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Direitos Sociais

DESPEJO DE 1200 PESSOAS É IMINENTE EM RIO GRANDE DA SERRA

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Por Andrezza Bicudo da Silva*

Os moradores do bairro Pedreira, na periferia de Rio Grande da Serra – SP, estão vivendo sob medo e incerteza. Isso porque o prefeito da cidade, Gabriel Maranhão (PSDB), pretende expulsar a população e demolir suas casas para dar prosseguimento às obras do Parque Linear, já em funcionamento.

Gabriel Maranhão (à dir.) com os tucanos Alckmin e o deputado estadual Orlando Morando
Foto no site: JOSÉ CRUZ / ABR

Localizado em área pública, o bairro formou-se, no início do século XX, no entorno da pedreira de pedra britada pertencente à Prefeitura de São Paulo (desativada na década de 1970), por meio do assentamento das famílias dos trabalhadores. A comunidade da Pedreira é composta, ainda hoje, por esses trabalhadores, suas famílias e seus descendentes, que protegem as suas memórias por meio da oralidade e dos registros materiais deixados na paisagem.

Apesar de consolidado há quase um século, o bairro não recebeu qualquer atenção da Prefeitura e do Governo do Estado. Não há equipamentos públicos, faltam escolas, posto de saúde, áreas de lazer e de prática esportiva, e, mesmo com o pagamento das contas de água em dia, a SABESP corta o abastecimento do bairro das 23h às 05h, diariamente. O acesso a direitos e serviços básicos dos cidadãos não está sendo garantido e o pouco que há está sendo arrancado: a moradia digna.

A população reivindica seu direito de permanecer em suas casas, construídas por meio da luta de vidas inteiras. É urgente a necessidade da prefeitura de Rio Grande da Serra de reconhecer e estabelecer a posse da terra às famílias, já que possui poder para isso.

LEIA A REPORTAGEM COMPLETA SOBRE O CASO

Maria Aparecida: mulher, negra, mãe, avó, trabalhadora, moradora do bairro Pedreira, em Rio Grande da Serra – SP. É a pessoa mais alegre e brincalhona que conheço. Ela sorri, não porque a vida tem dado muitos motivos, mas porque sem isso não sobreviveria à luta que é, para ela, existir.

Sua história de vida é marcada por dificuldades extremas, que ela e sua família buscam superar diariamente. Entre essas superações, está a conquista de ter, ao longo da vida, construído sua casa, junto ao marido, que a ergueu com as próprias mãos. Mas, infelizmente, essa conquista está sendo, literalmente, destruída pela Prefeitura de Rio Grande da Serra.

O projeto da terceira etapa da construção do Parque Linear de Rio Grande da Serra, encabeçado pelo Prefeito Gabriel Maranhão (PSDB), conta com a expulsão e demolição das casas de, ano menos, 1200 pessoas, no bairro Pedreira, estas que, além de trabalharem diariamente pra garantir o básico à sua sobrevivência, agora terão que lutar contra a expulsão de seus próprios lares.

Esta barbaridade está para acontecer porque a área é pública, pertence à Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB-SP), que concedeu à Prefeitura de Rio Grande da Serra permissão para o seu uso. Porém, Maria mora no bairro com sua família há mais de 30 anos e reivindica seu direto de permanecer no lugar onde nasceu e viveu a vida inteira. A ameaça de explusão, apesar de iminente, não tem sido acompanhada de uma boa comunicação entre a prefeitura e a população, muito menos da apresentação de uma solução de fato.

Uma assistente social do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) passou nas casas para conversar sobre isso há algumas semanas, mas durante o horário comercial, quando os adultos estavam trabalhando. Na casa da Maria, por exemplo, ela só encontrou seus filhos pré-adolescentes para conversar sobre. A situação é de descaso, os moradores se sentem totalmente desamparados e estão em desespero.

O que se sabia sobre o caso, até então, é o que se ouvia na vizinhança após a visita da assistente social. Segundo relatos dos moradores, ela comentou sobre a construção de apartamentos populares supostamente destinados a eles, mas não confirmou se todos teriam direito ou somente os que se encontram em área de risco (que são poucos), e nem quando os apartamentos seriam entregues. Ao pesquisar sobre o assunto, encontrei informações importantes para entendermos um pouco melhor o que de fato está acontecendo.

Segundo reportagem do Diário do Grande ABC (17/11/2017), a prefeitura havia tido o pedido de licença ambiental referente à terceira etapa das obras indeferido pela CETESB. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, após avaliação ao projeto, identificou que este prevê danos ambientais em área de manancial. O prefeito recorreu à decisão e declarou que, se necessário, iria pressionar o Governo do Estado para que o alvará fosse concedido.

A expulsão de oito famílias prevista à época foi prorrogada para janeiro de 2018. Uma dessas famílias falou à reportagem do DGABC, que escreveu:

“Para a família Martins Pinto, que está instalada há praticamente 80 anos no bairro, antes mesmo da emancipação de Rio Grande da Serra, o novo prazo para desocupação do imóvel corresponde à esperança de reverter a determinação municipal. ‘Nos deu um pouco mais de tranquilidade para correr atrás dos nossos direitos. Nos apontam como invasores, mas quem mora há praticamente 80 anos no mesmo bairro e ajuda a preservar? Nós pagamos água e luz desde 1979’, ressalta a costureira Cristina Martins, 40 anos, moradora do local.

A família protocolou pedido na Justiça para reverter a desapropriação. ‘Tirar a gente de um lugar físico para um imaginário, com uma bolsa aluguel, não é o que a gente quer. Estamos confiantes em ficar ou conseguir outro tipo de negociação. Para nós é de fundamental importância que a casa da família fique de pé’, frisa Cristina.”

 

O Diário de Ribeirão Pires, em 21 de dezembro de 2017, publicou que, até então, duas casas já haviam sido demolidas no bairro e o aluguel social, no valor de R$ 450,00, não estaria sendo pago. Em 11 de janeiro de 2018 a prefeitura demoliu, de forma agressiva, às 6h30 da manhã e acompanhada da polícia militar, mais uma casa no bairro.

Em abril deste ano, o Prefeito Gabriel Maranhão firmou convênio com a CDHU, do Governo do Estado de São Paulo, para a construção de 200 apartamentos que, segundo ele, serão destinados à população em área de risco, área pública e, genericamente, área “vulnerável”, trazendo “qualidade de vida” à população. O vereador Claurício Bento (DEM) comemorou o acordo e elogiou a “a competência e determinação do prefeito Maranhão, que fez o necessário para que o projeto habitacional se tornasse realidade”, segundo a reportagem da Folha Ribeirão Pires, de 06/04/2018.

Ainda neste texto, a Folha diz:

“Segundo a Prefeitura de Rio Grande da Serra, com a oficialização do convênio, será dado início a implantação do empreendimento. O próximo passo é enviar para Cetesb a listagem com o cadastro das áreas indicadas como vulneráveis, bem como, a localização do terreno onde serão construídos os apartamentos. Só após essa análise que poderá se saber quais famílias serão beneficiadas pelo programa estadual.”

A construção dessas habitações ainda não tem data e nem local, apesar do prefeito prometer para que se inicie este ano. Enquanto articula o acordo com a CDHU, o prefeito se reúne com o Governo do Estado para pressionar a continuação das obras da terceira etapa do Parque Linear (segundo o blog Caso de Política, 08/02/2018, constantemente compartilhado pelo prefeito em sua página no Facebook).

Tudo indica que os esforços para que esse acordo fosse firmado não tem como motivação a qualidade de vida da população, como afirmou o prefeito, mas sim a existência de uma promessa às famílias que estão para ser expulsas e ter suas casas demolidas. A facilitação da implantação da terceira etapa da obra do Parque Linear é de interesse do prefeito porque ele busca, na melhor das hipóteses, agregar prestígio à sua imagem e números na sua gestão.

Não só Maria e sua família estão sendo injustiçadas. O bairro Pedreira, que está condenado ao fim pelo prefeito do PSDB, Gabriel Maranhão, conta com 1200 habitantes e a história da sua formação remonta à exploração da jazida de pedra britada existente no bairro, cujas dimensões a tornaram a maior pedreira da América Latina. Desativada desde os anos 1970, ela foi explorada por 40 anos pela Prefeitura de São Paulo, que a adquiriu estrategicamente com o fim de suprir a demanda por pedras para a pavimentação de vias públicas, por exemplo.

No entorno da pedreira se formou a comunidade de trabalhadores, que fixaram suas famílias e suas raízes no bairro, onde estão até hoje. A memória destes tempos ainda é presente, filhos dos trabalhadores relembram as histórias contadas pelos seus pais, vividas neste bairro que resiste ao tempo e ao abandono. A capela Nossa Senhora das Graças, erguida pela Prefeitura de São Paulo em parceria com a comunidade do bairro Pedreira, em 1949, é um patrimônio da bairro e da cidade, que, apesar de não estar preservado, consta (sem fotos) no site da Prefeitura na parte de “Turismo”.

Em relação à estrutura, quase não há equipamentos públicos, a única escola do bairro oferece somente o Ensino Fundamental, os jovens precisam se deslocar para outros bairros para estudar, o que leva muitos à desistência. Não há unidades de saúde, muito menos oportunidades de lazer. Quando cobrada, a prefeitura alega que as pessoas devem procurar os bairros vizinhos, mas sabemos que a realidade do trabalhador brasileiro não permite que gastemos mais tempo e dinheiro com deslocamento do que já gastamos. Qualidade de vida para a população demanda serviços públicos de qualidade verdadeiramente acessíveis.

Assim começamos a compreender melhor a estratégia da prefeitura. Não investir em serviços públicos no bairro, varrer a população para outro lugar qualquer, fechar contrato com a CDHU e finalizar a obra do Parque Linear, sendo que os dois últimos pontos tem como objetivo mostrar obras, supostas benfeitorias da gestão, à população.

Mas será que é só isso mesmo, ou há outros interesses que ainda não conhecemos? O que há por trás da construção do Parque Linear? Por que o prefeito não declara como legítimo o bairro e leva até ele saúde, educação, esportes, lazer, em vez de destruição de lares, sonhos, histórias, vidas? Moradia digna é um direito, cabe ao poder público agir em favor da população da Pedreira.

Se a Prefeitura de Rio Grande da Serra não reconhecer e estabelecer a posse da terra às famílias, em breve essas 1200 pessoas não terão onde morar, diante de um cenário em que pessoas em situação de rua têm morrido de frio. É de uma crueldade e cinismo sem tamanho demolir casas em perfeitas condições habitacionais e destruir um bairro histórico como a Pedreira para satisfazer as vontades de um prefeito que não respeita a cidade e a população.

A Pedreira fica!

*Andrezza Bicudo da Silva, historiadora, exclusivo para os Jornalistas Livres.

 

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Direitos Sociais

ZELADORIA ILEGAL DE BRUNO COVAS “varre” pertences de moradores em situação de rua

Denúncias mostram que a ação foi ilegal, e fere o decreto Nº 59.246 de 2020, que dispõe
sobre os procedimentos e o tratamento à população em situação de rua.

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Mais uma vez, ação truculenta de agentes da prefeitura acontece na Praça Princesa Isabel, centro de São Paulo, e desobedece o DECRETO nº 59.246/2020 que dispões sobre o tratamento à população em situação de rua. Um problema que requer ações de assistência social, de saúde e de humanidade, é substituído por violência e descaso com os mais necessitados. Além do sequestro dos poucos bens dessas pessoas, incluindo documentos, e material doado para que a sua subsistência na condição de rua seja menos caótica.

A Ação ilegal se deu na manhã de, dia 13/10, entre 8 e 9 horas.  Uma grande equipe de limpeza urbana e vários Guardas Civil Metropolitanos estiveram na Praça Princesa Isabel e retiraram das pessoas seus bens, tais como barracas, documentos, roupas, cobertores e ameaçaram as pessoas, conforme os primeiros depoimentos.

Moradora idosa desabafa: “Que prefeito é esse?” … ” Fazendo a gente de cachorro…” 
“A gente não tá aqui por que a gente quer” desabafa moradora
“Essa prefeitura está destruindo nós” declaração da moradora em situação de rua
“Levaram até roupa, até a ração do meu cachorro” moradores desabafam
Recebemos doações e a GCM vem todo dia e tira as barracas da gente, desabafa Bruna moradora
Morador em situação de rua faz denúncia de truculência em ação de zeladoria ilegal, centro de SP.
“Nem pegar as coisas que tem dentro da barraca, roupa de vestir, coberta, eles deixaram” diz morador
“Mais um dia de caos na praça…. chegaram arrebentando” desabafa morador
PLAYLIST COM TODOS OS DEPOIMENTOS
Imagine se a gente tivesse roubando? A gente é gente de bem, procurando a reciclagem fala morador



Os depoimento foram colhidos pela A Craco Resiste, coletivo de ativista que atua na região com projetos de redução de danos, e proteção da população, entre outros.

Uma rotina de truculência ilegal

Segundo o decreto e portaria isto não poderia ser realizado. Conforme obriga o DECRETO Nº 59.246 de 2020 que dispõe sobre os procedimentos e o tratamento à população em situação de rua durante a realização de ações de zeladoria urbana.

A conduta, ainda, é vedada pela mesma normativa:

Art. 10. As equipes de zeladoria urbana deverão respeitar os bens das

>pessoas em situação de rua.

§ 1º É vedada a subtração, inutilização, destruição ou a apreensão dos

seguintes pertences da população em situação de rua:

I – bens pessoais, tais como documentos de qualquer natureza, cartões

bancários, sacolas, medicamentos e receitas médicas, livros, malas,

mochilas, roupas, sapatos, cadeiras de rodas, muletas, panelas, fogareiros,

utensílios de cozinhar e comer, alimentos, colchonetes, travesseiros,

tapetes, carpetes, cobertores, mantas, lençóis, toalhas e barracas

desmontáveis;

II – instrumentos de trabalho, tais como ferramentas, malabares,

instrumentos musicais, carroças e material de reciclagem, desde que dentro da carroça.

Ao ser questionado sobre a irregularidade da ação, funcionário presente ao local, que não se identifica, pede que o repórter procure a assessoria de imprensa da subprefeitura.

Fizemos contato por email, com a da assessoria de imprensa das Sub-Prefeituras do Município de São Paulo, até as 15h30 (horário de publicação deste vídeo no youtube), e fechamento desta matéria, não haviamos recebido resposta sobre o por que da ação ilegal. ABAIXO a nota da Prefeitura enviada às 17h30 do dia de hoje (13.10.2020).

Funcionário não se identifica, e pede que se procure a assessoria de imprensa da subprefeitura

Nota da Secretaria de Segurança Pública da Prefeitura

Boa tarde

Seguem informações

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Subprefeitura Sé, esclarece que a ação citada aconteceu em 09/10 e que realiza diariamente operações de zeladoria urbana em áreas aonde vivem pessoas em situação de vulnerabilidade, como a Praça Princesa Isabel. As ações ocorrem em conjunto com as equipes de zeladoria e limpeza, e a Guarda Civil Metropolitana (GCM).

A administração regional cumpre o Decreto Nº 59.246/20, que dispõe sobre os procedimentos e o tratamento dado à população em situação de rua durante as ações de zeladoria urbana na cidade de São Paulo.

É vedada a retirada de pertences pessoais, como documentos, bolsas, mochilas, roupas, muletas e cadeiras de rodas. Podem ser recolhidos objetos que caracterizem estabelecimento permanente em local público, principalmente quando impedirem a livre circulação de pedestres e veículos, tais como camas, sofás, colchões e barracas montadas ou outros bens duráveis que não se caracterizem como de uso pessoal.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana informa que Guarda Civil Metropolitana apoia os agentes da Subprefeitura nas ações de zeladoria urbana e limpeza, bem como os agentes de Saúde e Assistência Social, sempre que solicitada. A GCM está orientada a não retirar nenhum pertence dos moradores de rua.


Enviamos os vídeos com as denúncias dos moradores, como resposta.

Com Informações da A Craco Resiste

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Campinas

A Vila Paula se reconstrói após a tragédia

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Solidariedade, resistência e as doações têm sido fundamentais para reerguer a comunidade

Um incêndio que iniciou na madrugada de segunda-feira (28)  desalojou 24 famílias na Comunidade Vila Paula na região da CDHU do bairro San Martin, em Campinas .  

Segundo informações da Prefeitura de Campinas, entre as pessoas atingidas  estão 36 adultos, 27 crianças,  dois adolescentes e dois idosos. Essas pessoas foram acolhidas na Escola Estadual Maria de Lourdes Bordini e em duas instituições religiosas nas proximidades.

A maioria dos moradores deixou suas casas só com a roupa do corpo. Todos os seus pertences  foram destruídos pelo fogo.

Na terça-feira, a reconstrução dos barracos foi iniciada no mesmo local em que as habitações de madeiras foram destruídas pelas chamas.   Paulo César Santos, uma das lideranças da comunidade,  relembra o drama  desastre que consumiu os barracos e as dificuldades  das famílias.


“ Foi uma tragédia muito grande na nossa vila. Foi duro para construir,  foi duro para assentar as famílias . Foi difícil  construir os barracos de madeira, estamos aqui faz um bom tempo.  No início era só lona e o incêndio devorador acabou com tudo.”

Paulo Cesar é uma das lideranças da Comunidade Vila Paula e trabalha na reconstrução da vila

A comunidade existe há cerca de cinco anos e abriga aproximadamente 176 famílias que moram no local e outras 70 suplentes, que não moram ali. No total, segundo Paulo, são ao menos 700 pessoas, entre crianças, idosos e adultos.

Elas perderam tudo

As 24 famílias perderam tudo e ficaram apenas com a roupa do corpo.

Lourrane , mãe de Abdias e grávida de sete meses conta que ficou muita assustada. A vizinha tentou  alertá-la  sobre o incêndio mas o fogo estava intenso.

“ Foi desesperador. Eu tenho um sono pesado e não ouvi as batidas em minha porta. Quando eu  me atentei  e abri a porta, um calor intenso e fumaça invadiram  minha casa. Eu peguei meu filho e  minha bolsa com documentos e saí correndo. Assim que eu saí algo que me pareceu  como um botijão de gás estourou e  a chama do fogo  começou a incendiar o meu barraco. Perdi tudo. Tinha acabado de chegar cesta básica e verduras. Estava tudo abastecido.”

Mãe e filho tem a esperança de reconstruir o barraco

“ É desanimador olhar para tudo aquilo que a gente construiu com tanto sacrifício e ver tudo em cinzas , mas eu também agradeço por estar viva com meu filho e bem.”

Do mesmo modo,  Isadora também relembra com pesar . Casada, mãe de dois filhos  morava  com eles e seu marido no barraco que também foi destruído.

A família de Isadora perdeu tudo e ficou apenas com a roupa que estava no corpo

“ Ficamos só com a roupa do corpo. Tentamos até tirar algo da nossa casa mas não deu certo. Não deu tempo. Salvamos os nossos filhos.”

O casal trabalha  e tiveram que faltar esses dias no trabalho mas pretendem retornar o mais breve possível.

Paulo Cesar segurando uma cavadeira fala de peito aberto esperançoso

“ Estamos começando a fase de reconstrução. A nossa casa está sendo reconstruída. Nosso povo está aí trabalhando para isso.  A prefeitura está com equipes no trabalho de reconstrução. Os barracos serão de madeira. Recebemos muitas doações Campinas se mobilizou e algumas cidades da região também como  Paulínia e Valinhos. Temos que agradecer muito a solidariedade”

As doações vindas de Campinas e algumas cidades da região

A futura mamãe também se sente esperançosa.

“ Sei que posso ter meu bebê e voltar para a casa e terei uma casa”

Ela havia sido presenteada com um berço e uma cômoda para o bebê, os  móveis foram consumidos pelas chamas durante incêndio.

Abdias, um garoto esperto de cinco anos, vivenciou a experiência da tragédia.

Abdias perdeu todas as suas roupas e brinquedos no incêndio.

“ Todos os meus brinquedos  foram queimados. Perdi todos os meus brinquedos e roupas. Quero voltar para a minha casa”.

 A mãe do garoto agradece as pessoas que se solidarizaram  com as famílias da Vila Paula e fizeram doações.

Isadora  diz se sentir aliviada  pelas doações e também pela reconstrução.

“ As doações dão um ânimo da gente. Também já vai começar a reconstruir. Isso  também  já ajuda muito. Porque tudo que passamos  é muito triste”

Crianças brincam entre as madeiras “kits barracos” – como está sendo chamado – providenciados pela Secretaria de Habitação , em um total de 35 , para a construção de moradias de 20 metros quadrados com banheiro

“As doações são importantes para a Comunidade da Vila Paula sobretudo quando os barracos estiverem prontos novamente. Vamos precisar montar morada. Móveis. geladeiras. Comida.” segundo Paulo Cesar

Onde entregar as doações :

1-Comunidade Frei Galvão da Paróquia São Marcos, O Evangelista – Rua Valentino Biff, s/n – em frente ao CDHU San Martin

2- Escola Maria de Lourdes Bondine no CDHU San Martin, entre as quadras R e U.

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Campinas

Famílias da Comunidade Mandela fazem ato em frente à Prefeitura de Campinas

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Comunidade Mandela Luta por Moradia

Em busca de uma solução, mais uma vez, moradores tentam ser atendidos

Os Moradores da Comunidade Mandela  fizeram nesta quinta-feira (17), um ato de protesto em frente à Prefeitura  de Campinas. O motivo da manifestação  é o   impasse  para o  problema da moradia das famílias que se arrasta desde 2016. E mais uma vez,  as famílias sem-teto  estão ameaçadas pela reintegração de posse, de acordo com despacho  do juiz  Cássio Modenesi Barbosa, responsável pelo processo a  sua decisão  só será tomada após a manifestação do proprietário.
Entretanto, o juiz  não considerou as petições as Ministério Público, da Defensoria Pública que solicitam o adiamento de qualquer reintegração de posse por conta da pandemia da Covid-19, e das especificidades do caso concreto.
O prazo  final   para a  saída das famílias de forma espontânea  foi encerrado no dia 31 de agosto, no dia  10 de setembro, dez dias depois de esgotado o a data  limite.

As 104 famílias da Comunidade ” Nelson Mandela II” ocupam uma área de de 5 mil metros quadrados do terreno – que possui 300 mil no total – e fica  localizado na região do Ouro Verde, em Campinas . A Comunidade  Mandela se estabeleceu  nessa área em abril de 2017,  após sofrer  uma violenta reintegração de posse no bairro Capivari.

Negociação entre o proprietário do terreno e a municipalidade

A área de 300 mil metros quadrados é de propriedade de Celso Aparecido Fidélis. A propriedade não cumpre função social e  possui diversas irregularidades com a municipalidade.

 As famílias da Comunidade Mandela já demonstraram interesse em negociar a área, com o proprietário para adquirir em forma de cooperativa popular ou programa habitacional. Fidélis ora manifesta desejo de negociação, ora rejeita qualquer acordo de negócio.

Mas o proprietário  e a municipalidade  – por intermédio da COAB (Cia de Habitação Popular de Campinas) – estão negociando diretamente, sem a participação das famílias da Comunidade Mandela que ficam na incerteza do destino.

As famílias querem ser ouvidas

Durante o ato, uma comissão de moradores  da Ocupação conseguiu ser liberada  pelo contingente de Guardas Municipais que fazia  pressão sobre os manifestantes , em sua grande maioria formada pelas mulheres  da Comunidade com seus filhos e filhas. Uma das características da ocupação é a liderança da Comunidade ser ocupada por mulheres,  são as mães que  lideram a luta por moradia.

A reunião com o presidente da COAB de Campinas  e  Secretário de  Habitação  – Vinícius Riverete foi marcada para o dia 28 de setembro.

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