Conecte-se conosco

Chacina

Cuiabá nas ruas contra do racismo, o fascismo e o genocídio

Publicadoo

em

Da: MediaQuatro especial para os Jornalistas Livres

Desde de 2019, com as manifestações contra os cortes na educação e a deforma da previdência, Cuiabá não juntava tanta gente nas ruas. E talvez nunca tenha havido tamanho contingente policial, incluindo helicóptero, para o improvável caso de “vandalismo”. Mas era mesmo de se esperar. Afinal, o racismo estrutural brasileiro em uma das capitais mais conservadoras do país exige que se trate os pretos e pretas sempre como potenciais criminosos. BASTA! O país não pode mais conviver e não conseguirá sequer viver como nação integral enquanto houver preconceitos que se refletem em práticas cotidianas e políticas públicas que oprimem e excluem a maior parte da população.

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

Chegamos a um ponto no Brasil que não é mais suficiente não ser racista. É preciso lutar contra o racismo, nas ruas, nas redes, nos campos e nas casas. E a luta antirracista é central na derrubada do governo Bolsonaro e suas políticas genocidas na economia, na segurança pública e na saúde. Foi por isso que, apesar da necessidade de se intensificar o isolamento social, fomos à Praça Alencastro e marchamos pelas avenidas Getúlio Vargas, Marechal Deodoro, Isaac Póvoas e BR 364 para retornarmos à Praça da República sem qualquer incidente.

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

Assim como em outras cidades e estados por todo o Brasil, em Cuiabá e Mato Grosso os negros e negras são maioria e são exatamente os corpos pretos os mais encarcerados, os pior pagos, os que vivem nos lugares mais distantes, os que mais precisam trabalhar fora de casa durante a pandemia (e muitas vezes sem sequer os equipamentos de proteção adequados) e os que mais são atingidos pela Covid-19. Isso não é uma coincidência. É resultado de quase 400 anos de escravidão formal, que em Mato Grosso também vitimou indígenas em larga escala, e de uma abolição inconclusa que indenizou os “proprietários” de pessoas mas nunca pagou a dívida histórica com quem sente na pele seus efeitos até hoje.

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

É fato que o assassinato do estadunidense negro George Floyd foi o estopim dos protestos antirracistas em todo mundo e também no Brasil, onde houve atos em pelo menos 20 cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Recife. Mas por aqui, as mortes do menino Miguel, do adolescente João Pedro e dos jovens em Paraisópolis, só pra citar alguns casos mais representativos nos últimos seis meses, demonstram cotidianamente o que significa ser alvo do preconceito, da polícia e das políticas.

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

Desse modo, derrubar o governo o quanto antes o governo do fascista que ocupa a presidência é indispensável para conseguirmos combater a epidemia de forma minimamente eficiente. E tirar apenas o presidente não é suficiente, porque seu vice e ministério são igualmente racistas, como está provado em entrevistas antes mesmo das eleições, em pronunciamentos em eventos e na fatídica reunião ministerial.

Texto e fotos: www.mediaquatro.com

Enquanto não derrubarmos as políticas estúpidas da “guerra às drogas”, do encarceramento em massa, da concentração de renda, do agronegócio acima da agricultura familiar, não há presente para o país. E enquanto não investirmos em políticas públicas de igualdade racial e de gênero, de proteção às minorias e à diversidade, e de promoção dos direitos humanos a TODOS e TODAS, incluindo a punição de policiais assassinos, milicianos e racistas, não haverá futuro também.

 

 

Ação Humanitária

Miguel: quantos como ele correm perigo nas casas das patroas de suas mães?

Publicadoo

em

https://www.youtube.com/watch?v=sMvyTtB070M

Se nesse momento a história da trágica morte do menino negro, Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, filho da empregada doméstica, Mirtes Renata Santana da Silva, fosse inversa em todas os seus detalhes: se ele fosse o filho branco da patroa, Sari Mariana Gaspar Corte Real, e tivesse morrido depois de despencar do 9º andar por desleixo e irresponsabilidade da empregada doméstica, certamente essa mulher negra estaria, neste exato momento, encarcerada.

Miguel Otávio Santana da Silva, 5 anos de vida, é vítima do racismo arraigado na vida cotidiana de pessoas como Sari, uma mulher que, ironicamente, possui sobrenome supremacista branco “CORTE REAL”.

Mas esse não é o pior dos detalhes. Nesse episódio trágico, a imprensa pernambucana, majoritariamente branca, portanto “limpinha”, não quis desagradar a mulher do prefeito da cidade de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB).

Até agora não há sequer uma menção realmente incisiva sobre a responsabilização de Sari na morte do menino.

O mesmo aconteceu com o delegado Ramón Teixeira, que acolheu o caso inicialmente. Preferiu preservar a identidade de Sari Mariana Gaspar Corte Real.

Sari não dispensou Mirtes por causa da pandemia. Sari não quis limpar sua própria merda, não quis varrer seu chão, não quis colocar  suas roupas na máquina de lavar, não quis cozinhar sua própria comida. Sari não quis levar seu cachorro para passear. Sari colocou a vida de sua empregada em risco, exposta à COVID-19. Sari matou o filho de Mirtes.

Que tipo de gente é essa?  Miguel, 5 anos, queria ver a mãe, que saiu para levar o cachorro da patroa a passear. Insistiu, fez birra, como qualquer criança faria. E não se curvou ao racismo de Sari. Por isso entrou no elevador. Por isso foi ao nono andar. Sozinho, porque Sari não se importa, não se importou com o fato de ele ser um menino. Ele era filho da empregada, não era nada. E ele caiu do nono andar. Ele morreu. Quando um filho morre, a mãe é a primeira que desce à cova. Era um filho negro. Na casa da patroa branca. A mãe negra, a empregada, não percebeu isso ainda. Em meio à dor, em estado de choque, ela humildemente lamenta a “falta de paciência” da patroa assassina.

Miguel

Miguel com sua mãe, Mirtes. Ao lado, Sari Corte Real, a patroa que colocou a empregada e seu filho em risco.

O FATO – O menino foi vítima de homicídio na terça-feira (2). Caiu do 9° andar da sacada de um prédio de luxo no Centro do Recife, em Pernambuco, conhecido como Torre Gêmeas. A informação inicial era de que, na hora do acidente, a empregada estaria trabalhando no 5° andar do prédio, mas hoje foi revelado que, na verdade, a empregada estava cumprindo a função de passear com os cachorros da família, enquanto a patroa cuidava de Miguel. Sari foi presa inicialmente, mas pagou uma fiança de R$ 20 mil e responde em liberdade, mesmo depois da divulgação de vídeos mostrando que Sari colocou Miguel sozinho no elevador de serviço, o único que dava acesso para a área desprotegida da qual o menino despencou para a morte. Os elevadores para pessoas como Mirtes e seu filho, na prática, ainda são diferentes no Brasil. E foi lá que a patroa o deixou.

Apartamento onde Miguel estava

Planta de um apartamento no prédio de luxo de Sari, marcado por corrupção e tragédia

 

Um corpo negro que vale 20 mil reais? Realmente vivemos um pesadelo legitimado pela racismo institucional do judiciário

Liana Cirne Lins, professora da Faculdade de Direito da UFPE, relatou em suas redes sociais que muitos têm defendido a tese de que, inclusive, houve homicídio DOLOSO, configurando dolo eventual. “Afinal, que adulto coloca uma criança de cinco anos, que está chorando pela mãe, sozinha, num elevador, e não calcula a possibilidade de um acidente?” Miguel não tinha intimidade com elevadores. Morava com os pais em uma casa pobre, num bairro humilde.

Sari sabia dos riscos e não faria o mesmo com os próprios filhos. Aliás, essa é uma pergunta que gostaríamos de fazer à patroa de Mirtes: como você acabaria com a birra de seus filhos?

Certamente Sari não os colocaria em risco. O centro desse debate é, sem dúvida, a herança de nossa cultura escravocrata e racista.

Outra declaração importantíssima de Liana Cirne é sobre o local e a data simbólica do homicídio: “O local é nas famigeradas Torres Gêmeas, esse lugar horroroso que tem essa energia do mal, do crime, da corrupção. Elas são um aborto em nossa paisagem e cenário de vários escândalos, desde que a [construtora] Moura Dubeux as ergueu, entre liminares. Nesse momento, mais do que em outros, queria que a sentença demolitória do juiz Hélio Ourém tivesse sido executada. Sobre a data: Miguel morreu no dia em que a PEC das Domésticas completou cinco anos! E é assim que se celebra o aniversário da legislação de proteção das Domésticas, o que diz muito sobre nosso país, que não superou sua herança escravagista.”

Os Jornalistas Livres se solidarizam demais, profundamente, com mais esse fato absurdo, horroroso, que tem como alimento o racismo.

Miguel, presente!

 

 

 

Leia mais sobre o racismo que mata no Brasil:

A Polícia de Wilson Witzel matou João Pedro, um jovem estudante. Ele poderia ser seu filho

 

Continue Lendo

Chacina

A CADA UM O SEU?

Publicadoo

em

holocausto pele humana hitler genocidio

por Fabianna Freire Pepeu*

Um dia depois de um grupo de estudantes do Colégio Santa Maria, do Recife, postar no Instagram uma foto de uma saudação nazista feita por eles mesmos em sala de aula — cena considerada gravíssima por milhares de pessoas ou “apenas uma brincadeira de jovens” por outro tanto —, jornais ingleses noticiaram um achado ocorrido na Polônia.

Numa feirinha de antiguidades, um álbum de fotografia estava sendo comercializado. Dentro, imagens de paisagens diversas. Mas o material do álbum gerou incômodo e levantou suspeitas.

Resumindo: de acordo com especialistas, o álbum foi confeccionado com pele humana de uma das milhares de vítimas do Holocausto e as investigações apontam para as vítimas de Buchenwald, no leste europeu — o primeiro campo de concentração instalado por Hitler.

Buchenwald esteve em operação de 1937 até 1945, fim da Segunda Guerra. Ali estiveram confinados, além de judeus, comunistas, ciganos, homossexuais, entre outros grupos perseguidos pelo Nazismo.

Sobre o portão de entrada desse inferno, havia a inscrição: ‘Jedem das seine’ (A cada um o seu). O lugar ficou conhecido pelo tipo de execuções ali praticadas, condições bestiais, experimentos científicos e depravação dos guardas nazistas.

Na condução das maldades, que poucos conseguem imaginar sem sentir a pressão arterial cair, estava Ilse Koch, mulher de Karl-Otto Koch, comandante do campo. Ilse tinha interesse particular por prisioneiros homens adultos com tatuagem, pois utilizava a pele desses homens para fazer encadernações, toalhas de mesa, abajour e outros objetos.

pele nazista

O Museu Estatal de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, incluiu na sua coleção um álbum de fotografias cuja capa foi fabricada com pele humana, que se acredita pertencer a um prisioneiro de um campo de concentração alemão.

Diante desse fato tão atual, a descoberta desse objeto feito de pele com tatoo que mostra a infinita capacidade humana de planejar e realizar atrocidades, eu gostaria de perguntar a esse tanto de pessoas que viram na cena recente ocorrida em Pernambuco — em um dos muitos colégios particulares brasileiros de elite, movidos, como mostram as centenas de denúncias, por preconceito de classe, cor e muitos outros —, se elas continuam achando que tudo não passou de uma “brincadeirinha juvenil?”

Quem sabe, porque algumas pessoas são mais lentas para ligar os pontos das coisas, elas perceberam, finalmente, a gravidade do Holocausto.

Sim, estou sendo bem Pollyanna, mas não são essas pessoas mesmo que dizem que a gente deve olhar o lado positivo das situações? O álbum pode servir de despertador, quem sabe?!

Mas, caso insistam nessa desumanidade frente às dores dos outros e na cegueira política, é fundamental que todas as outras pessoas da roda digam que não, não é possível — de modo algum —, normalizar e aceitar piadas a respeito das vítimas do Nazismo.

E, afinal, juventude não é sinônimo de falta de empatia. Não são essas pessoas que também falam da redução da maioridade penal (sou contra!) ou essa redução só vale para os jovens da periferia?

Também não é possível relativizar que pessoas sejam torturadas no Brasil ou aceitar o genocídio da juventude preta e pobre desse país.

Não, não é possível aceitar que os homens continuem a matar mulheres no país.

Não, não é possível aceitar que se abandone as regiões pobres do país, enviando recursos apenas para as áreas mais abastadas.

Não, não é possível aceitar que se deixe a população de rua morrer à míngua, como foi feito com os confinados dos campos nazistas.

É preciso dar um basta às bestas.

É preciso dizer não hoje, ontem ou mesmo anteontem, pois é por conta desse relativismo e tolerância com posturas monstruosas que os monstros crescem e reproduzem.

Pelo enquadramento das bestas humanas que não são apenas os membros desse governo de enlouquecidos e recalcados, além de fascistas, mas também as bestas que usam o elevador e que moram no apartamento ao lado ou no fim da rua.

Sejamos duros com essa gente má, fascista e oportunista, sem (e isso vai ser difícil!), perder a ternura jamais.

(*) Fabianna Freire Pepeu é jornalista

Continue Lendo

Chacina

Desembargador censura Marcelo D2 porque chamou Doria de “assassino”

Publicadoo

em

Marcelo D2, indignado com o massacre de Paraisópolis e censurado pela Justiça de São Paulo

 

Doria dá licença para polícia matar - na Folha de S.Paulo

Doria dá licença para polícia matar – na Folha de S.Paulo

Como é que se deve chamar alguém que “libera” 100 mil homens fortemente armados, que estão sob suas ordens, para matar?

“Assassino” seria um bom jeito de denominar o sujeito que, por acaso, é o governador de São Paulo, João Doria Jr.

Pois Doria é o chefe da maior polícia do Brasil, a terceira maior Instituição Militar da América Latina. Foi ele quem prometeu que, como governador, a polícia atiraria “para matar”. E a corporação está seguindo a ordem:

Nos 6 primeiros meses do governo Doria, a PM matou a cada 10 horas e atingiu o maior número em 16 anos. Entre janeiro e junho deste ano, os policiais militares em serviço mataram 358 pessoas em supostos casos de resistência. Os PMs em folga mataram 56.

“Assassino”. Foi assim que o rapper Marcelo D2 designou Doria, em um post indignado, depois de ler tuit do governador lamentando “profundamente” as nove mortes ocorridas em Paraisópolis, decorrentes de uma ação criminosa e terrorista de policiais militares.

Lamentando “profundamente” como, se foi Doria que deu a licença para a PM matar?

Daí, chega um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo chamado Luiz Antônio de Godoy, obviamente um homem branco, e resolve tomar uma providência contra todo esse absurdo. O que ele faz?

 

Não, ele não exigiu que João Doria engolisse a frase assassina…

Não, ele não repudiou o comportamento dos PMs e cobrou punições exemplares…

Não, ele não se solidarizou às famílias das vítimas, quase crianças, Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 anos, Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos, Dennys Guilherme dos Santos Franca, 16 anos, Gustavo Cruz Xavier, 14 anos, Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos, Mateus dos Santos Costa, 23 anos, Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos, Eduardo Silva, 21 anos e Luara Victoria de Oliveira, 18 anos. (Nunca os esqueceremos!)

A grande providência que o desembargador Luiz Antônio de Godoy tomou foi censurar o post do rapper Marcelo D2. Talvez ele ache que assim se dissolva a responsabilidade de Doria na matança de jovens pretos e periféricos. Luiz Antônio de Godoy mandou D2 apagar o tuit.

Ingênuo!

Hoje, centenas de milhares de pessoas em São Paulo sabem o que Doria fez. Sabem!

E continuarão a dizer a palavra que a indignação faz explodir no peito, junto aos gritos de angústia, desespero e dor: ASSASSINO!

O tuit censurado pelo desembargador Luiz Antonio de Godoy, do TJ-SP

O tuit censurado pelo desembargador Luiz Antonio de Godoy, do TJ-SP

 

Leia Mais sobre o Massacre de Paraisópolis:

 

ELISA LUCINDA: a morumbização do olhar sobre a tragédia de Paraisópolis

 

 

Família de garoto morto em Paraisópolis entrará em campo com o Corinthians

Os becos do massacre em Paraisópolis

SASP denuncia ação criminosa da PM em Paraisópolis

 

Continue Lendo

Trending