares no dia anterior, a informação equivocada dava conta de que um deles estaria internado em um hospital de Brasília, o que foi desmentido pela equipe de saúde prontamente. O informe, porém, viralizou e despertou preocupação em familiares e amigos, gerando a demanda de manifestações pessoais dos grevistas e também dos médicos e médicas populares que os acompanham.

A médica popular Maria da Paz se manifestou a respeito desse tema e destacou que, embora todos estejam de fato com a saúde fragilizada e precisem de um controle constante dos principais indicadores, todos estão em condições físicas de continuar com o ato. Além de Paz, outros dois médicos compõem o coletivo de saúde da greve, que conta ainda com psicólogos e psicólogas, massoterapeutas e outros voluntários.

O doutor Ronald Wolff, que já acompanhou quatro greves de fome, concedeu entrevista para uma rede de emissoras de rádio e destacou que a equipe está atenta a todos os aspectos do ato e que se entender necessária uma intervenção junto a algum dos grevistas, ela será feita e devidamente comunicada para a imprensa através de um dos médicos que integram a equipe de saúde do ato. Enquanto isso não se faz necessário, as informações oficias são publicadas através de atualizações diárias compartilhadas pelo coletivo de comunicação.

Depois de serem expostos à uma programação intensa – tanto física quanto emocionalmente – na quarta-feira, 15, quando receberam muitas visitas e ainda participaram do ato público de encontro das colunas da Marcha Lula Livre e do ato de registro da candidatura do ex-presidente, a quinta-feira (16), a programação foi reduzida e preservado horários mais prolongados de descanso, com maior resguardo e controle. O quadro geral segue registrando situações pontuais de perda de massa corporal, queda de temperatura e pressão arterial, bem como dores de cabeça e musculares que são reincidentes.

Por Comunicação da Greve de Fome

📸 Marcos Corbari | MPA e Rede Soberania👇

Ministro Gilmar Mendes do STF recebe grevistas de fome em audiência nesta tarde

O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, irá receber em seu gabinete três dos grevistas de fome hoje, 17 de agosto, às18 horas. Os manifestantes que estão há dezoito dias sem se alimentar, após audiência farão um comunicado à imprensa, na porta do STF, relatando os encaminhamentos da reunião.
Na audiência será solicitado ao ministro que inclua na pauta de votações do tribunal a ADC 54, que questiona a constitucionalidade da prisão de condenados em 2ª instância.
Além dos grevistas – Jaime Amorim, Rafaela Alves e Vilmar Pacífico – que já se encontram bastante fragilizados pelo avançar da Greve de Fome -, também se farão presentes na audiência o advogado (Cezar Britto Advogados e Associados) Paulo Freire, o advogado e ex-conselheiro da Comissão de Anistia e ex-procurador do Trabalho, Márcio Gontijo, o advogado (Comissão Brasileira de Justiça e Paz) Carlos Moura,

Ato inter-religioso
Às 18 horas, os demais grevistas vão participar de um ato inter-religioso em frente ao Supremo, com a participação de diversas representações do Sagrado, cujos celebrantes estão comprometidos com a defesa da democracia e contra a volta do país ao Mapa da Fome da ONU. A ação está sendo organizada pelos movimentos que integram a Frente Brasil Popular e faz parte da Jornada Nacional de Lutas pela Democracia.

Contexto
Os militantes Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves (do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA), Luiz Gonzaga, o Gegê (da Central dos Movimentos Populares – CMP), Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico (do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST) estão há 18 dias em greve de fome. Leonardo Soares, do Levante Popular da Juventude, está em seu décimo primeiro dia de greve.
Os sete lutam contra a volta da fome no país, o aumento do custo de vida, a perda de direitos em saúde e educação, o aumento da violência, a perda da soberania nacional e manifestam-se pela liberdade do ex-presidente Lula, bem como seu direito de ser candidato. Eles enxergam na simbologia de Lula a possibilidade de reverter a situação calamitosa a que o golpe de 2016 jogou os mais pobres.

COMUNICADO DA FRENTE BRASIL POPULAR

Comunicado nº 68/2018 – São Paulo, 17 de agosto de 2018

INFORME

Brasília, 16 de Agosto de 2018

Assunto: Solidariedade urgente com grevistas de fome

Estimados/as amigos e amigas,

  1. Como sabem, há sete militantes de Movimentos Populares em greve de fome, desde o dia 31 de julho, complementando hoje 16 dias de greve de fome. Ainda que o quadro de saúde é preocupante, eles/as estão determinados a irem até as ultimas consequências, para lutar por justiça no STF.

Seu sacrifício é para chamar atenção da sociedade e sensibilizar o STF para que vote as ADC?s que julgam a confirmação do que está na Constituição, de que nenhum brasileiro pode ser preso, antes que sejam julgados todos os recursos e, portanto defende o principio da presunção de inocência.

Hoje, além do companheiro Lula, atingido por falsa interpretações do STF, há 13 mil presos em São Paulo e outros 200 mil em todo país, que foram atingidos.

A luta dos grevistas é por justiça, e pelo direito de Lula estar livre, como até o desembargador Dr. Favreto, do TRF-4 entendeu.

  1. No dia 14 de agosto, a Ministra Carmen Lucia, recebeu uma comissão de entidades, juristas, representantes de igrejas, articulados pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, Comite Lula Livre e pela Frente Brasil Popular, acompanhados pelo Premio Nobel da Paz, Perez Esquivel e uma delegação da Espanha Maria Espinoza e Fran Casamayor, e Frei Sergio Gorgen representando os grevistas. Desta reunião, a Ministra se comprometeu a consultar seus colegas e ficou de analisar a possibilidade de colocar em votação o mais breve possível os recursos de ADC 43 e 44 e 54, que o relator Ministro Marco Aurélio já apresentou voto favorável, e esta na lista para entrar em julgamento.

Por tanto, está nas mãos da ministra Carmem Lúcia pautar o julgamento, que poderia suspender a greve de fome, e no seu julgamento libertar Lula da prisão e outros milhares de brasileiros, injustamente, e sem julgamento determinado pela Lei.

  1. Agora estamos correndo contra o tempo, com a vida dos/as nossos/as companheiros/as, por isso pedimos sua atenção e solidariedade:

a) Escreva para a Ministra Carmen Lucia, para que ela apenas coloque em votação as ADC:

Ministra Carmen Lucia presidencia@stf.jus.br

b) Escrevam manifestando vossa solidariedade aos grevistas: grevedefomestf@gmail.com

Certos de vossa atenção e solidariedade

Atenciosamente

FRENTE BRASIL POPULAR

 

19º DIA

Com saúde fragilizada, grevistas de fome passam a fazer uso de camas hospitalares e cadeiras de roda

Ao 19º dia em Greve de Fome por Justiça no STF, os sete grevistas – Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves (do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA), Luiz Gonzaga, o Gegê (da Central dos Movimentos Populares – CMP), Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico (do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST), Leonardo Soares (do Levante Popular da Juventude) – se encontram com a saúde bastante fragilizada e passam a fazer uso de camas hospitalares para seu repouso e de cadeiras de rodas nos deslocamentos.
Entre os grevistas há os que já perderam 10 kg nestes dezenove dias sem se alimentar. A glicemia, que é o açúcar no sangue tem tido alterações constante, assim como tem sido frequente quedas da pressão arterial e da temperatura corporal, fatores que tem deixado a Equipe de Saúde da Greve de Fome em alerta permanente.
“Os sete grevistas estão cada vez mais debilitados, vulneráveis a qualquer tipo de infecção viral ou bacteriana, pois a imunidade em todos eles, está bastante baixa”, explica a Médica de Família e Comunidade, Maria da Paz Feitosa Sousa que integra a equipe de saúde da Greve de Fome. “Devido a estas fragilidades é que os manifestantes passam a fazer uso das cadeiras de rodas e das camas hospitalares”, completa a médica.
“As dores musculares tem aumentado de forma constante, e aqui, é preciso lembrar que o coração, estomago e intestinos também são considerados músculos. Ontem mesmo, todo os grevistas receberam cuidados como a acupuntura, por conta destas dores”, relata o Dr. Ronald Wolff, integrante da equipe especializada que acompanha os grevistas. “Conseguimos reverter a questão da pressão e a partir de agora, mais ainda, a imunidade deles ficara mais baixa, então aumenta o risco de infecções, por esta questão estamos restringindo ainda mais o contato físico com muitas pessoas”, lembra a profissional.
Conforme Wolff, “a fadiga, cansaço, cefaleia e a perda de peso continuam aumentando. Todos já apresentam quadros de hipotensão que é a diminuição da pressão arterial, e alguns, começam a apresentar sintomas de hipotermia, ou seja, começamos a senti-los mais frios, isso é um forte sinal dos 19 dias sem se alimentar”, alerta o médico que está acompanhando a quarta greve de fome em sua carreira profissional.
A equipe saúde da Greve de Fome por Justiça no STF é composta por profissionais da Rede de Médicos e Médicas Populares, fitoterapeutas, psicólogos, massagistas, massoterapeutas, acupunturistas, fisioterapeutas e reikianos todos tem acompanhados os sete grevistas de forma voluntária.

Por Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania
Equipe de Comunicação da Greve de Fome

📸Foto: Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania

O cantor e compositor Chico César faz um apelo à ministra Cármen Lúcia, presidenta do STF, pelos grevistas de fome 

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Geral

O caso Mariana Ferrer, por Honoré de Balzac

Enfim, “de todas as mercadorias deste mundo, a mais cara é sem dúvida a justiça”.

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O caso Mariana Ferrer por Honoré de Balzac

Por Dirce Waltrick do Amarante*

Quando o escritor francês Honoré de Balzac teve acesso ao vídeo da audiência de Mariana Ferrer, ele decidiu escrever o Código dos homens honestos, isso nos idos de 1875, mas só agora estou tornando públicas suas palavras, que estavam sob segredo de justiça.  

Em uma análise bastante rigorosa, Balzac lembra, em primeiro lugar, que sabemos perfeitamente bem que “em princípio, ficou estabelecido que a justiça seria para todos, mas […]” . A tradução é de Léa Novaes, pois Balzac tinha dificuldade em escrever em português.

Dito isso, ele fala da figura do procurador. Em tempos idos, diz Balzac, os procuradores “levavam tão a sério o interesse de um cliente que chegavam a morrer por eles”. Além disso, eles “nunca frequentavam a sociedade”, e se a frequentassem eram vistos como “monstros”, mas hoje, “hoje tudo está monetarizado: já não se diz que Fulano foi nomeado procurador-geral, vai defender os interesses de sua província […]. Não, nada disso; o senhor Fulano acaba de conquistar um belo posto, procurador-geral, o que equivale a honorários de vinte mil francos […]”.

Balzac ia falar da figura do juiz e do defensor público, mas depois de tudo que assistiu ficou sem as palavras justas para descrevê-los.

Então, o escritor francês decidiu se debruçar sobre o papel do advogado, que “frequenta bailes, festas […] despreza tudo o que não é elegante”. E, diz Balzac, “Justiça seja feita aos advogados […]! São os decanos, os chefes, os santos, os deuses da arte de fazer fortuna com rapidez e com uma sagacidade que os torna merecedores de muitos elogios”.

Enfim, “de todas as mercadorias deste mundo, a mais cara é sem dúvida a justiça”.

Não citei na íntegra o texto do Balzac, porque foram esses os únicos fragmentos aos quais tive acesso, os outros foram apagados.  

*Formada em Direito, em 1992, na Universidade Federal de Santa Catarina

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Geral

O show de Trump: renovação ou cancelamento?

A eleição nos EUA e o destino da democracia na condição atualista

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Nos EUA voto popular não significa vitória. Biden terá mais votos do que Trump e ainda assim o resultado da eleição continuará indefinido por algum tempo. Apesar dos descalabros que marcaram a gestão Trump antes e durante a pandemia, o seu desempenho na atual corrida eleitoral será muito forte.

Mateus Pereira, Valdei Araujo e Walderez Ramalho, professores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em Mariana, MG

A disputa está sendo muito mais acirrada do que era inicialmente previsto pela maior parte dos institutos de pesquisa e da mídia americana, embora a cautela e o medo nunca deixaram de estar presentes. Sob esse ponto de vista, as eleições deste ano são como uma repetição do que vimos em 2016, ainda que o resultado possa ser a derrota eleitoral para Trump. Em 2016 foram os democratas que denunciaram a interferência russa, agora é o presidente-agitador que se apressa em questionar a legitimidade do pleito, sem mostrar nenhuma prova. Sabemos que no ambiente do atualismo provas têm como base apenas convicções.

Um sistema eleitoral que sobreviveu por séculos, sem grandes mudanças, pode ter se tornado obsoleto desde a eleição de Bush, em 2000. Um lembrete do possível declínio da democracia americana: das últimas oito eleições presidenciais desde 1992, os democratas venceram no voto popular as últimas sete, mas em apenas quatro ocasiões ganharam o colégio eleitoral e fizeram o presidente.

Acreditamos que as eleições nos EUA são um exemplo do confronto entre duas estratégias e duas concepções sobre fazer política: de um lado, Trump e sua promessa de eterna atualização da atualidade em modo nostálgico; e Biden, com sua aposta moderada no cansaço na agitação atualista que seu adversário republicano encarna e radicaliza, e a retomada da política em moldes liberais. Essa retomada é feita sem uma crítica efetiva ao modelo neoliberal abraçado pela cúpula do partido democrata. Uma aposta radical, como Sanders, teria se saído melhor? É difícil dizer, mas tudo leva a crer que não, tendo em vista o complicado xadrez do voto estado a estado.

A escolha entre as duas estratégias/concepções se mostrou muito mais difícil e apertada do que se imaginava. A tal “onda azul” anunciada por parte da imprensa estadunidense esteve longe de acontecer. De fato, Trump se mostrou eleitoralmente muito mais forte do que os analistas supunham. Considerando que esta não é a primeira vez que os institutos de pesquisa falharam em captar esse movimento no eleitorado americano, e considerando também que fenômeno semelhante ocorreu no Brasil em 2018, coloca-se a questão de saber se as tradicionais pesquisas de opinião tornaram-se de alguma forma obsoletas em um mundo atualista. Esse quadro muda pouco, mesmo com uma  eventual vitória de Biden ou pior, com uma inconveniente reeleição de Trump.

São vários fatores que devem ser considerados para avaliar essa questão. Os próprios institutos se apressaram a ensaiar algumas explicações ao público. O diretor da Trafalgar Group, Robert Cahaly, afirmou que muitos eleitores “esconderam”, como já havia acontecido, sua preferência por Trump por algum receio ou constrangimento social.[1] Não podemos desconsiderar algum tipo de boicote/sabotagem dos eleitores republicanos, já que na retórica do trumpismo as pesquisas de opinião fazem parte da mídia vendida. Outros recorreram à justificativa de que as pesquisas anteriores representavam apenas fotografias do momento específico em que as entrevistas foram feitas, e não o que se poderia esperar na eleição propriamente dita. Isso poderia ter sido de fato observado pela tendência de redução da vantagem de Biden nos últimos 15 dias. Afinal, o episódio da contaminação de Trump e sua rápida recuperação pode ter tido um saldo positivo, ao menos na mobilização de sua base, como já havíamos especulado em coluna anterior.

Aceite-se ou não essas justificativas, fato é que os institutos de pesquisa sairão dessas eleições com sua credibilidade e imagem pública mais arranhadas, sobretudo diante das especificidades do sistema eleitoral americano. Como afirmamos, muitos fatores concorrem para esse desgaste. Um deles está relacionado à condição atualista que caracteriza o nosso presente e como cada um dos candidatos se coloca frente a tal condição.

Trump é um político bastante sintonizado com o ambiente da comunicação atualista onde as provas dispensam comprovação factual. Seja nas redes sociais, seja em seus concorridos comícios, o presidente se revela um comunicador difícil de ser batido. Dentre os aspectos associados à condição atualista, destacamos a intensidade e velocidade sem precedentes do fluxo de notícias, em detrimento dos protocolos de verificação e checagem da informação veiculada. Esse ambiente infodêmico[2] é particularmente fértil para a produção de desinformação e sua disseminação como misinformação.[3] Além das informações imprecisas, para não dizer apenas falsas, que a infodemia trumpista ajuda a difundir, é preciso levar em consideração a agitação/ativação que produz. É como se a oposição se agitasse confusamente e a base trumpista se ativasse a cada um de seus comentários polêmicos. Assim, o uso constante das redes sociais para disseminar fake news ou comentários faz com que, seja de modo positivo ou negativo, o presidente esteja sempre no foco da mídia. O acúmulo de notícias sobre suas falas ou atos inconsequentes faz com que seja difícil recuperar qual foi o absurdo dito ou feito na semana anterior. Na condição atualista há um valor excepcional em estar mais atualizado (e exposto) que o seu adversário. 

Ainda assim, a manipulação das fake news como ferramenta política supõe uma linguagem organizada para se tornar eficaz. Essa afirmação pode soar chocante à primeira vista: como podemos atribuir coerência a um discurso fundamentado em desinformação e que frequentemente e sem o menor pudor afirma hoje o contrário do que disse ontem, como o exemplo do uso de máscaras na pandemia?[4] O ponto aqui é que a condição atualista coloca muitos obstáculos para que o passado, mesmo o mais recente, seja trazido à reflexão. Assim, quando confrontados com suas próprias contradições, políticos atualistas como Trump e Bolsonaro simplesmente atualizam suas narrativas e afirmações quando as anteriores se tornam insustentáveis. Com muita frequência, os seus discursos mudam em função da conveniência da atualidade, sem a mínima necessidade de se prestar conta da contradição com o que eles mesmos diziam no dia anterior.

Essa estrutura atualista do discurso político só se torna eficaz, porém, no interior de uma linguagem organizada e facilmente identificável pelo público que a compartilha, no interior de uma condição material de reorganização do mundo do trabalho e do capital. A crise de 2008, concentração de renda, neoliberalismo, capitalismo de vigilância e a formação do atual “precariado” são elementos, dentre outros, fundamentais para entender a emergência de líderes que governam e são eleitos por pequenas maiorias mobilizadas pela historicidade e ideologia atualista. Só assim podemos entender a força de Trump na eleição independente do resultado final, ainda que sua derrota  interesse a todos os democratas do mundo.

Trump lança mão de artifícios retóricos quando confrontado com suas afirmações evidentemente baseadas em mentiras e contradições, de tal maneira que ele consegue, mesmo em tais situações, transmitir e reforçar o código entre o seu público. O código se estrutura em uma lógica antagonista, na qual o portador é sempre vítima de perseguição por parte do establishment e da imprensa vendida para a “esquerda corrupta” ou as corporações globalistas.

O ponto principal a ser considerado é que para ser politicamente eficaz não é necessário que o código seja compartilhado por todos; mas que seja continuamente ativado junto aqueles que já o compartilham. Por mais que esteja sustentado em desinformações, o fato é que o código é bastante poderoso na ativação de afetos políticos centrais como o medo, ódio e ansiedade, vetores de forte engajamento e agitação política que Trump e Bolsonaro sabem tão bem promover.

O sucesso dessa estratégia se coaduna com a popularização das redes sociais e dos smartphones, bem como das novas tecnologias de processamento de dados manipulados para fins políticos. Nesse contexto, tornou-se possível criar e difundir mensagens sob medida para cada tipo de público, cada indivíduo ou grupo formula suas próprias percepções sobre o mundo a partir de narrativas (códigos) que não mais precisam ser expostos publicamente a todos para serem eficazes. Após alguns reconhecimentos iniciais, os algoritmos se encarregam de abastecer-nos das notícias que nos mobilizam, sempre com o mesmo teor e formato. Reforça-se, assim, o fenômeno das “bolhas”.[5] Esses códigos podem circular de forma subterrânea, de tal modo que o que parece absurdo e chocante para uns, é perfeitamente aceitável e normalizado para outros.

Esse ambiente de circulação de notícias e códigos é condizente com a ordem atualista de nosso tempo e, ao nosso ver, é um fator importante a ser considerado no desempenho surpreendente de Trump nestas eleições. E um dos preços a se pagar para tal sucesso é a radicalização do clima de agitação que tem marcado a nossa época. Esse quadro tem resultado inclusive em distúrbios psicológicos cada vez mais comuns, como o “transtorno do estresse eleitoral”, que segundo estimativas afeta sete em cada dez cidadãos estadunidenses.[6]

Os políticos atualistas claramente não se importam em pagar esse preço, na verdade eles têm lucrado com isso. Mas, ao fim e ao cabo, eles não podem evitar completamente os efeitos colaterais de suas apostas. Agitação e dispersão geram também cansaço no eleitorado. Biden e os democratas tomaram esse efeito como vetor de suas estratégias para estas eleições. Frente à irrefreável agitação de Trump, Biden se vendeu como a opção mais “centrista”, de moderação e convergência. A divergência entre as duas estratégias foi mais uma vez demonstrada logo após o fechamento da votação: enquanto Trump se apressou em declarar-se vencedor e dizer que irá judicializar a eleição em caso de derrota, Biden classificou tal postura como “ultrajante” e pregou calma aos seus apoiadores[7].

Mesmo que a vitória do democrata seja confirmada, é inegável que o preço desse lance foi bastante alto. A imprensa americana noticiou como parcelas importantes do eleitorado negro, que o próprio Biden afirmou ser “a chave para a vitória”, relataram estarem pouco motivados a votarem no candidato democrata.[8] O mesmo ocorreu entre parte do eleitorado hispânico, em especial na Flórida e no Texas. O conservadorismo nos costumes, a adesão a denominações evangélicas que tem crescido entre hispânicos e a tradição anticomunista dos cubanos, e agora também venezuelanos, na Flórida, são fenômenos a serem considerados. Enquanto fechamos essa coluna Trump ainda lidera na Pensilvânia, estado no qual o operariado branco migrou dos democratas para o trumpismo. No último debate, Biden acabou por reconhecer que teria que acabar com a exploração do altamente poluente gás de xisto, o que foi imediatamente explorado por Trump: “Eis uma declaração importante”, ironizou o presidente. Caso perca por margem apertada na Pensilvânia, onde os trabalhadores dessa indústria são amplamente sensíveis ao tema, talvez essa declaração tenha custado a eleição.

Para entender melhor essas flutuações teríamos que fazer algo pouco praticado durante a campanha, uma avaliação retrospectiva fundada em boa informação acerca das políticas públicas implementadas por democratas e republicanos, em especial nos governos Obama e Trump. O apoio ao republicano não é apenas resultado da mágica da comunicação, deriva também da tibieza das políticas democratas e dos acertos de Trump. Reforma do sistema criminal, política externa menos intervencionista, foco na economia e na criação de empregos, com bons resultados, ao menos até a pandemia.

A decisão das eleições primárias do Partido Democrata em nomear um candidato “centrista” para concorrer nessas eleições – ao contrário de uma opção mais radical do populismo de esquerda como Bernie Sanders – foi importante para unificar o partido (em especial o seu establishment) e angariar o apoio do eleitorado “cansado” da agitação radicalizada. Por outro lado, a figura moderada de Biden não se mostrou capaz de promover um grau de engajamento e mobilização do público à altura do seu adversário agitador, nem está claro ainda se seu discurso de união nacional conseguiu atrair eleitores de Trump. Essa diferença é importante em um contexto onde o voto não é obrigatório e, no caso particular das eleições deste ano, ainda mais desencorajado pela pandemia do coronavírus.

Mesmo assim, a moderação pode ter sido eficaz para para derrotar a agitação, mas não para desativá-la. E ainda não podemos assegurar como os EUA sairá dessas eleições, pois Trump continua sendo quem é. Há ainda o risco de o agitador perder e não aceitar sair, e as consequências disso poderão ser catastróficas. E mesmo que ele saia, o trumpismo – o negacionismo, o anti-esquerdismo, o desejo de retorno a um passado glorioso e mítico – ainda permanecerá em parcelas consideráveis da população.

O que tudo isso ensina para o campo democrático brasileiro, que tem de enfrentar a sua própria versão de agitador atualista? Desde o início da votação nos EUA, Bolsonaro disparou freneticamente uma série de tweets ressoando as alegações infundadas de seu ídolo sobre as eleições serem “fraudadas” a favor dos democratas, o que seria um risco para a “liberdade” e para o Brasil. Afinal, nosso agitador atualista tupiniquim sabe bem que a permanência de Trump é uma força de sustentação fundamental para ele. As relações entre EUA e Brasil deixaram de ser uma relação entre Estados, mas sim uma relação de “amizade” (leia-se emulação e, do nosso ponto de vista, subserviência) entre os chefes de turno da Casa Branca e do Palácio do Planalto.

Assim, e seguindo o estilo atualista de fazer política, Bolsonaro ressoa as afirmações sem fundamento de Trump, sem se preocupar com a veracidade e desprezando o princípio diplomático básico da impessoalidade. Mas Bolsonaro também tem seu próprio código “alternativo”, cujo enfrentamento é a tarefa prioritária das forças democráticas no Brasil, que deverá avaliar e tomar suas próprias escolhas para vencer o confronto. Assim como o trumpismo, nos Estados Unidos, o bolsonarismo é um fenômeno que não necessariamente depende da permanência de Bolsonaro no poder: ele mobiliza parcelas consideráveis da população através de seus discursos, que defendem o conservadorismo nos costumes, o liberalismo na economia, a luta contra “o sistema”, a religião e a admiração pelo militarismo.

Será que a aposta moderada e centrista será suficiente para derrotar o bolsonarismo aqui? Mesmo que por pouco? Ou, em nosso contexto particular, faz-se necessário redobrar a aposta na radicalização pela via da esquerda? Mesmo que a vitória de Biden seja confirmada, ainda não está claro qual das duas vias parece a mais indicada para o Brasil. Enfim, tudo indica um destino trágico da democracia liberal de “pequenas maiorias” em tempos de agitação atualista. Sem negar a nossa atual realidade, cabe a nós pensar e imaginar alternativas, por mais difícil que pareça ser em nosso atual nevoeiro e impregnados por uma sensação de asfixia. Além disso, a lentidão com que a apuração avança em alguns estados decisivos promete nos deixar hipnotizados pelos mapas eleitorais na expectativa da atualização decisiva.

(*) Mateus Pereira e Valdei Araujo escreveram o Almanaque da Covid-19: 150 dias para não esquecer ou o encontro do presidente fake e um vírus real com Mayra Marques. Ambos são professores de História na Universidade Federal de Ouro Preto, em Mariana (MG). Também são autores do livro Atualismo 1.0: como a ideia de atualização mudou o século XXI e organizadores de Do Fake ao Fato: (des)atualizando Bolsonaro, com Bruna Klem. Walderez Ramalho é doutorando em História na mesma instituição. Agradecemos à Márcia Motta e ao grupo Proprietas pelo apoio e interlocução nesse projeto.


[1] https://noticias.uol.com.br/colunas/thais-oyama/2020/11/04/o-eleitor-oculto-de-trump-e-o-novo-erro-dos-institutos-de-pesquisa.htm

[2] PEREIRA, Mateus; MARQUES, Mayra; ARAUJO, Valdei. Almanaque da COVID-19: 150 dias para não esquecer, ou a história do encontro entre um presidente fake e um vírus real. Vitória: Editora Milfontes, 2020.

[3] Usamos aqui um neologismo para dar conta da diferença que em inglês é mais clara entre a produção deliberada de notícias falsas (disinformation) e sua disseminação involuntária (misinformation).

[4] https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/07/20/trump-muda-discurso-e-agora-diz-que-usar-mascara-e-patriotico.htm

[5] EMPOLI, Giuliano Da. Os engenheiros do caos: como as fake news, as teorias da conspiração e os algorítimos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições. São Paulo: Vestígio, 2019.

[6] https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/10/quase-sete-em-cada-dez-americanos-relatam-transtorno-do-estresse-eleitoral.shtml

[7] https://br.noticias.yahoo.com/em-pronunciamentos-biden-prega-calma-e-trump-faz-acusacao-de-roubo-065922289.html

[8] https://www.aljazeera.com/news/2020/9/12/biden-battles-trump-lack-of-enthusiasm-among-black-voters

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Feminismo

Que tal ajudar Mariana Ferrer a obter Justiça?

Não basta lacrar. Um chamamento a todas as feministas e a todas as mulheres para que enfrentemos a misoginia dos tribunais brasileiros

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A reportagem do Intercept Brasil sobre a denúncia de estupro da influencer Mariana Ferrer tornou-se viral nas redes. Sob o título JULGAMENTO DE INFLUENCER MARIANA FERRER TERMINA COM SENTENÇA INÉDITA DE ‘ESTUPRO CULPOSO’ E ADVOGADO HUMILHANDO JOVEM, o texto da repórter Schirlei Alves serviu de base para milhares e milhares de postagens sobre a excrescência jurídica que teria embasado a absolvição do empresário André de Camargo Aranha. Até as 15h30 de ontem (4/11), o Google devolvia 781.000 resultados, quando se procurava pela expressão “estupro culposo”. Memes, charges, textões e textinhos foram produzidos em escala industrial para provar que um estuprador havia conseguido sentença absolutória graças a uma invencionice jurídica obrada pela Justiça, com vistas a proteger um macho branco, amigo de poderosos e, ele mesmo, “filho do advogado Luiz de Camargo Aranha Neto, que já representou a rede Globo em processos judiciais”, segundo a reportagem do Intercept.

Lida toda a sentença de 51 páginas do juiz do caso, Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, entretanto, constata-se que, em nenhum momento da sentença é dito que houve “estupro culposo” contra a jovem. Ao contrário, é dito que não existe essa tipificação e que o estupro é necessariamente doloso. Portanto, está errada a formulação do título do Intercept Brasil.

Está tão errada que o próprio site The Intercept Brasil foi obrigado, às 21h54, nada menos do que 19 horas e 50 minutos depois de publicada a história, a fazer uma “atualização” que diz assim:

“A expressão ‘estupro culposo’ foi usada pelo Intercept para resumir o caso e explicá-lo para o público leigo. O artíficio é usual ao jornalismo. Em nenhum momento o Intercept declarou que a expressão foi usada no processo.”

O Intercept faz como a música de Tom Zé: “Eu tô te explicando pra te confundir. Eu tô te confundindo pra te esclarecer.” Uma explicação que confunde. E, sim, o Intercept disse que a sentença inédita baseou-se no “estupro culposo”.

É só ler o título indigitado de novo:

JULGAMENTO DE INFLUENCER MARIANA FERRER TERMINA COM SENTENÇA INÉDITA DE ‘ESTUPRO CULPOSO’ E ADVOGADO HUMILHANDO JOVEM

Com as redes ajudando a espalhar a bobagem, todo mundo louco atrás de cliques, de “bombar”, da lacração, poucos deram-se ao trabalho de ler a sentença que, sim, absolveu o réu André de Camargo Aranha por “falta de provas”.

Uma pena.

Se, em vez da lacração, tivessem mirado no fato em si da absolvição do crime de estupro “por falta de provas”, talvez tivessem ajudado muito mais. Sabe-se que a cada 8 minutos uma mulher ou menina é estuprada no Brasil. Mas a maior parte desses crimes jamais será nem sequer investigada pela falta de indícios e elementos probatórios, já que ocorrem escondidos e, preferencialmente, sem testemunhas.

Mariana Ferrer, diz a sentença, não conseguiu provar a acusação que fez contra André de Camargo Aranha. Será? Está na sentença que o exame toxicológico não apontou o consumo de substâncias estupefacientes, como seria de se esperar se ela tivesse ingerido involuntariamente alguma droga do tipo “Boa Noite Cinderela”. A maioria das testemunhas ouvidas, várias mulheres inclusive, disse que a vítima não cambaleava e que não parecia dopada. As câmeras internas do Café de la Musique, onde teria ocorrido o estupro, mostram Mariana Ferrer subindo para um camarote e descendo, seis minutos depois, sem necessidade de ajuda (e de salto!!!!, como faz questão de ressaltar a sentença). Teria transcorrido nesses seis minutos o crime de estupro, de que Mariana Ferrer não tem memória.

Mas Mariana Ferrer diz ter inúmeras provas irrefutáveis do estupro e que nem sequer foram levadas em consideração pelo julgador.

E, no entanto, todas as mulheres sabem da dificuldade de “provar” a violência sexual, quando ela ocorre entre quatro paredes, sem testemunhas. Mariana Ferrer não seria exceção. Nos trechos da vídeo-conferência que foi o julgamento, assombra a solidão da menina que denuncia, vítima de outros homens violentos, que a acusam de ser (ela sim), um monstro querendo prejudicar a reputação de um “pobre milionário”.

Como sempre acontece, a vítima deixa de ser vítima para se transformar no monstro sensual e ardiloso que precisa ser contido. A qualquer custo.

A verdade é que Mariana Ferrer estava sozinha.

Desde o dia em que alega ter sido estuprada (15/dezembro/2018), Mariana Ferrer tem pedido ajuda pelas redes sociais e tem narrado todo o sofrimento e a depressão que a assolam em decorrência do fato.

Quem foi ajudá-la a reunir provas? Quem foi ajudá-la a colher testemunhos que aumentassem a credibilidade de sua acusação? Quem foi ao Café de la Musique, onde ocorreram os fatos julgados, procurar indícios de que ali funcionaria um “abatedouro” de meninas destinadas ao gozo masturbatório de machos alfa? Quem?

Ou achamos razoável condenar alguém sem elementos probatórios que apoiem a denúncia?

Não, não é razoável.

Apenas a voz da vítima não pode embasar uma condenação. E quem defende isso precisa saber que abdicar de provas é apenas a reedição do velho punitivismo, é vingança. Não é Justiça. Pior, resultará na condenação sem provas dos mesmos criminalizados de sempre: os pretos, pobres e periféricos.

A única forma de evitar a perpetuação desse ciclo perverso requer de nós nós, feministas, que encaremos o estupro, cada estupro, como um problema nosso!

Temos de ajudar as vítimas a robustecer as provas da violência que sofreram. Temos de afrontar a Justiça machista, exigindo a presença de mulheres no julgamento. Tem de ser um trabalho nosso enfrentar a misoginia cuspida e escarrada de gente como Cláudio Gastão da Rosa Filho, o advogado de defesa de André de Camargo Aranha, que humilhou e ofendeu Mariana Ferrer enquanto exibia fotos dela que nada tinham a ver com o processo! Que nenhuma mulher mais tenha de enfrentar um julgamento de estupro apenas diante de homens, na solidão absoluta, como acontecia com as antigas feiticeiras.

Temos de incentivar a solidariedade entre nós, mulheres, para que acolhamos as vítimas, em vez de fingir que se trata de um problema só delas. Não há mulher ou menina que não tenha sido atacada ao menos uma vez em sua vida pela violência sexual. E nós sabemos disso em nossos próprios corpos!

É o pai, é o tio, é o avô, é o tarado que mostra o pinto para a adolescente, é o abusador que se acha no direito de ejacular na mulher dentro do trem lotado…

Temos de organizar o “Socorro Feminista”, para apoiar as mulheres que decidem denunciar a violência sexual.

Os tribunais brasileiros são câmaras de tortura contra mulheres, negros, indígenas e pobres em geral. As cenas de humilhação de Mariana Ferrer não são, infelizmente, exceções. São a regra.

É preciso atuar sobre esse front.

Então, precisamos entender que não se trata de um problema privado de Mariana Ferrer o desenlace de sua denúncia. É de todas nós!

Lembro da França, em 1971, quando uma mulher foi presa e julgada pelo crime de aborto, na época punível com a pena de morte pela guilhotina!

Em vez de “solidariedades”, textões de repúdio, e essas lacrações inúteis, 343 mulheres, entre elas as atrizes Catherine Deneuve e Jeanne Moreau, assinaram o manifesto escrito por Simone de Beauvoir, e assumindo que haviam feito, elas também, um aborto. A força desse texto e a coragem das signatárias empolgaram intelectuais como Françoise Sagan e Annie Leclerc, jornalistas conhecidas, de muitas feministas, a começar por Antoinette Fouque, da advogada Gisèle Halimi ou ainda da deputada socialista Yvette Roudy. Todas declararam ter realizado um aborto, como forma de quebrar o tabu de uma injustiça social.

A Justiça no Brasil é machista, é racista e é classista. Só incidindo juntas sobre ela será possível mudar esse regramento que sempre condena a vítima e libera o agressor.

Mariana Ferrer deve recorrer da sentença em primeira instância. Agora, é organizar a luta para mudar o rumo da História. Quem se dispõe?

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